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POR UM BRASIL ECOLÓGICO,
LIVRE DE TRANSGÊNICOS E AGROTÓXICOS
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Número 579 – 30 de março de 2012
Milho transgênico rende 93% menos que o convencional em Santa Catarina
Car@s Amig@s,
Análise dos custos de produção do milho convencional e do transgênico elaborada pela Cooperativa Regional Agropecuária de Campos Novos (SC) mostra que o plantio do milho transgênico eleva o custo de produção e que a produtividade esperada é a mesma [1]. Os dados foram apresentados em evento realizado pela Embrapa Milho e Sorgo no início de março na cidade mineira de Sete Lagoas.
Na planilha de cálculo apresentada pela Copercampos o item “insumos” aparece agregado, ou seja, as despesas com sementes, adubos e agrotóxicos não estão descriminadas. Para o milho convencional gasta-se com insumos R$ 1.199,52 por hectare, contra R$1.392,76 para o transgênico. É possível que a diferença seja explicada pelo preço mais elevado da semente modificada. Neste caso, os dados também sugerem não haver redução no uso de agrotóxicos, ao contrário do propalado pela indústria. No cômputo geral, o produtor convecional gasta R$ 1.928,65 para plantar um hectare de milho, enquanto o produtor que adotou variedades transgênicas gasta R$ 2.156,13 para a mesma área.
Ainda de acordo com os números da Copercampos, em 2011 a diferença de rentabilidade foi de 93%, com o convencional apurando R$ 472/ha e o transgênico, R$ 244,00. Esses dados consideram a saca de milho de 60 kg vendida a R$16,00. A produtividade considerada foi de 9 toneladas/ha.
Segundo dados da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), o rendimento médio do cereal em Santa Catarina em 2010/2011 foi de 6,66 t/ha. Para 2011/12 a previsão é de 6,76 t/ha. Assim, em 2011 o convencional teria prejuízo de R$ 152,65/ha e o transgênico prejuízo de R$ 380,13. Em 2012, mantendo-se o preço do grão em R$ 26, que está próximo do praticado hoje, e aplicando-se a produtividade prevista pela Epagri, o convencional obterá receita de R$ 1.001,00/ha e o transgênico, R$ 773,00. Quase 30% menos, o que significa gastar o equivalente a quase 5 toneladas de milho para colher 6,7t.
Também em Santa Catarina, na região do Planalto Norte, propriedades em início de transição agroecológica acompanhadas pela AS-PTA produziram em média 4,2 t de milho/ha na safra 2008-09, com custo médio de R$ 200,00/ha. Esses produtores apuraram receita líquida de R$ 980,00/ha. Note-se que nesse ano foram registradas fortes perdas na região por a
dversidades climáticas.
Segundo o agrônomo da Copercampos Marcos André Paggi, “ainda não dá pra enfatizar, na nossa região, grande aumento da produção de milho” por causa da opção pelos transgênicos [2].
Também presente no evento, o doutor Anderson Galvão, da consultoria Céleres, afirmou que “hoje, o produtor de milho paga mais satisfeito R$ 400,00 por saca de [semente de] milho transgênico do que pagava, antes, R$ 100,00 / R$ 120,00 por milho convencional” [2]. Será?
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[1] www.cnpms.embrapa.br/milhotrans/painelII4.pdf
[2] http://www.cnpms.embrapa.br/noticias/mostranoticia.php?codigo=700
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Neste número:
1. Denúncia: agrotóxico proibido pela Anvisa é usado em Cabo Frio – RJ
2. Um milhão pedem rotulagem de transgênicos nos EUA
3. Apicultores pedem banimento de milho transgênico na Polônia
A alternativa agroecológica
Assentados abrem Colheita do Arroz Ecológico no RS
Dica de fonte de informação:
Efeitos colaterais da expansão do agronegócio no Uruguai
Documentário produzido por Radio Mundo Real, Redes, Amigos da Terra e Uruguay Sustentable
http://pratoslimpos.org.br/?p=3946
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1. Denúncia: agrotóxico proibido pela Anvisa é usado em Cabo Frio – RJ
Empreiteiros são obrigados a usar o veneno. Quem não usa tem o pagamento retido. Funcionários não usam luvas ou qualquer outro instrumento de proteção
Empreiteiros responsáveis pela manutenção das ruas estão fazendo a chamada capina química em todas as ruas de Cabo Frio. O produto usado é um agrotóxico de alta periculosidade. O uso desse veneno em área urbana é terminantemente proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.
