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POR UM BRASIL LIVRE DE TRANSGÊNICOS
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Número 193 – 23 de janeiro de 2004
Car@s Amig@s,
A sucessão de equívocos cometidos pelo governo Lula na questão dos transgênicos parece estar chegando a um trágico “grand finale”. Um governo que iniciou sua trajetória embalado em uma retórica de mudanças que lhe permitiu vencer as eleições vem renegando seus princípios históricos e assemelhando-se cada vez mais ao governo passado. Estelionato eleitoral dos mais cínicos é o que estamos assistindo estarrecidos. Os partidos de “esquerda” da base do governo foram a mola mestra da resistência contra as tentativas do governo FHC de abrir o País aos interesses da Monsanto e são hoje, na sua maioria, defensores dos interesses dessa empresa.
É claro que todos são a favor “da ciência” e nunca da empresa que mais se beneficiará com o Frankenstein legal produzido pelo Deputado Aldo Rebelo (o substitutivo apresentado na Câmara no último dia 20). Mas, em nome da ciência, procura-se facilitar processos de liberação comercial dos transgênicos sem que estudos científicos comprovem sua inocuidade para o meio ambiente e para a saúde humana. O deputado criou uma nova versão de comunista, de tipo “pró-imperialista”, para usar a linguagem do PCdoB, seu partido. Em seu artigo publicado na Folha de São Paulo em 08/01 o deputado acusa os que se opõem à liberação irresponsável dos transgênicos de “colonizados”. Deve ser uma nova “engenharia dialética” dos conceitos pois, historicamente, colonizados sempre foram os que se submeteram aos ditames dos interesses dos impérios.
O deputado exprime, infelizmente, a nova opinião do presidente Lula e do chamado “núcleo duro” encabeçado pelo Ministro José Dirceu. Este grupo já mudou de posição há muito tempo, desde a edição da MP 113 liberando a safra de soja contaminada por cultivos ilegais de transgênicos em março passado. Não se tem idéia de que argumentos os convenceram pois a reviravolta se fez na mais total falta de transparência. Não ousaram abrir o jogo devido à resistência da sociedade civil que apoiou sem descanso o combate desigual da ministra Marina Silva contra a maré crescente dos pró-transgênicos dentro do governo. As aparentes disposições positivas assumidas pelo governo no PL que apresentou ao Congresso foram uma cínica manobra para aparentar um acordo com a Ministra, deixando para o legislativo a tarefa de destruir a proposta do governo. Marina Silva confiou no “companheiro” José Dirceu e nunca desacreditou que o governo jogaria sua força para fazer aprovar o PL de Biossegurança. Iludiu-se. O Ministro lavou as mãos e deixou que uma maioria contra o PL tomasse conta da comissão especial que discutiu o projeto. Mais ainda, colocou na relatoria o deputado Aldo Rebelo, líder do governo na Câmara, e o mesmo jogou contra o projeto, modificando-o até desfigurá-lo.
O Ministro Dirceu não deve ler os jornais ou ficaria incomodado com a coincidência da publicação de seu gesto de apoio ao relatório do Deputado Aldo Rebelo abrindo caminho à liberação facilitada dos transgênicos, em 22/01 e, na página de ciência do jornal O Globo, a informação oriunda da Academia de Ciências dos Estados Unidos, da “inevitabilidade da poluição genética” provocada pelos transgênicos, com todos os seus riscos para o meio ambiente e para a saúde humana.
Os Ministros Luis Fernando Furlan (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Roberto Rodrigues (Agricultura) e Antônio Palocci (Fazenda), tão preocupados com a balança comercial e as exportações agrícolas que a vêm mantendo positiva, deveriam estudar a regulamentação da União Européia que entra em vigor este ano exigindo que todo produto contendo mais de 0,9 % de transgênicos seja rotulado, inclusive as rações animais. Deveriam averiguar as decisões publicadas por dezenas das maiores empresas de varejo, de produtos cárneos e de rações em todos os países da UE comprometendo-se a não utilizar transgênicos nos seus produtos. Os nossos “mascates” vão se dar conta de que se comportaram como colonizados e defenderam os interesses dos produtores americanos e das multinacionais de transgênicos e deram, com a arrogância dos ignorantes, um estrondoso tiro no pé dos interesses nacionais.
