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POR UM BRASIL ECOLÓGICO,
LIVRE DE TRANSGÊNICOS & AGROTÓXICOS
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Número 675 – 30 de maio de 2014
Car@s Amig@s,
“Cuidar da Terra, Alimentar a Saúde e Cultivar o Futuro”. Com este lema, o III Encontro Nacional de Agroecologia (ENA) reuniu-se entre os dias 16 e 19 de maio de 2014 na cidade de Juazeiro-BA. Com o público de mais de 2.100 pessoas vindas de todos os estados brasileiros, fizeram-se representar trabalhadores e trabalhadoras do campo, portadores de diferentes identidades socioculturais (agricultores familiares, camponeses, extrativistas, indígenas, quilombolas, pescadores artesanais, ribeirinhos, faxinalenses, agricultores urbanos, geraizeiros, sertanejos, vazanteiros, quebradeiras de côco, catingueiros, criadores de fundos em pasto, seringueiros), técnicos, pesquisadores, professores, extensionistas e estudantes, além de gestores convidados. Com a presença majoritária de trabalhadores e trabalhadoras rurais, nosso encontro alcançou participação paritária entre homens e mulheres, contando também com expressiva participação das juventudes.
A fase preparatória com as 14 Caravanas Agroecológicas e Culturais e o III ENA produziram claras evidências da abrangência nacional que assume hoje a agroecologia em todos os biomas brasileiros como referência para a construção de caminhos alternativos aos padrões atualmente dominantes de desenvolvimento rural impostos pelo agronegócio. Ao mesmo tempo, dezenas de milhares de trabalhadores e trabalhadoras do campo incorporam a proposta agroecológica como caminho para a revalorização do diversificado patrimônio de saberes e práticas de gestão social dos bens comuns e de reafirmação do papel da produção de base familiar como provedora de alimentos para a sociedade.
No III ENA pudemos constatar que a incorporação do enfoque agroecológico é também expressão da resistência da produção camponesa e familiar às crescentes pressões sobre ela exercidas pela ocupação de seus territórios pelo agronegócio e pelos grandes projetos de infraestrutura e de exploração mineral. Na análise que realizamos sobre os conflitos territoriais que se intensificaram nos últimos 15 anos, com o favorecimento das políticas públicas à expansão do grande capital no campo, constatamos que ao resistir em seus lugares de vida e produção, a agricultura familiar camponesa e os povos tradicionais produzem respostas consistentes e diversificadas para críticas questões que desafiam o futuro de toda a sociedade.
Reforma agrária e reconhecimento dos territórios dos povos e comunidades tradicionais, a afirmação da nossa sociobiodiversidade, conflitos e injustiças ambientais, agrotóxicos e seus impactos na saúde, acesso e gestão das águas, articulação de ensino, pesquisa e ater, educação no campo, sementes da diversidade, abastecimento e construção social de mercados, normas sanitárias, financiamento e agroecologia, plantas medicinais, agricultura urbana, e comunicação, foram alguns dos temas abordados.
Ao realizar com êxito o III ENA no Ano Internacional da Agricultura Familiar Camponesa e Indígena, reafirmamos nosso compromisso e nossa disposição de luta pela transformação da ordem dominante nos sistemas agroalimentares, apontando a agroecologia como o caminho que desde já se coloca como a única alternativa na disputa contra a violência imposta pelo agronegócio e outras expressões do grande capital sobre os territórios nos quais a agricultura familiar camponesa e povos e comunidades tradicionais vivem e produzem historicamente para alimentar o nosso povo numa sociedade organizada sobre bases democráticas e de respeito aos direitos da cidadania.
Leia a Carta Política do III ENA na íntegra.
