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POR UM BRASIL ECOLÓGICO,
LIVRE DE TRANSGÊNICOS E AGROTÓXICOS
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CTNBio muda regimento interno para acelerar liberações de transgênicos
Número 538 – 20 de maio de 2011
Car@s Amig@s,
Na última terça-feira (17) foi realizada em Brasília audiência pública sobre o feijão geneticamente modificado. Desenvolvido pela Embrapa para ser resistente ao vírus do mosaico dourado, o produto está na pauta de liberação comercial da CTNBio.
A audiência foi realizada na sede da própria Embrapa, que é a proponente do pedido. O fato inédito suscitou dúvida se a CTNBio passará a adotar o procedimento de “consulta à sociedade” na sede das empresas requerentes, podendo uma próxima ser quem sabe na sede da Monsanto. O presidente da CTNBio Edílson Paiva disse que não haviam encontrado outro auditório disponível em Brasília e daí a escolha.
A representante da Terra de Direitos questionou a extensão do sigilo conferido a diversos trechos do relatório apresentado pela Embrapa. A CTNBio manteve sob sigilo mais informações do que as solicitadas pela empresa, fato que dificulta as ações de monitoramento de impactos pós-comercialização do produto. Houve um caso em que o acesso à íntegra dos dados foi negado até mesmo a um integrante da Comissão e relator do processo.
Os estudos de campo foram realizados em apenas três localidades e por dois anos, o que de forma generosa poderia significar que os impactos ambientais da tecnologia foram testados em no máximo dois biomas. A lei nacional exige estudos em todos os biomas onde a planta modificada poderá vir a ser cultivada. No caso do feijão transgênico, apesar da inexistência desses dados o pedido é para liberação do cultivo em todo o território sem restrições, como destacou a Terra de Direitos.
O representante do Consea enfatizou que o direito humano à alimentação saudável e adequada será atingido pela agroecologia e não pelo desenvolvimento de sementes geneticamente modificadas. Relatou experimentos de 8 anos da Embrapa que mostram grande sucesso no controle do mosaico do feijoeiro, sem perda de produtividade, por meio do manejo orgânico.
No relatório apresentado pela Embrapa a Associação Brasileira de Agroecologia – ABA é citada como tendo endossado a tecnologia no contexto de uma oficina para avaliação de uma metodologia sobre análise de risco de transgênicos. O representante da ABA leu na audiência manifestação da entidade denunciando a forma anti-ética como a Associação foi citada, já que esse nunca foi seu posicionamento, como mostram os próprios relatórios da oficina. A ABA pediu retratação por parte da Embrapa pelo fato de seu nome ter sido usado com má-fé.
O representante da AS-PTA questionou a falta de dados sobre os potenciais impactos da modificação genética nas variedades de feijão consumidas no Brasil. Todos os testes foram feitos em um só tipo de feijão e não nos consumidos aqui diariamente. Por outro lado, diversas passagens do próprio texto da Embrapa informam que os resultados obtidos variam conforme o tipo de feijão que recebe a transgenia. Mesmo sem a realização desses testes, o pedido é para liberar o evento transgênico para sua posterior incorporação nos demais feijoeiros.
Mais relevante ainda é saber que foram gerados 22 eventos para resistência ao mosaico, mas que apenas 2 destes funcionaram. O processo informa que não se sabe por que estes geraram os resultados esperados e os demais 20 não. E conclui que mais estudos são necessários para se entender o transgene em questão. Ou seja, na dúvida, libera. Esse descarte do Princípio da Precaução foi ressaltado na audiência pela AS-PTA.
O Princípio da Precaução foi lembrado também pelo Secretário Carlos Nobre, do Ministério de Ciência e Tecnologia, que abriu a plenária da CTNBio no dia seguinte. Nobre destacou a importância do trabalho da Comissão e da avaliação de riscos com base no Princípio da Precaução, para desgosto de muitos que o ouviam. Assim que o Secretário deixou a plenária, o presidente da CTNBio anunciou que iria colocar em votação as alterações no regimento interno do órgão. Mas logo diante do primeiro questionamento já disparou que tinha que andar logo com os trabalhos e evitar o “princípio da obstrução”.