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Campanha de envio de mensagens e telefonemas de apoio ao PL de Biossegurança originalmente encaminhado pelo governo
Conforme já divulgamos em Boletim Extra enviando hoje pela manhã, pedimos a todos que enviem mensagens contra o relatório do deputado Aldo Rebelo para o Ministro José Dirceu (Casa Civil), para o próprio Dep. Aldo e para o novo relator do PL na Câmara, o Dep. Renildo Calheiros (PCdoB/PE), com cópias para a Ministra Marina Silva para que ela saiba do nosso apoio.
E-mails de Lula, Dirceu, Aldo, Renildo e Marina: clique aqui
As mensagens podem ser do seguinte teor:
Ilmos. Senhores
Luis Inácio Lula da Silva
Presidente da República
José Dirceu
Ministro-Chefe da Casa Civil da Presidência da República
Aldo Rebelo
Líder do Governo na Câmara dos Deputados e Relator do PL de Biossegurança
Renildo Calheiros
Relator do PL de Biossegurança na Câmara dos Deputados
Venho manifestar minha profunda preocupação com a forma com a qual o Projeto de Lei sobre Biossegurança vem sendo tratado no Congresso Nacional.
Embora o Governo tenha anunciado publicamente que este projeto era fruto de um amplo processo de debate e que contemplava os seus anseios e preocupações, não atuou de forma a defender a manutenção de seu texto no Congresso. Pelo contrário, deixou que a composição da Comissão Especial formada para avaliá-lo na Câmara tivesse ampla maioria de deputados favoráveis à rápida liberação dos transgênicos no País e contrários ao Projeto proposto pelo governo — inclusive nos partidos da sua base aliada.
Para reverter esta situação, peço que o Governo retire a urgência do Projeto aprovada no último dia 21 de janeiro, para que o texto possa ser efetivamente discutido entre os parlamentares e receber as propostas da sociedade, e que relator do PL retire o substitutivo apresentado em 20/01 e retome o texto original encaminhado pelo Poder Executivo ao Congresso em outubro de 2003.
Além disso, peço que o Governo se mobilize a fim de garantir uma maioria de parlamentares que apóiem o Projeto de Lei original (assim como fez em projetos que considerou prioritários) e que atue concretamente na defesa de seu Projeto nas votações que se seguirão nos plenários da Câmara e do Senado.
Atenciosamente,
(nome / entidade)
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Você pode também telefonar gratuitamente para a Câmara dos Deputados e registrar sua insatisfação com o tratamento que tem sido dado à questão da biossegurança. Para isso, ligue para 0800 619 619, forneça os dados solicitados e informe que você gostaria de registrar uma reclamação sobre o Projeto de Lei de Biossegurança (PL 2401/03).
Você pode solicitar que o Projeto de Lei Substitutivo, apresentado pelo Dep. Aldo Rebelo (PCdoB/SP), seja retirado, que a urgência desse Projeto de Lei também seja retirada e pode demandar que as discussões sobre biossegurança sejam retomadas a partir do Projeto de Lei original, apresentado pelo governo em outubro de 2003.
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Neste número:
1. Aldo Rebelo deixa a relatoria do PL de Biossegurança para ocupar ministério
2. Eduardo Campos, que já defendeu os transgênicos, assume Ministério de Ciência e Tecnologia
3. Poluição genética seria inevitável
4. Insetos transgênicos provocam polêmica
5. Governo paranaense vai interditar lavouras com glifosato
6. Governo federal pode declarar o Paraná isento de transgênicos
7. Monsanto deixa área de soja na Argentina
8. Greenpeace solicita ao governo argentino a penalização da Monsanto por difundir milho transgênico ilegal
9. Semente estéril cria amarras para agricultor
Experiências comunitárias mostram que transgênicos não são solução para o problema da fome
O trabalho da Pastoral da Criança no Rio Grande do Norte
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1. Aldo Rebelo deixa a relatoria do PL de Biossegurança para ocupar ministério
As mudanças no primeiro escalão obrigaram o governo a fazer indicações relâmpago para relatorias de projetos estratégicos — PPP e Biossegurança — e também levou os partidos a indicar líderes interinos. (…)
A troca na liderança do governo na Câmara é a que de fato terá impacto na dinâmica parlamentar. O líder do governo na Casa, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), deve permanecer no cargo só até quarta-feira, quando tomará posse no novo Ministério da Articulação Política. Em seu lugar deve assumir o deputado Miro Teixeira (sem partido-RJ), que deixou o Ministério das Comunicações para cedê-lo ao PMDB. (…)
O líder do governo relatava o projeto que cria uma política nacional de biossegurança e será substituído pelo deputado Renildo Calheiros (PcdoB-AL). O suplente de Aldo Rebelo na Câmara é Jair Meneguelli, que já ocupa o cargo de presidente do Fórum Nacional do Trabalho. (…)
Valor Econômico, 23/01/04.
