A caminhada de mobilização e organização das mulheres agricultoras no território de atuação do Polo da Borborema, na Paraíba, ganha mais uma etapa: o uso sistemático da cozinha escola construída no complexo onde funciona também a unidade de beneficiamento do milho da Paixão. Esse complexo fica na zona rural de Lagoa Seca, um dos 13 municípios acompanhados pelo Polo da Borborema – um coletivo de 13 sindicatos rurais e cerca de 150 associações comunitárias, uma associação regional de agricultores e agricultoras agroecológicos, a EcoBorborema, e uma cooperativa, a CoopBorborema – e assessorado pela AS-PTA.
Para abrir as portas da cozinha escola para os grupos de mulheres desse território agroecológico, é preciso construir regras de uso do espaço e um manual de boas práticas. No final do mês passado, aconteceram duas oficinas com cerca de 20 participantes que compõem a Rede de Mulheres e Agroindústrias Caseiras e Comunitárias (MACC) para levantar e acordar coletivamente os procedimentos importantes para organizar e manter a cozinha conforme a legislação vigente.
“Para que a cozinha sirva a todas as mulheres, vamos precisar de normas de utilização que precisam ser obedecidas por quem quer fazer parte dessa iniciativa”, destaca Márcia Targino, professora aposentada do curso de engenharia de alimentos da Universidade Federal da Paraíba.
“A depender das condições de higiene do ambiente em que o alimento é manejado, ele também pode ser veneno”, complementa ela que dividiu com a EcoChef Eliane Régis, uma conversa com as agricultoras. Ambas orientaram as participantes a manejar os alimentos numa cozinha profissional, desde o momento de entrada dos alimentos que serão beneficiados até o manejo das máquinas que estão na cozinha escola, como a despolpadora de frutas e a máquina de embalagem a vácuo.
Na parte da manhã, a conversa foi animada e trouxe à tona o quanto a alimentação aciona a nossa memória afetiva seja para situações positivas, quanto negativas. Com a turma de mulheres da segunda oficina, ficou bem evidente isso a partir da relação das mulheres com o arroz da terra, uma variedade mais rústica.
Outra mensagem forte no diálogo da manhã foi o quanto o trabalho das mulheres é importante. “Tenham consciência do quanto a sua atividade é essencial. Vocês trabalham com comida de verdade. A de mentira está no supermercado, que não tem gosto, não tem cheiro, a gente não sabe de onde vem”, ressalta Eliane, que depois de uma longa temporada morando fora da Paraíba, está de volta a Campina Grande.
Também foi reforçada a importância do uso da touca, máscara, luvas, avental e sapato fechado, tanto para a segurança da pessoa que está na cozinha manuseando os alimentos e equipamentos, quanto para evitar a contaminação dos produtos beneficiados.
A parte prática da oficina começou com a lavagem e sanitização dos alimentos. As mulheres da segunda turma lavaram a acerola e a macaxeira. Nesse momento, a partir das perguntas que surgiam a professora e a EcoChef davam dicas para a construção do manual de boas práticas, que parecem questões bem simples, mas fundamentais para evitar a contaminação dos alimentos no período de sua elaboração.
Na tarde da segunda oficina, a EcoChef levou três receitas para compartilhar com as participantes da segunda oficina: um bolo que leva polpa de acerola no lugar do leite, um beiju de macaxeira com gergelim e um suco a partir da polpa de acerola, sumo de laranja-limão, água, macaxeira cozida para mudar a consistência do suco e açúcar a gosto.
O lanche coletivo foi o último momento antes da oficina chegar ao fim e as mulheres retornarem para as suas comunidades e sítios.
Receitas da EcoChef Eliane Regis
https://www.instagram.com/elianeregis.br/
Suco das margaridas
400 ml de suco de laranja
400 ml de polpa de acerola
700 ml de água
150 gramas de macaxeira cozida
4 colheres de (sopa) de açúcar de sua preferência, podendo substituir o açúcar por mel
Bater tudo no liquidificador
Servir gelado!
Bolo da felicidade
4 ovos
200 gr de açúcar – 1 xícara de (chá) e 1/4
200 gr de farinha de trigo 2 xícaras de (chá) e 1/4
200 gr de manteiga 1 xícara de (chá)
1 xícara de (chá) de polpa de acerola
1 colher (sopa) de fermento em pó
Modo de preparo
Bater as claras em neve, reservar.
Em uma tigela adicionar as gemas, o açúcar e a manteiga, bater até que fique esbranquiçado. Adicionar o suco de acerola e misturar a massas, adicionar a farinha de trigo peneirada e bater por três minutos. Por fim acrescentar as claras em neve e o fermento, mexer delicadamente.
Forma untada, preaqueça o forno por 15 minutos a 180 graus. Assar o bolo por aproximadamente 35 minutos, ou até que faça o teste do palito e saia limpo.
Beiju
500 gr de macaxeira ralada e espremida.
Acrescentar sal a gosto e assar em frigideira. Adicionar gergelim.