O regimento tinha que ser alterado naquela ocasião por determinação judicial que obrigou a CTNBio a criar procedimentos de transparência e acesso às informações que lá tramitam, excluindo-se as de sigilo industrial.
Utilizando o procedimento que no Congresso é chamado de “contrabando legislativo”, os membros da Comissão aproveitaram a retificação ao texto do regimento para mudar o rito de tramitação dos processos. Encurtaram os prazos de análise, fazendo na prática com que as liberações sejam ainda mais aceleradas, reforçando o aspecto cartorial do órgão que nunca negou um pedido de liberação comercial.
A cada reunião da CTNBio as empresas informam sobre a desistência da realização de diversos experimentos de campo, que em tese serviriam para avaliar impactos ambientais. O representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário solicitou à presidência da Comissão que neste item da pauta constasse não apenas o número do processo que foi cancelado, mas também uma ementa do objetivo do experimento que seria realizado. O presidente repassou a questão aos assessores do órgão, que disseram que isso daria muito trabalho e que o membro interessado poderia entrar na página da Comissão e consultar caso a caso.
O pedido é relevante se lembrarmos que raríssimos são os experimentos sobre impacto ambiental, sendo sua maioria para testes de eficiência agronômica que interessam apenas à empresa. Alguns estudos com objetivo de avaliações ambientais são, contudo, pedidos, e o que queria o MDA é saber se são esses que estão sendo cancelados. A Comissão que avalia biossegurança não achou pertinente essa checagem, que demandaria um “corta e cola” a mais no momento de redação das pautas, e assim ficou.
Em pouco tempo será votada a liberação do feijão transgênico.
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Neste número:
1. Judiciário ouvirá povos tradicionais sobre contaminação por transgênico
2. Elma Chips fará salgadinhos de milho transgênico
3. Contaminação do milho pode inviabilizar criação orgânica de aves
4. Alemanha quer soja brasileira, desde que convencional e produzida longe de desmatamento
5. Monsanto renova esforços para liberar o trigo transgênico
6. Argentina: rumo ao primeiro trigo transgênico
7. DuPont quer aumentar mercado de agrotóxicos para cana-de-açúcar
8. Ministra do meio ambiente anuncia Programa Nacional de Agroecologia
9. Parlamento francês proíbe ftalatos e parabenos
A alternativa agroecológica
RS: produção de assentamento atrai consumidores em Nova Santa Rita
Dica de fonte de informação:
A quem interessa a expansão da transgenia no Brasil?, Entrevista especial com Gilles Ferment.
“O patenteamento das sementes transgênicas, associado a um sistema perverso de fiscalização das empresas de biotecnologia, vai dificultando as tentativas de produção sustentável. Vários agricultores agroecológicos – e até alguns certificados orgânicos – já viram suas lavouras de milho e de soja contaminadas, perdendo seus esforços de trabalho e seus preços de venda preferenciais.”
Evento:
Seminário: Os impactos do uso de agrotóxicos no semiárido
Dia 23/05/2011 às 19 h
Local: Auditório da UFRPE/UAST – Serra Talhada – PE
O evento é promovido pelo Núcleo de Estudos, Pesquisas e Práticas Agroecológicas do Semiárido (NEPPAS), Núcleo de Agroecologia e Campesinato (NAC), Curso de Especialização “Convivência com o semiárido na perspectiva da segurança e soberania alimentar e da agroecologia” da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e Associação Brasileira de Agroecologia (ABA Agroecologia).
Veja a programação do evento.
