Nos dias 17 e 18 de julho de 2009, no município de União da Vitória-PR, na Casa de Formação foi realizado o 21º Seminário Regional de Agrobiodiversidade. Dentre os mais de cem participantes estavam mulheres, homens e jovens de ambos os sexos representando grupos, comunidades e organizações de base de 16 municípios das Regiões Sul e Centro Sul do Paraná e Planalto Norte Catarinense.O trabalho foi pautado pela diversidade de experiências apresentadas em rodízio (carrossel), possibilitando que todos(as) pudessem participar das 6 oficinas que abordaram os seguintes temas: (1) armazenamento de sementes; (2) uso múltiplo das florestas; (3) criação animal; (4) sementes crioulas e transgênicos; (5) experiências com lavouras; (6) saúde e alimentação da família. Foram analisadas as experiências de 15 famílias da região, que animaram os(as) participantes a colocarem as suas reflexões e práticas utilizadas no dia-a-dia. A noite o grupo de teatro da Escola Municipal Estanislau Schumman, de Bela Vista do Toldo-SC, fez uma encenação chamando atenção para perda da autonomia, da biodiversidade e saúde das famílias agricultoras provocadas pela adoção dos pacotes tecnológicos do agronegócio. Encerrando o primeiro dia de trabalhos, soltaram a gaita, o violão e a voz numa cantoria animada, bem típica das tradições culturais da região.O segundo dia começou com um debate muito importante: os riscos da contaminação (e perda!) das sementes crioulas de milho pelos transgênicos. Foi apresentado um panorama nacional e mundial sobre o oligopólio das sementes, com informações sobre as influências das multinacionais sobre os processos de liberação dos transgênicos e sobre as leis relacionadas ao uso da biodiversidade no Brasil, mostrando a gravidade do momento. Tendo em vista a grande falta de informação que caracteriza este momento, vários materiais informativos foram distribuídos, como a lista dos milhos transgênicos que estarão disponíveis para venda nas agropecuárias, dentre outros. Os(as) participantes decidiram aderir ao Abaixo Assinado contra liberação das sementes transgênicas, assinando ainda uma Declaração destacando o direito de conservar as sementes crioulas e de não querer plantar e nem comer transgênicos.A animação da rede regional e a priorização de temas para as atividades anuais foi feita em grupos. Ampliou-se o trabalho, a diversidade de assuntos e abordagens relacionadas as atividades de experimentação e intercâmbio entre os grupos de agricultores e agricultoras experimentadores de toda a região. Importância especial foi dada as ações comunitárias que garantam o direito ao livre uso e conservação das sementes crioulas por meio de estoques familiares e comunitários, incentivo as trocas e apoio ao Monitoramento da Contaminação das sementes crioulas. Também se destacou o Programa de Aquisição de Alimentos da Conab (PAA) e as mudanças na legislação federal que estabeleceu prioridade para o fornecimento da Merenda Escolar pela Agricultura Familiar Camponesa. Trata-se de uma ótima oportunidade para ampliação do comércio local, dando subsídios e criando oportunidades para se questionar o modelo excludente de desenvolvimento baseado no agronegócio em contraponto a maior segurança e soberania alimentar que se estabelece com uma perspectiva de desenvolvimento territorial baseado na agroecologia. Um relato completo sobre os encaminhamentos deste 21.º Seminário regional será disponibilizado em breve.De forma condizente com a época do ano o seminário terminou com uma “confraternização julina”, com pipoca, quentão, pinhão, gaita, violão e cantoria ao redor da fogueira.