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POR UM BRASIL ECOLÓGICO,
LIVRE DE TRANSGÊNICOS E AGROTÓXICOS
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Ocupar a Monsanto
Número 578 – 23 de março de 2012
Car@s Amig@s,
O novo movimento Occupy Monsanto, uma ramificação do Occupy Wall Street, está convocando pessoas e organizações de todo o mundo a fazer parte de um dia internacional de protestos em 17 de setembro, quando o movimento Occupy Wall Street completará um ano. O grupo demanda, entre outros, a rotulagem obrigatória de alimentos contendo ingredientes transgênicos (que não existe nos EUA) e que não sejam aprovados novos cultivos transgênicos desenvolvidos para tolerar aplicações de herbicidas altamente tóxicos (como é o caso da soja tolerante ao 2,4-D, já em testes no Brasil).
“Goste você ou não, é provável que a Monsanto tenha contaminado a comida que você comeu hoje com agrotóxicos e transgênicos. A Monsanto controla a maior parte do suprimento global de alimentos às custas da democracia alimentar ao redor do mundo”, diz o site do movimento.
Na última terça-feira (20/03), manifestantes do Occupy Monsanto colocaram faixas em 13 passarelas sobre rodovias que cruzam a cidade de St. Louis, nos EUA, onde está a sede da empresa. Elas traziam dizeres como “O FDA* está contaminado pela Monsanto”, “Biorrisco Genético: Defenda-se”, “99% vs. Mon$anto” e “Presidente da Monsanto = Milionário; Consumidor da Monsanto = Rato de Laboratório”. No gramado em frente à sede mundial da empresa uma faixa dizia: “Sr. Presidente, rotule os alimentos transgênicos. Com amor, Michelle”, em referência à primeira dama. Até o meio-dia de terça-feira todas as faixas haviam sido removidas por autoridades locais.
O protesto aconteceu um dia após a realização de uma marcha pelo centro de St. Louis e alguns dias depois de terem sido realizadas manifestações contra a companhia em cerca de 30 cidades americanas e em várias outras partes do mundo, incluindo a Espanha, Alemanha, Nova Zelândia, Austrália, Japão e Canadá.
No fim de semana anterior, 150 manifestantes do movimento fecharam a unidade de pesquisa da empresa em Davis, na Califórnia. Na ocasião, a Monsanto disse aos seus funcionários que eles não precisavam ir trabalhar devido a preocupações com relação à segurança em função dos
protestos.
E os recentes protestos contra a gigante da biotecnologia não começaram por aí. No final de fevereiro, a polícia americana prendeu 12 manifestantes que estavam em frente aos escritórios da Monsanto em Washington participando do “dia nacional de solidariedade”. Dois dias antes, uma ação judicial contra a empresa movida por um grupo de agricultores fora rejeitada. O grupo pedia a invalidação de patentes agrícolas da empresa, alegando o receio de que as sementes patenteadas aparecessem em suas lavouras (via contaminação). O protesto era realizado em solidariedade e em conjunto com o dia nacional de ação contra o Conselho Americano de Intercâmbio Legislativo (ALEC, na sigla em inglês), organização de lobby que defenda a criação de incentivos fiscais para as corporações.
A Monsanto é a líder mundial de sementes transgênicas, e os vem conseguindo impor em uma série de países a despeito de crescentes evidências dos efeitos danosos que provocam sobre o meio ambiente e a saúde. Via de regra, a empresa bloqueia os esforços em prol da rotulagem dos alimentos contendo ingredientes transgênicos. Também é famosa por articular a perseguição de cientistas que publicam estudos demonstrando efeitos danosos provocados por transgênicos e agrotóxicos. A própria pesquisa independente tem sido comumente inviabilizada, pois a empresa usa a legislação de
patentes para negar a utilização de seus produtos em experimentos científicos. Ela também tem tornado os agricultores reféns de suas sementes (e agrotóxicos de uso associado): detendo a maior parte do mercado de sementes, a empresa vai gradualmente eliminando a oferta de sementes convencionais não patenteadas. Como se não bastasse, é prática da multinacional processar os agricultores cujas lavouras são contaminadas pelos seus transgênicos – eles são acusados de violação de direitos de patente.
