Entre os dias 29 de agosto e 02 de setembro, agricultores de sete municípios do Território da Borborema – Remígio, Lagoa Seca, Areial, Montadas, Esperança, Lagoa de Roça e Alagoa Nova – participarão de Oficinas de capacitação para a produção agroecológica da batatinha. A batata (Solanum tuberosum L.), também conhecida como batatinha, batata inglesa, batata americana, é uma cultura de grande importância econômica e social para agricultura familiar no agreste paraibano. Hoje ela vive um momento de revitalização na região, o que levou organizações de agricultores, entidades assessoras e órgãos públicos a unirem esforços e promoverem uma série de atividades para garantir uma produção de alta rentabilidade, mas também livre de agroquímicos, sem agredir o meio ambiente e adaptada à realidade da agricultura familiar.
O Polo da Borborema, a EcoBorborema, a AS-PTA, a Secretaria Estadual da Agricultura Familiar, a Embrapa, a Emater, o Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Arribaçã são responsáveis pela condução desse trabalho de revitalização da batatinha na região.
As oficinas têm objetivo de capacitar os agricultores na produção de batata sementes para uso próprio seguindo os princípios agroecológicos, de forma a promover a autonomia das famílias agricultoras na produção das safras seguintes.
Na programação da oficina, além das atividades técnicas e práticas de campo, estão previstos debates e a reconstituição histórica da presença da batatinha na região da Borborema. Afinal, em outras épocas, a produção dessa cultura levou muitos agricultores a se endividarem, a se intoxicarem e a contaminarem as fontes de água. Esse cenário desolador foi resultado do modelo de produção adotado naquele momento. Entre os anos 1970 e 1980, os incentivos do governo e o financiamento dos bancos para o cultivo da batatinha eram totalmente atrelados à aquisição de um pacote, que incluía a compra de sementes melhoradas, fertilizantes químicos e veneno. Além disso, os agricultores que quisessem plantar a batata tinham que seguir o regime da monocultura, abandonando os outros cultivos que muitas vezes garantiam o consumo de alimentos da família. Com o tempo, porém, a batatinha deixou de ser uma cultura altamente rentável – à qual cerca de 80% dos agricultores se dedicavam – para ser altamente onerosa, do ponto de vista econômico, social e ambiental.
Diante do declínio, muitas famílias abandonaram o cultivo, mas outras tantas continuaram a plantar de forma agroecológica, consorciada com outras culturas e sem o emprego de produtos químicos. É o caso de Seu Zé Balbino, da Comunidade Estivas, Areial, Robson Gertrudes, na Comunidade Retiro, município de Lagoa Seca e Antônio dos Santos, mais conhecido como seu Galego, da comunidade de Gravatazinho, também do município de Areial.
Esses e outros exemplos de sucesso estimularam o movimento de revitalização do plantio da batatinha, mas o fato decisivo ocorreu em 2009, quando a Embrapa trouxe de Canoinhas (SC) quatro variedades para serem multiplicadas em propriedades de três agricultores do Polo da Borborema. As sementes tiveram boa adaptação na região, o que desencadeou uma mobilização intensa, por meio de visitas de intercâmbios de agricultores de vários municípios e um momento de socialização dos resultados de análise das variedades. Essa atividade tem o apoio do Projeto Terra Forte, realizado pela AS-PTA e conta com o co-financiamento da ICCO e da União Europeia.
Segundo Emanoel Dias, da AS-PTA, a integração entre os conhecimentos científicos e a sabedoria dos agricultores na produção da batata é o grande diferencial e potencial da oficina. Ele também explicou que o contexto atual é bastante favorável: Em 2010, com a mudança do Governo do Estado da Paraíba e a criação da Secretaria da Agricultura Familiar, os resultados obtidos nos campos de multiplicação em 2009 sensibilizaram o governo, que então mobilizou recursos para a compra de 940 caixas de batatas-sementes. Só no último mês, 104 famílias de sete municípios já plantaram as sementes e estão com seus campos bem conduzidos, utilizando produtos naturais para o manejo da cultura.
Além disso, e do fato de a Borborema ser a única região da Paraíba com potencial ambiental para a produção da batatinha, hoje surgiram mais oportunidades para as famílias escoarem a produção da batata agroecológica, tais como as feiras agroecológicas, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Programa Nacional da Alimentação Escolar (Pnae) e para a empresa de orgânicos Rio de Una.
Serviço:
Oficina de capacitação em produção de batatinha agroecológica
Data: 29 de agosto a 2 de setembro
Local: Campina Grande, Esperança, Lagoa Seca e Areial
Contatos: Nelson Anacleto (Polo da Borborema – 9925 8194); Emanoel Dias (ASPTA – 9935 7780); Marcelo (Embrapa – 99591715);
Programação:
29 de Agosto de 2011 – Sindicato dos Trabalhadores Rurais – Lagoa Seca
8h00: Café da Manhã
8h40: Boas-vindas, apresentação dos participantes e socialização dos objetivos da oficina
9h00: Mesa de Abertura: Processo de Revitalização da Batata Agroecológica no Agreste da Borborema
– Histórico da chegada da batata na região
– Formas de resistência para revitalização da batata no contexto da Agroecologia
– Interação entre sociedade e governo para a revitalização
10h30: Debate
12h30: Almoço
13h30: Instruções técnicas de multiplicação de batata semente para a realidade da agricultura familiar com base agroecológica
15h00: Apresentação da experiência do Programa Mais Alimentos no estado de Santa Catarina
16h00: Perguntas e esclarecimentos de dúvidas sobre as apresentações anteriores
16h30: Informações e Encaminhamentos para as atividades de campo
17h30: Encerramento
Dia: 30 de agosto de 2011 – Comunidade Lajedão – Esperança
Participantes: agricultores de Alagoa Nova, Lagoa de Roça e Remígio
08h30: Boas-vindas, apresentação dos participantes e socialização dos objetivos da oficina
09h00: Prática de campo para a produção de batata semente
12h00: Almoço
13h30: Livre para continuidade das atividades da manhã ou visitas em outras propriedades
16:h00: Encerramento
31 de agosto de 2011 – Comunidade Retiro – Lagoa Seca
Participantes: agricultores de Lagoa Seca
08h30: Boas-vindas, apresentação dos participantes e socialização dos objetivos da oficina
09:h00: Prática de campo para a produção de batata semente
12h00: Almoço
13h30: Livre para continuidade das atividades da manhã ou visitas em outras propriedades
16h00: Encerramento
01 de setembro de 2011 – Comunidades Estivas – Areial
Participantes: agricultores de Areial e Montadas
08h30: Boas-vindas, apresentação dos participantes e socialização dos objetivos da oficina
09h00: Prática de campo para a produção de batata semente
12h00: Almoço
13h30: Livre para continuidade das atividades da manhã ou visitas em outras propriedades
16h00: Encerramento
02 de setembro de 2011 – Auditório da Embrapa Algodão – Campina Grande
08h30: Avaliação do encontro e planejamento das principais ações a serem priorizadas nas próximas etapas de trabalho
10h00: Encaminhamentos
12h00: Encerramento das atividades