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POR UM BRASIL LIVRE DE TRANSGÊNICOS
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Número 168 – 17 de julho de 2003
Car@s Amig@s,
Recentemente o Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, admitiu ter mentido em seu discurso de 28 de janeiro deste ano sobre a existência de relatórios comprovando a intenção do Iraque em comprar armas nucleares (antes de se iniciarem os ataques ao país). Em viagem à África do Sul este mês, quando interrogado sobre fato, Bush “explicou” que seu discurso havia sido revisado pela CIA (Agência Central de Inteligência do governo americano) e reiterou que “tomou a decisão certa em invadir o Iraque e que o mundo é um lugar mais pacífico agora” (Associated Press, 11/07).
Segundo a Conselheira de Segurança Nacional dos EUA, Condoleezza Rice, “a CIA mencionou o argumento de que o Iraque estava tentando comprar urânio da África em um Relatório da Inteligência Nacional feito ao presidente periodicamente. Se o diretor da CIA tivesse dito ‘tirem isto do discurso’, a frase teria sido excluída. Nós temos um alto rigor com os discursos do presidente”.
Perguntada se Bush ainda confia na agência de inteligência, a conselheira respondeu: “Absolutamente”.
Coisa não muito distante aconteceu em junho deste ano, quando a Casa Branca adulterou a parte sobre mudanças climáticas de um Relatório Ambiental da EPA (Agência de Proteção Ambiental dos EUA). O caso só veio à tona porque um ex-funcionário do órgão ambiental divulgou o conteúdo do relatório original e as alterações impostas pela Casa Branca.
Como o fato ficou público, a EPA preferiu simplesmente omitir por completo o tema do relatório. E nem por isso se constrangeu. A Presidente do órgão, que está deixando sua administração, primeiro se disse “absolutamente confortável” com a versão “editada” pela Casa Branca. E depois não se importou em omitir tudo do relatório.
Todo o mundo acompanhou este caso vergonhoso, tratado pelo governo americano como “natural”.
Diante destes fatos, torna-se inevitável uma reflexão sobre a seriedade e a responsabilidade das instituições reguladoras americanas, cujos procedimentos costumam ser copiados pelos outros países (sobretudo os em desenvolvimento).
O caso dos transgênicos não recebe o mesmo tratamento pela imprensa internacional que o das mudanças climáticas ou o das tão procuradas provas de que o Iraque possuía armas de destruição em massa. Com relação aos transgênicos, a imprensa insiste em dizer — e grande parte do público insiste em acreditar — que o FDA (Agência de Alimentos e Medicamentos do governo americano) é um órgão rigorosíssimo, que conta com a confiança da população americana e que não aprovaria nenhum produto ou alimento que pudesse colocar em risco a saúde da população do país.
Mas, numa política extremamente semelhante à das mudanças climáticas, neste tema o governo americano também não faz cerimônia em favorecer as poderosas indústrias multinacionais, omitindo os riscos e impactos que a disseminação de produtos transgênicos pode oferecer aos seres humanos e ao meio ambiente.
Quando, no início da década de 1990, as indústrias de biotecnologia pediram ao FDA a liberação de suas primeiras variedades de plantas geneticamente modificadas, cientistas do órgão recomendaram a não liberação dos produtos, avaliando que o risco do surgimento de efeitos não esperados de difícil detecção era muito grande (estes estudos só foram tornados públicos após determinação da justiça, fruto de ação impetrada pela ONG americana Alliance for Biointegrity).
Logo em seguida, por determinação política da Casa Branca, o órgão criou o conceito (pseudo)científico da “equivalência substancial”, segundo o qual se considerou que as plantas transgênicas são substancialmente equivalentes às suas similares convencionais e portanto, por princípio, não oferecem riscos. Assim, o FDA optou por não avaliar os produtos transgênicos quanto aos seus riscos e os liberou para cultivo em larga escala e consumo pela população.
Para emitir uma autorização para qualquer nova variedade de planta transgênica, o FDA apenas “acredita” nas informações e dados experimentais fornecidos pelas empresas solicitantes de liberação comercial, não conduzindo qualquer análise de risco ou qualquer experimento de curto ou longo prazo!
Também nos Estados Unidos, apesar de insistentes apelos da sociedade civil organizada pedindo a implementação da rotulagem dos alimentos transgênicos, até hoje o FDA não a aprovou. Para justificar a “não necessidade da rotulagem”, o FDA também segue a cartilha das indústrias, dizendo que “a rotulagem servirá para desinformar a população — os alimentos são seguros, não há por que diferenciá-los”.