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1. Judiciário ouvirá povos tradicionais sobre contaminação por transgênico
Decisão vem à tona no momento em que se discute a liberação do feijão transgênico
No último dia 11 de maio, a 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF 4ª Região), determinou que a Vara Federal Ambiental de Curitiba ouça os agricultores tradicionais, povos indígenas e comunidades tradicionais sobre a contaminação genética do milho e sobre os danos ambientais e culturais que estão em curso no país desde a liberação do milho transgênico, em 2008. A decisão foi tomada por maioria, exceto o relator, em resposta a um recurso movido pela Terra de Direitos, AS-PTA, IDEC e ANPA.
A Ação Civil Pública (ACP), em trâmite na Vara Federal Ambiental de Curitiba, foi proposta a partir da divulgação dos resultados do “Plano de Monitoramento do fluxo entre lavouras de milho transgênico e não transgênico no Oeste do Paraná”, realizado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (SEAB) durante a safrinha de 2009 (fevereiro a junho). O estudo comprova a contaminação de cultivos convencionais por lavouras transgênicas mesmo quando cumpridas as chamadas regras de coexistência previstas em uma resolução normativa (nº 4) da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).
A decisão de ouvir os agricultores tradicionais possibilitará que estes sujeitos, que tradicionalmente selecionam, conservam e reutilizam sementes de milho crioulo a cada safra, demonstrem como vem se dando a erosão genética com a contaminação de suas sementes pelas variedades transgênicas. Além disso, será possível descrever como suas práticas milenares associadas ao cultivo do milho são desestimuladas, interferindo não só no meio ambiente, mas também na cultura desses povos.
Direito do consumidor
Estes resultados revelados pela pesquisa conduzida pelo poder público comprovam que mesmo havendo respeito das normas de gestão dos riscos para garantir a coexistência dos sistemas produtivos de milho no país (RN 04/07), há contaminação genética a distâncias bem maiores que as fixadas, e a níveis muito altos.
Essa contaminação é também uma violação ao direito dos consumidores, já que é garantido por lei a rotulagem de alimentos com mais de 1% de grãos geneticamente modificados (Decreto n° 4.680/03). O que ocorre hoje no país é o consumo de milho transgênico, ou alimentos produzidos a partir dele, como se fossem convencionais. (…)
Leia mais:
– A análise jurídica do caso está disponível em nosso site.
– Aproveite e leia também o artigo do tratado internacional que regulamenta os direitos dos agricultores.
Fonte: Terra de Direitos, 16/05/2011.
2. Elma Chips fará salgadinhos de milho transgênico
A PepsiCo/Elma Chips está substituindo o milho convencional pelo geneticamente modificado na produção de snacks no Brasil. As marcas Cheetos e Fandangos, ambas líderes de mercado, além de Cebolitos, Lucky, Bocaditos e Fofura, já estão sendo fabricadas com o milho transgênico. Chegarão às gôndolas em junho.
A informação circulou em São Paulo, durante uma feira de produtores agrícolas, e foi confirmada pela empresa à “Negócios&Cia”, ontem à noite. Não se trata de decisão global. Em nota, a PepsiCo informou que a “a decisão teve como base a perspectiva de inviabilidade de assegurar a compra de milho convencional para atender ao volume total de matéria-prima comprada pela companhia, devido ao aumento significativo de produção de milho OGM (organismo geneticamente modificado) no Brasil”.
O cultivo de milho transgênico, de fato, cresce velozmente no país. Estima-se que já represente três quartos da safra de verão e mais da metade da colheita de inverno. No período 2010/2011, foram quase 7,5 milhões de hectares plantados com milho OGM, segundo a consultoria Céleres. Por isso, a PepsiCo espera que, em pouco tempo, sua decisão seja seguida por outros fabricantes.
Em linha com a legislação brasileira, as embalagens dos snacks passarão a ter impressos a frase “salgadinho de milho geneticamente modificado” e o triângulo amarelo com letra “T” (foto), símbolo de transgênico. A CTNBio, órgão do governo, já autorizou o cultivo de 17 tipos de milho OGM no país. Todos são considerados seguros para a saúde humana.