O blog [de Dirlei Pereira] registrou com fotos o momento em que funcionários de uma empreiteira aplicavam o produto. Os dois funcionários estavam sem luvas, sem botas e sem roupas especiais de couro, como manda o rótulo do produto.
O agrotóxico é o Roundup, fabricado pela Monsanto.
Fonte do blog informa que o empreiteiro que “negligencia” na aplicação do Roundup tem seus pagamentos retidos pela Secaf, até que apresente a comprovação da compra do veneno.
O Roundup, segundo a agência americana de proteção ao meio ambiente (US Agency EPA), pode causar aceleração do ritmo respiratório, irritação na pele e nos olhos, congestão pulmonar, náuseas e tonturas, queda de pressão sanguínea, alergias, dor abdominal, edema pulmonar, perda de líquido gastrointestinal, vômito, desmaios, destruição dos glóbulos vermelhos no sangue e danos no sistema renal, leucemia e câncer.
Há 45 dias o blog denunciou o fato ao Instituto Estadual do Ambiente – INEA. O Fiscal Aldir de Oliveira Castro se mostrou surpreso, prometeu adotar providências e retornar por e-mail. Até o momento da postagem do texto, o fiscal não se manifestou sobre o caso.
O blog tem em seu poder foto, nomes e respectivos endereços dos funcionários flagrados aplicando o veneno em uma rua da cidade. Essas fotos não serão usadas nesta matéria atendendo ao apelo dos funcionários, que temem perder o emprego.
O blog ouviu a opinião de um renomado especialista, que se mostrou surpreso e indignado com o fato. A partir de hoje vamos postar a opinião de especialistas, vamos cobrar do fiscal do INEA as prometidas providências e vamos postar documentos da ANVISA e de outros órgãos, mostrando que Brasil afora várias prefeituras há muito tempo suspenderam a aplicação do Roundup – caso de Campinas, em São Paulo, tudo por conta dos graves danos ao meio ambiente e à saúde humana e de animais.
Enviada por Dirlei Pereira – http://www.sosdirlei.com.br/
No blog estão disponíveis outros capítulos do caso
2. Um milhão pedem rotulagem de transgênicos nos EUA
Taí notícia para os que afirmam que os transgênicos são consenso nos Estados Unidos
Levantamento recente da Grocery Manufacturers Association indicou que cerca de 80% da comida industrializada nos EUA contém ingredientes transgênicos.
Mais de 1 milhão de pessoas assinaram petição endereçada à agência de alimentos americana FDA demandando a rotulagem de produtos transgênicos. De acordo com o movimento Just Label It, a adesão foi recorde de participação em assunto de regulação de alimentos. Mais de 500 entidades de todo o país apoiaram a iniciativa.
Enquete do Just Label It que ouviu mil pessoas revelou que 92% defendem a rotulagem de produtos transgênicos, enquanto 5% se opuseram. O apoio foi praticamente igual entre Democratas, Republicanos e Independentes.
“Os americanos explicitamente pedem segurança, transparência e rotulagem de produtos transgênicos,” disse Ken Cook, presidente do Environmental Working Group, organização que integra o Just Label It.
“Se o FDA não reagir revisando sua política, consideramos acionar a Justiça”, disse o advogado Andrew Kimbrell, autor da petição.
Um porta–voz do FDA disse que não se pronunciará a respeito da petição e que responderá diretamente aos que a endossaram. Outra porta–voz do mesmo órgão informou que a posição da Agência sobre rotulagem de transgênicos baseia-se na premissa de que não existe “diferença material” entre os produtos que contêm ingredientes transgênicos e aqueles derivados de culturas convencionais.
