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23 de janeiro de 2012
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Os benefícios dos agrotóxicos no "Mundo de Veja"

“A revista Veja afirma que chamar os venenos da agricultura de “agrotóxicos” seria uma imprecisão ultrapassada.”

A revista Veja publicou uma matéria buscando “esclarecer” os brasileiros sobre os alegados “mitos” que vêm sendo difundidos sobre os agrotóxicos desde a divulgação pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), dos dados Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos referentes ao ano 2010. A revista se propõe a tranquilizar a população, certamente alarmada pelo conhecimento dos níveis de contaminação da comida que põe à mesa.

Os entrevistados na matéria são conhecidos defensores dos venenos agrícolas, alguns dos quais com atuação direta junto a indústrias do ramo – como é o caso do Prof. José Otávio Menten, que já foi diretor executivo da ANDEF (Associação Nacional de Defesa Vegetal), que reúne as empresas fabricantes de veneno.

A revista afirma que chamar os venenos da agricultura de “agrotóxicos” seria uma imprecisão ultrapassada e injustamente pejorativa, alertando os leitores que “o certo” seria adotar o termo “defensivos agrícolas”. Não menciona que a própria legislação sobre a matéria refere-se aos produtos como agrotóxicos mesmo.

A Veja passa então para a relativização dos resultados apresentados pelo relatório do Programa de Análise, elaborado pela Anvisa, fundamentalmente minimizando a gravidade da presença de resíduos de agrotóxicos acima dos limites permitidos. Para isso, cita especialistas alegando que os limites seriam “altíssimos”, e que, portanto, quando “um pouco ultrapassados”, não representariam qualquer risco para a saúde dos consumidores.

A verdade é que a ciência que embasa a determinação desses limites é imprecisa e fortemente criticada. Evidência disso é o fato de os limites comumente variarem ao longo do tempo – à medida que novas descobertas sobre riscos relacionados aos produtos são divulgadas, os limites tendem a ser diminuídos. Os limites “aceitáveis” no Brasil são em geral superiores àqueles permitidos na Europa – isso pra não dizer que aqui ainda se usa produtos já proibidos em quase todo o mundo.

A revista também relativiza os riscos de longo prazo para a saúde dos consumidores, bem como os riscos para os trabalhadores expostos aos agrotóxicos nas lavouras. Mesmo diante de tantas provas, a Veja alega que, não haveria comprovações científicas nesse sentido.

A reportagem termina tentando colocar em cheque as reais vantagens do consumo de alimentos orgânicos, a eficácia dos sistemas de certificação e mencionando supostos “riscos” do consumo de orgânicos. A revista alega que esses alimentos “podem ser contaminadas por fungos ou por bactérias como a salmonela e a Escherichia coli.” Só não esclarece que, ao contrário dos resíduos de agrotóxicos, esses patógenos – que também ocorrem nos alimentos produzidos com agrotóxicos – podem ser eliminados com a velha e boa lavagem ou com o simples cozimento.

Da revista Veja, sabemos, não se poderia esperar nada diferente. Trata-se do principal veículo de comunicação da direita conservadora e dos grandes conglomerados multinacionais no País. Mas podemos destacar que a publicação desse suposto “guia de esclarecimento” revela que o alerta sobre os impactos do modelo da agricultura industrial está se alastrando e informações mais independentes estão alcançando mais setores da população – ao ponto de merecerem tentativa de desmentido pela Veja e pela indústria.

Flavia Londres é engenheira agrônoma e consultora da AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia.
http://www.radioagencianp.com.br/node/10520

 

 

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Tags:Agrotóxicos

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0 responses to “Os benefícios dos agrotóxicos no "Mundo de Veja"”

  1. Anderson Agrônomo disse:
    23 de janeiro de 2012 às 21:16

    Muito bem, realmente, da Veja não se pode esperar grandes notícias ou notícias que não sejam manipuladas, péssima revista! Parabéns!

    Responder
  2. Natalia disse:
    24 de janeiro de 2012 às 18:28

    O que poucas pessoas sabem é que antes de chegarem às mãos do produtor rural, os remédios para as plantas são pesquisados e testados durante anos pelas fabricantes. As empresas do setor se preocupam cada vez mais com a segurança e o impacto ambiental de seus produtos. Por isso, muitas delas já possuem programas de treinamento e orientação de produtores. É possível ver os detalhes em: http://bit.ly/uVSUP8 e http://www.redeagro.org.br/artigo-social/520-anvisa-e-os-agrotoxicos

    Responder
    1. adriana disse:
      24 de janeiro de 2012 às 19:07

      Apenas entre julho de 2009 e agosto de 2010 as ações de fiscalização da Anvisa flagraram diversos tipos de fraudes e irregularidades praticadas pelos fabricantes de agrotóxicos. Mais de 9 milhões de litros foram interditados. Se o original não é seguro imagina o adulterado?

      Responder
  3. Giovanni disse:
    30 de janeiro de 2012 às 20:51

    Eu quero acreditar que as empresas de venenos agrícolas se preocupam com sustentabilidade, até a hora que a necessidade de lucros crescente pressionam os acionistas.
    Quem diz que agrotóxico pode ser sustentável nunca, mas nunca em sua vida conversou com um produtor rural. Preste atenção nisso:em lavoura que tem “veneno”, nem pássaro sobrevoa, aquilo vira um deserto.