O mais chocante é que os países que “ousam” discordar dos procedimentos americanos, como os da União Européia, por exemplo, são tachados de anti-científicos, acusados de rejeitar os novos alimentos por puro preconceito.
Noventa e cinco por cento dos transgênicos cultivados no mundo estão concentrados em três países apenas, EUA, Argentina e Canadá. Para liberarem os transgênicos, os dois últimos seguiram os passos do primeiro. Tampouco neles os alimentos transgênicos são rotulados, também a exemplo dos EUA.
No Brasil um poderoso lobby de indústrias de biotecnologia opera junto ao Congresso Nacional e ao Governo Federal tentando facilitar a liberação dos transgênicos no País. Em todas as instâncias, são repetidos os argumentos de que “nos Estados Unidos estes produtos foram rigorosamente avaliados”, que “o FDA é um órgão rigorosíssimo, respeitado internacionalmente” e que “se o FDA considerou estes produtos seguros, quem somos nós para discordar?”
Neste momento o governo brasileiro elabora um projeto de lei para regulamentar de forma definitiva a questão dos transgênicos no País. As pressões para que liberemos estes produtos são gigantescas e caberá aos nossos políticos decidir se, de forma madura e soberana, optam por instituir no Brasil a necessidade de rigorosa avaliação de impactos destes produtos antes de qualquer liberação comercial — como ainda não se fez em nenhum país.
Alternativamente, podem optar por sua rápida liberação sem maiores exigências, seguindo obedientemente o modelo americano e tranqüilizando a população com os argumentos de que não há motivos para preocupação, que a questão será tratada “cientificamente” pelos órgãos do governo mediante “padrões aceitos internacionalmente” e que não se pode querer prova maior da sua segurança do que saber que os americanos liberaram estes alimentos, os produzem em larga escala e os consomem amplamente já há vários anos.
Você vai confiar?
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Foi realizado em 14 de julho o “II Seminário Biossegurança de OGM — Contribuições para aperfeiçoamento da Legislação”, durante o qual a Comissão Interministerial encarregada de elaborar o Projeto de Lei sobre transgênicos que o Governo Federal encaminhará ao Congresso Nacional ouviu as propostas do setor produtivo da agricultura e indústrias de alimentação.
O primeiro seminário havia sido realizado em 04 de julho, com a participação das indústrias de biotecnologia, do Ministério Público Federal e da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).
Participaram desta segunda reunião representantes de grandes produtores, com a CNA (Confederação Nacional de Agricultura), a ABAG (Associação Brasileira de Agribusiness) e a ABIA (Associação Brasileira de Indústrias de Alimentos), e de pequenos produtores, como a Via Campesina, a Rede Ecovida de Agroecologia, o Centro Ecológico de Ipê-RS, a AOPA (Associação de Agricultura Orgânica do Paraná) e a CONTAC/CUT (Confederação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentos), além de representante do Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar).
Em 18 de julho será realizado o terceiro (e último) Seminário, com a participação do IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), do Greenpeace, da AS-PTA, entre outras ONGs, além do Conselho de Ética e Pesquisa, da Sociedade Brasileira de Bioética e outras representações da comunidade científica.
O governo federal ainda não divulgou que metodologia usará para organizar e aproveitar as propostas apresentadas pelos diferentes setores envolvidos com o tema, e pretende encaminhar seu projeto de lei ao Congresso Nacional até o dia 01 de agosto. Na Câmara, já foi criada uma sub-comissão vinculada à Comissão de Ciência e Tecnologia, que será encarregada de apreciar o PL do governo.
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Neste número:
1. Esquenta briga entre EUA e UE sobre transgênicos
2. União Européia processa 11 de seus Estados-membro
3. Cresce procura por testes para soja
4. Indústrias brasileiras não querem pagar royalties à Monsanto
5. Monsanto vai cobrar de agricultor royalties sobre sementes modificadas
6. Debate sobre transgênicos na 55ª reunião da SBPC
Sistemas agroecológicos mostram que transgênicos não são solução para a agricultura
Redescobrindo o doce sabor da cana
Eventos:
III Seminário Brasileiro de Agricultura Familiar
Publicação: “Engenharia Genética versus Agricultura Orgânica”
Workshop Internacional: Discórdias e Conflitos relacionados ao solo – Pedoconflitos
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1. Esquenta briga entre EUA e UE sobre transgênicos
The Wall Street Journal – Washington — A ríspida disputa entre Estados Unidos e Europa sobre alimentos transgênicos está para ficar mais ríspida ainda. A União Européia diz que as novas regras de etiquetagem que elaborou vieram para substituir uma proibição a produtos agrícolas transgênicos contestada pelos EUA. Mas os produtores rurais americanos dizem que a solução piora o problema e a queixa deles está tendo boa receptividade no governo americano.
