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POR UM BRASIL LIVRE DE TRANSGÊNICOS
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Número 195 – 06 de fevereiro de 2004
Car@s Amig@s,
Ao contrário de todas as previsões traçadas na última semana, a Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (04/02) o Projeto de Lei de Biossegurança garantindo que a liberação comercial de produtos transgênicos no País deverá ser precedida de avaliações de impacto ambiental e de riscos à saúde conduzidas pelos órgãos de registro e fiscalização dos Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente (Anvisa e Ibama).
Como todos acompanharam, a bancada ruralista pressionava pela substituição da proposta enviada pelo Governo Federal à Câmara no final de outubro do último ano por outra elaborada pelo deputado Aldo Rebelo, ex-relator do PL na Câmara e hoje Ministro da Articulação Política, que dava amplos poderes à CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança / Ministério de Ciência e Tecnologia) para deliberar tudo em matéria de transgênicos — inclusive dispensar a realização de estudos, se os considerasse desnecessários.
Foi assim que a Comissão tentou liberar a soja transgênica da Monsanto em 1998: dispensou as avaliações de riscos por previamente considerar o produto seguro, baseada em estudos conduzidos e apresentados pela própria Monsanto.
Na opinião dos ruralistas, a CTNBio deveria se sobrepor aos ministérios, obrigando-os a registrar os produtos sem exigências adicionais caso seu parecer fosse favorável à liberação.
O argumento usado pelos defensores da rápida liberação dos transgênicos no País foi a “defesa da ciência”. Diziam que manter as atribuições dos ministérios — diga-se de passagem, garantidas pela Constituição Federal — seria o mesmo que condenar o Brasil ao atraso e ao obscurantismo. Os pesquisadores da genética molecular, que trabalham no desenvolvimento de produtos transgênicos, se aliaram aos ruralistas defendendo a liberação comercial dos transgênicos em nome da liberdade para a pesquisa.
Desde o início da convocação extraordinária do Congresso em janeiro, em cuja pauta de votações entrou o PL de Biossegurança, circulavam pela Câmara grupos de cientistas vestindo jalecos brancos pregados de adesivos com os dizeres “Biotecnologia – liberação já”.
As ONGs e movimentos sociais da Campanha Por um Brasil Livre de Transgênicos também se fizeram representar na Câmara em grande número, e a imprensa tratou de forjar a falsa polarização entre “cientistas e ambientalistas”. Entre aqueles que defendem o desenvolvimento da pesquisa e aqueles que defendem o “vago” Princípio da Precaução. Claro, pouco mencionaram que o que a sociedade quer são justamente mais pesquisas, estudos que avaliem os reais impactos destes produtos na saúde e no ambiente antes de sua difusão descontrolada pelo País. E omitiram que o que aqueles pesquisadores realmente defendem é a dispensa de avaliações de riscos nos processos de liberação comercial de transgênicos.
O dep. Renildo Calheiros (PCdoB/PE) havia anunciado que apresentaria seu parecer ao Projeto de Lei na terça-feira (03/02), na Comissão Especial da Câmara criada para avaliá-lo, e que o texto seria votado na Comissão no mesmo dia. Perto de três dezenas de manifestantes de cada lado (pró e contra liberação) estavam presentes.
Logo chegou a notícia de que o relatório não estava pronto. O relator, que inicialmente declarara que acolheria o parecer elaborado por Aldo Rebelo, estava agora negociando o texto com representantes do governo, incluindo o Ministério do Meio ambiente. O parecer deveria ser apresentado só na quarta-feira (04/02), e direto para votação no plenário da Câmara.
Era bom sinal para nós. A votação na Comissão seria um desastre, já que o governo permitiu que ela fosse composta por maioria absoluta de deputados militantes pró-transgênicos.
Soube-se depois que a negociação seguiu até a madrugada de terça, com a participação em pessoa da Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e do Presidente da Câmara, João Paulo Cunha, além do relator e de representantes de Aldo Rebelo.
O resultado só chegou à Câmara na quarta-feira pela hora do almoço, no seguinte formato: o Ministério do Meio Ambiente (MMA) entregava à CTNBio toda a responsabilidade pelas liberações para pesquisa, inclusive as de campo aberto, em que deveria ser necessário o licenciamento ambiental por parte do Ibama. Mas ficavam preservadas as competências dos órgãos de registro e fiscalização do MMA e do Ministério da Saúde (MS) nos casos de liberações comerciais.
