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POR UM BRASIL LIVRE DE TRANSGÊNICOS
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Car@s Amig@s.
Está ficando cada vez mais evidente que a rejeição dos europeus aos produtos transgênicos tem forçado uma redefinição nas estratégias de mercado. O reconhecimento desta tendência já se nota em vário países como Argentina, Japão e até no Brasil. A vigilância da sociedade civil sobre as decisões tomadas pelos organismos públicos em relação aos transgênicos vem aumentando e, até a Environmental Protection Agency e a Food and Drugs Administration dos EUAs têm sido questionados.
Empresas como a Sun Vally e a Tesco, do Reino Unido, e a Frito Lay, filial da Pepsi, estão revendo suas estratégias e dizendo não aos transgênicos.
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Nesta edição:
1. Argentina enfrenta dificuldades para exportar soja transgênica
2. Alemanha proíbe milho transgênico
3. Opinião: Clovis Terra Wetzel Engenheiro agrônomo, PhD. em tecnologia de sementes “A conversa fiada sobre os transgênicos”
4. Rio Grande do Sul vai recorrer contra a liberação de testes
5. Repercussão do acordo de Montreal
6. Denúncia: Ovelhas geneticamente modificadas na Nova Zelândia
7. Balanço sobre a atuação das multis da biotecnologia
8. Mais rejeição aos OGMs na Grã Bretanha, mais oportunidade de comércio para o Brasil
9. Rejeição II
10. Rejeição III
11. A ética da Monsanto
12. Agência de Proteção Ambiental (EPA)/EUA sob suspeita
13. Mais acusações contra a EPA
14. Lançamento de livro sobre transgênicos
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1. Argentina enfrenta dificuldades para exportar soja transgênica
Os agricultores argentinos foram rápidos em aderir à soja geneticamente modificada, mas agora as exportações do país podem ser comprometidas devido à crescente rejeição aos produtos transgênicos.
A área cultivada com soja transgênica no país é estimada entre 70% e 90%. Emiliano Ezcura, coordenador da campanha do Greenpeace contra os transgênicos na Argentina, diz que não existe separação entre as lavouras convencionais e as geneticamente modificadas. Os críticos dizem que a atual política de aumento do plantio da soja transgênica denota pouca visão e é potencialmente desastrosa para o setor.
Algumas indústrias alimentícias européias e norte-americanas, sentindo a mudança no mercado, começaram a exigir de seus fornecedores grãos convencionais, oferecendo preços mais altos por este tipo de produto. Mesmo os maiores defensores dos transgênicos reconhecem que, embora a ciência esteja ao seu lado, foram derrotados pela opinião pública.
Alberto Rodríguez, diretor da Câmara Argentina dos Produtores de Óleo, diz que os principais mercados da soja são Índia, China e América Latina, onde há pouca preocupação sobre os transgênicos. No entanto, em 1999 cerca de 40% da soja e mais de 60% dos “pellets” argentinos foram para a Europa. Se o país perder os mercados europeus, os “agricultores argentinos se verão às voltas com um excedente que não poderá ser vendido no mercado mundial”, diz um corretor.
A tendência na Europa, e cada vez mais no Japão, é de que os produtos sejam rotulados, permitindo ao consumidor decidir se quer ou não alimentos fabricados com produtos transgênicos.
Associated Press/Dow Jones Gazeta Mercantil, 21/02/00
2. Alemanha proíbe milho transgênico
O governo alemão não permitirá mais o plantio e a venda do milho geneticamente modificado da Novartis AG, segundo o jornal suíço “Tages-Anzeiger”, citando o ministro da Saúde alemão, Andrea Fischer. Baseado em estudos, Fischer disse que o milho Bt prejudica moscas e borboletas e reduz a eficácia de antibióticos no ser humano.
A suíça Novartis, terceira maior indústria farmacêutica do mundo, cultiva o milho Bt na Alemanha há três anos e lamentou a decisão, considerando-a um “grande retrocesso” nas pesquisas com o milho Bt.
Em janeiro, o governo suíço anunciou que conduzirá pesquisas próprias de produtos geneticamente modificados e pretende responsabilizar as empresas que os fabricam por qualquer dano causado.
Bloomberg News Gazeta Mercantil, 18/02/00
3. Opinião: Clovis Terra Wetzel Engenheiro agrônomo, PhD. em tecnologia de sementes “A conversa fiada sobre os transgênicos”
Basta ver o que a mídia veiculou no ano passado e neste início de ano para verificar que o assunto biotecnologia na agricultura está esgotado. Não há nada de novo: dados e informações as mais diversas continuam a ser apresentados de diferentes maneiras, mas os números diferem com freqüência. Questões como efeitos dos alimentos trangênicos na saúde das pessoas e males sobre o meio ambiente provocados por plantas geneticamente modificadas não aparecem de forma conclusiva. Nem em países onde estão sendo plantadas grandes áreas com sementes transgênicas Estados Unidos, Canadá, China, Argentina há consenso sobre essas questões.
