A palavra “Sertão” tem múltiplas origens e pode gerar distintas compreensões, no entanto, “ao que parece, tem a conotação de um só sentido (a interioridade), mas que se expressa na fisiologia da paisagem, numa diversificação, muitas vezes sem similaridade” (ANTONIO FILHO, 2011[1]). O Sertão Carioca remete à idéia de um lugar em uma cidade que tem história e relação com tradições rurais, ainda que venha sofrendo há décadas – e sofre cada vez mais- com a pressão da urbanização, em especial da especulação imobiliária. Resgatar o “lugar” Sertão Carioca e suas tradições. Resgatar as pessoas e suas histórias de vida. Resgatar e reconectar Quilombo, Cidade e Floresta significa conferir valor ao que tem história e valor de tradição. E significa reconhecer a importância das pessoas e seus lugares para a preservação ambiental e a garantia da qualidade de vida na cidade.
- O Parque Estadual da Pedra Branca – por Vinicius Delaia
O Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB) protege uma exuberante floresta localizada na zona oeste do município do Rio. Está distribuído em partes de 17 bairros, entre eles: Jacarepaguá, Vargem Grande, Vargem Pequena, Recreio dos Bandeirantes, Barra de Guaratiba, Bangu e Realengo. Com 12.393 hectares, trata-se de uma das maiores florestas urbanas do mundo, possuindo em seu interior uma agricultura de produção significativa para a cidade, três comunidades quilombolas reconhecidas, além de diversas espécies endêmicas de flora e fauna, algumas ameaçadas de extinção. O Pico da Pedra Branca é seu ponto culminante, a 1.024 metros de altitude, e também o mais alto da cidade. A sede administrativa do parque, juntamente com o centro de visitantes, fica no núcleo Pau da Fome, na Taquara. Existem mais outros dois núcleos para receber os visitantes, na Estrada do Camorim e no bairro de Realengo, além um posto avançado, no bairro de Vargem Grande.
- Os Quilombos presentes no Maciço da Pedra Branca
- Quilombo Cafundá Astrogilda – Vargem Grande – por Sandro S Santos
A Comunidade Quilombola Cafundá Astrogilda, localizada em Vargem Grande nasceu há mais de dois séculos e, em 2014, foi reconhecida e certificada pela Fundação Cultural Palmares. Seu nome é uma homenagem a grande matriarca Astrogilda que deixou um legado por seus feitos em ajuda ao próximo sem visar lucro, atendendo toda a comunidade local sem nada cobrar.
O Quilombo Cafundá Astrogilda é a sede da comunidade Quilombola de Vargem Grande; o uso de plantas medicinais, a sabedoria ancestral no cuidado com a terra pela agricultura familiar e a simbiose com a floresta contribui, hoje, para essa encantadora agrobiodiversidade presente no Parque Estadual da Pedra Branca, práticas de cuidado que se configuram como dádivas herdadas dos antepassados, que se reconstituem dentro das presentes gerações.
Toda essa ancestralidade criou uma configuração cultural e territorial própria, que se manifesta no cotidiano e mantém todo território, uma parte da cidade do Rio de Janeiro Invisibilizada pelo poder público e sem a presença de políticas públicas.
A dádiva e o social estão no DNA do Quilombo Cafundá Astrogilda, inserido hoje nessa teia social formada por vários coletivos, iniciativas e instituições, uma rede de ajuda mútua que faz valer o “nós por nós”, e foi nesse espírito de coletividade que em 2018 foi criada a muitas mãos a Escola Quilombola, que desenvolve várias atividades culturais e pedagógicas. Através da escola está sendo possível fazer chegar para as comunidades do entorno ajuda para o enfrentamento da pandemia do covid 19, amigos parceiros e várias instituições, têm feito doações que estão sendo distribuídas, ajudando muitas famílias nesse momento de dificuldade.
Em 2014 o quilombo iniciou um projeto de ecoturismo pedagógico de base comunitária, chamado “Ação Griô Aula de Campo”, os guias e educadores socioambientais do Quilombo conduzem os visitantes pelo território quilombola transformando o percurso em uma sala de aula a céu aberto, tratando o saber com horizontalidade e com oficinas de agroecologia e permacultura, o “Ação Griô aula de Campo”, é uma atividade que já faz parte do calendário de várias escolas e universidades.