Com essa proposta objetivava-se neutralizar a pressão dos cientistas e ruralistas que diziam defender a autonomia para a ciência. Mas é claro que a proposta não foi aceita. Começou a cair a máscara dos “defensores da ciência”, que exigiam facilidade para liberações comerciais sem a participação dos ministérios.
Seguiram-se então longas horas de negociação na Presidência da Câmara, com a participação de João Paulo Cunha, do Ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues (defensor dos transgênicos), de técnicos do MMA, dos líderes dos partidos, de representantes da bancada ruralista e de parlamentares defensores da precaução.
O acordo alcançado chegou ao plenário da Câmara depois das nove da noite. Embora o MMA tivesse acatado outras enormes concessões para garantir a aprovação do PL, ainda ficavam preservadas as atribuições dos ministérios para as liberações comerciais.
A bancada ruralista e os “cientistas” entraram e pânico. O dep. Roberto Freire (PPS-PE), fervoroso defensor dos transgênicos, apresentou o texto originalmente elaborado por Aldo Rebelo na forma de emenda substitutiva global e a bancada ruralista propôs a inversão da pauta: queriam votar primeiro a proposta de Roberto Freire.
Buscando garantir maioria na votação, o relator acatou ainda mais emendas ao parecer nas negociações de plenário, piorando ainda mais o projeto.
Finalmente, por volta das duas horas da madrugada, os parlamentares votaram e aprovaram a proposta de acordo apresentada por Calheiros.
Foi bonito ver, durante votação, o dep. Paulo Pimenta (PT-RS), relator da Medida Provisória que liberou o plantio da soja transgênica na safra 2003/04 e propagandista dos transgênicos, defender ao microfone a proposta de Renildo Calheiros, enquadrado pela liderança do partido. E engraçado vê-lo vaiado pela direita rural com gritos de “traidor!”.
A votação da madrugada de quarta foi uma vitória da Ministra Marina Silva, que incansavelmente se empenhou em conseguir do núcleo duro do governo o compromisso de apoiar o Projeto de Lei originalmente enviado pelo Executivo. Ela conseguiu, nos últimos dias, que o governo sustentasse até o fim a negociação do PL — permitindo concessões graves, mas garantindo a preservação do coração do projeto: o rigor para os processos de liberação comercial.
O projeto segue agora para votação no Senado Federal, onde poderá sofrer novas alterações, tanto para pior como para melhor. A concessão mais grave acatada na Câmara e que tentaremos reverter no Senado é a prorrogação do prazo para plantio e comercialização da soja transgênica. Pelo texto do PL, o plantio fica autorizado para mais uma safra, que poderá ser comercializada até janeiro de 2006.
Outro problema é que o licenciamento ambiental, garantido para a liberação comercial de transgênicos, deverá ser feito no curto prazo de 120 dias (interrompido para o desenvolvimento dos estudos exigidos). A Resolução 305 do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), de 12 de junho de 2002, garantia o prazo de um ano para o licenciamento. Além disso, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) não é expressamente obrigatório pelo PL.
A sociedade civil também perdeu espaço na CTNBio. O número de representantes foi reduzido de 8 (na proposta original do Governo) para 6.
Além disso, para pedir revisão do Parecer Técnico Conclusivo da CTNBio, os órgãos de registro e fiscalização dos ministérios deverão apresentar fatos ou conhecimentos científicos novos. É absurdo não se poder solicitar revisões acerca das informações já colocadas, caso não sejam suficientemente esclarecedoras.
E, como já foi dito, apenas a CTNBio avaliará as liberações para pesquisa, inclusive as que envolvam campos experimentais, excluindo a exigência de licenciamento ambiental simplificado por parte do órgão competente (conforme previa o projeto original). Para estes casos, nem a Lei de Agrotóxicos (7.802/89) será aplicada.
Como se vê, as concessões acatadas não são poucas e muitas delas são bastante graves. Sabemos que foi o melhor que se conseguiu consideradas as relações de força na Câmara. Mas nem por isso deixaremos de brigar para revertê-las no Senado.
Esta Campanha ainda tem muito trabalho pela frente.
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Conar acata reivindicações do Idec e obriga Monsanto a mudar campanha sobre transgênicos
O Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária) determinou à empresa Monsanto do Brasil, em sessão realizada nesta quinta-feira (5), em São Paulo, que modifique a campanha publicitária Monsanto — Se você já pensou num mundo melhor, você já pensou em transgênicos.
A Câmara Julgadora do Conar acolheu parcialmente a representação do Idec, que considera a propaganda irregular pois transmite uma idéia errada sobre o tema dos transgênicos e incentiva o seu público-alvo à prática ilícita — uma vez que o plantio das sementes foi autorizado somente até dezembro do ano passado.