    Responder
  4. Mirne disse:
    31 de janeiro de 2012 às 01:30

    Não sou fã da revista VEJA, mas, o que foi publicado é verdade basta analisar. Agrônomos sabem que em se tratando de agrotóxicos quando se utilizam todos os equipamentos de proteção individual os riscos à saúde são reduzidos, não extintos. Infelizmente, os produtores não respeitam o período de carência recomendado e muito menos utilizam EPI. E qual é o grande problema nacional? Os Estados em sua grande maioria não realizam a fiscalização do uso e comércio que é sua competência legal, não é o MAPA gente…está no artigo 71 do Decreto 4.074….,ou seja, cada qual faz o que quer , abre aspas, e o que bem entende até o dia em que afeta a saúde de quem o utiliza.. .isso é um problema enorme, inclusive aqui no Estado do AM. Sempre soube que a ANVISA é conhecida por divulgar dados alarmistas em jornais de grande circulação causando alarde na população…propiciando a quebra e a queda dos preços desses produtos que ela analisa, para aparecer na mídia , mostrar serviço. Isso é um fato, quem conhece sabe que é assim, o PARA é impreciso, os produtos são coletados nas gôndolas sem identificação da origem ,não se sabe quem é o produtor e como é a situação na propriedade em que foi produzido, não tem rastreabilidade, ou seja, detectam que possui resíduo,mas, não tem como corrigir. O MAPA possui um programa chamado PNCRC Vegetal, Programa Nacional de Controle de Resíduos e contaminantes bem mais estruturado e quem tem crescido a cada ano. O PNCRC / Vegetal tem como função inspecionar e fiscalizar a qualidade dos produtos de origem vegetal produzidos em todo o território nacional, em relação à ocorrência de resíduos de agrotóxicos e contaminantes químicos e biológicos. São monitorados produtos de origem vegetal destinados ao mercado interno e à exportação. Atualmente, aproximadamente 80% das análises são voltadas para o mercado interno, sendo que a partir deste ano-safra também estão previstas as coletas de produtos importados em recintos alfandegados. Quanto à utilização do termo agrotóxico é sim ultrapassada, e conforme foi dito possui definição prevista na Lei 7.802, o que esqueceram de mencionar é que a burocracia em se revisar uma legislação é imensa e tem que passar por várias comissões, inclusive por consultas públicas abertas à sociedade, até ser republicada, ou seja , não é fácil pessoal!! Acredito que na próxima revisão esse termo será corrigido. Segue o link sobre o PNCRC na página do MAPA.

    Responder
    1. Daniel disse:
      31 de janeiro de 2013 às 12:46

      Os dados da ANVISA não são alarmista porque afinal o Brasil vem se mantendo na dianteira como o maior consumidor de agrotóxico no mundo. O que a Mirne faz e o que a mídia e as empresas produtoras fazem é responsabilizar os agricultores, é mais fácil, é a parte mais sensível e menos organizada. Entretanto as empresas produtoras e suas lojas de vendas (as milhares de casas de adubos, casa dos fazendeiros) possuem um acirrado esquema de venda no qual o vendedor ganha por produtividade, quanto mais vende mais ganha. Logo, empurra no agricultor o maior números de produtos químicos, necessários ou não, no combate a “pragas”, “controle” do mato. E mais, uma acirrado esquema de veiculação dos agrotóxicos, prometendo maior produtividade, lucratividade, menor esforço, menos mão de obra contratada e por ai vai. Desta forma, o poder de comunicação como mecanismo de sedução e venda, e os milhares de profissionais atuando, sem ética, são, no meu entender, os responsáveis pelo que estamos assistindo, o consumo desenfreado e a contaminação dos viventes deste Brasil “varonil”. Valeria ainda uma discussão mais aprofundada da tecnologia não adaptada que é o agrotóxico, principalmente para os agricultores familiares. Mas isso fica para um seminário ….

      Responder
  5. joão Donizeti da Sil disse:
    3 de fevereiro de 2012 às 16:34

    O movimento nacional da Agroecologia começa a incomodar os setores que dependem da venda de AGROTÒXICOS. Eles fazem qualquer coisa para justificar o uso destes verdadeiros venenos,inclusive alardeando entre os produtores que não há outras saídas possíveis.Oque causa estranheza é que muitos técnicos talvez por (lavagem cerebral,que é muito normal neste meio,) possam se prestar a defender o uso destes venenos.O movimento em direção à verdadeira sustentabilidade já começou e dia após dia se fortalece Meus tecnicos companheiros vamos ampliar nossos horizontes, ser tecnico desta maneira é trabalhar contra o futuro das gerações, é piorar ainda mais as péssimas condiçoes ambientais que já temos em todas as aréas agricolas deste pais. Não existe sustentabilidade ,quando se coloca em risco a saúde de todos. A agroecologia veio para ficar ,portanto os incomodados que repensem as suas visões reducionistas.em prol de umpresente e um futuro mais saudavel para todos

    Responder
  6. Jéferson Lopes disse:
    10 de fevereiro de 2012 às 13:55

    o que será que está por trás dessa publicação? porque ao invés de se falar em agricultura orgânica publican-se conteúdos sem fundamentos sobre agrotóxicos? A luta pela agricultura familiar ainda vai ser muito longa, mas não podemos desanimar. E como é que alguém pode falar que um produto orgânico pode trazer males para a saúde? Bom pelo pouco que sei e mesmo não sabendo muito saberia que isso é uma verdadeira mentira. Espero que as pessoas se conscientizem cada vez mais de que o agrotóxico nada mais é que um VENENO e sabemos que veneno pode gerar uma série de malefícios para a saúde!

    Responder

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