• Quem somos
  • Programas
  • Temas de intervenção
  • Biblioteca
  • Lume
  • Revista Agriculturas
  • Entre em Contato
25 de maio de 2010
  • Notícias

Mulheres agricultoras em busca de sua autonomia

Após a marcha, elas assistiram a uma peça teatral, A vida de Margarida, que buscou explicitar as várias faces da desigualdade e da violência doméstica. O impacto que a peça produziu pode ser sentido nas palavras de Adilma, agricultora de Remígio.

Hoje, a continuidade da peça é a vida de cada mulher que deu a volta por cima. Em Remígio, muitas mulheres que participaram do encontro municipal falaram de sua realidade. Descobrimos que existem muitos Bius [personagem da peça], mas também deu muita força para tudo mudar.

No mês seguinte (22/4), lideranças dos municípios do Polo da Borborema se encontraram para avaliar todo o processo. Os depoimentos de diversas agricultoras podem dar uma boa ideia das reflexões que as diversas atividades suscitam:

Todo o processo de mobilização trouxe à tona a autonomia e a capacidade das mulheres de mudarem sua realidade. Isso foi muito importante para mim, como liderança, para as agricultoras do meu município e para todas as mulheres do Polo, afirma Maria do Céu, diretora do STR de Solânea. Agora temos que dar continuidade a esse processo de mobilização e envolver cada vez mais mulheres, completa.

Conseguimos este ano fazer uma discussão comum na região do Polo e isso foi um grande passo para fortalecermos o debate. Vejo dois caminhos a seguir: fortalecer a experimentação tocada pela Comissão de Saúde e Alimentação do Polo e continuar alimentando o debate sobre as desigualdades dentro do Polo, explica Gizelda, diretora do STR de Remígio e membro da coordenação do Polo da Borborema.

A partir dessa reunião, as mulheres decidiram colocar no papel encaminhamentos para prosseguir em sua luta:

1) Dar continuidade aos eventos municipais de debate sobre as desigualdades de gênero.

No dia 28 de abril, foi realizado um evento em Lagoa Seca com a participação de 50 mulheres. Outros já estão agendados: dia 31 de maio, em Matinhas, dia 22 de junho, em Casserengue e Queimadas.

2) Intensificação das visitas de intercâmbio.

Essa prática tem ganho cada vez mais importância por favorecer a troca de saberes e a valorização do trabalho que as mulheres desenvolvem. Ao oferecer a oportunidade para conhecer as diferentes experiências conduzidas pelas agricultoras, os intercâmbios contribuem para o fortalecimento de uma identidade comum e da autoestima das mulheres, tanto quando visitam ou quando são visitadas. A família passa então a reconhecer a importância do papel da mulher como experimentadora, sua capacidade de gerar renda e seu novo papel político.

3) Qualificar o trabalho com plantas medicinais

Participar das oficinas de plantas medicinais foi como ter “portas abertas” para muitas mulheres. A Comissão de Saúde e Alimentação, assessorada pela AS-PTA está organizando um trabalho em parceria com o Movimento Agroecológico (MAE) da UFPB (Campus Areia). A ideia é fazer um levantamento etnobotânico das plantas mais usadas pelas agricultoras da Borborema e construir um material pedagógico valorizando o conhecimento acumulado por elas.

4) Dar continuidade ao processo de sistematização de experiências

A sistematização de experiências é uma metodologia que busca organizar os conhecimentos e as práticas de inovação para fornecer conteúdos que subsidiem a elaboração e a implementação de políticas de desenvolvimento rural mais adequadas às condições locais. A primeira visita para coleta de dados foi realizada na propriedade de dona Irene, agricultora-experimentadora do município de Solânea.

5) Fortalecer o trabalho sobre o arredor de casa

Serão promovidas três oficinas regionais de formação de multiplicadoras para o trabalho com os quintais. Cada oficina será dividida em quatro grandes temáticas: diagnóstico dos arredores (construção de suas partes, funções para a família e os problemas enfrentados); avaliar o papel da mulher na condução das experiências desse espaço e entender quais as disputas que emergem (roçado x quintal); valorizar o caráter produtivo do subsistema (reorganização do espaço, que pode ser distribuído para comportar hortas medicinais, pequenas criações, árvores frutíferas, etc.); e, por fim, debater sobre o manejo da água resgatando experiências como canteiros econômicos, reutilização da água e outras formas alternativas de irrigação, incluindo a cisterna calçadão.

6) Fortalecer os Fundos Rotativos Solidário (FRS) para o reordenamento dos quintais

A importância dos FRS é viabilizar a disseminação e a implementação dos conhecimentos adquiridos nas visitas de intercâmbio. A re-estruturação dos quintais possibilita a diversificação das atividades, o que gera mais autonomia para os sistemas familiares. Além disso, por ser tradicionalmente um espaço de domínio das mulheres, o quintal contribui para aumentar a participação e a valorização do trabalho das mesmas. Diante da sua importância para o financiamento desse reordenamento do espaço das propriedades, os FRS serão tema de um evento regional, que terá como base a análise da situação de cada fundo solidário.

Com a realização das atividades previstas nos encaminhamentos, a ideia é sensibilizar e reunir cada vez mais mulheres e, assim, viabilizar a construção verdadeiramente coletiva de um novo meio rural para todos e todas.

Compartilhe esse conteúdo
Tags:Agroecologia, borborema, Marcha, mulheres

Notícias Relacionadas

Mais de 100 famílias do Paraná são beneficiadas por práticas de resgate e uso das sementes crioulas Circulação de sementes crioulas em tempos de pandemia Programa de Agricultura Urbana e lideranças territoriais dão início às atividades do Projeto Sertão Carioca: Conectando Cidade e Floresta

Deixe uma resposta Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

3 + 4 =


Blog em Pratos Limpos

STF pode julgar constitucionalidade da lei de biossegurança nesta quarta

Boletim Sementes Crioulas: por uma alimentação livre de transgênicos e agrotóxicos

Boletim Sementes Crioulas: por uma alimentação livre de transgênicos e agrotóxicos

Faltam 10 dias! Participe de prêmio A História que Eu Cultivo

LANÇAMENTO: Milhos das Terras Baixas da América do Sul e Conservação da Agrobiodiversidade no Brasil e no Uruguai

“A História que eu cultivo” Prêmio às guardiãs e aos guardiões de sementes

Revista Agriculturas

Últimos Posts

  • Mais de 100 famílias do Paraná são beneficiadas por práticas de resgate e uso das sementes crioulas
  • Circulação de sementes crioulas em tempos de pandemia
  • Programa de Agricultura Urbana e lideranças territoriais dão início às atividades do Projeto Sertão Carioca: Conectando Cidade e Floresta
  • Programa de Agricultura Urbana e parceiros realizam encontro de final de ano
  • Jovens da Borborema estão encontrando caminhos para permanecer no meio rural por meio da apicultura

A AS-PTA - Agricultura Familiar e Agro­ecologia é uma associação de direito civil sem fins lucrativos que, desde 1983, atua para o fortalecimento da agricultura familiar e a promoção do desenvolvi­mento rural sustentável no Brasil.

  • Quem somos
  • Temas de intervenção
  • Biblioteca
  • Revista Agriculturas
    • Sobre a Revista
    • Próximas Chamadas
    • Submeter Artigo
    • Assine
  • Campanha Transgênicos
  • Entre em Contato
  • Assine o Feed