Não são divulgados aumentos que estejam consagrados de rendimento por unidade de área plantada com as transgênicas. Resta saber qual é, de fato, a redução do custo da produção agrícola com o uso de sementes transgênicas, ainda que os agricultores estejam pagando até 5,4 vezes mais do que pelas sementes normais, na China, para o caso de algodão.
Os números sobre redução do custo agrícola divulgados pelas imprensas norte-americana e brasileira são quase sempre reproduções de pessoas dos mais variados setores que não revelam como chegaram aos dados. A base de cálculo dessas informações é ignorada.
Persiste a polêmica a respeito dos alimentos transgênicos e geneticamente modificados as duas faces da mesma moeda por falta de números e informações que não deixem dúvidas.
No Brasil, as sementes transgênicas de soja continuam proibidas, mas nem por isso a produtividade das lavouras deixa de crescer, graças, até agora, às cultivares não-transgênicas, desenvolvidas pela pesquisa pública.
Gazeta Mercantil, 21/02/00
Nota da Redação: Esta seção “Opiniões” tem sido publicada visando abrir o leque das discussões em curso. Ressaltamos que as opiniões aqui publicadas não refletem necessariamente a posição do boletim.
4. Rio Grande do Sul vai recorrer contra a liberação de testes
O governo gaúcho anunciou ontem que vai recorrer contra a permissão de continuidade do experimento de milho transgênico, desenvolvido no município de Coxilha no início de 1999.
Na liberação definida na última quarta-feira pela 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça prevaleceu a tese de que o Estado não tem competência de legislar sobre a matéria.
O secretário da Agricultura, José Hermeto Hoffmann, se mostrou irredutível: “Como o plantio só deve ser iniciado na primavera, temos tempo para derrubar esta decisão”.
Zero Hora, 19/02/00
5. Repercussão do acordo de Montreal
A Comissão Européia manifestou sua satisfação com o acordo sobre o Protocolo da Biossegurança, alcançado em Montreal, lembrando que o “princípio da precaução está fortemente ancorado no texto”.
“É a primeira vez que se chega a um acordo sobre organismos geneticamente modificados (OGMs)”, diz um comunicado da comissária para o Meio Ambiente, Margot Wallstrom. “O acordo de Montreal foi um resultado muito bom”. Wallstrom diz que a delegação européia gostaria de um texto mais ambicioso, mas deixa claro que o acordo final “reflete as preocupações da União Européia”.
Segundo a comissária, as negociações se concentraram na compatibilização do texto com as regras da Organização Mundial de Comércio (OMC) e, em particular, que as reservas baseadas em critérios de segurança biológica não representam obstáculos ao livre comércio. O Protocolo de Montreal vai disciplinar o comércio internacional de produtos transgênicos, submetendo-o às reservas de alguns países que alegarem falta de provas suficientes sobre segurança para o meio ambiente e a saúde
Jornal do Brasil, 01/02/00
6.Denúncia: Ovelhas geneticamente modificadas na Nova Zelândia
A deputada Sue Kedgley, do Partido Verde da Nova Zelândia, denunciou que 10.000 ovelhas geneticamente modificadas para produzir leite com proteínas, vivem em uma fazenda em Waikato. As ovelhas fazem parte de um teste da empresa PPL Therapeutics, visando a utilização do leite com fins farmacêuticos. A deputada disse que se a Nova Zelândia quer ser coerente com o acordo firmado em Montreal não deve permitir que multinacionais usem o país como laboratório para a engenharia genética comercial.
Jornal do Brasil, 01/02/00
7. Balanço sobre a atuação das multis da biotecnologia
O Wall Street Journal de 21/12/99 publicou coletânea de matérias sobre os problemas que as multinacionais passaram a enfrentar em 1999. Após fazer um histórico da evolução das multis, concluiu:
Com a controvérsia sobre os OGMs se espalhando pelo mundo e prejudicando as ações destas nas bolsas, é difícil ver-se estas companhias como uma bom negócio, apresentando uma pequena lista de razões que explicam o porque estas empresas se encontram diante de sérios problemas, a saber:
– Uma ação legal contra o U.S. Food and Drugs Administration (FDA) obrigou a liberação de documentos do governo que mostram que os cientistas da própria FDA já haviam expressado sérias dúvidas sobre a segurança dos alimentos geneticamente modificados mesmo quando a agência norte-americana declarava publicamente que tais alimentos eram “substancialmente equivalentes” aos produzidos tradicionalmente. A partir destes documentos, fica claro que a integridade científica do órgão regulador americano acabou por se comprometer com intenções políticas a fim de providenciar um “fast track” para a rápida disseminação em larga escala dos alimentos geneticamente modificados.
