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POR UM BRASIL LIVRE DE TRANSGÊNICOS
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Número 155 – 17 de abril de 2003
Car@s Amig@s,
Rio Grande do Sul não rotula e soja modificada é vendida sem identificação. Santa Catarina e Paraná vão destruir produto contaminado, com medo de perder mercados
Descontrole no Rio Grande do Sul e fechamento das fronteiras em Santa Catarina e no Paraná. É nesse caos que se encontra o mercado de soja nos estados da região sul desde que a Medida Provisória 113 liberou a comercialização no Brasil da safra de soja contaminada por organismos geneticamente modificados (OGMs).
“A safra está sendo vendida como se não houvesse MP”, avalia Carlos Cogo, da Cogo Consultoria Agronômica (Gazeta Mercantil, 15/04/03), que reconhece: “podem haver problemas quando embarques de soja transgênica chegarem a países que não aceitam esta tecnologia”.
Carlos Sperotto, presidente da Federação da Agricultura do RS (Farsul) reforça a informação: “A Instrução Normativa (do Ministério da Agricultura) é muito clara: a rotulagem é só para o não transgênico”, afirma Sperotto, que foi um dos principais articuladores do lobby pró-liberação da safra, juntamente com o governador gaúcho Germano Rigotto.
É claro que a “interpretação” que Sperotto faz da nova medida é de má fé: a MP 113 determina claramente que toda a soja transgênica cultivada ilegalmente no País e seus derivados deverão ser rotulados como transgênicos. A medida também determina que os produtores que quiserem podem certificar sua soja como não-transgênica, desde que o índice de contaminação do produto seja zero. Como já se disse, “uma coisa é uma coisa, outra coisa… é outra coisa”.
Não concordam com a Farsul os governos e os produtores do Paraná e de Santa Catarina. Neste último, existe inclusive uma lei (12.128/02) que regula a entrada de empresas nacionais e estrangeiras para desenvolver pesquisas e experiências nas áreas de biotecnologia e engenharia genética.
Em Santa Catarina, “representantes do Ministério Público, do Ministério do Meio Ambiente, da Companhia Integrada para o Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), da Secretaria da Agricultura e do Conselho Técnico de Biosegurança discutem a criação de uma barreira sanitária para conter o avanço dos transgênicos no Estado” (Diário Catarinense, semana de 07 a 13 de abril de 2003). O controle seguiria o sistema que inibiu a entrada de gado bovino com febre aftosa entre 2000 e 2001 no Estado.
Segundo Aldair Kozuchovski, diretor de planejamento da Cidasc, um caminhão que parta do Rio Grande do Sul carregado de soja transgênica com destino a São Paulo poderá passar por Santa Catarina sem ser barrado, mas será lacrado (Folha de São Paulo, 15/04/2003).
A posição do governo catarinense reflete a postura do mercado, como relata o mesmo Diário Catarinense, página 20: “A Cooperativa Regional Alfa (Cooperalfa) e agroindústrias como a Sadia decidiram não receber transgênicos.”
O vice-presidente da Cooperalfa, Romeu Bet, destacou que não há condições de receber separadamente a soja convencional e a soja transgênica. Por isso, estão sendo realizados testes no campo e nos armazéns, com kits importados dos Estados Unidos. As cargas com organismos geneticamente modificados estão sendo devolvidas.” A empresa Sadia, cujo controle acionário pertence à família de Luiz Furlan, Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, testa grãos e farelos de soja, em virtude de contratos firmados de exportação garantindo ausência de OGMs. Esta é a mesma posição da Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina.
Caminhões proibidos no PR
A situação se repete no Estado vizinho: “O Paraná vai proibir por decreto que caminhões carregando soja transgênica e seus derivados passem pelo Estado. Barreiras nas estradas exigirão que os motoristas apresentem certificado de que os alimentos transportados não são modificados geneticamente. A decisão do PR decorre da autorização dada por Lula para a comercialização da safra 2002/3 de soja transgênica do RS. Os produtores paranaenses temem contaminação e a perda do diferencial de sua “safra limpa”, que lhes garante melhores preços na venda para a Europa” (Folha de São Paulo, 17/04/03) .
Os paranaenses prometem ser irredutíveis. “Se a tendência for liberar a comercialização, vamos fechar as fronteiras do Estado para estes produtos”, avisa o diretor do Defis (Departamento de Fiscalização e Defesa Agropecuária), Felisberto Queiroz Baptista (O Estado do Paraná, semana de 24 a 29 de março de 2003).
