Além de fazer um balanço dos dois anos de execução do Programa, o objetivo desses encontros foi estabelecer novas perspectivas para o ano de 2011. Para o assessor técnico da AS-PTA, José Camelo, esses momentos possibilitaram avaliar como o Programa está sendo conduzido na região, com suas vantagens e seus entraves enquanto desafios para aprimorar o Programa.
Entre os pontos positivos, ele destacou que as ações do programa ajudaram a mostrar a importância dos arredores de casa, que antes eram espaços de produção pouco valorizados.
As famílias estão trazendo para o debate alguns resultados importantes, como a melhoria do sistema de produção no arredor de casa, onde as cisternas estão sendo instaladas. A gente achou muito interessante porque o arredor de casa é o espaço onde está a mulher, onde estão os filhos e também o marido. Então, é um espaço que todos cuidam e pode estar utilizando melhor essa água. As famílias também foram quase unânimes em dizer que o Programa trouxe, além dos ganhos econômicos, da melhoria da qualidade de vida e da alimentação, a questão da autoestima das pessoas, principalmente das mulheres, explica Camelo.
Luciene de Santana Oliveira, agricultora do Sítio Guritiba, município de Queimadas, afirmou que o fato de ter água mais perto de casa contribuiu também para melhorar a vida dos jovens, que agora podem dedicar mais tempo para estudar, entre outras vantagens: Queimadas tem muito o que comemorar: melhoria de vida para as comunidades rurais, a questão do abastecimento de água com a construção das cisternas… A questão também de não precisar mais estar se locomovendo pra pegar água em locais distantes e água sem tratamento, que a gente sabe que traz muito prejuízo para a saúde de nossas comunidades.
Um dos contemplados com uma cisterna calçadão, o agricultor Aluísio da Silva, do Sítio Maracajá, também em Queimadas, garantiu que os resultados já começam a aparecer: É bom demais porque, pra começar, a gente na época do verão vê tudo seco sem animação, sem nada. Agora, quando bota a cisterna e a gente começa a plantar alguma coisa, já fica verde, fica uma paisagem bonita. É muito bom saber que temos uma planta limpa, sem tóxico, sem veneno, aguada por nós com água limpa, saber que estamos comendo um alimento saudável, sem prejudicar a nossa família.
O trabalho do P1+2, em sua primeira etapa, já está em fase de acabamento. Mas, a partir dessas avaliações realizadas em diversos municípios, foi possível perceber avanços e a importância do estabelecimento de parcerias locais, inclusive com algumas prefeituras, como as de Remígio, Queimadas, Casserengue, entre outras, o que possibilita que o programa envolva toda a sociedade em favor desse projeto maior que é a convivência com o semiárido.
Segundo Lucileide Alves Gertrudes, assessora técnica do programa por meio da unidade gestora AS-PTA, as entidades fecham o ano com metas cumpridas e, sendo assim, novos desafios podem ser trabalhados para o próximo ano. Entretanto, o mais importante é ver o entusiasmo das famílias envolvidas. A gente fecha o ano de 2010 com grande satisfação porque, mesmo num ano de poucas chuvas, podemos perceber que o Programa Uma Terra e Duas Águas veio para contribuir com o fortalecimento da agricultura familiar baseada nos princípios da Agroecologia, conclui.