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Trecho da Carta Política do III ENA sobre Agrotóxicos e seus Impactos na Saúde
A situação do uso de agrotóxicos no Brasil é absolutamente insustentável e inaceitável, sendo necessário ser urgentemente revertida. O Brasil não pode continuar sendo o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. O modelo de desenvolvimento do agronegócio é dependente de fertilizantes e venenos agrícolas, sendo uma das formas de violência deste modelo com todas as formas de vida. São muitos os casos de intoxicação por agrotóxicos, de câncer, de suicídios, de alteração hormonal das mulheres e de desenvolvimento de crianças e adolescentes, além de vários outros impactos na saúde que produzem muito sofrimento. Quando denunciamos as relações entre o uso de agrotóxicos e adoecimento somos perseguidos e ameaçados. O escandaloso aume nto do uso de agrotóxicos, relacionado também com a liberação de sementes transgênicas, aparece nos alimentos, na contaminação de animais e plantas, solos, ar e das fontes e mananciais de água que servem de consumo humano. É impossível avançar na construção da agroecologia, em experiências e iniciativas de abastecimento de produtos agroecológicos sem que essa situação seja revertida. Além de ser uma questão de saúde pública e de segurança nacional, os agrotóxicos ameaçam a vida no planeta. Por essa razão reafirmamos que não existe uso seguro de agrotóxicos. É necessário combater a ideia da existência de níveis aceitáveis de contaminação dos alimentos, da água e do corpo dos trabalhadores e trabalhadoras. Queremos o imediato fim da pulverização área e o banimento dos agrotóxicos proibidos em outros países. Exigimos o fim da isenção fiscal aos agrotóxicos e a destinação dos recursos arrecadados para o fortalecimento da agroecologia e a recuperação de ecossistemas degradados. Não aceitamos o relaxamento da legislação e tampouco o desmonte das instituições de regulação e controle dos agrotóxicos. São obrigações da Anvisa e do Ibama proteger a saúde da população e do ambiente. Precisamos reforçar em todas as oportunidades as bandeiras da agroecologia e do fim dos agrotóxicos. Isso implica brecar a expansão do agronegócio sobre os territórios da agricultura familiar, camponesa, indígena e quilombola, bem como a demarcação de zonas livres de agrotóxicos e transgê nicos. Cobramos a imediata formulação e execução do Plano Nacional de Redução do Uso dos Agrotóxicos, iniciativa prevista no Planapo, que deverá articular medidas nos campos administrativo, fiscal e legislativo coerentes com a efetiva necessidade de proteção do meio ambiente e da saúde da população e promoção de alternativas técnicas já provadas no Brasil e em inúmeros outros países.
Trecho da Carta Política do III ENA sobre as Sementes da Diversidade
As sementes crioulas são fruto de cuidadoso trabalho de seleção praticado por agricultores familiares e povos e comunidades tradicionais. Em permanente processo de coevolução com as comunidades agrícolas, essas sementes não somente se adaptam às condições e práticas locais de manejo, como também atendem a grande diversidade de usos e preferências culturais, e são fundamentais para o fortalecimento da Agroecologia e para a autonomia das famílias agricultoras. É urgente que os governos federal, estaduais e municipais reconheçam, valorizem, disseminem e fortaleçam as dinâmicas comunitárias e regionais de conservação da agrobiodiversidade, incluindo as ações de resgate, guarda, avaliação, multiplicação, intercâmbio, comercialização e uso de sementes crioulas. Programas e políticas públicas não devem promover a distribuição em larga escala de poucas variedades de sementes comerciais entre agricultores familiares e comunidades tradicionais. Devem valorizar especialmente a diversidade de espécies e variedades crioulas importantes para a segurança alimentar e nutricional, bem como o papel e o trabalho das guardiãs e guardiões de sementes.
Dinheiro público não deve ser usado para compra de sementes transgênicas. Zonas livres de transgênicos devem ser criadas como estratégia para a conservação de recursos genéticos locais, especialmente nas áreas indígenas e quilombolas e em regiões de forte presença da agricultura familiar e de outras comunidades tradicionais. Os bancos de germoplasma públicos devem ser colocados a serviço dos agricultores familiares, povos indígenas e comunidades tradicionais, e o acesso aos materiais conservados ex situ deve ser democratizado.