O conselho determinou, então, a modificação, ou supressão, dos termos e informações passíveis de questionamentos e contradições e que possam induzir os cidadãos a erro quanto ao tema dos transgênicos, além de incentivar a prática de ilícitos pelos agricultores. O Idec e a Monsanto serão comunicados do inteiro teor da decisão nos próximos dias. As partes ainda poderão recorrer.
“Essa decisão é muito importante pois o Conar é o órgão especializado do meio publicitário na avaliação de propagandas e tem como um dos preceitos básicos o de que todo anúncio deve ser honesto e verdadeiro e respeitar as leis do país”, afirma Marilena Lazzarini, coordenadora institucional do Idec.
A referida campanha começou a ser veiculada em dezembro de 2003 na TV, além de salas de cinema, rádios, revistas, jornais e do próprio site da empresa. Monsanto – Se você já pensou num mundo melhor, você já pensou em transgênicos veicula afirmações duvidosas cientificamente e que não representam a opinião unânime da comunidade, da sociedade civil e dos próprios órgãos governamentais. A campanha associa os alimentos transgênicos a uma suposta melhoria da qualidade de vida, da saúde humana, do Meio Ambiente, além de uma improvável redução no uso de agrotóxicos. Essa afirmação, inclusive, contradiz o próprio pedido da Monsanto de mudança na monografia do agrotóxico glifosato — voltado para a soja transgênica — , no qual a empresa pleiteia o aumento do limite máximo de resíduos tóxicos em 50 vezes do atualmente autorizado para a soja convencional.
IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, 6 de fevereiro de 2004.
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Neste número
1. Índia quer aumentar importações de óleo de soja produzido no Paraná
2. Porto de Paranaguá paga testes para detectar transgênico
3. Governo petista proíbe transgênicos no Acre
4. Bélgica proíbe plantio de transgênicos
5. Vítimas do Vietnã vão à Justiça contra Monsanto e Dow Chemical
6. Ação em favor da rotulagem na Feira Ecológica
7. Produtores fazem mobilização a favor da rotulagem
Sistemas agroecológicos mostram que transgênicos não são solução para a agricultura
Os muitos inimigos naturais das lagartas do algodão
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1. Índia quer aumentar importações de óleo de soja produzido no Paraná
O governador do Paraná, Roberto Requião, manteve contatos, nesta terça-feira (27-01), com empresários indianos que manifestaram interesse em aumentar substancialmente a compra de óleo de soja do Estado, desde que esse óleo seja produzido com soja pura, não-transgênica. Atualmente os indianos importam do Paraná cerca de US$ 70 milhões de dólares por ano em mercadorias. Desse total, 91% são constituídos de óleo de soja.
O governador expôs aos indianos todo o esforço do Paraná em ser considerado pelo Governo Federal área livre de transgênicos, especialmente no caso da soja. “Contamos com o apoio do presidente Lula para que o Estado seja considerado área livre e temos todas as condições de oferecer aos indianos um óleo produzido com soja pura”, salientou Requião, que garantiu, também, que o Porto de Paranaguá não embarcará nenhum produto de origem transgênica. “É mais uma garantia da pureza do produto paranaense exportado”, completou o governador, salientando que “o mercado indiano é imenso e abre ao Paraná possibilidades magníficas de aumento das transações comerciais”.
Nesse sentido, Requião comentou que a posição intransigente do Paraná em defesa da pureza dos produtos agrícolas já está rendendo bons resultados. “Basta lembrar que recebemos no Palácio Iguaçu uma delegação da China, também interessada em soja pura, o que valoriza nossa produção”, disse.
Governo do Estado do Paraná – Assessoria de Imprensa, 28/01/04.
2. Porto de Paranaguá paga testes para detectar transgênico
O superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA), Eduardo Requião, garantiu o pagamento dos testes para detectar a presença de Organismo Geneticamente Modificados (OGMs) nas cargas de soja trazidas ao Porto de Paranaguá via vagões ou caminhões.
As verificações acontecerão no Pátio de Triagem, mesmo em cargas que, desde a origem, apresentem laudos e certificações que “negativem” a presença de produtos transgênicos ou estejam dentro da tolerância máxima de 0,9% aceita pelo governo do Estado. “Uma polêmica que poderia existir sobre quem pagaria o custo do “re-teste” já foi descartada. O Porto paga este custo, mas exige qualidade. Se for comprovado que a soja é transgênica, o terminal portuário proprietário da carga contaminada será impedido de operar no Porto de Paranaguá”, disse Requião.