Pela legislação vigente no Estado, o produtor encontrado com transgênicos está sujeito a multa de R$ 3 mil a R$ 5 mil, além de responder a processo judicial e ter a produção apreendida e destruída. No ano passado, vários produtores foram autuados. O Ministério Público determinou a destruição da soja transgênica apreendida e, segundo Baptista, a queima será feita independentemente da solução que o governo federal adotar em relação à soja gaúcha modificada.
Ele também informou que, em 2002, o governo estadual testou 80 mil amostras de sementes para verificar presença de transgênicos e todas apresentaram resultado negativo. As sementes foram utilizadas em 95% da área plantada de soja no Estado.
“Não podemos permitir que o que se faz aqui com tanta qualidade para atender um nicho de mercado seja contaminado pela ação criminosa de outros”, afirma o secretário da Agricultura, Orlando Pessuti. “Nossos produtores precisam de condições para atender as exigências do grande mercado importador, principalmente a União Européia, que demanda produtos convencionais”.
A Federação da Agricultura do Paraná (Faep) observa (O Estado do PR, mesma edição) que mais de 70% da soja produzida no Brasil são exportados e que, desse total, 70% vão para países que não aceitam a soja transgênica, sendo a União Européia e o Japão os principais mercados. “A China vai exigir certificação a partir de setembro”, cita Carlos Augusto Albuquerque, da Faep. “Metade da soja que o País produz vai para países que não querem transgênicos. A outra metade é consumida no País ou em países que aceitam qualquer tipo. Só que a soja convencional já recebe um prêmio de U$ 5 a U$ 10 por tonelada, o que compensa a redução de custos da transgênica”, compara o assessor da Faep, que pergunta: “A produtividade da soja convencional no Brasil é maior que a transgênica da Argentina e dos EUA. Se tivéssemos soja transgênica, isso aconteceria?”, questiona.
Ele também chama a atenção para o forte crescimento nas exportações do setor de carnes, principalmente de frango e suínos, com destino à União Européia e China. “O grande crescimento do agronegócio no Paraná (carnes, soja e milho) se deve a uma oportunidade mercadológica. O grande insumo na produção de suínos e frangos no Brasil é o milho. Se pusermos ração com produtos transgênicos, esses países não aceitam”. Neste ano, a exportação de soja brasileira deve atingir U$ 7 bilhões – contra U$ 5 bilhões no último ano, respondendo por mais de 10% do total exportado pelo País. Somando o milho e as carnes, chega a 15%.
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Neste número:
1. Soja transgênica é vendida sem certificação no Rio Grande do Sul
2. Santa Catarina discute a criação de barreira contra transgênicos
3. Pedágio genético no Paraná – Medo do contágio
4. Interdição de soja transgênica no Paraná
5. RS tem a produtividade mais baixa e o maior consumo de herbicidas no cultivo de soja do País
6. Investidores da Monsanto correm sérios riscos
7. Ministro da Agricultura defende o biodiesel feito a partir da soja
8. Primata clonado tem aberração genética – Veto Europeu
Sistemas agroecológicos mostram que transgênicos não são solução para a agricultura
Produção de algodão orgânico no Vale do Rio Zambezi – Zimbábue
Eventos:
Vai continuar a Vigília: Por um Brasil Livre de Transgênicos – Uberlândia – MG
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1. Soja transgênica é vendida sem certificação no Rio Grande do Sul
A demora na regulamentação da Medida Provisória 113, que trata da comercialização da soja 2002/03, e os altos custos da certificação têm feito com que os produtores optem pela saída mais fácil: vender o produto como transgênico. Estima-se que 55% da produção nacional já tenha sido comercializada.
Nos bastidores do governo, fala-se que o decreto que regulamenta a rotulagem está pronto, mas na Casa Civil a assessoria de imprensa informa que ainda não há previsão de quando será publicado. Enquanto isso, os produtores vendem a safra como se não houvesse contaminação com os transgênicos.
“A safra está sendo vendida como se não houvesse MP”, avalia Carlos Cogo, analista da Cogo Consultoria Agroeconômica. Segundo ele, a legislação mudou, mas na prática não tem sido cumprida e podem haver problemas quando embarques de soja transgênica chegarem a países que não aceitam esta tecnologia.