Fonte: “Snacks” de milho transgênico – O Globo, 18/05/2011.
N.E.: “Todos foram considerados seguros para a saúde humana”… Só faltou dizer que, na CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), o Ministério da Saúde votou contra todas as autorizações de milho transgênico. Apesar disso, os milhos foram aprovados.
3. Contaminação do milho pode inviabilizar criação orgânica de aves
Criadores de aves orgânicas do interior de São Paulo queixam-se da ausência de regras nacionais que garantam a produção orgânica de milho.
“Obter milho e soja convencionais, ou seja, não-transgênicos, é um dos principais gargalos para avicultores e suinocultores que pretendem adotar o sistema orgânico de criação em suas propriedades. ‘É um gargalo gigantesco’, diz o gerente industrial Luiz Carlos Demattê Filho, da Korin, de Ipeúna (SP), a principal agroindústria produtora de frango orgânico do País. Além de convencional, a semente tem de ser cultivada de maneira orgânica, de modo, ainda, a evitar a temida ‘contaminação cruzada’, ou seja, o pólen de milho transgênico de alguma maneira alcançar o convencional e daí surgirem espigas transgênicas em plena lavoura convencional.
A necessidade de isolar lavouras por parte do produtor orgânico será crescente, pelo menos nos próximos anos. Basta ver o avanço das lavouras de milho transgênico desde 2008, ano da aprovação do uso da tecnologia no País. (…)
Estamos questionando as normas que a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) estipulou para isolar áreas de grãos convencionais dos transgênicos, porque acreditamos que não sejam suficientes para realmente proteger os cultivos orgânicos”, diz [Demattê]. “Já encaminhamos algumas demandas ao Ministério da Agricultura para tentar rever esses critérios de isolamento de lavouras. (…)”
Os trechos acima foram extraídos de matéria do Estado de S. Paulo, publicada em 05/05/2011.
Rapidamente, como previmos, a realidade está desmentindo a tese defendida pelas empresas e pelo governo brasileiro de que na agricultura “há espaço para todos”.
4. Alemanha quer soja brasileira, desde que convencional e produzida longe de desmatamento
Para o Ministério da Agricultura alemão, setor produtivo brasileiro precisa observar restrições para, então, ampliar comércio com a Europa
Economia mais forte da União Europeia, a Alemanha decidiu colocar na mesa das negociações comerciais entre o Brasil e o bloco econômico a ampliação de suas exportações ao país sul-americano. Além disso, pede atenção a exigências europeias de padrão – que envolvem atenção ao ambiente e à segregação de grãos convencionais e transgênicos – para dar abertura maior aos produtos brasileiros. A posição de parceria e cobrança foi manifestada pela chefe do Departamento Internacional do Ministério da Agricultura, Nutrição e Proteção do Consumidor, Birgit Risch, em entrevista à Expedição Safra.
O Brasil tenta elevar as exportações para a Alemanha e negocia com a União Europeia em duas frentes. Numa delas, quer evitar sua exclusão do Sistema Geral de Preferências Tarifárias (SGP), que cobra menos imposto sobre mercadorias produzidas em países em desenvolvimento. Na outra, precisa defender seus interesses durante a revisão do acordo entre o bloco europeu e o Mercosul, que pode redefinir tarifas e exigências diante de cada produto. (…)
Para a Alemanha, o potencial de exportação do Brasil não vem sendo 100% explorado. Birgit Rish cita que o país não consegue cumprir as exigências para exportar 10 mil quilos de carne bovina pela Cota Hilton. Outro ponto que a executiva do governo alemão apontou como decisivo para o potencial de exportação brasileiro é a produção de soja convencional longe de áreas de desmatamento. (…)
Fonte: Alemanha cobra mais cooperação do Brasil – Gazeta do Povo, 17/05/2011 (via Agrolink).