- Quilombo Dona Bilina – por Caroline Rodrigues – Quilombo D.Bilina
O Rio da Prata é um sub-bairro de Campo Grande situado na cidade do Rio de Janeiro; reconhecido em 2017 como Quilombo Urbano pela Fundação Palmares.Situado dentro do Parque Estadual da Pedra Branca. Local que valoriza suas raízes ancestrais, a sabedoria dos mais antigos que plantam, ensinam e cantam ou tocam até os dias de hoje, assim fazendo acontecer o resgate da Oralidade na comunidade. Tão logo, o Rio da Prata (Quilombo Dona Bilina) vem a ser o maior produtor de Caqui de todo o Estado do Rio de Janeiro, no mês de abril geralmente acontece a Festa do Caqui exaltando assim a agricultura local e todos os trabalhos artesanais e artísticos. Assim como, o mês da Consciência Negra (20 de Novembro) quando então a Associação Quilombola Dona Bilina organiza um evento exaltando e divulgando a nossa cultura. É preciso todos os dias Aquilombar-se e resguardar a memória dos Antigos para que não caia no esquecimento toda a trajetória que nos trazem até aqui.
- Quilombo Camorim – por Alexandre Pessanha – Acuca
A ACUCA é uma organização que atua no Camorim, em Jacarepaguá , onde está instalada uma das principais entradas do Parque Estadual da Pedra Branca, considerada a maior floresta urbana do mundo. Reconhecida como área de remanescentes de negros escravizados desde 2014, pela Fundação Palmares, a associação realiza um circuito histórico e ambiental, palestras sobre a arqueologia do lugar em um verdadeiro museu ao ar livre, história do quilombo e oficina de jongo com grupos, além de promover trilhas no próprio Parque da Pedra Branca. Em julho promove o Dia Estadual do Jongo e em novembro a Festa em Homenagem a Dandara e Zumbi dos Palmares, comemorando o Dia da Consciência Negra.
- Agriculturas Urbanas nas áreas do entorno do PEPB
- Jardim Sulacap Bairro Sustentável – por Emilson Moreira dos Santos
Jardim Sulacap Bairro Sustentável é um grupo que, desde 2013, reúne moradores e amigos do Jardim Sulacap e promove ações em diferentes áreas de interesse comunitário para alcançar objetivos comuns. Queríamos evitar invasão, promover segurança, deixar o bairro mais bonito e, ao mesmo tempo, produzir alimentos saudáveis e ajudar quem mais precisa no bairro. Criamos uma horta em 2016 e outra em 2017. Mais do que uma simples horta, o espaço da Praça Quincas Borba é um lugar onde as pessoas conversam sobre plantas e comidas principalmente, famílias se juntam, pessoas fazem parcerias e alimentos também servem para almoços em dias de festas comunitárias. Valorizando as raízes, o que somos e o que fazemos nesse imenso sertão carioca, as hortas alimentam diversos tipos de fome!
- Quintais da Colônia – por Brenda Fonseca
A Colônia Juliano Moreira está localizada no Bairro de Jacarepaguá, Zona Oeste do município do Rio de Janeiro, no entorno do Maciço da Pedra Branca. O território tem histórico de uso agrícola da terra e nos dias atuais mantém na sua dinâmica produções familiares para subsistência e comercialização. O Coletivo Quintais Produtivos da Colônia teve início em 2011 e atualmente conta com a participação de 9 moradoras do território que tem suas produções certificadas ou em processo de certificação pelo grupo SPG ABIO – REDE CAU. O Coletivo tem suas reuniões realizadas toda primeira segunda-feira de cada mês variando entre a casa das agricultoras de acordo com a necessidade ou não de mutirões nas produções, após tempo e organização e com apoio da Programa de Desenvolvimento do Campus Fiocruz da Mata Atlântica – PDCFMA o coletivo conquistou no ano de 2018 uma barraca para venda de seus produtos de maneira coletiva dentro do território da Colônia Juliano Moreira. Para além do coletivo uma rede de quintais produtivos vem sendo estruturada no território através da atuação de equipes do PDCFMA, AS-PTA e companheiros da Rede Carioca de Agricultura Urbana (Rede CAU) recebendo algum tipo de assessoria em práticas agrícolas ou em implementações de tecnologias sociais. As produções acontecem de forma individual, entretanto são realizados mutirões periódicos envolvendo as famílias. Os agricultores e agricultoras geram renda por meio do cultivo de alimentos em seus quintais e roças, sendo algumas com produção vegetal e produtos beneficiados, uma parte já utiliza tecnologia de compostagem em diferentes formatos e apenas alguns possuem produção animal.