Instituições públicas de pesquisa como a Embrapa devem formar e contratar pesquisadores para trabalhar com metodologias participativas e desenvolver programas de melhoramento genético participativo, levando em consideração critérios de seleção identificados pelas comunidades agricultoras. Instituições de ensino devem incluir disciplinas sobre manejo comunitário e conservação in situ/on farm dos recursos genéticos nos cursos técnicos e de agronomia. Devem ser fortalecidas as redes e as parcerias entre ONGs, organizações de agricultores, instituições de Ater e instituições governamentais. O governo federal deve capacitar executores do Pronaf, gerentes de banco, técnicos avaliadores do Seguro da Agricultura Familiar (Seaf) e outros gestores públicos a r espeito das mudanças introduzidas na legislação de sementes a partir de 2003, de modo que não sejam impostas restrições indevidas à utilização de sementes crioulas por agricultores familiares. A Funai deve alinhar suas ações em Terras Indígenas com as diretrizes da PNAPO, visando a soberania dos índios sobre suas sementes. O Fundo Clima deve também avançar na perspectiva da valorização das sementes crioulas e do fortalecimento das estratégias comunitárias e regionais de conservação de recursos genéticos locais, na perspectiva da adaptação aos efeitos das mudanças climáticas.
Rechaçamos ainda as iniciativas legislativas que imponham restrição ao livre uso das sementes crioulas, como o PL 2325/2007, e o PL 268/2007 que autoriza a produção e a comercialização de sementes transgênicas terminator, ou seja, aquelas portadoras de Tecnologias Genéticas de Restrição de Uso.
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Neste número:
1. Governo declara estado de emergência contra lagarta em áreas do MA
2. Justiça gaúcha autoriza liberação do paraquat no Rio Grande do Sul
3. Dossiê mostra que perímetros irrigados violam direitos de comunidades rurais
4. Novidades: Milho na Cerveja
5. Indústrias criam nova organização para promover a biotecnologia no Brasil
A alternativa agroecológica
Seminário temático do III ENA cria coletivo nacional de agricultura urbana
Eventos:
– II Mostra da Agrobiodiversidade de Tenente Portela – RS
Sabores e Saberes da Nossa Terra – 05 de junho de 2014, na Praça do Índio – Tenente Portela – RS.
– XI Festa Regional das Sementes – São Jorge D’Oeste – PR
Sementes crioulas: produzir, multiplicar e partilhar – 05 de junho de 2014, no Clube dos Idosos – São Jorge D’Oeste – PR.
– Lançamento do filme “O Veneno Está na Mesa 2”, em 04 de junho de 2014, e Feira Agroecológica de Saberes e Sabores, em 04 e 05 de junho de 2014 – Fiocruz – Rio de Janeiro, RJ
Após a exibição do filme, em 04 de junho de 2014 às 08:30h, haverá uma mesa redonda com a participação do cineasta Silvio Tendler.
Dica de fonte de informação:
“Transgênicos e agrotóxicos. Tudo a ver?”, entrevista com Alan Tygel, membro da Cooperativa Educação, Informação e Tecnologia para Autogestão – EITA e da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida
“O aumento do uso de agrotóxicos no Brasil está intimamente ligado à liberação dos transgênicos no país no ano 2000 e há um aumento gradativo do número de culturas aprovadas e da área plantada de transgênicos. Os transgênicos são – a grande maioria – plantas geneticamente modificadas para poderem ser resistentes aos agrotóxicos. Então, uma coisa não consegue ser descolada da outra. Você aumenta a plantação de transgênico e consequentemente aumenta o uso de agrotóxico, porque o transgênico é feito para isso. No início dos transgênicos, havia uma falsa propaganda de que eles iriam acabar reduzindo o uso de agrotóxicos e aumentar a produtividade, mas não aconteceu nem uma coisa nem outra.
