Iniciativa é composta por organizações nacionais e internacionais, academia e sociedade civil
O abastecimento alimentar enquanto expressão dos caminhos que levam a semente ao prato de todos nós. “Covid-19 e sistemas agroalimentares no Brasil: quais as saídas para um futuro melhor?”. Este é o tema-horizonte do seminário que será realizado nesta sexta-feira, 31 de julho, das 17h às 19h, para marcar o lançamento da “Ação Coletiva Comida de Verdade: aprendizagem em tempos de pandemia”. Trata-se de uma iniciativa de abrangência nacional conduzida por uma articulação de treze organizações comprometidas com a promoção da soberania e segurança alimentar e nutricional, bem como a realização do direito humano à alimentação adequada e suas dimensões indissociáveis: estar livre da fome com acesso a uma alimentação saudável.
Tendo a ecologia de saberes como princípio e a centralidade das experiências em agroecologia como um campo político e científico, ancorado em práticas sociais, a Ação Coletiva terá seu lançamento a partir de diálogo realizado entre o coordenador executivo da AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia, Paulo Petersen; a docente da Universidade de Brasília (UnB) e integrante do Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutricional, Elisabetta Recine; a dirigente do Movimento dos Pequenos Agricultores do Piauí, Maria Kazé; e o jornalista e fundador do “O Joio e O Trigo”, João Peres.
O diálogo será mediado pela pesquisadora Pós-Doc no Programa de Pós-Graduação e Desenvolvimento Regional da Universidade de Santa Cruz do Sul, Potira Preiss e pelo consultor da Aliança Global para o Futuro da Alimentação, Matheus Zanella. Será inspirado pelas palavras da professora ativista indígena do povo Xakriabá, Célia Xakriabá e terá ambientação cultural do músico percussionista, cantor e compositor afro-recifense, Negro Grilo.
Transmitido pelas redes sociais da Ação Coletiva Comida de Verdade, o seminário será o primeiro de uma série a ser realizada com o intuito de fomentar o debate público, político e acadêmico sobre os impactos do coronavírus nas condições de produção e acesso aos alimentos adequados e saudáveis no Brasil, bem como identificar e compreender as experiências de abastecimento alimentar protagonizadas por movimentos sociais do campo e da cidade, organizações populares e coletivos formais ou informais que têm garantido que a comida de verdade chegue à população.
Para Potira Preiss, coordenadora executiva da Ação Coletiva Comida de Verdade, os seminários representam uma oportunidade de compartilhamento de saberes. “Pretendemos aprofundar as reflexões e trocas entre atores diversos que protagonizam, articulam e estudam os sistemas agroalimentares, sejam aqueles que estão na frente da produção e comercialização enfrentando os desafios que a pandemia traz, as organizações que exercem papel fundamental em facilitar o fluxo dos alimentos entre o campo e a cidade, ou mesmo os estudiosos que se dedicam a compreender os impactos sociais e políticos do que está acontecendo. Dessa forma, pretendemos colher os diversos saberes e olhares, contribuindo assim para qualificar o debate sobre o tema, mas também a busca de soluções conjuntas”, afirma Preiss.
Mapeamento e Sistematização
Comida de verdade é alimento com memória, cultura e afeto. Alimento que em sua trajetória produz vida, igualdade e justiça. Um poderoso prisma cultural que revela as identidades e os modos de vida de um povo. Não à toa, pesquisas e experiências que resguardam a alimentação como direito humano revelam a importância da agroecologia, do acesso à terra a povos indígenas e tradicionais e à territorialização das dinâmicas de abastecimento para a prevenção de todas as formas de má nutrição, da fome à obesidade, bem como para o fortalecimento das ações e políticas de soberania alimentar.
Por isso, de acordo com Elisabetta Recine, membro do Comitê Gestor da Ação Coletiva Comida de Verdade, os processos de mapeamento e sistematização contribuirão para compreender como as experiências podem apontar caminhos para a construção e o fortalecimento de sistemas agroalimentares equitativos e sustentáveis. “As urgências criadas pela pandemia também deram visibilidade e fortaleceram várias iniciativas locais de produção saudável e sustentável que responderam de maneira ágil às necessidades das comunidades e pessoas. Estas iniciativas, tanto de comercialização como de doações, também geraram a oportunidade de cada pessoa contribuir com algo bom e justo diante de tantas notícias trágicas. E, acima de tudo, evidenciam a capacidade que estas formas de produção e abastecimento têm de garantirem a segurança alimentar e nutricional da nossa população”, explica Recine.
Além de Potira Preiss e Elisabetta Recine, a Ação Coletiva Comida de Verdade reúne uma ampla e potente equipe de pesquisa, sistematização, articulação e comunicação, que atuará em todo o país no sentido de dar visibilidade às experiências em curso e fomentar reflexões sobre as transformações que impulsionam os sistemas agroalimentares. Cada região do Brasil contará com o apoio de um/a articulador/a para impulsionar os diálogos e a identificação das experiências de abastecimento alimentar.
As experiências mapeadas serão cadastradas na plataforma Agroecologia em Rede (AeR), um sistema integrado de informações sobre iniciativas de agroecologia e que reúne mais de 1.600 experiências de base popular e agroecológica. Desde 2018 o AeR passa por um intenso processo de atualização e reestruturação, com apoio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e gestão da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) e da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA-Agroecologia).
Organizações
A “Ação Coletiva Comida de Verdade: aprendizagem em tempos de pandemia” é composta pela ActionAid Brasil, Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável, Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), Associação Brasileira de Agroecologia (ABA-Agroecologia), Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Centro de Referência em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Ceresan/UFRRJ), Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FBSSAN), Grupo de Estudos em Agricultura, Alimentação e Desenvolvimento (Gepad), Instituto Ibirapitanga, Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutricional (Opsan/UnB), Observatório de Desenvolvimento Regional (Observa DR), Rede Brasileira de Pesquisa e Gestão em Desenvolvimento Territorial (Rete), Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PenSSAN).
Serviço
Lançamento da “Ação Coletiva Comida de Verdade: aprendizagem em tempos de pandemia”
Dia 31 de julho, sexta-feira, das 17h às 19h
Facebook: https://www.facebook.com/acaocoletiva.comidadeverdade
E-mail: [email protected]
Site: https://acaocoletivacomidadeverdade.org/
Texto: Priscila Viana
Arte: Patrícia Nardini
Assessoria de Comunicação | Ação Coletiva Comida de Verdade