Entre os dias 15 e 20 de julho, o Polo da Borborema no Agreste da Borborema, na Paraíba, recebeu a visita de 24 jovens ligados à congregação dos jesuítas de Taiwan, China, Estados Unidos e Índia. O grupo veio para conhecer as experiências das famílias agricultoras ligadas aos sindicatos de trabalhadores rurais que integram o Polo da Borborema e que contam com a assessoria da AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia. A delegação veio ao Brasil para participar da 13ª edição da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que acontece no Rio de Janeiro, entre os dias 23 e 28 de julho. Os dias de intercâmbio na Paraíba faz parte das atividades pré-jornada, no que jesuítas chamam de “experiências Magis” (Magis, do latim, “Mais”). Segundo eles, é uma experiência espiritual, cultural, pastoral, social e missionária de jovens que cultivam a espiritualidade inaciana, realizada nos dias que antecedem às Jornadas Mundiais da Juventude.
A viagem foi promovida pela Congregação dos Jesuítas e os jovens são provenientes de comunidades onde estão presentes nestes países. O grupo foi coordenado pelo padre colombiano, radicado no Rio de Janeiro, Alfredo Ferro Medina, coordenador do Setor Social dos Jesuítas da América Latina. Ele explica o significado da visita: “Assim como a AS-PTA e o Polo, queremos estar à serviço das comunidades, para nós é muito importante conhecer as experiências, o que os agricultores e os sindicatos fazem de diferente, de alternativo, como resolvem o problema da água, como sobrevivem e produzem em um local que não chove muito. Essa é a experiência Magis, e se ela não muda a cabeça e o coração de cada um de nós, não tem sentido, se não voltamos pessoas melhores, não valeu”, conta o religioso.
No primeiro dia da visita os jovens, que ficaram hospedados no Convento Ipuarana, em Lagoa Seca, foram recepcionados por integrantes do núcleo de infância e juventude da AS-PTA e pela Comissão de Jovens do Polo da Borborema, que fizeram uma apresentação e contextualização histórica e geográfica da experiência das famílias agricultoras do território, trazendo ao debate dados sobre a realidade do semiárido brasileiro. Os visitantes fizeram perguntas e tiraram dúvidas sobre a nova realidade que estavam conhecendo de perto.
Maria Leônia Soares, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Massaranduba e da coordenação do Polo da Borborema historicizou o processo de organização dos trabalhadores rurais do território da Borborema e a trajetória de construção do Polo. A liderança apresentou ainda os princípios metodológicos que norteiam a construção do trabalho do Polo.
Dois dias foram dedicados às visitas de campo nos municípios de Massaranduba (experiências de cultivos agroflorestais e Fundo Rotativo Solidário), Queimadas (experiências com sementes), Lagoa Seca (organização de quintais, Fundo Rotativo Solidário e manejo sustentável da água) e Remígio (manejo sustentável da criação animal). Os jovens estrangeiros puderam interagir com as comunidades e se envolver nas tarefas do dia-a-dia das famílias agricultoras, além de participar de celebrações religiosas e dinâmicas de integração.
Reuell Paul tem 21 anos e vive na cidade de Darjeeling, Nordeste da Índia. Ele é estudante de história, ciência política e economia e dá aulas de inglês e sobre comunicação e direitos sociais em comunidades marginalizadas no sul do país, como voluntário da congregação dos jesuítas. Ele ficou muito impressionado com tudo que viu e ouviu sobre a experiência do Polo e a efetiva mudança na vida das famílias. O estudante percebeu ainda várias semelhanças entre a sua realidade e a do semiárido brasileiro: desmatamento, muitos agricultores sem terras, grandes obras, governos locais que trabalham para os ricos e esquecem os pobres, entre outros problemas comuns aos dois países.
Liang Jung-Wei, tem 29 anos e é assistente social no leste de Taiwan, trabalha com religiosas missionárias em obras sociais há 4 anos. Ela conta que a agricultura é a base da economia da ilha, que é grande produtora de arroz e de frutas como banana e manga, mas que jamais havia visto um manejo da água parecido com o que viu no Brasil: “É impressionante a forma como eles usam e armazenam a água e os recursos que têm na propriedade, também me impressionou a gentileza com que os agricultores nos receberam, como meus avós são agricultores, me senti como se estivesse em casa”, conta a jovem taiwanesa.
Uma das experiências visitadas foi a do jovem Erivan, que mora no sítio Floriano, em Lagoa Seca. Devido a problemas de saúde dos pais, ele e os irmãos assumiram o trabalho no sítio de 10 hectares. Erivan faz parte da comissão de jovens do Polo e está inserido na feira agroecológica do seu município, onde vende o excedente da produção de macaxeira, cará, batata doce, feijão, milho e fava, todos produzidos sem veneno e com a ajuda da cisterna calçadão.
Os jovens conheceram a feira agroecológica do município de Remígio, na sexta-feira, 19 e ainda realizaram com uma caminhada de peregrinação até o santuário do Padre Ibiapina, no município de Arara, onde os jovens estrangeiros se somaram a outro grupo formado por jovens da Diocese de Campina Grande e do próprio município de Arara. Eles fizeram um percurso de 2 km, de entrada da cidade até o santuário. E encerrando a estadia na Paraíba, os jovens participaram de uma confraternização com músicas e comidas típicas do nordeste do Brasil.
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