Como se vê, já passa da hora de se articular um grande movimento internacional buscando frear o domínio da Monsanto sobre nossos sistemas agrícolas e alimentares. Ocupar a Monsanto, aí vamos nós!
* Food and Drug Administration, órgão do governo dos EUA que regulamenta os alimentos e medicamentos.
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Com informações de:
– Occupy Monsanto – International Action Against Genetic Biohazards.
– Banners, more protests against Monsanto – Stltoday.com, 20/03/2012.
– US police arrest 12 Occupiers on national day of solidarity – PressTV, 29/02/2012.
– Monsanto protested after class-action lawsuit is dismissed – Blog Post/The Washington Post, 29/02/2012.
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Neste número:
1. Monsanto investigada por venda casada
2. Nova soja transgênica aguarda registro do exterior
3. Embrapa na mira da privatização
4. Embrapa quer testar cana transgênica
A alternativa agroecológica
Rota dos orgânicos
Dica de fonte de informação:
De agricultor para agricultor: a verdade sobre as culturas transgênicas
vídeo – 23 min.
http://pratoslimpos.org.br/?p=3903
Um agricultor inglês percorre 8 mil km nos EUA conversando com outros produtores sobre os impactos negativos que as sementes transgênicas estão trazendo para a agricultura e o meio ambiente, como contaminação das plantações, uso crescente de agrotóxicos e desenvolvimento de super pragas e ervas daninhas
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1. Monsanto investigada por venda casada
De grão em grão
A Secretaria de Direito Econômico (SDE) investiga denúncias de que a Monsanto praticou venda casada, exigindo que seus clientes comprassem sementes transgênicas para levar as convencionais. A Monsanto nega. A SDE não se manisfesta oficialmente sobre o assunto.
Fonte: Revista Época, 19/03/2012.
2. Nova soja transgênica aguarda registro do exterior
A mais nova geração de soja geneticamente modificada, Intacta RR2 Pro, deve ser lançada comercialmente até outubro deste ano. Pelo menos esta é a pretensão da Monsanto, que aguarda o registro das cultivares e aprovação da tecnologia na China e nos países da Europa, principais mercados importadores. A tecnologia começou a ser desenvolvida há dez anos e está em fase final de testes.
“No Brasil nós já temos todas as autorizações para comercializar, incluindo o da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança [CTNBio]. Aguardamos a aprovação dos mercados importadores. Havendo tempo hábil, comercializaremos as sementes na próxima safra”, explicou o gerente comercial da Monsanto, Rafael Carmona.
A Intacta é anunciada pela empresa como uma revolução na agricultura brasileira, prometendo três soluções aos produtores rurais: a tolerância ao glifosato, resultados de produtividade sem precedentes e proteção contra as principais lagartas que atacam a cultura, algo inédito até então.
A eficácia do produto está sendo testada em 500 propriedades rurais de dez estados – no Paraná são 105. (…)
Fonte: Gazeta do Povo, 20/03/2012 – via Em Pratos Limpos.
N.E.: Repare: a matéria informa que a nova soja da Monsanto está em fase final de testes, mas que mesmo assim já foi liberada pela CTNBio, que teria que ter avaliado seus riscos para a saúde e o meio ambien
te. As empresas entenderam que a lassidão da CTNBio é o caminho para sua liberação no exterior. Com o argumento de que o Brasil, grande produtor agrícola já liberou, pressionam outros países a fazerem o mesmo. É o Brasil contribuindo para a Monsanto abrir novos mercados.
3. Embrapa na mira da privatização
Embrapa perde terreno na pesquisa agrícola
A Embrapa é considerada fundamental para o país do ponto de vista estratégico e social, mas vem enfrentando dificuldades para competir no mercado de biotecnologia após o início das liberações de sementes transgênicas no país, em meados da década passada. Sem recursos suficientes para grandes projetos, dificuldades para estabelecer parcerias com outras empresas e resistências à entrada do capital privado, a estatal vê sua participação despencar em alguns dos segmentos mais dinâmicos do agronegócio.