- Horta comunitária da Brisa e quintais do Jardim Guaratiba (Arranjo Local de Guaratiba) – por Marcio Mendonça
Em Guaratiba, mais precisamente no Jardim Guaratiba, um grupo de mulheres se organiza para fazer agriculturas nos seus quintais. Resgatando suas origens nordestinas, cultivam alimentos em qualquer espaço que haja, nos quintais, nas calçadas, seja na terra ou em potinhos. Com o apoio da Pastoral da Criança, o grupo conseguiu, há mais de dez anos, um terreno cedido em comodato na Praia da Brisa, para fazer uma horta comunitária. Hoje a Horta da Brisa é referência em termos de espaços coletivos de produção no Rio de Janeiro.
A partir dessas iniciativas, com o apoio da AS-PTA e da Fundação Angélica Goulart, o grupo mobilizou o Arranjo Local de Guaratiba, um coletivo que incentiva a agricultura e as práticas de abastecimento alimentar com produtos agroecológicos na região.
- Vargem Grande – por Sarah Rubia – Feira da Roça, Agroecologia e Cultura
Vargem Grande é um bairro com sua história marcada pela atividade agrícola, desde a cana de açúcar, passando por grandes produções de café e há pouco mais de um século a produção de banana. Banana premiada como a melhor do estado pelo governo do Rio de Janeiro. A banana além de premiada é símbolo de resistência, é símbolo de esperança, mas não menos importante que as produções de aipim, caqui, a grande diversidade de PANCs e ervas medicinais. Com os avanços comerciais no bairro ficou cada vez mais difícil o escoamento da produção local e junto também veio a tal modernidade alimentar onde o mais prático é desembalar. Na busca por uma unidade de resistência agricultores locais se uniram como associação (Agrovargem) e com o tempo perceberam a necessidade de um local para a venda de produtos agroecológicos mas que não fosse um local de simples comércio, mas um local onde pudessem ir além e contar histórias, mostrar conhecimentos, perpetuar culturas, e assim nasceu a FRAC – Feira da Roça, Agroecologia e Cultura. Quatro anos após a criação da feira, que foi incluída em 2013 no calendário oficial da Cidade, hoje ela conta com entregas em domicílio. Durante o decreto de afastamento a Feira da Roça teve um papel importante no bairro, foram significativas toneladas de alimentos frescos entregues dentro do perímetro. Dentro dessa logística também foi implantado um sistema de doações de alimentos em parceria com a Teia de solidariedade da Zona Oeste onde os clientes poderiam fazer doações em dinheiro para que fossem comprados produtos dos agricultores ou doar algo do seu pedido. Todas as doações foram distribuídas em comunidades de baixa renda ao arredores do bairro, tendo como critério de prioridade famílias chefiadas por mulheres pretas. Mais tarde as doações receberam um reforço do projeto da Fiocruz de enfrentamento ao Covid para fortalecimento da agricultura familiar e segurança alimentar. O projeto Bem Vindo da Rede Ecológica também é uma parceria importante neste processo que vai além do assistencialismo, essas famílias são assistidas com informações sobre alimentação saudável, direitos sociais, direitos civis e estímulo ao plantio em seus quintais. Hoje a Feira da Roça caminha com o objetivo de consolidação no mercado virtual local e a implantação de CSA porque entende que ainda há muito espaço para a economia solidária e que existe um resgate possível da ancestralidade apesar da modernidade. As possibilidades para o ecoturismo são parte de um sonho dos agricultores que pensam em incluir familiares e amigos nas atividades, a Feira da Roça, em momentos diferentes antes do decreto de afastamento, vinha criando roteiros, O caminho da comida, onde o visitante conhecia a produção e colheita, transporte até a feira, onde eles podiam participar de oficinas de culinária e compostagem. As possibilidades de desenvolvimento local e economia solidária a partir da agricultura familiar no bairro de Vargem Grande são múltiplas, porém pouco exploradas. A banana reserva muito mais que o prêmio de melhor do Rio. Ela conta a história do bairro e o leva a um caminho de possibilidades promissoras.
- Permalab – por Diogo Majerowicz Maneschy
Instituto Permacultura Lab é uma organização sem fins lucrativos, criada em 2017 com o propósito de desenvolver práticas pedagógicas e ações inovadoras que tragam soluções eficientes para a superação da crise ambiental e social estabelecida na sociedade. Seus trabalhos tem como foco a transformação de pessoas e espaços, a partir dos referenciais da agroecologia, permacultura e da educação ambiental. Atua em escolas e praças da zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro.
