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POR UM BRASIL LIVRE DE TRANSGÊNICOS
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Car@s Amig@s,
Cresce a rejeição aos transgênicos na Europa.
O “EUROBAROMETER 99”, pesquisa coordenada pelo sociólogo Martin Bauer da London School of Economics, ouviu 16 mil consumidores de 15 países da Europa e concluiu que:
– Cerca de 75% dos entrevistados dizem “não” aos transgênicos;
– 1/3 não consumiria tais produtos, mesmo que fossem mais baratos e de melhor sabor;
– 62 % afirmaram que não utilizariam óleo de soja modificada para cozinhar;
– Apenas 33% aceitam consumir açúcar derivado de cana geneticamente alterada;
– Apenas 19% consumiriam ovos de galinha alimentada com produtos transgênicos;
– 22% jamais comprariam qualquer fruta geneticamente modificada.
A pesquisa deixou claro que ainda há muita desinformação sobre os benefícios e malefícios da biotecnologia, revelando que 72% dos entrevistados desejam saber mais a respeito do tema.
A rejeição aos transgênicos também cresceu, desde de 1996, quando pesquisa semelhante foi realizada na Europa.
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Neste número:
1. Chega à Europa carregamento de soja livre de transgênicos comprada do Brasil
2. Preparação do Brasil para a reunião do CODEX Alimentarius sobre rotulagem
3. Começa a discussão sobre o IEA-RIMA para os transgênicos no CONAMA
4. Entidades dos EUA exigem que o governo crie normas para avaliar impactos dos OGMs
5. União Européia eliminará produtos alterados em cinco anos
6. Milho importado fará teste de origem
7. Rotulagem (na marra) na Nova Zelândia
8. Novos mercados para orgânicos e não-transgênicos
9. Quem diria! A Argentina fã dos transgênicos vê exportações de orgânicos crescerem
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1. Chega à Europa carregamento de soja livre de transgênicos comprada do Brasil
No dia 19/04/00 chegou ao Porto de Saint-Nazarre, na costa oeste da França, o primeiro carregamento das 180 mil toneladas de soja convencional, não-transgênica, comprada pela rede de supermercados Carrefour de produtores do estado de Goiás. A carga de 25 mil toneladas de grãos, trazida pelo navio Jamnurenare, foi recebida com samba por ativistas do Greenpeace e representantes da Confederação de Produtores Rurais da França “Confédération Paysanne”.
“A chegada desta carga de soja convencional, livre de transgênicos é uma boa notícia para a indústria de alimentos e de ração de animais”, diz Arnaud Apoteker, do Greenpeace. “Este carregamento prova que existe soja livre de transgênicos capaz de suprir as necessidades do mercado”.
A indústria européia de alimentos tem rejeitado cada vez mais o uso de transgênicos. Ao mesmo tempo, a indústria de ração animal ainda não tem sido tão pressionada pela opinião pública apesar de 80% da soja transgênica importada pela Europa ser usada como ração. A boa notícia é que a soja convencional comprada pelo Carrefour francês será destinada exatamente à alimentação animal.
“Este é mais um sinal de que o mercado europeu está se ampliando para a soja convencional produzida no Brasil”, diz Mariana Paoli, da Campanha de Engenharia Genética do Greenpeace. “Neste contexto, o país possui uma enorme vantagem comercial sobre seus principais concorrentes que já plantam transgênicos, como os EUA e a Argentina. Além do Carrefour, outras redes de supermercados e indústrias alimentícias da Europa já estiveram visitando produtores brasileiros em busca de soja convencional. A multinacional inglesa Tesco, por exemplo, esteve recentemente no Mato Grosso negociando o produto”. (1)
Nota do Editor:
(1) O Rio Grande do Sul, um dos principais fornecedores de soja para a Europa, sofreu um revés na semana passada, quando a Assembléia Legislativa gaúcha derrubou o veto do governador Olívio Dutra a um projeto de lei que tira a competência do estado de fiscalizar atividades relacionadas aos transgênicos. A polêmica gerada pode acabar confundindo o mercado consumidor quanto à pureza da soja do Rio Grande do Sul. Os movimentos recentes do Carrefour e da Tesco indicam que europeus e japoneses podem preferir comprar soja em outros estado brasileiros para garantir o recebimento de um produto livre de transgênicos
Comunicado de Imprensa do Greenpeace,19/04/00
2. Preparação do Brasil para a reunião do CODEX Alimentarius sobre rotulagem
No dia 25/04/00 foi realizada a reunião do Comitê do Codex Alimentarius do Brasil CCAB para preparar a posição brasileira para a reunião do Comitê de Rotulagem do Codex, que se realizará de 9 a 12 de maio em Otawa-Canadá.