5. Monsanto renova esforços para liberar o trigo transgênico
Há muitos anos a Monsanto busca poder comercializar seu trigo transgênico nos EUA. Em 2004 a empresa suspendeu temporariamente a ideia em função da forte rejeição dos produtores no país. Metade do trigo produzido nos EUA é exportada e alguns dos principais mercados compradores adotam a “tolerância-zero” para a presença de trigo transgênico, o que levaria à rejeição de carregamentos inteiros em caso de contaminação acidental.
Agora, segundo reportagem publicada pelo St. Louis Post-Dispatch, o cenário está mudando e a empresa voltando a investir na cultura. A matéria cita Anne McKendry, uma melhorista genética da Universidade de Missouri, dizendo que embora muitos dos países que importam trigo dos EUA continuem rejeitando o cereal modificado, “muitos produtores de trigo que inicialmente recusaram as sementes transgênicas agora dizem que elas são benvindas”. Segundo McKendry, “em 2008 a Associação Nacional de Produtores de Trigo conduziu uma pesquisa com seus membros e apurou que 80% apoiava a biotecnlogia.”
Com efeito, durante os últimos dois anos a gigante da biotecnologia Monsanto renovou seu interesse pela cultura e comprometeu mais recursos no desenvolvimento de variedades transgênicas. Em 2009 a empresa comprou a WestBred, uma empresa de sementes de trigo em Montana, por US$ 45 milhões. Nos últimos seis meses ainda investiu para o projeto em equipamentos “proibitivamente caros” que aceleram o processo de identificação de características de interesse agronômico nas lavouras.
Com informações de: Monsanto Renews Its Efforts to Commercialize Biotech Wheat – St. Louis Post-Dispatch, 08/05/2011, via Soyatech.
6. Argentina: rumo ao primeiro trigo transgênico
Através de uma parceria entre a UNL (Universidad Nacional del Litoral) / Conicet (Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Tecnológicas) e uma empresa privada do grupo Bioceres SA., uma equipe de pesquisadores argentinos desenvolveu uma nova variedade de trigo transgênico resistente ao stress hídrico. Segundo a coordenadora da pesquisa, Raquel Chan, o trigo modificado apresentou produtividade até 30% superior às variedades convencionais. O grupo buscará a aprovação do trigo transgênico pela Comissão Nacional de Biotecnologia e espera que ele chegue ao mercado até 2014-2015.
Fonte: Hacia los primeros trigos transgénicos del mundo – El Litoral, 13/05/2011.
7. DuPont quer aumentar mercado de agrotóxicos para cana-de-açúcar
Quinta maior indústria no mercado brasileiro de defensivos, a DuPont se prepara para deflagrar um plano para ganhar posições e retomar a liderança nas vendas em segmentos onde já ocupou o topo do ranking. Com uma fatia de 5,8% das vendas totais do país em 2010, o grupo pretende ganhar espaço na venda de produtos para o setor sucroalcooleiro, que no ano passado foi o terceiro maior mercado para defensivos [agrotóxicos] no Brasil.
Em 2010, a DuPont fechou o ano no Brasil com faturamento de US$ 440 milhões no mercado de defensivos agrícolas [agrotóxicos]. Desse total, US$ 70 milhões foram provenientes do segmento sucroalcooleiro. “Cerca de 50% das nossas vendas ainda são feitas para o mercado de soja. Acreditamos, no entanto, que o segmento sucroalcooleiro tem potencial para ganhar espaço internamente e, sozinho, gerar receitas de US$ 120 milhões em até cinco anos”, afirma Marcelo Okamura, diretor de marketing da DuPont.
Para avançar no mercado sucroalcooleiro, a DuPont passará a comercializar ainda neste ano um novo herbicida. A meta é já no primeiro ano gerar um aumento nas vendas entre 10% e 15%. O produto começou a ser desenvolvido no Brasil em 2004 e obteve o registro no governo federal no fim do ano passado.
