Nos dias 18,19 e 20 de Abril, foi realizada no Centro Marista de Educação, no município de Lagoa Seca, Paraíba, a II Oficina Estadual de Sistematizações do Programa Uma Terra e Duas Águas, que contou com a participação de aproximadamente 20 participantes das diversas regiões do Estado.
Nessa edição, a oficina de sistematização teve como foco central reflexão sobre o papel da mulher na construção da agroecologia. O exercício que começou com a construção da problemática das relações sociais de gênero dentro da Agricultura Familiar, teve como resultado a sistematização de três histórias. A sistematização se revelou um forte instrumento para o aprofundamento das histórias de vida e das lições que as três mulheres podem dar para a superação das relações desiguais.
As experiências escolhidas foram de regiões diferentes do Agreste e do Cariri paraibano. A primeira, contou a história de vida da jovem Marília de apenas 16 anos, que desponta como uma liderança comunitária. Marília conta que apesar das dificuldades de participação por ser uma jovem mulher, foram seus pais que desde pequena a influenciou. A segunda experiência trata-se da vida de Angineide, uma mulher lutadora que mesmo tendo que cuidar de seus cinco filhos sozinha, possui um trabalho ativo na comunidade e como tesoureira do STR de Queimadas. Conta que descobriu um mundo novo ao passar a participar de encontros e intercâmbios. E por fim, a história de Maria e Raquel, duas irmãs que cuidam da propriedade e do conhecimento centenário sobre a fabricação queijos e doces de leite de cabra. Sem medo e mesmo em meio a dificuldades, são mulheres de fibra.
Para Roselita Vitor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Remígio e membro da Coordenação do Pólo da Borborema, a participação das mulheres nos Encontros, nos espaços de formação tem fortalecido as dinâmicas sociais, trazendo a tona o compartilhamento do conhecimento e o resgate da autoestima das agricultoras, potencializando as experiências da agricultura familiar, influenciando na autonomia e favorecido o trabalho dos diversos grupos de mulheres dentro da sociedade.
Para Glória Batista, da Organização PATAC, o que se precisa é aprimorar as abordagens metodológicas dentro dos programas de formação das diversas Organizações que desenvolvem os trabalhos no campo da agroecologia e da agricultura familiar no estado. Fazer com que as mulheres se sintam provocadas a contribuírem no processo de uma agricultura familiar sem divisões do que é papel do homem ou papel da mulher.
Os boletins produzidos a partir das experiências sistematizadas serão impressos e distribuídos durante os processos de formação desencadeados pelas instituições que compõem a ASA Paraíba.
A idéia de se fazer uma oficina com um recorte temático foi extremamente positiva. Pode-se discutir na teoria e aprender na prática, caminhos para a inclusão das mulheres nas dinâmicas da ASA Paraíba. Sem dúvida, essa oficina será um ponto de partida para desencadear um processo de sistematização de experiências de mulheres como preparação para a qualificação das agricultoras no Encontro Paraibano de Agroecologia e no Encontro Nacional da ASA Brasil.