Na avaliação de Cogo, há um impasse com a não regulamentação da MP. O texto determina que a soja e seus derivados devem ter rótulo com sua origem e presença de Organismos Geneticamente Modificados (OGMs). Ao mesmo tempo, o Ministério da Agricultura publicou Instrução Normativa regulamentando a certificação de soja livre de OGMs. E é com base nela que os gaúchos têm vendido seus grãos.
No Rio Grande do Sul, onde acredita-se que quase 80% da produção seja transgênica, a soja está sendo exportada com base nas informações do governo brasileiro enviadas à China — de que o grão é convencional, mas pode ter contaminação. Para o mercado interno, de acordo o presidente da Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Carlos Sperotto, a venda está sendo realizada sem rótulo.
“A Instrução Normativa é muito clara; a rotulagem é só para o não transgênico”, argumenta. Para o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), Ezído Pinheiro, o governo agiu tardiamente. “Quem vai fazer o teste agora? Não há mais como separar”, afirma. Cerca de 30% da safra gaúcha já foi negociada.
“Para quem planta uma soja proibida, continuar na contravenção é mais um passo”, avalia Sezifredo Paz, consultor do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). Segundo ele, as instituições contrárias à comercialização de transgênicos estão estudando que medida legal poderão tomar em relação a Medida Provisória. (…)
Gazeta Mercantil, 15/05/03.
2. Santa Catarina discute a criação de barreira contra transgênicos
Santa Catarina tenta ir na contramão de seu vizinho, o Rio Grande do Sul, e quer criar uma barreira contra transgênicos. A idéia é evitar que ocorra no Estado a mesma coisa que nas terras gaúchas, onde se diz que até 80% da soja colhida nesta safra é geneticamente modificada.
Santa Catarina já possui uma lei estadual, promulgada em janeiro do ano passado, que proíbe por cinco anos o plantio e a comercialização de organismos geneticamente modificados. Agora um fórum discute a possibilidade de criar um rastreamento da soja. Com isso, seria emitido um certificado de que a área é livre de transgênicos.
A proposta foi debatida na semana passada, em um encontro que reuniu agrônomos ligados à Cidasc (Companhia Agrícola para o Desenvolvimento de Santa Catarina), representantes do Ministério Público do Consumidor e do Ministério do Meio Ambiente, além de lideranças políticas.
Segundo Aldair Kozuchovski, diretor de planejamento da Cidasc, o Estado de Santa Catarina busca fazer com a soja transgênica o que foi feito com a febre aftosa, que tem uma espécie de selo de qualidade que garante que o Estado é área livre da doença.
Ele explica que, caso a proposta seja aprovada, terá vigência sobre a soja que permanecer no Estado. Isso quer dizer que um caminhão que venha, por exemplo, do Rio Grande do Sul, com uma carga de soja transgênica com destino a São Paulo, poderá passar por Santa Catarina sem ser barrado. Para isso, porém, receberá um lacre.
No ano passado, diz Kozuchovski, foram encontradas plantações de soja geneticamente modificada em 18 propriedades de Santa Catarina. É pouco, afirma. Segundo ele, há cerca de 20 mil propriedades no Estado com plantio de soja. “Incineramos os 340 ha onde foram encontradas plantações da soja ilegal.” Ressalta, porém, que pode haver mais plantações ilegais, devido ao contrabando de sementes.
Nesta semana, o governo federal deve divulgar a lista dos laboratórios que farão a certificação da soja não-transgênica. Só será preciso usar o laboratórifo oficial, diz Kozuchovski, se houver dúvidas sobre o teste feito pela Cidasc.
Folha de São Paulo, 15/05/03.
3. Pedágio genético no Paraná
O Paraná vai proibir por decreto que caminhões carregando soja transgênica e seus derivados passem pelo Estado. Barreiras nas estradas exigirão que os motoristas apresentem certificado de que os alimentos transportados não são modificados geneticamente.
Medo do contágio
A decisão do PR decorre da autorização dada por Lula para a comercialização da safra 2002/3 de soja transgênica do RS. Os produtores paranaenses temem contaminação e a perda do diferencial de sua “safra limpa”, que lhes garante melhores preços na venda para a Europa.
Folha de São Paulo, 17/04/03.
4. Interdição de soja transgênica no Paraná
Curitiba — Três lavouras de soja, somando 44 hectares, estão interditadas desde a semana passada no Paraná, em razão de exames terem detectado a presença de soja geneticamente modificada. O volume de soja apreendido chega a 80 toneladas, considerado pouco em vista da safra prevista de 11 milhões de toneladas. Na última safra, o volume apreendido foi de 891 toneladas, levando 117 produtores a responderem processo administrativo e criminal, ficando então sujeitos a multas de cerca de R$ 5 mil.