O que vemos hoje é o aumento de plantas resistentes dentro das plantações de agrotóxicos, a contaminação do meio ambiente, porque não se consegue isolar os transgênicos e, principalmente aí, há uma dominação do mercado, que transformou os transgênicos não em uma possibilidade de escolha para o agricultor, mas sim numa imposição.”
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1. Governo declara estado de emergência contra lagarta em áreas do MA
O Ministério da Agricultura publicou hoje [16/05] portaria no Diário Oficial da União na qual resolve declarar estado de emergência fitossanitária relativo ao risco de surto da lagarta Helicoverpa armigera nas mesorregiões leste e sul do Estado do Maranhão. A praga provocou prejuízo bilionário aos agricultores, principalmente de soja, na safra passada 2012/13.
O estado de emergência, que tem duração de um ano, possibilitará aos produtores maranhenses importar e usar defensivos agrícolas à base do princípio ativo benzoato de emamectina, ainda não registrados no Brasil, desde que sigam regras determinadas pelo governo, conforme portaria do dia 15 de janeiro deste ano. Eles devem adotar medidas para o manejo integrado da lagarta, como vazio sanitário, áreas de refúgio e destruição de restos das lavouras.
G1 (da Agencia Estado), 16/05/2014
N.E.: A explosão populacional da lagarta Helicoverpa tem sido recorrentemente associada à expansão das lavouras de milho transgênico do tipo Bt, tóxico a insetos. Em novembro de 2013 o Congresso Nacional alterou a legislação de agrotóxicos e permitiu a autorização emergencial de produtos não avaliados e nem aprovados no país. Ato contínuo, o governo autorizou a importação do herbicida benzoato de amamectina para o combate à Helicoverpa. O uso do benzoado já foi impedido em alguns estados por ação do Ministério Público.
2. Justiça gaúcha autoriza liberação do paraquat no Rio Grande do Sul
O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul concedeu liminar autorizando a empresa alemã Helm a comercializar o herbicida paraquat no estado gaúcho. Desde 2011, a utilização do ingrediente ativo não era aceita no cadastro do Estado. A substância é usada para controlar ervas daninhas como buva e capim amargoso, que hoje são resistentes ao glifosato.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), junto com o IBAMA e o Ministério da Agricultura (Mapa) é quem autoriza a utilização do herbicida em todo o Brasil, porém a Fundação Estadual de Proteção Ambiental do RS (Fepam) tentava barrar o ingrediente ativo ao alegar que o produto trazia riscos à saúde humana. Usava como subsídio notícias isoladas de países como Guatemala e Costa Risca.
No entanto, a banca de advogados Deboni, Rizzo & Sponton, que defende a indústria alemã, comprovou que a Fepam não tem competência para proibir a comercialização e a distribuição de produtos autorizados em âmbito federal.
A liminar será publicada no Diário da Justiça RS nesta quinta-feira. Com isso, mais de 1,5 mil revendedoras de defensivos agrícolas [agrotóxicos] do Rio Grande do Sul poderão comercializar o paraquat da Helm para os produtores de diversas culturas como soja, trigo, milho e até uva. (…)
A Fepam ainda pode recorrer da decisão. (…)
Agrolink, 21/05/2014
3. Dossiê mostra que perímetros irrigados violam direitos de comunidades rurais
Pesquisa inédita coordenada pela Universidade Federal do Ceará (UFC), apresentada no último dia 17, durante o III Encontro Nacional de Agroecologia (III ENA) mostra que as expectativas para o futuro não são nada animadoras
A segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) prevê vultosos recursos – R$ 6,9 bilhões – para a expansão dos perímetros irrigados no semiárido. A princípio, a notícia foi muito comemorada, já que significa dobrar a área existente hoje. Atualmente, são 193.137 hectares irrigados no semiárido e, com os novos projetos, novos 200 mil hectares estão previstos. Uma pesquisa inédita coordenada pela Universidade Federal do Ceará (UFC) mostra, porém, que as expectativas para o futuro não são nada animadoras. Em outras regiões brasileiras, as extensas áreas irrigadas artificialmente são responsáveis por violações de direitos humanos e expansão do agronegócio. As consequências mais graves são a expulsã o dos pequenos agricultores e contaminação por agrotóxicos.