- Associações de agricultores inseridas no PEPB
ALCRI – por Russo.
Associação dos lavradores e criadores de Jacarepaguá. Foi fundada em 1986. No entanto, desta fase inicial, poucos que dela participaram ainda seguem. Durante doze anos ficou desativada e apenas em 1998, por iniciativa do engenheiro agrônomo Leonel Rocha Lima, ela voltou a funcionar e mobilizar agricultores da região da Taquara. No projeto teremos o desafio de reerguê-la, um sonho do meu pai e meu.
- Agrovargem – por Francisco Caldeira
Associação de Agricultores Orgânicos de Vargem Grande. Foi fundada em 2009 numa das ações do PROFITO, um curso de plantas medicinais da Fiocruz, com o intuito de ajudar os agricultores da vertente sul do Parque Estadual da Pedra Branca a entender um pouco mais de economia solidária, trabalho comunitário, inserção em rede e diálogo com o estado. Durante este tempo a associação vem enfrentando várias dificuldades. Atualmente estamos tentando nos reinventar para continuar existindo, pois entendemos que esta associação é uma das ações que nos ajudam a sobreviver na agricultura.
Fundada em 2000, a Associação dos Agricultores Orgânicos da Pedra Branca – Agroprata surgiu do protagonismo de pequenos agricultores que buscavam a conservação do ecossistema local. Composta atualmente por 15 membros fundadores mais 12 associados, o grupo além da produção de frutas, legumes e verduras orgânicas, beneficia o caqui e banana transformando-os em vinagre de caqui, caqui passa e banana passa.
A Agroprata está localizada no Parque Estadual da Pedra Branca, que, segundo o último censo, abriga aproximadamente 180 famílias de pequenos agricultores e produtores.
Na feirinha Orgânica na EMATER em Campo Grande: Encontramos os produtores vendendo legumes, frutas e verduras fresquinhas cultivadas sem o uso de agrotóxicos, sem adubos químicos e livres de transgênicos. Todos os sábados das 7 às 13 horas, na Avenida Marechal Dantas Barreto, 95ª, (Rua atrás do estacionamento do West shopping) prédio da Emater-Rio, Campo Grande, RJ. Participamos também do Circuito de Feiras Orgânicos, para mais informações acesse www.abio.org.br/feiras-organicas.html.
- Redes Locais
A Rede Carioca de Agricultura Urbana e o Sistema Participativo de Garantia da produção orgânica -SPG – por Bernardete Montesano
SPG- Sistemas Participativos de Garantias possibilitam a certificação da produção orgânica, tendo a base agroecológica no plantio como indicador de confiança. A confiança é dos pilares do SPG, pela sua formação coletiva e principalmente pela relação continuada entre agricultores(as) e consumidores(as) na compra de alimentos em feiras, mercados e nas relações próximas entre os agricultores(as) que trabalham juntos(as) para que o sistema mantenha-se funcionando. Segundo a Instrução Normativa 19 (28/5/2009), o SPG funciona através do controle social e da responsabilidade solidária, em grupos de pessoas organizadas de maneira formal e informal que realizam ações coletivas de monitoramento mútuo e avaliação da conformidade das unidades de produção de alimentos. O SPG promove a geração de credibilidade em rede, de forma descentralizada, com intuito de assegurar a qualidade orgânica dos alimentos através da participação e compromisso entre agricultores(as), consumidores(as) e técnicos(as).
O SPG/ABIO Rede CAU:
- Agricultores(as) certificados (produção vegetal): 11;
- Processadores(as) e Culinaristas (em formação): 9;
- Lista de espera (candidaturas): 9.
Para a Facilitação do Grupo SPG/ABIO Rede CAU:
– Coletivo de Facilitadores(as) tendo a assessoria da AS-PTA;
OBS: Acompanham o Coletivo de Facilitadores(as) a Permacultura LAB, como representação dos consumidores(as).
