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13 de março de 2020
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Mulheres dizem não ao feminicídio e se levantam contra a violência doméstica na 11ª Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia

Em cada rosto, havia alegria, coragem, sorrisos. Havia braços pintados, corpos despidos livres e também vestidos com a bandeira da ‘11ª Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia’. A atividade foi realizada hoje (12), no município de Esperança, Agreste paraibano, e reuniu cerca de 6 mil mulheres diversas. A concentração aconteceu no Campo da Rodoviária, na entrada da cidade, que recebeu uma Feira Agroecológica, expressão da produção da agricultura familiar protagonizada pelas mulheres; shows, como o da cirandeira Lia de Itamaracá, que fez questão em estar em mais uma edição; peça de teatro e o depoimento de mulheres que passaram por relacionamentos abusivos e agressivos na denuncia contra todas as formas de violência. A marcha é uma realização da AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia e pelo Polo da Borborema.

De acordo com Marizelda Salviano, uma das organizadoras do evento e representante do Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Esperança, a Marcha é o momento de reafirmar a luta pelas mulheres e de dizer não ao machismo. “Não aceitamos essa sociedade que oprime e mata as mulheres. De mãos dadas, construiremos com a agroecologia um mundo mais fraterno para homens, mulheres, crianças e jovens. É a marcha pela vida”, resumiu. Além de participantes de vários municípios do estado, a marcha também contou com mulheres da Articulação Semiárido Paraibano (ASA PB), que todos os anos fortalecem ao evento, e de outros movimentos de mulheres do campo. Mulheres dos três programas da AS-PTA (PR, RJ, além de PB), também estiveram reunidas na atividade.

A vida, de fato, pulsava na 11ª Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia. As mulheres dançavam, brincavam, mas não se esqueciam do sentimento que as unia: a luta por um mundo mais igual entre homens e mulheres e contra os retrocessos de seus direitos. “Temos muita força e precisamos ser reconhecidas”, afirmou Maria Eduarda Sales, de 17 anos. A adolescente não só reconhece a força da organização como já a usou ao resistir, junto com as amigas, e lutar para que sua turma do colégio não fosse fechada. “Os nossos colegas de sala desistiram da turma de informática, que era formada por cerca de 40 alunos. Quiseram fechar a turma, mas não deixamos. Hoje somos apenas sete alunos e vamos terminar o curso. Estamos no 3º ano”, explicou.

A luta pelos direitos da mulher começa cedo e se estende por toda a vida adulta. Como é o caso da agricultora Rosilda de Lima, de Montadas, que sobreviveu a um relacionamento abusivo e agressivo. Segundo Rosilda, as agressões começaram logo após o casamento e a justificativa das agressões era porque seu então marido queria um filho e ela não conseguia engravidar. Mesmo após ter seu primeiro filho, as agressões não pararam e na terceira gestação teve consciência do universo violento que a cercava, e após sua quinta gestação reuniu forças para se levantar contra as agressões. O grupo de teatro do Polo da Borborema também, em forma de arte, contou a história de um relacionamento abusivo. Com brigas que se avolumaram, até que o poder que o homem acredita exercer sobre a mulher vira agressão e feminicídio.

Após os depoimentos, as mulheres seguiram em marcha pelas ruas do município de Esperança. A mística ‘O violador é tu’, realizada pelas organizadoras da marcha chamou a atenção. Nela, as mulheres com rostos cobertos e com ajuda de instrumentos percussivos falaram sobre a violência e o racismo praticado pelo Estado e pela Justiça brasileira. Elas apontaram o dedo para falar sobre o estupro, o fascismo, a falta de respeito que precisam vencer todos os dias.

Com o fim da mística, a 11ª edição da Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia seguiram para o Campo da Rodoviária e foram recebidas com a apresentação das crianças que participam do Serviço municipal da Convivência e Fortalecimento de Vínculo de Esperança. Em seguida, a cirandeira Lia de Itamaracá se apresentou com os as filhas de Mestre Baracho, mestre cirandeiro, fazendo a luta de forma cantada com todas as milhares de mulheres que se uniram e juntas realizaram mais uma marcha pela vida das mulheres e pela agroecologia no Agreste paraibano.

Troca de experiências – A realização da Marcha e a atuação das mulheres no Polo da Borborema é uma referência e inspiração para grupos feministas em outros territórios. No intuito de vivenciar este momento de encontro e conhecer experiências protagonizadas por lideranças da Paraíba, mulheres do Paraná e do Rio de Janeiro, articuladas pelos programas da AS-PTA nos estados, participaram do dia de ontem. O intercâmbio, que teve como primeira parada a marcha, segue até o próximo domingo, dia 15. No roteiro, o banco mãe de sementes, quintais produtivos, unidades de beneficiamento e a cozinha comunitária, promovem a troca de experiências e assim fortalece as articulações territoriais.

Texto e Fotos: Marcelle Honorato/Angola Comunicação

 

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Tags:Marcha das mulheres, mulheres, mulheres e agroecologia, Notícias, Polo da Borborema

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One response to “Mulheres dizem não ao feminicídio e se levantam contra a violência doméstica na 11ª Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia”

  1. Ivanildo Pereira Dantas disse:
    14 de março de 2020 às 07:02

    Parabéns, muito lindo ver as mulheres com sua força, coragem e determinação ocupando seus espaços na luta por juatiça e dignidade. Que Deus abençoe todas as camponesas que são responsáveis por uma agricultura familiar sustentavel e com inclusões sociais.

    Responder

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