O principal tema em discussão no Comitê é a rotulagem dos alimentos transgênicos, havendo duas propostas, uma feita pelos EUA (que se baseia no princípio da equivalência) e outra pela União Européia. Essas propostas foram detalhadas por um Grupo de Redação e discutidas pelos membros do CCAB (ministérios, IDEC, Abia, entre outros), que rejeitou a proposta americana.
O IDEC e Fórum Nacional das Entidades Civis de Defesa do Consumidor não concordam com nenhuma das propostas e tem buscado influenciar para que o Governo Brasileiro tenha uma posição alinhada com os direitos dos consumidores.
Comunicado de Imprensa do IDEC, 25/04/00
3. Começa a discussão sobre o IEA-RIMA para os transgênicos no CONAMA
Será no dia 10 de maio, em Brasilia, a reunião da comissão técnica formada pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente. Segundo o coordenador da assessoria jurídica da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Gustavo Trindade, o RS é o único Estado a participar da subcomissão encarregada de definir um termo de referência para o licenciamento ambiental sobre as atividades que envolvam os produtos geneticamente modificados. As propostas que serão discutidas na subcomissão servirão para a elaboração do EIA-RIMA (Estudos de Impacto Ambiental/ Relatório de Impacto Ambiental) de plantios de alimentos transgênicos
Correio do Povo, 19/04/00
4. Entidades dos EUA exigem que o governo crie normas para avaliar impactos dos OGMs
Um grupo de 50 entidades norte-americanas de consumidores, ambientalistas, cientistas, agricultores e trabalhadores da saúde entraram , no final de março, com uma petição jurídica junto ao Food and Drug Administration FDA, órgão federal dos EUA responsável pela qualidade de produtos farmacêuticos e dos alimentos, exigindo que o governo desse país crie regras para avaliar os impactos de alimentos transgênicos na saúde humana.
Atualmente, a FDA tem apenas um sistema voluntário com base em consultas informais, para o registro desses produtos. Ela resolveu no início dos anos 90 que não há distinção entre os alimentos transgênicos e os convencionais, mas as entidades apresentam bases legais e justificativas científicas para a criação de um sistema oficial que os avalie seriamente. Nos Estados Unidos, a possível toxidade das batatas, tomates, soja, milho, abóboras e outros frutos transgênicos que os consumidores já estão comendo (processados ou in natura, e todos sem rótulo, diga-se de passagem) nunca foi avaliada por autoridade pública alguma.
Comunicado da rede PAN (PANUPS Pesticide Action Nerwork Updates Services), 09/04/00
5. União Européia eliminará produtos alterados em cinco anos
O Parlamento Europeu aprovou em 13/04/00 medidas mais rígidas para regular as plantações de alimentos transgênicos. As novas regras devem eliminar gradativamente todas as plantas transgênicas até 2005, mas não devem barrar completamente os grãos geneticamente na Europa.
A proposta torna mais restritivo um projeto de lei apresentado no ano passado pelos países-membros da União Européia e impede a aprovação permanente de plantas e sementes transgênicas. Em vez disso, seriam fornecidas licenças temporárias de 10 anos (sujeitas a revisão) para a utilização dos transgênicos.
Um maior rigor na rotulação e na avaliação dos riscos desses produtos serão empregados nas novas colheitas transgênicas e também com relação aos 18 produtos já aprovados pelo bloco de 15 nações.
A Europa não aprova um novo grão modificado geneticamente há cerca de dois anos, devido à crescente preocupação com os possíveis efeitos colaterais para a saúde dos seres humanos e das plantas. A proibição frustou as tentativas de empresas como a Monsanto Co. de vender produtos de colheitas transgênicas na Europa e enfureceu os EUA, líder na produção desse tipo de alimentos.
