Dona Francisca Alexandre da Silva, moradora do sítio Pedra D’água exibe orgulhosa os produtos cultivados na sua terra. A couve, o coentro e o alface, cultivados com água da cisterna preenchem a sua barraca. Dona Francisca está bastante feliz por poder finalmente estar na feira com produtos da sua terra. Antes comercializados na feira livre pelo seu marido e filho, agora serão vendidos na Feira Agroecológica de Casserengue, que teve sua inauguração na manhã da última quinta-feira (19), no centro da cidade de pouco mais de 7 mil habitantes.
Junto a dona Francisca, mais oito agricultores fazem parte da 12ª feira organizada na região pela Ecoborborema, uma associação de agricultoras e agricultores feirantes do Polo da Borborema. O desejo de ter um espaço para comercialização surgiu em 2015, durante as jornadas municipais de planejamento realizadas todos os anos pelos sindicatos rurais do Polo, que tem como objetivo fazer um balanço das ações desenvolvidas e traçar metas para o ano posterior. Os agricultores e agricultoras, já envolvidos nas Comissões Temáticas do Polo e articulados pelo Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Casserengue, passaram então a participar de processos de formação junto a Ecoborborema.
Presidente do STR de Casserengue, Maria Celina, aponta a valorização das mulheres agricultoras como um dos principais avanços trazidos pela feira: “as mulheres agora poderão comercializar seus produtos e isso traz melhoria na renda e as valoriza como agricultoras”. Além disso, a presidente destaca a importância da qualidade dos produtos comercializados ali, livres de agrotóxicos e produzidos de maneira sustentável.
Durante o processo de formação para a feira, os agricultores e agricultoras visitaram experiências de outros agricultores feirantes. Em Campina Grande, junto a agricultores de Solânea conheceram a feira agroecológica do Museu do Algodão e depois em Esperança, a experiência do jovem agricultor Delfino Silva Oliveira, morador do Sítio Riacho do Boi. As visitas de intercâmbio trazem a troca de conhecimentos entre os agricultores, além de fazer com que eles possam enxergar melhor as partes dos processos de produção e comercialização.
Moradora do Sítio Veloso, Anailde de Lima é mais uma das agricultoras que forma a mais nova feira da Ecoborborema, nesse primeiro dia de feira, trouxe duas variedades de feijão para vender. Para ela, além do aumento da autoestima como agricultora, a autonomia é um aspecto muito importante: “Com a feira a gente tem uma economia, consegue ajudar em casa”, diz. A agricultora destaca ainda a importância da assessoria, “não é uma coisa que a gente faz sozinha, tem o apoio do Polo, da AS-PTA, do Sindicato”, e completa, “aqui a gente faz amizade e ganha conhecimento”.
A feira em Casserengue tem apoio do Projeto Ecoforte que tem por objetivo o fortalecimento e ampliação das redes de agricultores já existentes na dinâmica da região do Polo da Borborema. Outras feiras da Ecoborborema acontecem em Campina Grande, Lagoa Seca, Massaranduba, Alagoa Nova, Esperança, Remígio, Solânea, Areial e Queimadas. Em Casserengue acontece todas as quintas na rua Novo horizonte, em frente a antiga igreja matriz, a partir das 5 da manhã.