2. Eduardo Campos, que já defendeu os transgênicos, assume Ministério de Ciência e Tecnologia
O novo ministro da Ciência e Tecnologia, o deputado federal Eduardo Campos (PSP-PE), 38, assume a pasta sem prometer novos projetos e com um discurso de continuidade. (…)
Em entrevista coletiva ontem, Campos, que é formado em economia pela Universidade Federal de Pernambuco, ressaltou que dará continuidade às atividades do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, e às pesquisas nucleares em áreas como medicina e agricultura. (…)
A entrada de Campos no ministério foi fruto de uma negociação de seu avô, o também deputado Miguel Arraes (PSB-PE), com o ministro da Casa Civil, José Dirceu. Campos deve assumir na quarta-feira — data sugerida pelo partido — o órgão que possui R$ 4 bilhões, o quinto em ordem de valor entre os ministérios. (…)
Perfil — Campos defendeu transgênicos
Dono de três mandatos consecutivos desde 1995, o deputado federal e novo ministro da Ciência e Tecnologia apresentou um requerimento relacionado à área que irá ocupar no governo. No documento, entregue em março de 2003 à Câmara dos Deputados, Campos pede a convocação do então titular da pasta, Roberto Amaral, para debater sobre a questão dos “organismos geneticamente modificados”.
A solicitação foi aprovada pela Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias da Câmara, da qual o deputado é titular.
Campos chegou a acompanhar avicultores em um encontro com Amaral no ministério em maio de 2003. Na ocasião, foi pedida a intervenção do então ministro para garantir a liberação da importação de 340 mil toneladas de milho transgênico para Pernambuco. (…)
Folha de São Paulo, 23/01/04.
3. Poluição genética seria inevitável
Relatório americano diz que é impossível evitar escape de transgênicos
Washington — Um novo relatório do governo americano sugere que será muito difícil impedir que plantas e animais geneticamente modificados tenham algum efeito sobre o meio ambiente e as pessoas, ainda que involuntário.
O documento, divulgado pelo Conselho Nacional de Pesquisa da Academia de Ciências dos EUA, diz que, embora muitas técnicas estejam sendo desenvolvidas com o objetivo de impedir organismos geneticamente modificados ou seus genes de se disseminar na natureza, a maioria delas não parece eficaz.
Uma das principais mensagens do documento é que há muito poucos métodos de bioconfinamento bem desenvolvidos — afirmou Anne Kapuscinski, da Universidade de Minnesota, integrante do comitê que elaborou o documento.
Cientistas desenvolvem agora uma grande variedade de organismos geneticamente modificados: salmão que cresce muito mais rápido, mosquitos que não transmitem malária, milho e vacas que produzem remédios.
Uma das maiores preocupações a respeito desses produtos transgênicos é que eles possam se disseminar na natureza. Se um peixe que cresce muito rapidamente, por exemplo, escapa, ele fatalmente se sobressairia em relação aos outros peixes na disputa por comida e parceiros, alterando o equilíbrio ecológico.
Grande parte dos esforços para impedir tais efeitos consiste em barreiras físicas, como criar peixes em tanques e não no oceano.
Mas o novo relatório examina métodos biológicos de contenção, o que os especialistas chamam de bioconfinamento. Isso inclui medidas como induzir a esterilidade dos peixes por meio de um par extra de cromossomos. Bactérias receberiam genes suicidas, que provocariam sua autodestruição, no caso de fuga. Ainda assim, aponta o relatório, nenhum desses métodos é 100% eficaz.
O Globo, 22/01/2004.
4. Insetos transgênicos provocam polêmica
Insetos geneticamente modificados que estão sendo desenvolvidos em laboratório poderão causar sérios problemas para os quais as instituições públicas dos Estados Unidos deveriam começar a buscar uma solução imediata, noticiou o “Washington Post”, citando um relatório da Pew Initiative on Food and Biotechnology, uma comissão de especialistas de Washington.