Segundo o diretor do Departamento de Fiscalização e Defesa Agropecuária, da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab), Felisberto Baptista, o produto está sendo retido para “dar toda segurança ao fiel cumprimento”, da Medida Provisória 113, que liberou a comercialização da safra transgênica 2002/2003. “A MP estabelece que o Ministério da Agricultura baixará normas complementares para definir as condições necessárias de armazenamento, transporte, embalagem em separado e rotulagem”, disse Baptista. “E isso não está regulamentado ainda”.
De acordo com a Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab), as propriedades, com área média de 15 hectares, estão localizadas nos municípios de Mangueirinha e Itapejara do Oeste, no sudoeste do Estado, e em São Pedro do Iguaçu, no oeste. Este ano foram feitas análises em 40 amostras de soja, das quais apenas três deram positivo. A apreensão foi realizada imediatamente porque dois produtores ainda não tinham colhido os grãos, enquanto o terceiro mantinha o produto armazenado.
O Estado de São Paulo, 15/04/03.
5. RS tem a produtividade mais baixa e o maior consumo de herbicidas no cultivo de soja do País
O Ministério da Agricultura tem, mas não divulga, um dado inquietante: a produtividade da soja no Rio Grande do Sul teria sido a mais baixa no Brasil, enquanto o consumo de herbicida no estado cresceu 50% desde 1999, quando os gaúchos começaram a plantar transgênicos.
O Dia-RJ, 14/04/03.
6. Investidores da Monsanto correm sérios riscos
Relatório sobre investimentos dá a pior cotação possível para a multinacional norte-americana
Nova Iorque (EUA), 16 de abril de 2003 – A gigante agroquímica Monsanto recebeu a pior cotação possível – três C’s – em termos de gerenciamento estratégico e ambiental, de acordo com a Innovest Strategic Value Advisors, uma empresa global de pesquisas sobre investimentos ambientais e sociais. O relatório da Innovest, “Monsanto e Engenharia Genética: Riscos para Investidores”, encomendado pelo Greenpeace, foi lançado hoje pela manhã em uma reunião no Harvard Club, em Nova Iorque (EUA).
O relatório, publicado apenas alguns dias antes da reunião anual da Monsanto, alerta acionistas e potenciais investidores da Monsanto sobre “as chances de risco acima da média e uma forma de gerenciamento pouco sofisticada”. Os analistas da Innovest prevêem que “ela [Monsanto] deve ficar abaixo da média do mercado no médio e longo prazo”.
A Monsanto sofreu perdas de US$ 1,7 bilhão no último ano e não conseguiu abrir novos mercados para seus controversos produtos geneticamente modificados. Além disso, a Monsanto continua adotando a duvidosa estratégia de apostar numa rápida aceitação global dos produtos transgênicos. O próximo alvo da Monsanto é o trigo geneticamente modificado, que está sendo boicotado por fazendeiros e pela indústria de alimentos nos mercados mais importantes, como Estados Unidos e Canadá, mesmo antes de sua aprovação.
“Apesar das perdas do último ano terem levado a uma mudança na direção da empresa, isso não levou a uma mudança nas estratégias de negócios. Se a Monsanto não tomar as medidas necessárias para mitigar seus grandes riscos de mercado, os investidores podem ter ainda mais perdas”, disse Frank Dixon, diretor da Innovest Strategic Value Advisors. “O risco de grandes perdas financeiras graças a falhas tecnológicas e à poluição genética, somado com a contínua rejeição do mercado aos produtos transgênicos, fazem da Monsanto um investimento pouco interessante”.
A análise da Innovest sobre os riscos e responsabilidades associados aos negócios de engenharia genética da Monsanto dedica especial atenção à inevitabilidade da contaminação por transgênicos. Referindo-se ao exemplo do escândalo da contaminação do milho StarLink em 2000, no qual a empresa Aventis perdeu US$ 1 bilhão, a Innovest estimou que a perda financeira potencial da Monsanto no caso de um “cenário StarLink” seria de US$ 3,83 por ação.