New York Times,01/12/99
– As companhias de seguro têm-se, sistematicamente, recusado a fazer apólices cobrindo a responsabilidade de danos causados por OGMs. Steven Suppan, diretor de pesquisa do Institute for Agriculture and Trade Policy (IATP) em Minneapolis, afirmou: “Vale a pena perguntar-se sobre que tipo de sistema regulatório aprova para comercialização uma tecnologia cujos riscos são ainda desconhecidos e que os produtos desta mesma tecnologia não foram objeto de seguros? Uma resposta intuitiva é que a rejeição sugere que o “agrobusiness” dos EUA e o governo do país têm menos confiança do que é proclamado publicamente sobre a segurança dos produtos.
Documento não publicado do “National Summit on the Hazard of Genetically Engineered Foods” em 17/06/99
– Um crescente volume de publicações começou a mostrar que OGMs estão criando novos problemas ambientais para os produtores agrícolas, e que as safras de OGMs estão exacerbando os já sérios problemas dos produtores.
Esta literatura sumarizada por Charles M. Benbrock pode ser encontrada no seguinte
Endereço: http://www.pmac.net
8. Mais rejeição aos OGMs na Grã Bretanha, mais oportunidade de comércio para o Brasil
O mais importante criador de frangos britânico, Sun Valley, filial da Cargill, afirmou que não utilizará mais a soja OGM para a alimentação de suas aves. Esta firma, que era o maior mercado para a soja da Monsanto na Europa, tinha como principais clientes Mc Donalds, Marks & Spencers, Sainburys & Iceland. Segundo o Greenpeace, a decisão da Sun Valley terá, necessariamente conseqüências para as fontes de abastecimento da Cargill que poderá ser obrigada a efetuar suas compras de soja no Brasil, pois somente uma pequena parte da soja cultivada nos EUA não são geneticamente modificada.
AgriOnline,02/02/00
9. Rejeição II
A Tesco, um dos mais importantes varejistas do Reino Unido, enviou mensagem aos seus principais fornecedores, Cargill e ADM, para informar-lhes de sua intenção de obter “uma eliminação completa dos ingredientes geneticamente modificados da ração animal”. A Tesco enviou delegações ao Brasil e à América do Norte para planejar seu abastecimento a partir de alimentos não transgênicos.
The Toronto Star, 24/12/99
10. Rejeição III
A número 1 dos biscoitos aperitivos (salgadinhos), Frito Lay, filial da Pepsi, pediu a seus fornecedores para não mais cultivarem milho transgênico.
Associated Press, 02/02/00
11. A ética da Monsanto
A Monsanto financiou uma centena de membros de uma igreja batista (the Mount Lebanon Baptist Church of Washington) para participar de uma contra manifestação. Estes membros cercaram os militantes anti-OGM e gritavam palavras de ordem tais como: “As biotecnologias salvam as crianças”, ou ainda “A biotecnologia gera empregos”. Entretanto, Terry Wade, porta voz da empresa Burson-Masteller, desmentiu: “Nós pagamos a refeição e o ônibus, mas não para que manifestassem”. A Monsanto havia pedido a esta empresa que fizesse contato com pessoas favoráveis a biotecnologia.
International Herald Tribune, 09/12/99
12. Agência de Proteção Ambiental (EPA) /EUA sob suspeita
Em fevereiro de 1999, o Greenpeace e uma coligação de mais 70 outros reclamantes, inclusive o Center for Food Safety e a Federation Internationale de l’Agriculture Biologique entraram na justiça contra a Environmental Protection Agency (EPA) acusando-a de ser responsável pela destruição do mais importante biopesticida natural, o Bt. Alguns cientistas haviam estimado que era possível que uma tolerância se produzisse dentro de 3 a 4 anos. O milho Bt, transgênico, seria também responsável pela morte de larvas da borboleta monarca. A Corte acaba de considerar a EPA como responsável pela decisão de legalizar as plantações de OGMs. O Juiz Louis F. Oberdorfer da Corte do Distrito Federal de Washington ordenou a Agência a responder às acusações dentro de 2 meses. Além disso, a rejeição ao milho transgênico Bt pelos consumidores teria causado aos agricultores americanos uma perda de mais de 200 milhões de dólares em exportações.
Comunicado de Imprensa do Greenpeace,19/01/00
13. Mais acusações contra a EPA
O Greenpeace acusa a EPA de ameaçar a saúde pública dando sua aprovação para a disseminação da bactéria transgênica Rhizobium meliloti. Em 1997, a EPA aprovou uma cepa geneticamente modificada da bactéria Rhizobium meliloti, RMBPC-2 contra a opinião de 5 dos 6 cientistas do conselho científico sobre biotecnologia da EPA (Biotechnology Scientific advesory Committee BSAC).
Um dos membros, o Dr. Conrad Istock pediu demissão para protestar contra a decisão. Pouco depois dessa demissão, foram os cientistas da EPA que publicaram um relatório criticando esta autorização.
Inf’OGM nº 5
14. Lançamento de livro sobre transgênicos
As bancadas do PT na Câmara e no Senado vão lançar um livro que traz os debates realizados no Seminário Internacional sobre Biodiversidade e Transgênicos. O lançamento do livro está previsto para depois do carnaval.
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