A comissária para o meio ambiente da União Européia , Margot Wallstroem, deu as boas vindas ao projeto, dizendo que a decisão é crucial para que se perceba o potencial da biotecnologia na Europa e para que se controle os riscos envolvidos nesse tipo de produção.
Gazeta Mercantil, 14/04/00
6. Milho importado fará teste de origem
O milho que começa a ser importado pelos grandes grupos consumidores do Brasil será testado para saber se é transgênico ou não. A preocupação é evitar a entrada de milho contendo organismos geneticamente modificados (OGMs) no país, já que a legislação em vigor proíbe a manipulação e o plantio desse tipo de produto. O grupo Kaufmann que controla a empresa fabricante de equipamentos Gehaka já está se preparando para colocar os kits que identificam o milho transgênico no mercado.
Folha de Londrina,11/04/00
7. Rotulagem (na marra) na Nova Zelândia
Em 07/04/00 membros da entidade Estudantes para a Ação Ecológica (SEA) em Dunedin, Nova Zelândia, rotularam milhares de produtos em três supermercados no centro da cidade, com rótulos que proclamam “Atenção Pode conter ingredientes geneticamente engenheirados”.
Os alvos da ação foram produtos das marcas Nestle, Nescafé, Maggi, Allens, Milo e Highlander. Nenhum dos ativistas foi abordado pelos empregados dos supermercados nem pela polícia durante a ação.
Veiculado pela lista CONSTRGN, do Laboratório de Consumo & Saúde da UFRJ. Para assinar a lista basta enviar uma mensagem com pedido neste sentido, em português para o endereço: [email protected]
8. Novos mercados para orgânicos e não-transgênicos
Os sojicultores ligados à Cooperativa Tritícola de Três de Maio (Cotrimaio) encontram mercado em várias frentes. Os programas desenvolvidos pelo grupo garantem a venda da soja convencional, não-transgênica (certificada) e orgânica. A cooperativa, com 6.400 associados, deverá receber na atual safra 120 mil toneladas da oleaginosa. Dessas, 36 mil toneladas sairão de lavouras com certificação e controle de rastreabilidade, garantindo a condição de não-transgênica.
O produto começou a ser colhido na primeira semana de abril em 20 mil hectares cultivados por agricultores que aderiram ao programa. Cinco mil toneladas estão vendidas para a Olvebra, que pagará 10% acima do valor de mercado
Segundo o gerente de grãos da Cotrimaio, Francisco Degaspari, esse é um mercado com grande retorno no futuro. A cooperativa reservou outras mil toneladas de soja convencional para produzir farelo destinado às criações de suínos e de gado leiteiro. Dirigentes do grupo mantiveram contato, em Santa Rosa, negociações com eventuais compradores da França, interessados na soja comprovadamente não- transgênica do Brasil.
Zero Hora, 07/04/00
9. Quem diria! A Argentina fã dos transgênicos vê exportações de orgânicos crescerem
A produção de orgânicos tornou-se boa alternativa para os empresários agropecuários que não querem ingressar no mercado de produtos transgênicos nem adotar o uso de agroquímicos. Nos últimos anos, as exportações argentinas de orgânicos, que cresceram quatro vezes, passando de 5 mil toneladas em 1995 para 25 mil toneladas em 1999. A estimativa é de que dentro de três ou quatro anos 5% da oferta de alimentos na Argentina será de origem orgânica. Ao contrário dos produtos convencionais, os orgânicos não utilizam aditivos químicos no processo de produção, o que os transforma em itens muito procurados pelos exigentes consumidores da União Européia, Estados Unidos e Japão principais compradores da Argentina.
Os alimentos orgânicos de frutas frescas, cereais e hortaliças a frangos e carnes têm maiores custos de produção, mas também maior valor agregado, o que se reflete nos preços de venda – entre 15 e 100% maiores do que os dos produtos tradicionais.
Favorável aos alimentos orgânicos, o mercado tem tornado mais duras as regras para os produtos transgênicos. Assim como a União Européia, também a Argentina quer criar normas para a comercialização dos transgênicos. Projeto do deputado da Alianza, Edgardo Gagliardi, exige a identificação dos produtos modificados geneticamente antes de sua comercialização. “O consumidor precisa saber se o que está comprando é transgênico ou orgânico”, diz Ricardo García Vior, licenciado em Comércio Exterior.
Gazeta Mercantil, 24/04/00
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