As novas regras da Europa “são uma barreira comercial, pura e simplesmente”, diz o produtor de soja Dwain Ford, de Illinois, que é presidente da Associação Americana de Soja. A maior parte dos 600 hectares de soja de Ford é geneticamente modificada para resistir a herbicidas e a maior parte de sua colheita vai para a Europa.
As regras exigirão que produtos contendo, mesmo em minúsculas quantidades, organismos geneticamente modificados tenham uma etiqueta explicando isso. Produtos biotecnológicos, inclusive ração animal, também precisarão de uma papelada que registre sua história, “desde a fazenda até o garfo”, como alguns europeus dizem, algo que as empresas americanas dizem que será um fardo — e caro.
Com o maior mercado para exportação de produtos de soja dos EUA — avaliado em US$ 1,1 bilhão — ameaçado, o governo americano irá sentir grande pressão para atacar essas regulamentações na Organização Mundial do Comércio, do mesmo modo que desafiou a atual proibição em maio. Isso corre o risco de provocar uma ira mais profunda entre europeus temerosos de que alimentos biotecnológicos apresentem riscos à saúde.
“Estamos certamente analisando” a idéia de entrar com queixa mais adiante, disse uma autoridade comercial americana, que descreveu as novas regras da UE como “calculadas para impedir o desenvolvimento da biotecnologia”.
A indústria americana de alimentos embalados, que movimenta US$ 500 bilhões, também está profundamente preocupada, já que as regras de etiquetagem como quer a UE podem complicar as exportações de produtos de tudo, de cereais matinais de milho a barras de chocolate. “Eles estão derrubando um obstáculo e erguendo duas muralhas”, diz Rhona Applebaum, diretora científica da Associação Nacional de Indústrias Alimentícias, que representa o setor de alimentos industrializados.
A disputa começou em 1998, quando temores ambientais levaram sete países membros da UE a proibir a venda de qualquer produto agrícola transgênico para a UE. A proibição esmagou as vendas de milho dos EUA para a UE, cortou as vendas de soja americana para o bloco à metade e deflagrou sérios atritos com Washington.
Depois de anos de ameaças, os EUA abriram um processo na OMC contra a proibição exatamente no momento em que os europeus preparavam um regime regulamentar com intenção de eliminar a proibição.
Autoridades da UE dizem que os EUA devem aplaudir as novas regras porque elas abrem o caminho para a venda de uma série de novos produtos agrícolas transgênicos que haviam sido banidos. Mas tanto os agricultores quanto autoridades do governo dos EUA criticam o plano como algo que dificilmente criará novas vendas, acrescentando que ele pode na realidade prejudicar as vendas dos poucos produtos geneticamente modificados que foram permitidos nos últimos cinco anos.
Os 15 países-membros da UE devem aprovar as regras este mês. Elas entrarão em vigor provavelmente no início do ano que vem.
O Estado de São Paulo, 16/07/03.
2. União Européia processa 11 de seus estados-membro
Bruxelas, Bélgica — A União Européia impetrou ações judiciais contra 11 de seus governos-membro na terça-feira (15/07), por manter moratórias contra aprovações de alimentos transgênicos, motivo da ação dos EUA contra a União Européia na OMC.
Segundo as regras européias, os países já deveriam ter implementado leis sobre a experimentação e o licenciamento de transgênicos. Mas os governos se recusaram e a Comissão Européia, o braço executivo dos 15 membros da UE, impetrou as ações na Corte Européia de Justiça, em Luxemburgo.
“Eu tenho continuamente convidado os estados-membro a seguir suas obrigações e estou desapontada com os poucos resultados”, disse a comissária européia do Meio Ambiente, Margot Wallstroem, ao processar a França, Luxemburgo, Bélgica, Holanda, Alemanha, Itália, Irlanda, Grécia, Espanha, Áustria e Finlândia.
A ação é parte da tentativa da Comissão Européia de suspender a moratória aos transgênicos e evitar assim um atrito comercial com Washington. (…)
Um representante comercial oficial dos Estados Unidos comemorou as ações em Bruxelas.