Em seu estudo sobre os mercados chave para a Monsanto, a Innovest ressaltou a falta de aprovação legal e a inflexível oposição dos consumidores, que continuam a bloquear as plantações transgênicas da empresa. Os alimentos transgênicos constituem um dos grupos de produtos mais rejeitados na história, e grandes importadores de alimento, como a China, o Japão e a Coréia, recentemente adotaram a onda restritiva da Europa. Mesmo nos EUA, mais de 90% dos consumidores agora querem que os alimentos transgênicos sejam rotulados e 1/3 rejeitariam alimentos transgênicos se pudessem escolher.
“O negócio principal da Monsanto continua sendo com seus produtos agroquímicos, mas a queda de 24% das vendas de Round-up e de outros herbicidas não-seletivos no ano passado deixou a empresa vulnerável e cada vez mais desesperada. A Monsanto parece estar cavando sua própria cova com essa estratégia transgênica”, concluiu Lindsay Keenan, especialista de mercados do Greenpeace.
O sumário executivo do relatório da Innovest está disponível em http://www.greenpeace.org.br
7. Ministro da Agricultura defende o biodiesel feito a partir da soja
O ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, afirmou que o uso da soja transgênica como combustível “é uma boa idéia”. Ele defendeu que se continue produzindo esse tipo de soja para “esmagá-la” e transformá-la em biodiesel. Essa proposta, ainda segundo o ministro da Agricultura, está sendo discutida pelo Governo Lula.
“Assim que tivermos uma posição, cada ministério vai tratar de sua parte”, afirmou Rodrigues. O secretário do MCT também defendeu a manutenção da produção dos transgênicos. “Um assunto produtivo de tamanha magnitude não pode ser tratado como caso de polícia”, afirmou. (…)
Francelino Grando, secretário de Política Tecnológica Empresarial do MCT, disse que a proposta de usar os vegetais oleaginosos — como a soja transgênica — para a produção de biodiesel é “uma equação lógica”. “Temos que ter em mente que a soja transgênica não desaparecerá do nosso cenário agrícola no próximo ano, e precisamos ter uma alternativa econômica para o grão”.
Jornal do Comércio, 16/05/03.
N.E.: A grande questão a se colocar para a proposta da transformação da soja transgênica em biodiesel é a seguinte: o óleo constitui apenas 20% do grão de soja. Após o seu esmagamento, sobram 80% de farelo de soja, cuja maior parte é destinada à alimentação animal. Nota-se, portanto, que não fica resolvido o destino da soja transgênica (ou melhor, ele fica 20% resolvido).
8. Primata clonado tem aberração genética
Severino Antinori, Panayiotis Zavos e Raël que se cuidem. Um novo estudo conduzido por cientistas americanos mostra que embriões de macacos resos criados por clonagem têm aberrações cromossômicas graves, o que invariavelmente os leva à morte.
Os resultados corroboram o consenso científico de que fazer clones humanos continua sendo bem mais difícil do que propagar histórias fantasiosas sobre extraterrestres ou anunciar sem provar o nascimento de bebês-cópias.
O objetivo da equipe da Escola de Medicina da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, não era fazer experimentos para refutar os pseudocientistas que têm anunciado a fabricação de clones. Eles queriam de fato produzir clones de macacos.
“Achamos que clonar macacos é importante por duas grandes razões”, diz Calvin Simerly, primeiro autor do estudo, que está publicado hoje na revista americana “Science” (www.sciencemag.org): “Validar o potencial de pesquisas com células-tronco e produzir animais geneticamente idênticos para o propósito de investigar curas para doenças humanas, como Parkinson, diabetes juvenil, derrames, etc.
“Não foi por falta de insistência que fracassaram. No total, os cientistas gastaram 716 oócitos (células que, quando maduras, se tornam óvulos) de resos. Após extrair o núcleo de cada um, fundiram-no com outra célula, do macaco que pretendiam clonar.
Obtiveram alguns embriões que pareciam superficialmente normais. Chegaram a implantar 33 deles, distribuídos por 16 barrigas de aluguel, mas nenhuma das macacas ficou grávida. Foram investigar o que deu errado e constataram que um processo crucial nas divisões celulares necessária à evolução dos embriões estava falhando e minando seus esforços.
Quando uma célula vai se dividir, precisa duplicar e repartir seus pares de cromossomos — cada célula do corpo, à exceção das reprodutivas (como espermatozóide e óvulo), tem pares deles. Uma cópia de cada célula por “microcordas”, chamadas de fusos.
Para que o procedimento funcione, é preciso que os cromossomos se alinhem com precisão e que os fusos também se posicionem corretamente. Essa ação está intimamente ligada a uma proteína chamada NuMA, que, nos clones, parece não ser produzida.
