Reduzir o uso de lenha e obter um cozimento eficiente, reduzir a emissão de fumaça e minimizar os problemas de saúde, diminuir o esforço do trabalho da mulher, grande responsável pelo transporte de lenha, são alguns dos benefícios dos fogões ecológicos, uma experiência que vem mudando a vida de cerca de 200 famílias agricultoras na região do Polo da Borborema.
As famílias do Polo conheceram essa experiência em 2010, depois de uma visita de intercâmbio, quando um grupo de 30 agricultores, em sua maioria mulheres foi ao município de Afogados da Ingazeira (PE). Animadas com o que viram, as famílias começaram a experimentar o modelo do fogão, de início com 20 implementações que foram a base da organização de 10 fundos rotativos solidários, responsáveis pela rápida disseminação da experiência na região.
No último dia 22 de agosto, um grupo de 25 agricultores e agricultoras dos municípios de Massaranduba, Queimadas, Remígio, Lagoa Seca e Alagoa Nova participaram de uma oficina de construção para teste de outro modelo de fogão ecológico, que também conheceram em Pernambuco. O local escolhido para a realização da atividade foi a casa da agricultora Maria de Fátima Fernandes Barros, ou Dona Fatinha, como é conhecida na comunidade Cantagalo, em Massaranduba. Durante todo o dia foi realizada na prática a confecção de um fogão, detalhando todas as etapas de preparação do material que é utilizado. O momento mais delicado é o revestimento da parte de metal do forno com barro refratário para não causar posteriores rachaduras e o impedimento da circulação do calor na hora do uso.
“O objetivo da atividade foi construir e estudar um novo modelo de fogão ecológico capaz de dar autonomia às famílias, desde a construção até sua manutenção. Acreditamos que as tecnologias devam ir se adequando às necessidades e às realidades dos agricultores e das agricultoras. É assim que temos fomentado e incentivado a troca de experiências entre os grupos de agricultores” explica Ivanilson Estevão da Silva, assessor técnico da AS-PTA, que acompanhou a oficina. Estão programadas mais duas oficinas que serão realizadas uma na região do Polo e outra na área de atuação do PATAC.
Dona Creonice do Assentamento Oziel Pereira em Remígio, receberá a próxima oficina. Pintora e pedreira por vocação, Creonice está entusiasmada com a possibilidade de poder construir seu próprio fogão, além de poder ajudar na construção dos fogões de suas vizinhas. As oficinas estão inseridas no conjunto das ações do Projeto Terra Forte, que tem o objetivo de contribuir para a reversão e prevenção dos processos geradores da desertificação e do empobrecimento da população no semiárido brasileiro. O Projeto Terra Forte é realizado pela AS-PTA e pelo Polo da Boborema em parceria com a Agrônomos e Veterinários Sem Fronteiras (AVS) e o Patac, com o confinanciamento da União Europeia.