O governo americano diz que a Europa usa a moratória como uma barreira ilegal ao comércio. Por isso, acusou-a em maio na OMC por quebra das regas internacionais de comércio. (…)
Associated Press, 15/07/03.
UE pretende processar 11 países europeus
(…) A União Européia decidiu levar este caso ao Tribunal de Justiça de Luxemburgo. A dificuldade está no fato de que a sentença poderá levar anos para ser conhecida. (…)
Rótulos nos alimentos
O governo do presidente americano, George W. Bush, poderá recorrer também à OMC. Pretende contestar as novas normas da União Européia sobre a obrigação de colocar rótulos nos alimentos que contenham produtos geneticamente modificados.
O objetivo é tentar desestimular outras regiões a adotar medidas semelhantes, segundo noticiou ontem o jornal “The Wall Street Journal”, citando um funcionário americano não identificado.
Gazeta Mercantil, 16/07/03.
N.E.: A rotulagem dos alimentos transgênicos é um direito básico de todos. Até hoje as indústrias de transgênicos conseguiram impedir que leis de rotulagem fossem criadas nos EUA, na Argentina e no Canadá (que concentram 95% dos transgênicos cultivados no mundo). Agora os EUA querem declaradamente impedir que outros países tenham suas leis de rotulagem.
Primeiro gastam milhões desenvolvendo tecnologias que o mundo não quer. Depois tentam nos obrigar de qualquer forma a aceitá-las e a pagar por elas. Tudo isso com o discurso da preocupação com as populações famintas dos países pobres e da pseudo-garantia de que os transgênicos são uma das maiores maravilhas da modernidade e seguros para o consumo e para o ambiente. Se assim fossem, que mal haveria em rotulá-los?
3. Cresce procura por testes para soja
A União Européia aprovou, em 2 de julho, que alimentos com mais de 0,9% de transgênicos deverão ser rotulados. Isso provocou uma explosão da procura por testes para detecção de organismos geneticamente modificados (OGMs), uma vez que o Brasil é o segundo maior exportador mundial de soja, e esse produto é um dos principais itens da pauta de exportações do País. Somente no ano passado, foram embarcadas 30 milhões de toneladas entre grão, farelo e óleo.
“Os exportadores estão preocupados porque a Europa é um dos principais compradores da soja brasileira”, afirma Sérgio Mendes, da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).
A decisão da UE provocou aumento da procura pelos testes Elisa, de identificação de transgênicos. “As vendas deste ano devem ser oito vezes maiores que as do ano passado”, prevê Fabíola Franco, gerente de microbiologia da Gehaka, importadora exclusiva dos testes de detecção fabricados pela norte-americana SDI, líder no segmento. (…) O Elisa é um teste quantitativo: ele determina qual é a porcentagem de transgênicos dentro de uma carga. (…) O kit completo do Elisa, que inclui 82 amostras, não sai por menos de US$ 395, ou R$ 1,1 mil.
Atento ao aumento da procura, o laboratório de origem alemã GeneScan, que se instalou no Brasil exclusivamente para realizar os testes de transgenia, deve trazer o Elisa no próximo mês. “Indústrias, exportadores e até supermercados — interessados em testar a mercadoria que põem na prateleira — querem testar o material que compram”, diz Tadeu Cavedem, gerente do GeneScan. (…)
Gazeta Mercantil, 17/07/03.
4. Indústrias brasileiras não querem pagar royalties à Monsanto
As indústrias brasileiras de esmagamento e refino de soja não estão dispostas a pagar royalties à Monsanto pela venda de soja transgênica Roundup Ready, desenvolvida pela multinacional. “Ninguém questiona o direito à propriedade intelectual, mas as indústrias entendem que não são o veículo correto para a coleta desses direitos. Não usamos a tecnologia. Somos o segundo elo da cadeia”, diz Carlo Lovatelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
A Monsanto calcula que 3 milhões de hectares de soja transgênica foram plantados na última safra. Para proteger seus royalties, a empresa informou que iria iniciar em julho o licenciamento dos exportadores. E que em agosto começaria o monitoramento da soja brasileira nos portos de mercados onde a patente da tecnologia RR é válida, como Europa e Japão.
Para Lovatelli, o ideal é aguardar o projeto de lei que tratará da situação dos transgênicos no país para definir a situação. A Monsanto informou que as negociações ainda não estão concluídas.
Valor Econômico, 14/07/03.