Segundo Okamura, o novo herbicida é um complexo de três diferentes princípios ativos, formulados dentro de uma tecnologia desenvolvida pela própria DuPont. (…)
A escolha pela cana não é por acaso. A expectativa é que a área cultivada tenha uma expansão média anual de 5,5% e consequentemente o uso de defensivos [agrotóxicos] para o segmento. No ano passado, o segmento sucroalcooleiro teve uma participação de 9,6% dos US$ 7,303 bilhões de vendas, segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag). O produto que mais movimenta recursos no país é a soja (44,1%), seguido pelo algodão (10,6%), ficando a cana em terceiro lugar.
Fonte: Valor Econômico, 12/05/2011.
8. Ministra do meio ambiente anuncia Programa Nacional de Agroecologia
Em audiência com o MPA nesta quarta-feira, 19, a ministra do meio ambiente Izabella Teixeira anunciou que irá propor à Presidente Dilma Rousseff um Programa Nacional de Agroecologia. Segunda a ministra, esse será um projeto estruturante, que servirá como alternativa para a transição agroecológica.
“Esse ministério tem que dialogar com quem faz uso do meio ambiente, não só com quem defende o meio ambiente. Por isso, a agricultura familiar é central para pensar um novo projeto de meio ambiente para o Brasil”, afirmou Teixeira.
Antes de anunciar o lançamento do programa, a ministra ouviu o MPA e acolheu as propostas de debate.
O movimento apresentou as experiências que vem desenvolvendo na área de agroecologia, como sistemas agroflorestais, recuperação de sementes crioulas, reflorestamentos de espécies nativas, recuperação de nascentes e bioenergia. O MPA defendeu um programa avançado de agroecologia, com resgate das práticas de cultivo camponesas e com investimentos em pesquisa e tecnologias alternativas.
Sérgio Conti, dirigente do MPA, falou sobre a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e destacou a necessidade do ministério assumir a luta contra a aplicação de venenos na agricultura. “A Via Campesina em conjunto com outras organizações lançou esse ano a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e está debatendo incisivamente o tema com a sociedade. Mas entendemos que essa pauta deve ser reconhecida e assumida pelo ministério, buscando ações efetivas de combate ao uso de venenos”, disse Conti.
Na audiência, o MPA reiterou a posição contrária às mudanças no Código Florestal apresentadas pelo Deputado Aldo Rebelo, e defendeu a manutenção do Código. A ministra Izabella Teixeira deixou claro que sua posição vai ao encontro da proposta dos movimentos sociais, e que tem feito todo esforço para que o relatório do governo preserve a legislação atual.
Fonte: MPA, 19/05/2011.
9. Parlamento francês proíbe ftalatos e parabenos
Substâncias proibidas estão presente em plásticos, cosméticos e embalagens de alimentos e já foram associadas ao câncer, mutações genéticas e infertilidade
O parlamento francês aprovou, em primeira leitura, o projeto de lei que proíbe a fabricação, importação, venda ou fornecimento de produtos que contenham ftalatos, alquilfenóis e parabenos. A aprovação, com 236 votos a favor e 222 contra, foi recebida com aplausos, apesar da oposição do governo e do partido majoritário.
A cautela da base aliada ao governo causou certa surpresa, considerando que alguns ftalatos já são proibidos, inclusive os encontrados em brinquedos. “Entendemos as preocupações dos parlamentares com essas questões sensíveis. É por isso que encomendamos um estudo sobre o impacto do bisfenol-A (outro desregulador endócrino) para a Agência Nacional de Segurança de Alimentos, Meio Ambiente e Trabalho. O resultado do estudo será divulgado em junho”, declarou o Departamento de Ecologia.
Ftalatos são substâncias amplamente utilizadas para aumentar a flexibilidade, transparência e durabilidade de plásticos. Estão presentes em tubulações, peças de carro, papéis de parede laváveis, brinquedos, shampoos, caixas, perfumes, e também em dispositivos médicos como cateteres, bolsas de sangue ou tubos de hemodiálise. Após a votação em primeira leitura, o texto deve ser submetido ao Senado.