Os cientistas estão desenvolvendo bichos de seda que elaboram produtos farmacêuticos, abelhas resistentes a pesticidas e até mosquitos capazes de produzir vacinas a cada picada, disse o Post. Essas interferências tecnológicas representam novos e complicados riscos para a saúde humana e o meio ambiente.
Embora o uso da maior parte destes insetos modificados em laboratório esteja distante de cinco a dez anos, adverte o relatório da Pew, as agências federais precisam começar a planejar métodos de supervisão.
Gazeta Mercantil, 23/01/04.
5. Governo paranaense vai interditar lavouras com glifosato
O governo do Paraná encontrou uma maneira de coibir o plantio de transgênicos, mesmo depois do Supremo Tribunal Federal (STF) ter declarado inconstitucional a lei estadual que proibia o plantio de sementes geneticamente modificadas no Estado.
A Secretaria da Agricultura anunciou ontem (19-01) que todos os produtores que utilizarem na plantação o herbicida glifosato, fabricado pela multinacional Monsanto, terão suas lavouras interditadas e poderão ser obrigados a pagar multa de R$ 19 mil. Esta foi a justificativa para interditar a lavoura de um hectare do agricultor Dorvalino Bonetti, em Pato Branco — primeira área onde foi detectado o uso de tal agrotóxico.
A aplicação do glifosato ainda não está regulamentada no Brasil, apesar da liberação do plantio de sementes geneticamente modificadas. Como a competência de fiscalização do uso de agrotóxicos é dos governos de estado, o diretor da Defesa Sanitária Vegetal da Secretaria Estadual da Agricultura (Seab), Felisberto Queiroz Baptista, avisou que outras lavouras transgênicas podem ser interditadas — inclusive as de produtores que assinaram o termo de compromisso com o Ministério da Agricultura.
O ministério admite que há uma falha regulatória no que diz respeito ao glifosato — uma vez que as lavouras transgênicas só são viáveis com o uso deste tipo de agrotóxico. O ministério diz estar buscando formas de regulamentar o uso de herbicidas à base de glifosato na cultura pós-emergente.
Entretanto, enquanto o impasse não é resolvido, o agricultor que usar o glifosato está sujeito a multa de R$ 19 mil, além da destruição da plantação ou dos grãos que estejam com resíduos acima do permitido em lei. Os agricultores que usarem o herbicida ficam sujeitos até mesmo à pena de dois a quatro anos de reclusão.
Inicialmente, a justificativa usada para a interdição da lavoura de Pato Branco era o fato de o proprietário não ter assinado o termo de compromisso com o Ministério da Agricultura. Na semana passada, o secretário nacional de Defesa Agropecuária do ministério, Maçao Tadano, disse à Gazeta do Povo que caberia ao governo do estado apenas notificar a União da presença de lavouras sem o termo de compromisso. (…)
Gazeta do Povo, 20/01/04.
6. Governo federal pode declarar o Paraná isento de transgênicos
O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), conseguiu do governo federal a indicação de que o estado será declarado isento do cultivo de transgênicos. Requião defendeu a medida durante almoço com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, em Brasília. “O ideal é que o País declare o Paraná livre dos transgênicos”, afirmou Dirceu.
O ministro não informou quais medidas serão tomadas para compensar os agricultores paranaenses que plantaram grãos geneticamente modificados, contrariando a decisão do governador que proibiu o plantio. Dirceu ainda ressaltou que os estados são livres para plantar produtos transgênicos desde que estejam em conformidade com a legislação. “Os estados interessados no plantio, como o Rio Grande do Sul, que o façam dentro da lei”, afirmou. (…)
Gazeta Mercantil, 16/01/04.
7. Monsanto deixa área de soja na Argentina
A americana Monsanto desistiu de vender sementes transgênicas de soja na Argentina, confirmou ontem ao Valor, por telefone, Federico Ovejero, gerente de relações públicas e governamentais da multinacional naquele país. De acordo com ele, a decisão foi tomada há um mês e meio e poderá ser revogada caso mostrem-se eficazes as medidas que o governo argentino promete adotar para mitigar as vendas ilegais de sementes no mercado.