São os casos da soja, do milho e do algodão. Responsáveis por quase metade do Valor Bruto da Produção (VBP) agrícola brasileira, essas culturas passaram a ser dominadas por empresas como Monsanto, DuPont, Syngenta, Bayer CropScience e Dow AgroSciences.
Não há números públicos sobre a fatia de cada empresa no mercado brasileiro de sementes, mas diferentes fontes ouvidas pelo Valor estimam que a Embrapa vendeu menos de 15% das sementes de soja e 10% dos híbridos de milho comercializados no país na última safra.
Segundo um consultor, que preferiu não se identificar, a participação das variedades “BR” no mercado caiu a um terço do que era há apenas cinco anos. “Em Mato Grosso, maior produtor de grãos do país, nossa participação é praticamente zero”, diz um graduado pesquisador da estatal. A predominância das multinacionais nesses segmentos é explicada pelo lançamento de sementes geneticamente modificadas para resistir ao uso de determinados herbicidas ou ao ataque de pragas, como a lagarta.
Os transgênicos mudaram o paradigma da pesquisa biotecnológica, cada vez mais voltada para a descoberta de plantas que dispensem o uso de agrotóxicos [sic], sejam resistentes à seca ou mais nutritivas. Mas também fizeram disparar os custos associados ao desenvolvimento de novos cultivares. Segundo a organização americana pró-biotecnologia ISAAA, a descoberta, o desenvolvimento e a autorização de um único transgênico custa, em média, US$ 135 milhões (cerca de R$ 230 milhões).
Desde que foram regulamentados no Brasil, em 2005, a Comissão Nacional de Biotecnologia (CTNBio) liberou 32 variedades de plantas geneticamente modificadas – 31 para as culturas de soja, milho e algodão. Deste total, a Embrapa desenvolveu apenas duas: uma variedade de feijão resistente ao vírus do mosaico dourado e uma semente de soja tolerante a herbicidas, em convênio com a Basf. Nenhuma está no mercado. (…)
Entre analistas e pessoas próximas à empresa, prevalece a opinião de que faltam recursos para que a companhia enfrente de igual para igual as grandes multinacionais do setor, embora os recursos destinados à estatal tenham mais que dobrado na última década. (…)
Desde 2008 tramita no Congresso um projeto de lei, de autoria do senador Delcídio Amaral (PT-MS), que propõe a capitalização da Embrapa por meio de uma abertura de capital, transformando-a em uma empresa de economia mista com ações negociadas na bolsa –
modelo semelhante ao da Petrobras e do Banco do Brasil. A proposta foi rejeitada pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, em 2009, e aguarda uma data para ser apreciado na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. O parecer do relator, o senador Gim Argello (PTB-DF), já está pronto e é favorável à ideia.
A abertura de capital enfrenta enormes resistências na cúpula da estatal que, segundo apurou o Valor, atua para derrubar a proposta. Para o presidente da estatal, Pedro Arraes, a Embrapa deve continuar a ser 100% pública. “Essa é uma convicção minha e dos servidores da estatal”, defende. Segundo ele, a proposta do senador petista também não tem o respaldo do Planalto. Arraes afirma, ainda, que a discussão começou de maneira equivocada. “A proposta tem um problema de mérito. Qualquer mudança na questão jurídica de empresa pública tem que ser iniciativa do Executivo e não do Legislativo”.
Amaral garante que não abre mão da proposta. “Posso me sentar para debater e, quem sabe, formular um substitutivo, mas o conceito vai permanecer”, garante o senador. (…)
Para seus opositores, a proposta de abertura de capital da estatal, que poderia, em tese, culminar na entrada de empresas concorrentes no conselho da Embrapa, colocaria em risco os interesses e a soberania alimentar do país. “O modelo de economia mista tem sido bem-sucedido no Brasil, mas Banco do Brasil e Petrobras vendem produtos e serviços acabados. O negócio da Embrapa é o conhecimento agregado, o futuro e a segurança alimentar do país”, afirma Vicente Almeida, presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (Sinpaf).
