NEAD, 14/04/2011 | Durante o mês de abril, o Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (NEAD) do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) lança o livro Transgênicos para quem? Agricultura, Ciência, Sociedade.
Organizado pela brasileira Magda Zanoni e pelo francês Gilles Ferment, o livro integra a Coleção NEAD Debate e, sob enfoque multidisciplinar, abarca as dimensões agronômica, ecológica, cultural, social e política, indispensáveis a uma leitura mais ampla sobre os transgênicos.
Em seus 33 artigos, assume a posição de que a discussão não pode se restringir à problemática selecionada pela genética e pela biologia molecular como ciências dominantes. Para isso, foram reunidos textos de referência do debate europeu e brasileiro, oferecendo uma grande diversidade de análises e de pontos de vista de atores sociais: agricultores familiares, cientistas internacional e nacionalmente reconhecidos, estudantes, associações, cooperados, ativistas.
A obra, lançada em março na França, na Assembléia Nacional de Paris, tem lançamento marcado no Brasil, a partir desta semana, em cinco cidades – Brasília, Porto Alegre, Curitiba, Campinas e Piracicaba. O primeiro deles, em Brasília, acontece na UnB, nesta quinta-feira, às 14h. (Veja programação completa ao final do texto)
Por uma ciência democrática
“O objetivo do livro é trazer uma reflexão acerca da anunciada capacidade dos transgênicos de resolver as dificuldades atuais e futuras com as quais nossas sociedades e, particularmente, os agricultores familiares e camponeses do mundo estão confrontados”, escrevem na introdução Magda Zanoni e Gilles Ferment. “Ele também é o resultado das reflexões de pesquisadores, até então minoritários, que por meio da participação e vivência em comissões nacionais de engenharia genética (França) e em comissões técnicas nacionais de biossegurança (Brasil) não tiveram o poder de expressar sua oposição e tampouco interromper (em razão do voto sempre minoritário) as liberações comerciais de sementes transgênicas solicitadas pelas empresas multinacionais, embora a avaliação do risco e o respeito ao Princípio da Precaução fossem determinados no Brasil pelas leis nacionais (Lei de Biossegurança) e internacionais (Protocolo de Cartagena).”
As diferentes experiências de resistência, na França e no Brasil, evidenciam os limites da coexistência e a necessidade do aprimoramento das regras de monitoramento da pesquisa e de rotulagem.
O livro destina-se à formação de pesquisadores e professores, técnicos e extensionistas agrícolas, produtores e consumidores. É uma leitura indicada para todos os que estão preocupados com a necessidade de um modelo de desenvolvimento agrícola sustentável que, na prática, sob formas de controles sociais do saber, permita a reprodução das sociedades e dos ecossistemas por elas utilizados.
Enfoque multidisciplinar
O livro está apresentado em três partes. A primeira aborda as incertezas científicas inerentes ao uso das biotecnologias modernas de reprogramação dos seres vivos, e seus possíveis efeitos nocivos ao meio ambiente e à saúde humana. Sob essa ótica, os textos propõem que o cidadão se aproprie desse conhecimento e participe do debate sobre o uso dos transgênicos, construindo, assim, uma ciência democrática.
A segunda parte, “Transgênicos: O necessário enfoque multidisciplinar”, se divide em mais três temas que discutem os embates agronômicos, ecológicos, políticos, institucionais, jurídicos, econômicos e sociais dos transgênicos.
A última parte do livro, “Atores sociais: resistências e cidadania”, discute o papel da sociedade civil no debate do uso dos transgênicos. Ao final são apresentadas três associações e Organizações Não Governamentais Francesas que exercem importante papel no debate sobre transgênicos e pesquisa científica: INF’OGM, Comitê de Pesquisa e de Informação Independente sobre Engenharia Genética (CRIIGEN), e a federação France Nature Environnement (França, Natureza e Meio Ambiente).
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Magda Zanoni é bióloga e socióloga, professora da Universidade de Paris Diderot, onde foi pesquisadora de 1978 a 1990 no Laboratoire d’Ecologie Génerale et Appliquée; tem mestrado em Ecologia Fundamental pela Universidade de Paris-Orsay e em Ciências Sociais do Desenvolvimento pela Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (Paris); é doutora em Sociologia do Desenvolvimento pela Universidade de Paris I-Sorbonne. Atuou no Instituto Agronômico do Paraná e Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social do Paraná, e esteve cedida ao NEAD/MDA pelo Ministério francês do Ensino Superior e da Pesquisa no período de 2003-2009. Atualmente, e desde 1998, é pesquisadora do laboratório “Dynamiques Sociales et Recomposition des Espaces” (Centro Nacional de Pesquisa Científica CNRS, França).
Gilles Ferment é mestre em Ecologia e Gestão Ambiental, com graduação e pós-graduação em Biologia dos Organismos Animais e Vegetais. Formado na Universidade Paris-Diderot, atuou durante três anos como pesquisador em Biossegurança, sobre os riscos das plantas transgênicas para o meio ambiente, a saúde humana e animal, no NEAD/MDA.
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Ficha técnica
“Transgênicos para quem? Agricultura, Ciência e Sociedade”
Série NEAD Debate
536 páginas
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