“Nesse momento, paramos de vender. Mas estamos otimistas na reversão do atual quadro de ilegalidade”, afirmou Ovejero. Ele calcula que 50% das vendas de sementes de soja na Argentina não respeitem as regulamentações sobre proteção de patentes em vigor no país, mas não revela as perdas ou o faturamento da Monsanto naquele mercado. De qualquer forma, Ovejero diz que os demais negócios da multinacional no vizinho — venda de agroquímicos e de sementes de milho, girassol e sorgo, principalmente — serão mantidas.
A Monsanto começou a explorar o mercado argentino de sementes de soja em 1996. De lá para cá, a soja transgênica “explodiu” no país, e hoje responde por mais de 90% da safra nacional — maior percentual de penetração do mundo, superior inclusive ao dos americanos, pioneiros no uso da biotecnologia. A safra argentina do grão deverá alcançar 36,5 milhões de toneladas nesta temporada 2003/2004, de acordo com a última estimativa do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).
As vendas ilegais de sementes de soja transgênica resistentes ao herbicida Roundup Ready (desenvolvidas pela Monsanto) são viáveis, segundo fontes do setor, porque mesmo em sua multiplicação a resistência da semente ao agroquímico é mantida. “Esta resistência é mantida por até dez gerações”, afirma um especialista. Essas mesmas fontes acreditam que a lei de proteção de cultivares em vigor no Brasil não permite que uma companhia de sementes tenha, no país, que enfrentar situação semelhante à da Monsanto na Argentina.
Valor Econômico, 20/01/04.
8. Greenpeace solicita ao governo argentino a penalização da Monsanto por difundir milho transgênico ilegal
Caso Monsanto: Greenpeace solicita sanção à sementeira no momento em que a empresa anuncia sua retirada do mercado de sementes de soja. Para o Greenpeace trata-se de manobra para pressionar o governo a aprovar o milho RR e tirar dos agricultores familiares o direito de guardar sementes.
Através de uma carta, o Greenpeace Argentina solicitou nesta terça-feira ao secretário de Agricultura, Miguel Campos, a aplicação de sanções à sementeira norte-americana Monsanto pela difusão ilegal do milho RR GA21, resistente ao herbicida glifosato, produzido pela mesma empresa.
O pedido se realiza no momento que a empresa anuncia sua retirada do mercado da soja, em uma estratégia para pressionar pela aprovação do milho transgênico. Esta classe de milho foi aprovada nos Estados Unidos, mas está proibida na Europa, o que permitiu à Argentina ganhar mercados nesse continente.
“Esta operação ilegal foi descoberta pelo Greenpeace em maio de 2001 e até hoje o governo argentino não teve coragem de punir a firma norte-americana”, afirmou Emiliano Ezcurra, da campanha de Biodiversidade do Greenpeace. (…)
A secretaria de Agricultura, Pecuária, Pesca e Alimentação admitiu a situação em um comunicado aberto, assinalando apenas que tinha sido detectado um organismo transgênico ilegal, mas preferiu não citar nem a empresa nem o transgênico. Além disso, disse que tinha resolvido a situação através de retenção e posterior destruição desses materiais.
A Monsanto havia distribuído clandestinamente a vários produtores sementes de milho RR durante a ExpoChacra 2000. O governo nunca pôde determinar onde estavam todos os lotes contaminados, por isso não é de se acreditar que tenha destruído esse milho. No início de 2002 a Suíça encontrou rastros desse milho transgênico em produtos alimentícios, confirmando a denúncia.
A Monsanto pôs em perigo toda a produção de milho exportável da Argentina, já que este milho não está aprovado na União Européia. Mas o governo de Fernando de la Rua, não fez nada para punir a empresa. (…)
www.greenpeace.org.ar
9. Semente estéril cria amarras para agricultor
Com a aplicação do gene terminator, os produtores ficam obrigados a comprar sementes a cada plantio
O Brasil surpreendeu em mais uma negociação internacional — só que, desta vez, em defesa dos interesses dos Estados Unidos. Durante a reunião da Convenção da Diversidade Biológica (CDB), dia 10 de novembro de 2003, em Montreal (Canadá), a delegação brasileira se negou a apoiar um documento elaborado por movimentos camponeses e indígenas que alertava sobre as conseqüências da tecnologia terminator nas sementes.
Proibido em todo o mundo, o gene terminator impede que as plantas produzam sementes férteis, ou seja, as sementes não se reproduzem. Assim o produtor é obrigado a comprar sementes das indústrias detentoras das patentes dessa tecnologia a cada novo plantio.