Exames médicos feitos em 545 trabalhadores de regiões próximas a cinco perímetros – dois no Rio Grande do Norte e três no Ceará -, realizados ao longo de um ano e meio, apontam que 30,3% apresentavam intoxicação aguda. Mais: a prevalência de câncer é 38% maior entre os agricultores que moram em perímetros irrigados, em decorrência da chegada de grandes empresas do agronegócio, com uso intensivo de agrotóxicos. (…)
O dossiê “Perímetros Irrigados: 40 anos de violação de direitos no semiárido” (http://dossieperimetrosirrigados.net/), é resultado do trabalho de 23 pesquisadores de diversas áreas, entre elas Geografia, História, Direito, Meio Ambiente e Saúde. Além da UFC, participaram do estudo pesquisadores da Universidade Estadual do Ceará e da Universidade Estadual Vale do Acaraú, também naquele estado. Contribuíram ainda a Universidade Federal do Rio Grande do Norte e a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.
“Os perímetros irrigados vêm evoluindo no sentido claro de ser um espaço geopolítico do capital no semiárido. Se, em um pedaço pequeno de terra, como o Jaguaribe-Apodi, a gente já vê um estrago enorme, imagina em 400 mil hectares?”, questionou a médica Raquel Rigotto, professora da Universidade Federal do Ceará (UFCE), que concedeu entrevista durante o III Encontro Nacional de Agroecologia, em Juazeiro, na Bahia. (…)
Violação de direitos
Os camponeses denunciam graves violações de direitos humanos nos territórios que já convivem com esta tecnologia e afirmam que as áreas de perímetro irrigado facilitam a ocupação de terras por parte de empresas nacionais e transnacionais do agronegócio que, a partir da exploração dos recursos naturais e da mão de obra local, cultivam commodities para exportação. Este modelo de agricultura vai na contramão das práticas agroecológicas adotadas pelos pequenos agricultores da região, o que significa diversidade de cultivos, respeito ao ciclo natural de produção, trabalho digno e a administração de pragas sem uso de agrotóxicos, entre outras características.
A conclusão do estudo, que tem como bases casos sobre os perímetros Baixo Acaraú, Baixo-Açú, Jaguaribe-Apodi, Santa Cruz do Apodi e Tabuleiro de Russas, é que há violação de sete direitos das comunidades: direito à terra, à água, ao meio ambiente, ao trabalho digno, à saúde, à cultura e à participação política.
De 24 amostras de água coletadas de poços profundos para o dossiê de Perímetros Irrigados, todas estavam contaminadas. Em uma delas, foi detectada contaminação por dez princípios ativos diferentes. Os exames médicos feitos em moradores levaram em conta os critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS), ou seja, se o paciente apresentar três ou mais sintomas 72 horas após a exposição ao agente químico, a intoxicação é considerada provável.
O mais preocupante, segundo a professora Raquel Rigotto, é que 56,5% desses trabalhadores não procuravam assistência médica. Eles se acostumam a sentir sintomas como náuseas, dor de cabeça, pruridos na pele. Aos poucos, forma-se uma intoxicação crônica que pode levar à morte. Uma vitória recente do movimento local foi exatamente o reconhecimento de uma morte por intoxicação por agrotóxicos na região de Limoeiro do Norte, no Ceará. A empresa Belmonte pagará R$ 330 mil de indenização à família de um trabalhador.