O resultado é uma divisão cromossômica aberrante, espalhando pedaços do material genético por todos os lados e inviabilizando a criação de um embrião saudável. “Antecipamos que os mesmo problemas que descrevemos em macacos também existam em células humanas”, diz Simerly.
“Permanecemos muito céticos acerca de qualquer um que diga ter produzido nascimento de bebês vivos e saudáveis”. (…)
Veto Europeu — O Parlamento europeu aprovou ontem legislação que impede a realização de pesquisas com células-tronco embrionárias. Para que a lei entre em vigor, os governos dos países-membros ainda precisam ratificá-la.
Folha de São Paulo, 11/04/03.
Sistemas agroecológicos mostram que transgênicos não são solução para a agricultura
Produção de algodão orgânico no Vale do Rio Zambezi – Zimbábue
O Projeto de Produção de Algodão Orgânico no Vale do Zambezi, no Zimbábue, foi iniciado por um grupo de produtores de baixos recursos, principalmente mulheres, que estavam interessadas em produzir algodão sem pesticidas por razões econômicas, ambientais e de saúde. Estes produtores trabalharam em colaboração com uma ONG local chamada ZIP Research, além da Novib, UK Pesticide Trust, Cargill e o consultor local da organização Agro Eco. A ONG Zip Research forneceu treinamento e assistência para os produtores em relação ao manejo de pragas e agricultura orgânica. Os produtores freqüentaram escolas, onde tiveram aulas sobre estes temas. As aulas eram ministradas por agricultores locais já treinados. A organização Farmer Field Workers colaborou na pesquisa participativa junto aos agricultores. Para encorajar mais mulheres a aderirem ao projeto, buscou-se também mercado local para o amendoim. Além disso, os inspetores orgânicos aceitaram o documento “exceção especial para mulheres”, pelo qual uma mulher pode certificar seu algodão cultivado sem agroquímicos como orgânico, mesmo que o seu marido seja um produtor convencional. A safra dos últimos anos (uma tonelada de fibra orgânica) está sendo localmente processada e transformada em camisetas tipo exportação. A previsão da safra deste ano é de 50 a 70 toneladas de algodão, dependendo das chuvas. Graças a este projeto os produtores do Vale do Zambezi puderam promover o primeiro algodão orgânico do Zimbábue, e a ONG Zip Research desenvolveu um processo de conversão orgânica para commodities que pode ser usado para a conversão de todos os pequenos produtores na África.
Sam Page (pers. comm., 1999), University of Essex SAFE Research Database 2001. In Organic Agriculture Cases from University of Essex dataset on Sustainable Agriculture. Roma: FAO, nov. 2001.
Eventos:
Vai continuar a Vigília: Por um Brasil Livre de Transgênicos – Uberlândia – MG
No dia 07 de março iniciou, em Minas Gerais, a Vigília Por um Brasil Livre de Transgênicos, em frente ao complexo da Monsanto, em Uberlândia. Já entramos na sexta semana de vigília, com muito apoio da população local. Movimentos de sem terra, entidades sindicais e pastorais que participam decidiram dar continuidade à vigília, depois da edição da Medida Provisória 113, concedendo aos agricultores que traficaram e plantaram ilegalmente soja transgênica no sul país, uma liberação muito maior do que a que seria justa e correta.
Campanha “Por um Brasil livre de transgênicos” Núcleo Triêngulo Mineiro e Alto Paranaíba – APR, CLST, CPT-MG, MLT,MLST,MST,MTL,STIAU,SindUTE, Sind. dos Comerciários
Informações: APR – Frei Rodrigo Peret
Fone: (34) 3214-2493 / e-mail: [email protected]e [email protected]
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A Campanha “Por um Brasil livre de transgênicos” é composta pelas seguintes Organizações Não Governamentais (ONGs): AS-PTA, ACTIONAID BRASIL, ESPLAR, INESC, GREENPEACE, CE-IPÊ, e FASE.
Este Boletim é produzido pela AS-PTA – Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa [Tel.: (21) 2253-8317 / E-mail: [email protected]]
=> Acesse a Cartilha “POR UM BRASIL LIVRE DE TRANSGÊNICOS” via Internet
http://www.syntonia.com/textos/textosnatural/textosagricultura/apostilatransgenicos
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err*-�gb�T�s/boletim_aspta.htm”>http://www.dataterra.org.br/Boletins/boletim_aspta.htm
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