No dia 19 de setembro de 2012, a adolescente Ana Alice de Macedo Valentim foi abordada quando chegava em casa após o dia de aula. Foi estuprada e violentamente assassinada aos 16 anos de idade. Para a família, a adolescente permaneceu desaparecida por mais de 40 dias, quando nas imediações de sua comunidade, uma nova mulher desapareceu, sendo encontrada apenas no dia seguinte com marcas de esganadura, inúmeras escoriações e amputação parcial da orelha direita. Ainda muito perturbada por tamanha violência sofrida, foi capaz de reconhecer seu algoz (e vizinho), Leônio Barbosa de Arruda, um vaqueiro de 21 anos de idade.
Leônio confessou o crime contra Ana Alice e sua vizinha. Contudo, elas não foram as únicas. Há um ano, ao sair de um baile de carnaval, ele havia feito sua primeira vítima. De posse de uma arma, obrigou que a jovem de Boqueirão entrasse em seu carro e a estuprou. Dias mais tarde, após prestar depoimento do primeiro caso na delegacia desse município, tentou fazer nova vítima, uma adolescente de 14 anos que teve sorte diferente quando um amigo a libertou da barbárie.
Por que este homem pôde agir e fazer tantas vítimas em tão pouco tempo? Seria a sensação de impunidade que o movia? Por que a justiça foi incapaz de impedir que o criminoso fizesse tantas vítimas? A justiça também será feita para seu cúmplice no caso Ana Alice? Por que a justiça foi incapaz de proteger as vítimas? Delas foram roubadas a dignidade, a própria vida ou o direito de viver em liberdade e igualdade pois tiveram que abandonar seus lares, mudaram de cidade ou de estado por sentirem-se inseguras.
Já se passou três meses desde que o assassino foi preso em caráter preventivo segundo artigo 312 do Código de Processo Penal. Após a ciência por parte da justiça de um homicídio, uma tentativa de homicídio, 4 estupros, porte ilegal de armas e roubo, Leônio ainda permanece na delegacia de Queimadas recebendo tratamento especial por seus parentes. Por que um réu confesso de alta periculosidade e acusado de diversos crimes ainda não foi transferido para o Presídio do Serrotão em Campina Grande?
Mantendo esse quadro de privilégio a justiça permanece em dívida com a sociedade e, sobretudo, no tratamento exemplar da violência contra as mulheres.
Chamamos a sociedade e as instituições do estado para que não permitam que essa situação de injustiça se perpetue. O estado será cobrado se houver novas vítimas!
A família de Ana Alice
Comitê de Solidariedade Ana Alice
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Queimadas
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Remígio
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Lagoa Seca
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Massaranduba
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Alagoa Nova
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Solânea
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de São Sebastião de Lagoa de Roça
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Areial
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Esperança
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Casserengue
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Arara
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Matinhas
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Boqueirão
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Caturité
Polo Sindical e das Organizações da Agricultura Familiar da Borborema
AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia
Articulação do Semiárido Paraibano ASA Paraíba
Cáritas Brasileira Regional Nordeste II
Centro de Educação Popular e Formação Social – CEPFS
Coletivo de Mulheres do Campo e da Cidade
Centro de Ação Cultural (Centrac)
Comissão Pastoral da Terra CPT Campina Grade
Patac
CEOP
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra da Paraíba (MST-PB)
Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB)
Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA)
Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais
Levante Popular da Juventude
Frente Feminista do Movimento Levante
Marcha Mundial das Mulheres
Coletivo de Mulheres Alexandra Kollontai – Consulta Popular
Rede de Mulheres em Articulação na Paraíba
Grupo de Estudos de Gênero Flor & Flor
Associação das Trabalhadoras Domésticas de Campina Grande
Grupo de Mulheres Mães na Dor
Colméias Coletivo Feminista
Articulação de Mulheres Brasileiras
Cunhã Coletivo Feminista
Bamidelê Organização de Mulheres Negras
Fórum de Mulheres da Paraíba
União Brasileira de Mulheres
Centro da Mulher 8 de março
Pastoral Familiar da Diocese de Guarabira
Secretaria de Ação Social do Município de Remígio
Movimento de Mulheres Camponesas MMC