Artigo elaborado por Paulo Petersen, Jean Marc von der Weid e Gabriel Fernandes.
A agricultura tem sido considerada uma das principais causas e, ao mesmo tempo, uma das principais vítimas dos problemas ambientais da atualidade. Essa relação mutuamente negativa não é resultado de uma evolução histórica automática e incontornável, deriva de um determinado enfoque técnico-científico que, no século 20, fomentou a transplantação para a agricultura da lógica produtiva inaugurada dois séculos antes com a Revolução Industrial. A rápida disseminação global dos padrões técnicos da Revolução Verde trouxe como consequência uma profunda reorientação na lógica de apropriação dos recursos naturais pela agricultura, sobretudo ao distanciá-la dos processos ecológicos responsáveis pela reprodução da integridade ambiental dos agroecossistemas. Diante da magnitude dos impactos ambientais negativos gerados pela agricultura industrial, vem-se construindo, atualmente, um amplo consenso mundial de que o seu padrão produtivo está esgotado, já que deteriora a base biofísica necessária à sua própria reprodução. A Agroecologia apresenta-se nesse cenário como um enfoque científico que fornece as diretrizes para a emergência de padrões de desenvolvimento rural economicamente viáveis, socialmente justos e ecologicamente sustentáveis. Evidências empíricas que se multiplicam em todas as regiões do mundo comprovam que a perspectiva agroecológica possui vigência histórica ao oferecer respostas consistentes à profunda crise socioambiental vivenciada nas sociedades contemporâneas.
Leia o artigo Agroecologia – reconciliando agricultura e natureza.