5. Monsanto vai cobrar de agricultor royalties sobre sementes modificadas
A Monsanto cobrará royalties diretamente dos agricultores pela semente de soja geneticamente modificada. “Esse é um procedimento normal no mundo”, afirmou o diretor de assuntos corporativos da empresa, Rodrigo Lopes Almeida. Ele esclareceu que os agricultores que multiplicarem as sementes serão cobrados depois.
“A Monsanto fará valer o direito de propriedade intelectual”, disse. Almeida lembrou que a mistura acidental entre sementes convencionais e as geneticamente modificadas não prejudicará os produtores. “Há um limite de contaminação aceitável no mundo todo, em torno de 2% a 4%, dependendo da situação. Quando a contaminação for pequena, obviamente não será cobrado”, esclareceu.
Almeida disse que o valor dos royalties cobrados pela Monsanto dos produtores brasileiros permitirá que eles tenham alguma vantagem financeira. “Sem benefício financeiro final o produtor não vai optar pela tecnologia”, resumiu, sem informar qual será esse valor.
Ele esclareceu que o gene das sementes transgênicas não é responsável pelo aumento da produtividade das lavouras. No caso da soja, por exemplo, o gene dá tolerância a um herbicida. “A produtividade é dada pela cultivar, que pode ser da Embrapa ou de outra empresa nacional”, completou.
Jornal do Comércio, 15/07/03.
N.E.: Grifo nosso.
6. Debate sobre transgênicos na 55ª reunião da SBPC
Foi apresentada na reunião anual da SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em Recife, em 14 de julho, uma carta assinada por diversas entidades manifestando a preocupação da sociedade civil com relação à questão dos transgênicos e chamando o corpo de cientistas a refletir sobre a responsabilidade que tem com a nossa nação e nossa terra. Entre os principais argumentos apresentados estão os seguintes:
“(…) Em relação às conseqüências para o meio ambiente, o já comprovado alto nível de fluxo gênico contamina as variedades locais e mesmo espécies nativas. Esta modificação involuntária pode levar à cobrança de royalties aos/as agricultores/as por parte das empresas multinacionais que detêm a patente das sementes transgênicas, comprometendo sua autonomia.
Deve-se levar em conta também que a liberação de organismos transgênicos, pode comprometer o desenvolvimento de experiências bem sucedidas no campo da agroecologia.
Temos que considerar que há pouquíssimos estudos independentes, a maioria foi realizada pelas próprias empresas que desenvolveram a tecnologia e, o que é pior, nenhum deles em ecossistemas brasileiros.” (…)
Neste momento, com o ensejo do encontro da nossa comunidade científica durante a 55ª Reunião Anual da SBPC, convidamos a todos/as a se posicionarem, respeitando o princípio da precaução e a defesa de nossa soberania, sinalizando para o Governo Federal que a ciência que queremos é a que apóia o país a ser uma referência no mundo; é a que respeita a sua terra e a sua água; é a que prima pelo zelo para com a vida humana e que não está sujeita às pressões externas que desconsideram a nossa integridade e autonomia.
Assinam o documento: Centro Sabiá, FASE, Fórum Estadual de Segurança Alimentar, Centro Nordestino de Medicina Popular, SOS Corpo Gênero e Cidadania, ASPAN, CPT — Comissão Pastoral da Terra, Movimento em Defesa da Mata Uchoa, MST — Movimento dos Sem Terra, Gabinete da Deputada Estadual Teresa Leitão, Gabinete do Deputado Estadual Isaltino Nascimento, FETAPE — Federação dos Trabalhadores(as) na Agricultura do Estado de Pernambuco e ESPLAR.
ESPLAR — Centro de Pesquisa e Assessoria, 14/07/03.
Sistemas agroecológicos mostram que transgênicos não são solução para a agricultura
Redescobrindo o doce sabor da cana
Quase 500 anos de monocultura da cana-de-açúcar deixaram muita gente convencida que cana “só dá em monocultura”. Edmilsom Soares, um jovem agricultor da comunidade de Santo Antônio, no município de Triunfo – PE, vem provando o contrário, com uma nova forma de plantar a cana-de-açúcar.
Ele afirma que tudo depende do manejo da plantação. Principalmente o corte da cana, que deve ser feito de forma seletiva. Edmilsom já verificou que a cana vai bem nos consórcios com guandu, pinha, café, abacate, laranja e com várias culturas nativas. Nestes consórcios, dois cuidados são fundamentais: tirar a palha seca e cortar a cana no período certo. Isso garante tanto o vigor da cana como das culturas consorciadas.