A decisão da delegação brasileira foi duramente criticada pelas organizações contrárias ao uso de transgênicos na agricultura. “Ficamos chocados ao ver o governo brasileiro apoiar o desenvolvimento de frentes de trabalho reguladoras para a introdução do terminator”, critica Hope Shand, diretora do ETC-Group, organização mexicana que denunciou a postura brasileira em defesa da tecnologia transgênica. “Ao impedir que os agricultores replantem as sementes de suas colheitas, o terminator amplia os lucros da indústria”, reitera.
O secretário de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente (MMA), João Paulo Capobiano, defende o grupo brasileiro e diz que a delegação teve de “obedecer aos procedimentos” da reunião. Ele explica que, por não constar na pauta, o documento apresentado pelos movimentos não poderia ser avaliado. “O Ministério é contrário à introdução do terminator na agricultura, mas tivemos que cumprir o protocolo, que não permite deliberar sobre um assunto fora da pauta”, justifica. Se a decisão foi protocolar, o secretário admite que o assunto não é consenso entre os delegados representantes dos Ministérios de Ciência e Tecnologia e Meio Ambiente, que compõem a CDB: “Existem posições que não são definitivas no governo”.
Brasil de Fato, 15/01/04.
Experiências comunitárias mostram que transgênicos não são solução para o problema da fome
O trabalho da Pastoral da Criança no Rio Grande do Norte
A desnutrição infantil e a fome são as principais manifestações de insegurança alimentar que atingem uma parcela importante da população mundial. Cerca de cinco mil crianças deixam de morrer por ano no Brasil graças ao trabalho da Pastoral da Criança, segundo dados do Unicef – Fundo das Nações Unidas para a Infância e Adolescência. (…)
Entre as suas ações básicas, destacam-se o apoio integral às gestantes, através de orientação e supervisão nutricional; incentivo ao aleitamento materno; vigilância nutricional – pesagem mensal de cada criança (o “dia do peso”) e orientação aos pais e responsáveis para os cuidados e acompanhamento do peso e do crescimento da criança; e alimentação enriquecida, através do aproveitamento de produtos de grande valor nutricional e de baixo custo, disponíveis nas próprias comunidades, além de ações para evitar desperdícios de alimentos como folhas, cascas de ovo e sementes (multimistura). Um dos seus programas complementares é o Programa de Segurança Alimentar, que tem como objetivo garantir alimentação a todos os cidadãos.
O empenho da comunidade em Jandaíra
Em Jandaíra, no Rio Grande do Norte, o trabalho da Pastoral da Criança começou em março de 1999, se expandido no ano seguinte para mais três municípios vizinhos. De lá para cá, a desnutrição diminuiu 80% e o índice de mortalidade infantil caiu para quase zero.
Hoje, são 250 famílias e 352 crianças acompanhadas por vinte e seis lideranças comunitárias que atuam como voluntários na região. Além de visitar as famílias carentes (de 10 a 20 famílias por voluntário), os agentes comunitários realizam o “dia do peso”, também chamado por eles de “Celebração da Vida”, e os cursos de Alimentação Enriquecida e Remédios Caseiros.
Nos cursos de Alimentação Enriquecida, os voluntários aprendem e repassam para os pais quais os nutrientes básicos que uma criança necessita para o bom funcionamento do organismo, com receitas de refeições mais nutritivas, e o que é melhor, a um baixo custo. (…)
A utilização da multimistura tem recuperado milhões de crianças desnutridas em todo o país. Ela é composta de farelo de trigo e arroz, com proteínas importantes para a formação do corpo; pó de casca de ovo, rico em cálcio e ideal para o crescimento da criança; folha de macaxeira, com fibras para o bom funcionamento da digestão. A alimentação enriquecida é, sobretudo, preventiva. Como resultado do trabalho educativo, a renda das famílias tem melhorado e os gastos com alimentos industrializados e remédios têm diminuído.
O uso correto dos alimentos resgata hábitos alimentares saudáveis de cada região, melhora a qualidade de vida e representa uma ação de segurança alimentar.
De volta às raízes – Publicação bimensal do Centro Nordestino de Medicina Popular – Ano XVII – nº 97 – , set/out de 2002.
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Campanha Por um Brasil Livre de Transgênicos
Este Boletim é produzido pela AS-PTA – Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa [Tel.: (21) 2253-8317 / E-mail: [email protected]]
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