Um caderno com resultados de pesquisa ação que identificou 260 experiências em agroecologia no território fluminense foi divulgado hoje (20/9) pela Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro. O lançamento aconteceu durante a sexta edição do Plante Rio, na Fundição Progresso, no bairro da Lapa, metrópole carioca, durante roda de conversa sobre a agroecologia no enfrentamento às crises climáticas.
As experiências foram mapeadas em 2023 em oito regiões do estado onde o movimento agroecológico está organizado: Metropolitana, Costa Verde, Serramar, Serrana, Serrana Leste, Médio Paraíba, Norte e Noroeste. Todas as 260 experiências estão no mapa disponibilizado na plataforma Agroecologia em Rede, sistema de informações criado no início dos anos 2000, fruto de um esforço coletivo da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), Associação Brasileira de Agroecologia (ABA-Agroecologia), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Cooperativa Eita e de um conjunto diverso de redes e organizações.
A publicação faz parte do projeto Afluentes do Rio, uma realização da Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro, iniciativa coordenada pela AS-PTA e financiada pelo Agroecology Fund, organização dedicada ao apoio a experiências em agroecologia em diversos países.
O caderno conta com cinco seções. A primeira traz uma discussão sobre terra, agricultura e alimento no estado do Rio de Janeiro. Logo após informações sobre o caminho metodológico utilizado, a terceira seção apresenta os principais resultados do mapeamento. As duas últimas seções apresentam elementos para agendas de debates e pesquisas no estado do Rio de Janeiro e para a efetivação da Política Estadual de Agroecologia e Produção Orgânica, aprovada em 2019, mas ainda não devidamente priorizada pelo governo estadual.
O mapeamento mostra a riqueza e a diversidade de experiências de produção e abastecimento popular de alimentos em todas as regiões do estado do Rio de Janeiro, em geral pouco visibilizadas nesse contexto de grandes cidades com forte pressão da especulação imobiliária sobre os territórios rurais e periurbanos. O mapa mostra também a pressão de grandes fazendas e ameaças relacionadas ao uso de agrotóxicos sobre as experiências agroecológicas da agricultura familiar e das comunidades tradicionais.
Denis Monteiro, agrônomo na AS-PTA e um dos organizadores da publicação, afirma que “uma das conclusões da pesquisa é a insuficiência de políticas públicas para apoiar a agricultura familiar, as comunidades tradicionais e as/os agricultoras/es urbanas/os no território fluminense. Outro ponto destacado no estudo é a importância do apoio à produção agroecológica de alimentos para o sucesso das políticas de combate à fome e à insegurança alimentar.”
“Nesse contexto de eleições municipais e de emergências climáticas cada vez mais graves, é importante estar atento às candidaturas que tenham compromisso em propor e efetivar políticas públicas capazes de apoiar o desenvolvimento de experiências em agroecologia. Também é preciso que postulantes a cargos públicos se posicionem a favor do fortalecimento dos espaços democráticos de participação social, como por exemplo os conselhos de segurança alimentar, de desenvolvimento rural e de alimentação escolar”, observa o agrônomo.
O mapeamento das experiências contribuiu para a elaboração da carta política da Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro para as eleições de 2024, documento com mais de 40 propostas para o fortalecimento da agroecologia, organizadas em 13 campos temáticos.
Conheças as propostas da Carta Política da AARJ para as eleições 2024 | Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro
O projeto Afluentes do Rio está agora em sua segunda etapa, voltada à sistematização de experiências de abastecimento popular e solidário de alimentos agroecológicos na região metropolitana, promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Rede Favela Sustentável, Rede Carioca de Agricultura Urbana e Rede Ecológica.
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