- Teia de Solidariedade da Zona Oeste – por Mariana Bruce
A Teia de Solidariedade Zona Oeste é uma articulação política de Coletivas, Coletivos e Instituições que atuam nos bairros de Campo Grande, Bangu, Santa Cruz, Sepetiba, Pedra de Guaratiba, Vargens, Quilombo do Camorim, Recreio e Jacarepaguá, gestada e gerida por mulheres pretas e periféricas e que visa diminuir a vulnerabilidade das famílias impactadas pela pandemia através da ação emergencial em saúde articulada à luta pela assistência social, a moradia popular e a soberania alimentar como direitos.
Nos primeiros meses da pandemia, conseguimos captar através de doações voluntárias cerca de 30 mil reais e tecemos parcerias que nos permitiram realizar a doação de mais de 4000 cestas básicas e agroecológicas, além de itens de segurança sanitária, produtos de higiene e de autocuidado em várias comunidades da Zona Oeste. Na sequência, apostamos em uma campanha de captação de recursos partindo de um olhar retinto sobre a saúde baseado na Saúde Comunitária e na noção de Cuidado Radical que significa, de um lado, defender estratégias que potencializam o autocuidado e o exercício de cuidar de quem cuida; e, de outro, que nos faça avançar na luta para que todos, todas e todes possamos caminhar para um outro modelo civilizatório pautado no Bem Viver. Chamamos atenção para este último aspecto, pois nossas ações estão inseridas em um contexto mais amplo de lutas como a do acesso à comida de verdade, sem veneno, à água, à terra, à moradia e à informação. Nós compreendemos a importância da ação emergencial no atendimento às demandas urgentes, mas não abandonamos o horizonte de disputas das políticas públicas do Estado tendo em vista o fortalecimento do Sistema Único de Saúde/SUS, do Sistema Único de Assistência Social/SUAS, da luta por justiça social e pelo avanço da auto-organização popular.
- Juventude Agroecológica – pelo Coletivo Juventude Agroecológica da Rede Carioca de Agricultura Urbana
As Juventudes Agroecológicas da Rede CAU são compostas por jovens com interesse na agricultura urbana, filhos de agricultores e artesãos, articuladores culturais e educadores populares e educadores ambientais atuantes em diversos movimentos sociais e organizações não governamentais. As pautas que aproximam esses coletivos são inúmeras, desde a transição agroecológica da produção de alimentos à valorização da agricultura urbana local, na construção de uma economia solidária, perpassando pelo direito à cidade e construção de projetos de educação ambiental em todos os territórios da cidade. Essa rede de juventudes agrega mais de 20 organizações da cidade, totalizando mais de 300 jovens que atuam em seus territórios, localizados majoritariamente na Área de Planejamento 5 (AP5) : Zona Oeste e Área de Planejamento 3 (AP3): Zona Norte. Locais historicamente marcados por desigualdades sociais e conflitos socioambientais.
As Juventudes Agroecológicas se organizam em rede, a partir da realização de reuniões periódicas, oficinas, encontros de trocas de experiências e mutirões coletivos. As práticas atuais das juventudes envolvem três pontos principais: geração de renda, soberania alimentar e organização política. Para que estes objetivos sejam alcançados, temos como foco de atuação: a produção de alimentos para autoconsumo; produção de alimentos para venda em circuitos curtos de comercialização (feiras); a articulação de agentes sociais, para potencializar a agricultura nas comunidades da cidade; a produção de material de comunicação, como podcasts para divulgação das feiras e ações de agricultura e agroecologia; participação em conselhos municipais para a construção e monitoramento de políticas públicas (Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural) CONSEA, Frente Parlamentar de Segurança alimentar e nutricional, Frente Parlamentar de Agroecologia; realização de oficinas de mobilização e formação (audiovisual, sustentabilidade, tecnologias sociais, agroecologia, políticas públicas); produção de mudas para reflorestamento e produção de alimentos, e gestão local de resíduos orgânicos com produção de composto, bem como outros produtos artesanais como sabonetes naturais e artesanatos. Nossa rede de jovens está em constante atualização, procurando contemplar e integrar as ações agroecológicas protagonizadas pelos jovens dos diferentes territórios do nosso município.
O projeto é realizado pela AS-PTA e conta com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental
[1] ANTONIO FILHO, Fadel David. Sobre a palavra Sertão: origens, significados e usos no Brasil (do ponto de vista da Ciência Geográfica). Ciência Geográfica, v. XV, p. 84-87, 2011. Disponível em
<https://www.agbbauru.org.br/publicacoes/revista/anoXV_1/AGB_dez2011_artigos_versao_internet/AGB_dez2011_11.pdf> . Acessos em 12 de nov. de 2020