A agroecologia se constrói apoiada na valorização dos recursos locais e nas práticas e métodos tradicionais de manejo produtivo dos ecossistemas, e sua evolução como ciência se dá quando são criadas condições favoráveis para o diálogo e a troca de experiências e saberes. Nos últimos anos, a prática da sistematização de experiências tem se estabelecido como uma atividade fundamental para o aprendizado coletivo de instituições, redes e movimentos sociais promotores da agroecologia.
A sistematização é um instrumento que permite olhar analítica e criticamente para o vivido e experimentado. Ao examinar de perto os resultados e os impactos alcançados pela experiência, torna- se um exercício constante de monitoramento e avaliação das atividades, necessário para o contínuo aprimoramento da ação. Os resultados, quando compartilhados, são fontes inspiradoras para outros grupos ou instituições atuantes, com projetos similares mas em contextos diferentes. Ademais, as sistematizações são extremamente úteis na qualificação de intercâmbios e nas interações em redes locais e regionais que visam o aprendizado mútuo por meio dos ensinamentos extraídos das experiências de todos os envolvidos.
Apesar de um avanço significativo, as instituições ainda despendem poucos esforços no processo de sistematização. A diversidade e intensidade das tarefas de campo são os fatores alegados para a limitada dedicação das entidades às ações de sistematização/reflexão de suas próprias atividades e a falta de tempo passa a ser encarada como um obstáculo. Mas a maior dificuldade encontrada pelas instituições ao realizarem suas próprias sistematizações é de natureza metodológica. Um processo de sistematização dificilmente segue uma receita padrão. Ele deve, sobretudo, ser ajustado e dimensionado segundo as especificidades de cada realidade. De qualquer forma, tudo fica mais simples quando conseguimos empregar uma metodologia de estruturação, ordenamento e análise das informações. Foi diante dessa realidade que a Associação ETC Andes – Peru, em um convênio com a Fundação Ileia, investiu esforços na elaboração de um guia para facilitar e simplificar os processos de sistematização de experiências. Este manual é o resultado de anos de prática na assessoria de sistematizações de numerosos programas e instituições da América Latina.
A AS-PTA acredita que este guia poderá auxiliar as entidades e redes do campo agroecológico a desenvolver capacidades próprias de sistematização. O desafio agora é aprender com a própria prática.
Adriana Galvão Freire
AS-PTA
Aprender com a prática: uma metodologia para sistematização de experiências