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11 de fevereiro de 2013
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Agricultores do Polo da Borborema denunciam onda de violência no campo

As famílias agricultoras da região do Polo da Borborema, na Paraíba, reclamam de uma onda de assaltos que vem acontecendo na zona rural dos municípios. A vítima mais recente foi Maria de Lourdes de Souza, ou dona Quinca, como é conhecida. A agricultora mora com a família no Assentamento Manoel Joaquim, em Alagoa Nova, e conta que há 20 dias, por volta das 2h da madrugada, cinco homens encapuzados invadiram a sua casa e, não se contentando em roubar diversos objetos como motocicleta, celulares e eletrodomésticos, ainda bateram violentamente em dona Quinca e em sua família. A agricultora chegou a ser hospitalizada com um ferimento na cabeça provocado pelo espancamento: “Eu e minha família estamos assustados, eu me acabei emocionalmente, vivo nervosa. Abandonei tudo lá, minhas galinhas, minhas plantas medicinais e vim morar numa casa alugada por enquanto. Não queria sair de lá, morei toda vida no campo e não me acostumo na cidade, eu gosto é de mexer com a terra, mas com esses assaltos, fica difícil”, desabafa a agricultora. Os moradores do Assentamento Manoel Joaquim reclamam que casos como este são frequentes.

Dona Quinca faz o apelo às autoridades: “Queria que os políticos olhassem melhor para o campo, pois ele está ficando abandonado. Aqui nessa região tá todo mundo saindo, com medo dessa violência. Somos nós que produzimos os alimentos, levamos para as feiras, e se todo mundo sair do campo, vai faltar alimentação na cidade, não é?”.

Assaltos no Campo – A violência na zona rural não é um problema novo. Há alguns anos roubos de motocicletas, furtos de animais, implementos agrícolas, arrombamentos de casas, assaltos à mão armada, inclusive com assassinatos de agricultores e agricultoras se transformaram em episódios corriqueiros no campo. Tais fatos vêm disseminando um clima de medo e terror agravando o quadro de migração de agricultores para as cidades à procura de maior segurança. No Território da Borborema, em municípios como Arara, Remígio ou Alagoa Nova, município de dona Quinca, já possuem comunidades inteiras desertas no período da noite. O medo vem comprometendo as formas tradicionais de cultivar a terra, até que inviabilizam por completo a produção agrícola.

A terra de trabalho vem deixando de ser também a terra de morada. O afastamento da família de seu chão compromete a eficiência produtiva, característica da agricultura familiar; a qualidade de vida, já que muitas vezes são obrigados a morarem na periferia das cidades; e a sua continuidade, já que das crianças e dos jovens também foram roubados a chance de aprenderem a arte de lavrar a terra.

Foi diante desse quadro que em 2012, o Fórum das Organizações da Sociedade Civil em Defesa da Agricultura Familiar e da Reforma Agrária na Paraíba, que reúne diversas entidades, entre elas o Polo da Borborema e a AS-PTA Agroecologia e Agricultura Familiar, usou o dia da Agricultura (20 de março) para denunciar e exigir das autoridades medidas de combate à violência no campo. Rodovias de grande movimentação foram interditadas neste dia para chamar a atenção da sociedade para o problema. Na época o então Comandante do 10º Batalhão de Polícia Militar (10º BPM), coronel José Ronaldo, responsável pela segurança de Campina Grande e mais de 36 municípios, esteve no local representando o Secretário de Estado da Segurança e Defesa Social, Cláudio Lima. Ele recebeu as reivindicações do Fórum e se comprometeu a estudar como atender à pauta entregue pelos manifestantes. Houve ainda o acordo de que a Segurança Pública iria se reunir periodicamente com o Fórum, mas os encontros tiveram de ser interrompidos devido ao período eleitoral. Houve ainda a realização de uma sessão pública itinerante da Assembleia Legislativa da Paraíba que reuniu na Câmara de Vereadores de Campina Grande deputados, vereadores e diversas autoridades de segurança do estado. A sessão foi precedida de uma caminhada de agricultores pelas principais ruas de Campina Grande.

Patrulha Rural – Entre as reivindicações estão a implantação de um policiamento rural efetivo, aumento do contingente nas cidades onde se registra o maior número de ocorrências no campo, um serviço de inteligência capacitado para atuar na zona rural e a criação de uma delegacia especializada em crimes cometidos no campo. Ainda em 2012 o Governo da Paraíba implantou a Patrulha Rural. Segundo Manoel Antônio de Oliveira, presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Alagoa Nova e membro da coordenação do Polo da Borborema, logo após a implantação da Patrulha Rural, com as rondas os agricultores perceberam uma melhora na segurança, mas logo a onda de violência voltou, “do final do ano passado pra cá eles baixaram a guarda e os assaltos voltaram, pelo menos aqui na Borborema”, conta.

De acordo com Manoel Antônio, a pressão sobre as autoridades vai continuar: “Estamos protocolando ao novo Comandante, um pedido de audiência para que possamos dar continuidade ao diálogo entre a Segurança Pública e o Fórum e colocar o novo Comandante a par da situação atual”.

 

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Tags:Polo da Borborema, violência no campo

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