Almeida, ele próprio um pesquisador da Embrapa, observa que, sob a égide do mercado, a Embrapa estaria pressionada a investir apenas nos segmentos mais rentáveis do agronegócio, deixando a agricultura familiar, que responde pela maior parte dos alimentos consumidos no país, à margem do processo de inovação.
Segundo ele, essa pressão já acontece, ainda que de modo indireto. “Hoje, apenas 4% do orçamento para pesquisa é destinado aos segmentos da agricultura familiar. Onde está o foco na segurança alimentar? A Embrapa não precisa de mais recursos, mas redirecionar suas ações e atender efetivamente ao interesse público. Se a empresa quer competir no segmento das commodities, pode criar uma subsidiária, com capital aberto, para isso”, defende. (…)
Fonte: Valor Econômico, 21/03/2012 (Via IHU-Unisinos)
N.E.:
1. Taí a grande chance para a Embrapa se afirmar como empresa que desenvolve e comercializa sementes convencionais, cumprindo, assim, seu papel de empresa pública de garantir que os produtores não fiquem nas mãos das multinacionais e obrigados a comprar sementes transgênicas.
2. Impressiona o número de fontes ouvidas em off pelo jornal, que não quiseram se identificar.
4. Embrapa quer testar cana transgênica
Estão prontas para ser plantadas a céu aberto as mudas de cana transgênicas que resistem à seca. Elas foram desenvolvidas pela Embrapa e pelo Jircas, o centro de pesquisa agrária do Japão. A estatal nacional prepara um pedido à Comissão Técnica de Biossegurança para iniciar as pesquisas no campo, que deverão durar três anos.
Fonte: Revista Época, 05/03/2012.
A alternativa agroecológica
Rota dos orgânicos
Levantamento do Idec e do FNECDC informa a localização de feiras de alimentos sem agrotóxicos nas 27 capitais do país. Em cinco, porém, não foi encontrada nenhuma
Você consumiria mais alimentos orgânicos se…? Essa pergunta ficou disponível no portal do Idec durante o mês de janeiro. A grande maioria dos internautas que respondeu à enquete (74%) escolheu a opção “se ele fosse mais barato”. Em segundo lugar, com 20% dos votos, veio a opção “se houvesse mais feiras especializadas perto da minha casa”. Apesar de apontarem problemas diferentes, as duas respostas são mais similares do que se imagina. Os alimentos orgânicos, em geral, são mesmo mais caros que os convencionais porque já incorporam o custo da produção sustentável. Mas o valor é especialmente mais alto nos supermercados, como verificou a pesquisa do Idec realizada em 2010 e publicada na edição nº 142 da Revista do Idec. Nas feiras especializadas encontram-se os melhores preços, e como identificou o levantamento de 2010, a diferença de valor de um mesmo produto em relação ao supermercado chegava a incríveis 463%! Contudo, nem sempre o consumidor sabe se existem feiras em sua cidade e, quando existem, onde ficam.
Para ajudar nessa tarefa, o Idec, em parceria com o Fórum Nacional das Entidades Civis de Defesa do Consumidor (FNECDC) e outras organizações que apoiam a comercialização agroecológica, pesquisou a existência desses espaços nas 27 capitais do país e mapeou sua localização, o horário de funcionamento, os principais alimentos comercializados e se havia algum mecanismo que comprovasse sua origem orgânica. Foram identificadas 140 feiras em 22 das 27 capitais avaliadas. Em Boa Vista (RR), Cuiabá (MT), Macapá (AP), Palmas (TO) e São Luís (MA) nenhuma feira foi localizada. O Rio de Janeiro (RJ) é a cidade campeã, com 25 feiras orgânicas e agroecológicas. Brasília (DF) é a segunda, com 20 feiras, seguida por Recife (PE) com 18 e Curitiba (PR) com 16. Pena que elas são exceção, pois a maioria das capitais conta com número bem menor. Maior cidade do país, São Paulo (SP), por exemplo, só tem 9.
Veja no site do Idec a lista com o endereço de feiras em cada cidade.
Leia a íntegra da matéria em: Revista do Idec nº162 – Fevereiro 2012.
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Campanha Brasil Ecológico, Livre de Transgênicos e Agrotóxicos
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