Da mesma forma com que se postula que ”alimentar-se é um ato político”, a política também se expressa quando o alimento cotidiano falta na mesa de casa um. É nesse sentido que são igualmente políticas as iniciativas voltadas para a democratização do acesso e a solidariedade na partilha dos alimentos de qualidade às pessoas que deles necessitam. Foi nessa perspectiva que a AS-PTA firmou parceria com a Fundação Banco do Brasil para realizar doações de cestas básicas e materiais de higiene e limpeza a famílias que tiveram agravadas sua situação de vulnerabilidade diante da crise gerada pela pandemia do coronavírus. As cestas serão organizadas e distribuídas.na região da Borborema, na Paraíba, no Centro-sul do Paraná e em comunidades do município do Rio de Janeiro, onde a AS-PTA compartilha Programas de Desenvolvimento Local com organizações da Agricultura Familiar e de moradores urbanos articulados em redes para a construção da agroecologia nos respectivos territórios.
As cestas organizadas em cada região são reveladoras da grande diversidade dos alimentos produzidos pelas agriculturas e também de como são diversas as culturas alimentares locais: batata doce, feijão carioca, fava orelha de vó, abóbora ou jerimum, mandioca ou macaxeira, farinha de milho ou fubá da paixão, coentro ou salsinha. Durante a construção desse processo, foram mobilizados cerca de 60 agricultores e agricultoras fornecedores espalhados em 4 estados e 18 municípios.
Essa iniciativa tem sido fecunda na geração de novos aprendizados e novos métodos e modalidades de gestão de recursos públicos. Além do aprendizado alcançado pela AS-PTA com a montagem das cestas, a mobilização das organizações da agricultura familiar parceiras e a elaboração de uma logística coletiva para execução das ações, a Campanha Proteja e salve vidas vem como uma proposta inovadora para a gestão de recursos públicos. Na opinião de Paulo Petersen, da coordenação da AS-PTA, “esse projeto mostra que é possível fazer uma operação de compra e distribuição de alimentos em grande escala, mas o sucesso dessa ação depende necessariamente da participação ativa das organizações da agricultura familiar e de assessoria para criar os tecidos territoriais que permitam viabilizar toda logística do processo de compra e distribuição dos alimentos
As equipes da AS-PTA e os movimentos e organizações assessorados nos três estados foram capazes, em 10 dias, de identificar não só os fornecedores, mas também, em parceria com organizações públicas e privadas de assistência social, as famílias que necessitam receber as cestas de produtos agroecológicos. De terça-feira (26/05) ao sábado (30/05), a AS-PTA e seus parceiros distribuirão 1500 cestas, contendo mais de 27 toneladas de alimentos diversificados, adquiridos em quase sua totalidade da agricultura familiar, e que beneficiarão mais de 7500 pessoas em nove diferentes municípios.
A iniciativa enche de orgulho todas as pessoas e organizações que contribuíram na sua realização, como avalia a agricultora Gerusa Marques, do município de Massaranduba, na Paraíba, “A agricultura já é importante e nessa época, ela se torna ainda mais, porque a gente sabe que precisa de uma alimentação saudável e na agricultura a gente tem isso. Sinto que a agricultura também pode salvar vidas. Assim como os médicos que estão lá empenhados, correndo para salvar cada um, a agricultura também está fazendo isso. Principalmente nós que estamos trabalhando com a agroecologia, tudo que a gente produz é saudável, também estamos com o mesmo papel daqueles médicos, junto no esforço de ajudar a salvar vidas também”.
Beneficiando quem está nas duas pontas – produtores de alimentos saudáveis e consumidores em situação de vulnerabilidade -, as ações propostas e as redes de solidariedade mobilizadas pela iniciativa pavimentam um caminho para o fortalecimento da agricultura familiar e suas organizações. No centro-sul do Paraná, região em que as entregas já se iniciaram, 12 famílias agricultoras de São Mateus do Sul foram mobilizadas para o fornecimento dos alimentos das cestas, distribuídas para 100 famílias em situação de vulnerabilidade social. Para José Lemos Lichesk, agricultor familiar do município, “para a nossa cooperativa a ação é interessante, pois garante uma renda segura para os agricultores, já que com a pandemia houve uma dificuldade no escoamento da produção, como os programas de compras institucionais. E, por outro lado, vemos famílias necessitando ter uma complementação em sua alimentação familiar e nós podemos oferecer um produto de qualidade, agroecológico e certificado”.
A iniciativa tem o apoio da BB Seguros e do Banco BV, empresas do conglomerado Banco do Brasil, além da cooperativa de crédito COOPERFORTE, que destinaram recursos à Fundação Banco do Brasil para a promoção e gestão de ações de assistência social, prevenção e combate a pandemia de Covid-19.
Proteja e salve vidas!
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