Além da ameaça à saúde, a professora critica outras consequências da implantação de perímetros irrigados, como a desapropriação de terras para a construção de algumas dessas estruturas. (…)
ANA – Articulação Nacional de Agroecologia (por Camila Nóbrega – Comunicação do III Ena, com informações de Anna Beatriz Anjos – Revista Fórum e Mariana Branco – Agência Brasil), 18/05/2014
4. Novidades: Milho na Cerveja
Primeiramente, agradecemos a todos vocês pelo grande sucesso da campanha Milho Transgênico na Cerveja. Atingimos, em poucas semanas, até o momento, mais de 22 mil assinaturas. E é com muita alegria que compartilhamos alguns dos desdobramentos de toda essa ação.
Na semana depois do lançamento do abaixo-assinado, a Revista Fórum questionou as cervejarias sobre o uso do milho transgênico, e a Ambev respondeu negando o uso do milho transgênico. Veja a resposta delas aqui.
Porém a nossa campanha já gerou ações postitivas! Em notícia publicada em 03 de maio de 2014, no portal globo.com, o Procon do Estado do Rio de Janeiro autuou as principais cervejarias da região (companhi a de Bebida das Américas – Ambev, a Cervejaria Kaiser do Brasil, a Brasil Kirin Indústria de Bebidas e a Cervejaria Petrópolis) para que divulguem nos rótulos das cervejas o teor de milho ou outros cereais não maltados em suas composições.
No entanto, não podemos ficar desatentos! Neste mesmo período após o lançamento da petição também foi retomada a discussão do PL Heinze (Projeto de Lei 4.148 de 2008), que prevê o fim da rotulagem de transgênicos. Felizmente conseguimos nos articular para que não fosse adiante.
Tudo isso nos mostra que estamos incomodando e pressionando para que este cenário mude. E o mais importante: ainda estamos esperando um pronunciamento da Ambev em resposta à nossa campanha dizendo se ela utiliza milho transgênico em sua produção ou não! Nos ajude a continuar cobrando, divulgue a campanha!
Compartilhe este link: www.change.org/milhonacerveja
Continuaremos atentas e atualizando vocês que nos apoiaram para garantir mais transparência e respeito com os consumidores.
Change.org, 16/05/2014
5. Indústrias criam nova organização para promover a biotecnologia no Brasil
Grupo propõe “atualização da legislação vigente” e “aperfeiçoamento” dos mecanismos de patentes
Lançamento da Associação contou com presença do presidente do BNDES
Foi lançada nesta terça-feira (29/04) a Associação Brasileira de Biotecnologia Industrial (ABBI) que irá representar empresas e instituições de diversos setores da economia que empregam ou desenvolvem processos produtivos que utilizam organismos vivos, modificados ou não, e seus derivados. Um dos principais objetivos da ABBI é contribuir nas discussões para o avanço da biotecnologia no país. A ABBI tem como membros fundadores Amyris, Basf, BioChemtex, BP, CTC, Dow, DSM, DuPont, GranBio, Novozymes, Raízen e Rhodia. A ABBI quer discutir o aperfeiçoamento do marco regulatório da biotecnologia no Brasil e propor a atualização da legislação vigente para que ela se adeque aos avanços científicos ocorridos nos últimos anos. Mecanismos de patentes para produtos e processos biotecnológicos também precisam ser aperfeiçoados. Investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação devem ser ampliados, assim como a melhoria na qualificação e capacitação de mão-de-obra especializada e na infraestrutura laboratorial do país. “A organização da ABBI é importante para o governo pois é um interlocutor confiável na formulação coerente de uma agenda positiva, com propostas para o avanço das empresas e da tecnologia”, disse o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, no evento de lançamento da Associação.
MBF Agribusiness, 29/04/2014
A alternativa agroecológica
Seminário temático do III ENA cria coletivo nacional de agricultura urbana
Grupo vai fortalecer debate da agricultura urbana em âmbito federal
Com a presença de representantes de diversas regiões do país, o seminário temático sobre agricultura urbana decidiu criar um coletivo nacional para articular as iniciativas da sociedade civil e debater a construção da política pública federal sobre o tema. O encontro aconteceu na manhã deste domingo (17/05) no III Encontro Nacional de Agroecologia, que discutiu também as especificidades e a importância da produção agroecológica nas cidades.