Via Genet News, com informações de:
Group wants lables on GM foods, The Boston Globe, 27/03/2012
Consumer groups demand GMO labeling, Thomson Reuters, 27/03/2012
Just Label It
3. Apicultores pedem banimento de milho transgênico na Polônia
Cerca de 1,5 mil apicultores poloneses despejaram milhares de abelhas mortas na entrada do Ministério da Agricultura, em Varsóvia. O protesto, realizado no último dia 15, teve como objetivo denunciar os impactos causados pelo plantio de milho transgênico e o uso de agrotóxicos sobre insetos benéficos como abelhas, borboletas e mariposas. A perda
de polinizadores afeta o meio ambiente e reduz drasticamente a produção agrícola.
Uma marcha com os manifestantes fantasiados de abelha ou vestindo a indumentária dos apicultores foi organizada pela Associação Polonesa de Apicultores, pela Coalizão por uma Polônia Livre de Transgênicos e pela Coalizão Internacional para proteger o interior da Polônia.
O foco da manifestação foi o milho transgênico MON 810, da Monsanto, que produz proteínas inseticidas. Os participantes também cobraram do governo uma moratória total aos transgênicos e aos agrotóxicos que mais afetam o meio ambiente e as abelhas. Em resposta à manifestação, o ministro da Agricultura polonês Marek Sawicki anunciou planos de banir o MON 810 no país.
Em 2008 o Parlamento polonês proibira o uso de ração transgênica, incluindo o plantio e a importação de transgênicos. A União Europeia reluta em aceitar a autonomia dos países para banimentos regionais.
Via GMWatch, com informações de:
Digital Journal Reports, 27/03/2012 e
http://festiwalstopgmo.pl/index.php/321-marsz-pszczelarzy
A alternativa agroecológica
Assentados abrem Colheita do Arroz Ecológico no RS
No dia 2 de abril, acontecerá a 9ª. Abertura da Colheita do Arroz Ecológico do Rio Grande do Sul, no assentamento Capela, no município de Nova Santa Rita.
No evento, que acontece todo ano, as famílias estreitam os laços com a sociedade e celebram mais uma safra, mostrando alternativas saudáveis na produção agrícola.
O processo de produção do arroz é coordenado por famílias organizadas em cinco cooperativas de produção agropecuária de assentamentos do MST, que formaram um grupo gestor do arroz.
Mais de 1.600 famílias, de 11 municípios, que vivem em 16 assentamentos, estão envolvidas, direta e indiretamente, na produção.
A festa da colheita é organizada com apoio do MST, da Cooperativa de Prestação de Serviços Técnicos e da Cooperativa Central dos Assentados do Rio Grande do Sul.
A produção estimada na safra de 2011/2012 é de mais de 300.000 sacas de arroz orgânico, que superará em 25% a safra anterior.
De acordo com Emerson Giacomeli, da Cootap, a participação de famílias na produção de arroz dessas cooperativas cresceu 20% e a área plantada aumentou 30% (em torno de 3.600 hectares).
Celebração
Participarão da abertura da colheita autoridades regionais e estaduais, como o governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro (PT), deputados federais e estaduais e representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), além de outras entidades governamentais e organizações da sociedade civil.
O arroz ecológico é produzido em um sistema de cultivo que coloca todas as etapas da produção nas mãos dos agricultores. O manejo é realizado com técnicas que não agridem o meio ambiente, que têm vantagens de curto e de longo prazo.
Os organizadores da colheita avaliam que esse sistema produz um arroz saudável, livre de substâncias nocivas, venenos e adubos químicos, preservando a fertilidade e biodiversidade do solo e valorizando a população camponesa.
Por Guilherme Almeida
Da Página do MST
Confira também vídeo sobre a produção de arroz no Rio Grande Sul
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Campanha Brasil Ecológico, Livre de Transgênicos e Agrotóxicos
Este Boletim é produzido pela AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia e é de livre reprodução e circulação, desde que citada a AS-PTA como fonte.
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