Também é importante implantar os consórcios respeitando o espaçamento entre as fileiras de cana, que deve ser maior do que no sistema tradicional. Cultivando neste sistema desde 1996, Edmilson já observa um melhor desenvolvimento da cana quando consorciada com outras culturas: as plantas crescem mais rápido e a touceira da cana engrossa mais.
Para Edmilson, este tipo de cultivo ainda tem a vantagem da colheita de outros produtos em uma mesma área, podendo-se até conseguir duas safras de cana num mesmo ano. E a palha, que geralmente é queimada, vai servir de adubo orgânico, melhorando a fertilidade do solo.
A experiência de Antônio Sabino, agricultor da comunidade Baixa das Flores, em Santa Cruz da Baixa Verde, também comprova a outra alternativa de cultivo da cana. (…) Partindo do roçado, a experiência de Antônio numa agricultura sem uso de venenos ou substâncias químicas nocivas à saúde foi mais longe: ele também inovou na produção de rapadura. O “branquito”, um produto à base de enxofre, é largamente usado para clarear a cor da rapadura. Antônio conseguiu produzir não só rapadura, mas também “alfinin” e mel de engenho sem usar o produto, comprovando que o “branquito” é totalmente dispensável, servindo apenas para onerar a produção. (…)
Quem usa o “branquito”, garante a rapadura por no máximo cinco meses. Quem não usa, consegue manter a qualidade de um ano para o outro. (…)
As experiências de Antônio e Edmilsom, acompanhadas pelo Centro Sabiá, demonstram que é possível conhecer o doce sabor da cana praticando uma agricultura mais sustentável.
Centro Sabiá: Dois Dedos de Prosa, n° 25, julho de 1998.
Eventos:
III Seminário Brasileiro de Agricultura Familiar
A Prefeitura Municipal de Concórdia, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul e a RBS têm a alegria em convidar a todos para participarem do III Seminário Brasileiro de Agricultura Familiar que se realizará no dia 24 de julho, no Parque de Exposições Senador Atílio Fontana, em Concórdia – Santa Catarina.
O ato oficial de abertura será as 14 horas com a presença do Senhor Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva
A confirmação de presença é indispensável, pelos telefones: (49) 441-2115, (49) 324-7768, (51) 3211-0312 ou pelo e-mail: [email protected]
Publicação: “Engenharia Genética versus Agricultura Orgânica”
O IBD -Instituto Biodinâmico, a Associação de Agricultura Biodinâmica e a Associação Tobias têm o prazer de convidá-lo para o evento de lançamento da publicação “Engenharia Genética versus Agricultura Orgânica“.
Esta publicação, inicialmente editada na Europa pela IFOAM (Federação Internacional dos Movimentos de Agricultura Orgânica), tem o objetivo de esclarecer o consumidor e representantes dos diversos segmentos da sociedade sobre os motivos pelos quais o movimento orgânico e biodinâmico rejeita a adoção da tecnologia transgênica na agricultura.
Data: 21 de julho, às 17h30min, no Centro Cultural da Sociedade Antroposófica, Rua da Fraternidade,156 – Alto da Boa Vista -Santo Amaro, São Paulo, SP.
Confirmar presença através do e-mail [email protected] ou fax (11) 5524-9772.
Workshop Internacional: Discórdias e Conflitos relacionados ao solo – Pedoconflitos
Estão abertas, até o dia 31 de agosto, as inscrições para apresentação de trabalhos no Workshop. O evento tratará da identificação e do entendimento de discórdias humanas e conflitos relacionados ao uso do solo, bem como sua prevenção, mitigação e gerenciamento.
O workshop será realizado no ano de 2004 em data e local ainda a serem definidos e será apoiado pela IUSS (União Internacional da Ciência do Solo) e pela Fundação Charles Léopold Mayer.
A facilitação do workshop será realizada pela Agência TORBA (França), presidida pelo pedólogo e professor Alain Ruellan, e pelo Projeto Voçorocas (Brasil).
Maiores informações pelos sites www.torba-soil-society.org (França) e www.dcs.ufla.br/nazareno (Brasil), ou com os Coordenadores do Projeto Voçorocas, Rogério Ferreira e Vinícius Martins Ferreira, pelo Tel/Fax (32) 3371-6946 ou e-mails [email protected] e [email protected]
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Campanha Por um Brasil Livre de Transgênicos
Este Boletim é produzido pela AS-PTA – Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa [Tel.: (21) 2253-8317 / E-mail: [email protected]]
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