Fonte: O Tao do Consumo, com informações do Le Figaro, 03/05/2011.
A alternativa agroecológica
RS: produção de assentamento atrai consumidores em Nova Santa Rita
Buscar novos mercados consumidores para os produtos orgânicos que cultivam. Este foi o objetivo de três assentadas de Nova Santa Rita que organizaram uma barraca de vendas no centro da cidade. Além da comercialização direta, as produtoras do município da região metropolitana de Porto Alegre fecharam parcerias com estabelecimentos comerciais para fornecerem, periodicamente, hortaliças e pães caseiros. A primeira experiência foi no início de maio e se repetiu no último final de semana.
Na lista de produtos oferecidos estavam alface, couve-flor, couve, beterraba, repolho (roxo e branco), rúcula e temperos, além de bolachas, pães e até trufas de chocolate. Ao todo, as mulheres faturaram em torno de R$ 1 mil. Mas, segundo elas, o maior benefício foi a oportunidade de novos negócios. “Ficamos contentes porque conhecemos pessoas e fizemos contatos. Recebemos muitas encomendas”, afirma Marli Lopes Pereira, do assentamento Santa Rita de Cássia II.
O grupo acertou a entrega semanal de hortigranjeiros para uma microempresa de alimentação. Segundo a proprietária, Adriane Bitello da Silva, o principal atrativo foi a qualidade. “As verduras são excelentes. Percebe-se o capricho das agricultoras desde a pontualidade na entrega até a forma como os produtos são embalados”. Em média, Adriane fornece 100 refeições por semana, que incluem de dois a três tipos de salada.
Além do comércio direto, Adriane destaca a proximidade com os fornecedores. “Como tenho de buscar toda a semana, acabei conhecendo a família e vendo o cuidado que eles têm no lote. Antes eu nem conhecia os assentamentos, agora divulgo para todo mundo”, afirma a microempresária.
Novos horizontes
A iniciativa das vendas no meio urbano partiu das assentadas, que antes de levarem os produtos, divulgaram a ideia em escolas, postos de saúde e no comércio local. Elas também receberam apoio da prefeitura – que viabilizou a barraca e o espaço para exposição – e da Cooperativa de Prestação de Serviços Técnicos (Coptec), contratada pelo Incra/RS para prestar assistência técnica às famílias.
A expectativa do grupo é estimular a organização de pontos fixos de venda no município, já que a demanda foi grande. “Não temos feira na cidade, só uns caminhões que passam de vez em quando. Por isso, quando chegamos as pessoas correram para comprar. No primeiro dia a gente vendeu tudo em uma hora. Tivemos que ir buscar mais na horta”, conta a assentada Marli. Ela acrescenta que este também é um meio de divulgar a produção da reforma agrária para a sociedade.
As assentadas já fornecem produtos para a rede pública de ensino através do Programa Nacional de Alimentação Escolar. No ano passado, juntamente com outras 32 famílias, elas entregaram cerca de 14,5 toneladas de hortigranjeiros, frutas e carne às escolas.
Participação e renda
O cultivo de hortaliças orgânicas tem se configurado em uma lucrativa experiência para as assentadas. Além de complemento da renda familiar, a prática oportuniza maior participação do público feminino na cadeia produtiva do lote.
Marli explica que os homens estão mais envolvidos com a produção de arroz (principal atividade econômica do assentamento), deixando os cuidados com a horta a cargo delas. “A gente cuida de todo o processo, desde o cultivo até a venda, porque não podemos depender de ninguém”.
Ela iniciou o trabalho no ano passado, inserindo-se imediatamente nos programas federais de comercialização da produção. Hoje, Marli garante que “com a horta poderia sustentar toda a família” de cinco filhos e o marido.
Fonte: Ministério do Desenvolvimento Agrário, 16/05/2011.
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Campanha Brasil Ecológico, Livre de Transgênicos e Agrotóxicos
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