O uso das plantas medicinais acompanha a história da humanidade e do cuidado e é um bem imaterial das populações. Saberes e práticas de saúde coletiva preservam os modos de fazer das comunidades, promovem interação e troca de experiências entre gerações e visibilizam o conhecimento tradicional. Além de cuidarem de problemas de saúde de forma a quebrar padrões que têm como base as grandes indústrias de medicamentos. Os chás, xaropes, pomadas, escalda-pés, tinturas e receitas que curam corpo e alma têm se mostrado como essenciais em momentos de crise, de pandemias, de precariedades materiais, fortalecendo as comunidades no cuidado coletivo e potencializando a autogestão e troca de saberes. Construído a partir de um levantamento simples e amoroso, em rodas de conversa e oficinas, este caderno tem o objetivo de apoiar a continuidade e o reconhecimento público do uso e manejo das plantas medicinais adotadas pelas agricultoras, raizeiras, benzedeiras e lideranças do Maciço da Pedra Branca e seu entorno, e de outros territórios de resistência da cidade do Rio de Janeiro. Nosso exercício de visibilização destas práticas de saúde integral passa pela valorização da convivência com a natureza, da solidariedade e da reciprocidade, estimula intercâmbios, encontros e o olhar cuidadoso com as necessidades locais, valo res estes que orientam a agroecologia e a educação popular. Toda medicina da natureza precisa de nossa intenção, respeito e gratidão. Conheça neste caderno modos de fazer de mulheres atentas ao cuidado coletivo. Anote também sua receita, um jeito de fazer da sua avó, da sua vizinha… escreva, desenhe, ame!!
Renata Souto, assessora agrícola do programa de Agricultura Urbana da AS-PTA e mãe.
Plantas Medicinais: fazeres, autocuidado e territórios