“A agricultura urbana não é uma simples transposição da realidade rural para cidade. No contexto urbano é reinventada, é transformada e cumpre outras funções”, disse Daniela Almeida, do Grupo de Estudo de Agricultura Urbana da UFMG – AUÊ! e da Articulação Metropolitana de Agricultura Urbana de Belo Horizonte.
A falta de apoio federal às iniciativas agroecológicas em áreas urbanas foi alvo de duras críticas das delegações de todo país. O Ministério do Desenvolvimento Social, que já teve uma dotação orçamentária vinculada à Secretaria de Segurança Alimentar de R$10 milhões, cortou o recurso no ano passado sem um anúncio oficial ou justificativa pública. O corte se manteve para 2014.
“Nós fomos surpreendidos. A explicação que deram é que foi feita uma avaliação interna que concluiu que os projetos financiados tinham sido mal-sucedidos. Ou seja, se atribui o corte a um problema de operacionalização da gestão da política, que a gente já tinha anunciado que seria problemática da forma proposta. Não foi nossa a decisão desse modelo, mas sim do próprio Ministério”, lamenta Daniela.
Conflitos, resistências e iniciativas de difusão da agricultura urbana
Um grande mapa do Brasil foi colocado no centro da roda e sendo preenchido a partir do relato dos presentes. Muitas falas questionaram as iniciativas oficiais de horta urbana que não dialogam com os movimentos agroecológicos existentes. “A gente quer ocupar o lugar de construir política, e só se constrói política pública pressionando. Se ela é dada a gente não absorve”, disse Bernardete Montesano, da Rede Carioca de Agricultura Urbana.
Francisco Caldeira, do bairro de Vargem Grande, sintetizou o sentimento dos agricultores da cidade da Copa do Mundo e das Olimpíadas: “O Rio de Janeiro é onde tudo é proibido, mas quase tudo permitido”, disse ele. Francisco, junto com outros agricultores, sofre com o avanço da especulação imobiliária e a criminalização de famílias camponesas e quilombolas que vivem e produzem no entorno do Parque Estadual da Pedra Branca. A Zona Oeste é responsável pela maior parte da produção de alimentos do Rio de Janeiro, apesar de ser considerada área urbana pelo plano diretor.
Já na região metropolitana de Belo Horizonte, o agricultor Antônio Ribeiro, do município de Nova União, tem missão importante: guardar as sementes crioulas, mais resistentes e livres de modificações genéticas. “Nós levamos as sementes nos encontros para troca, passamos a quem interessa e pegamos de outras pessoas também”, disse o produtor, que tem prazer em ver as sementes germinarem. “A alegria da gente é saber que a semente é um germe de vida e que depois vai gerar outras vidas”, completou.
O representante de São Paulo, Andre Biazoti, contou como as redes sociais têm ajudado a fazer a cabeça dos moradores da maior região metropolitana do país para a agroecologia. “O nosso foco é pedagógico e comunicativo, de fazer um movimento forte de pessoas urbanas revalorizando o campo”, disse ele, que faz parte do Hortelões Urbanos, grupo que já tem mais de 10 mil membros no Facebook e 30 hortas espalhadas pela cidade. Eles querem agora encurtar o elo entre produtores e consumidores através da criação de grupos de consumo.
A criação de coletivo nacional pode ajudar André nesse objetivo. “As organizações aprendem muito umas com as outras, numa dinâmica de construção do conhecimento agroecológico. Mas isso tem que mudar de escala agora e envolver outros atores”, finalizou Daniela.
ANA – Articulação Nacional de Agroecologia (por Por Renato Cosentino), 19/05/2014
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Campanha Brasil Ecológico, Livre de Transgênicos e Agrotóxicos
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