A decisão sobre o pagamento de testes foi acordada durante reunião na sede da APPA, ontem, entre o dirigente portuário, o presidente da Empresa Paranaense de Classificação de Produtos (Claspar), Eduardo Baggio, o Chefe da Seção de Fiscalização do Comércio de Agrotóxicos, da Secretaria da Agricultura e Abastecimento (Seab), Alvir Jacob e Carlos Alberto Salvador, também da Seab, e o Superintendente da Associação e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), Nelson Costa, além de representantes de Cooperativas e terminais portuários privados.
Gazeta do Paraná, 04/02/04.
3. Governo petista proíbe transgênicos no Acre
RIO BRANCO. Com dificuldades para conseguir convencer o governo federal a
proibir a exploração de produtos transgênicos em todo o país, a ministra do
Meio Ambiente, Marina Silva, poderá comemorar ao menos a vitória que
conseguiu em seu estado. Desde ontem está proibido o cultivo, a manipulação
e a venda de produtos transgênicos no Acre. A lei estadual que impede a
exploração comercial de produtos geneticamente modificados foi sancionada
pelo governador Jorge Viana e publicada no Diário Oficial.
O projeto foi aprovado pela Assembléia Legislativa do Acre ainda no fim do
ano passado e não teve nenhuma repercussão negativa no estado. Nenhum setor
da agricultura se manifestou contrário à nova lei.
Conselho vai fiscalizar transgênicos no estado
No decreto sancionado ontem, Viana também determina a criação do Conselho
Técnico Estadual de Biossegurança, o CETEBio, órgão que vai ficar
responsável pela fiscalização e monitoramento de todas as atividades e
projetos ligados à engenharia genética. O conselho previsto na lei será
composto por representantes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa) e do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-AC). O
órgão fiscalizador também terá um representante da Federação dos
Trabalhadores Rurais do Acre.
Esse conselho será vinculado à Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento
do estado. A lei determina ainda que todos os órgãos que realizam pesquisa
terão que se cadastrar nesse conselho.
A lei dos transgênicos proíbe ainda a utilização de estradas, rios e
aeroportos no território acreano para a exportação e importação desses
produtos. Para os casos de descumprimento da medida, a lei prevê multa
diária de R$ 600, apreensão e destruição do produto, suspensão do projeto e
condenação dos campos ou viveiros onde os transgênicos forem encontrados.
O dinheiro arrecadado com as multas aplicadas aos proprietários rurais que
infringirem a lei irão para o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Científico e
Tecnológico, para serem aplicados em atividades de biossegurança.
Regina Rodrigues de Freitas, presidente da Federação dos Trabalhadores
Rurais do Acre, disse que vai exigir do governador que faça cumprir a lei,
para que o estado não venha a ter plantação de transgênicos: — Somos totalmente contra os transgênicos porque não sabemos o que eles podem trazer de ruim para a saúde e para o meio ambiente — disse Regina, que apóia as posições da ministra do Meio Ambiente.
Segundo a presidente da Federação, haverá um protesto contra os transgênicos
durante a “Marcha das Margaridas”, realizada anualmente em Brasília pela Confederação dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) reunindo apenas
mulheres trabalhadoras rurais.
O Globo, 05/02/04.
4. Bélgica proíbe plantio de transgênicos
O governo da Bélgica rejeitou nesta segunda-feira, dia 2 de fevereiro, a solicitação da indústria de biotecnologia Bayer CropScience para plantar canola transgênica na Europa. O requerimento, encaminhado à União Européia, foi rejeitado depois que pesquisas confirmaram que plantações de OGMs — organismos geneticamente modificados — podem causar danos ao meio ambiente.
Especialistas belgas concluíram que os impactos negativos do cultivo de canola transgênica sobre a biodiversidade seriam de difícil controle. Além disso, as regras para os produtores evitarem a contaminação das plantações tradicionais são ineficazes e de difícil monitoramento.
A decisão do governo da Bélgica seguiu também o abrangente estudo com transgênicos realizado pelo Reino Unido no final do ano passado, que concluiu que plantações de canola geneticamente modificada causam mais danos ao meio ambiente do que o cultivo tradicional (1). Outro estudo britânico mostrou que os insetos podem transportar pólen da flor de canola por muitos quilômetros (2). As pesquisas comprovam a dificuldade, senão a impossibilidade, de se controlar os efeitos provocados pelos cultivos de transgênicos sobre a biodiversidade, e de se proteger as fazendas que optaram por não plantar OGMs de serem contaminadas.
Embora a empresa alemã Bayer CropScience tenha solicitado uma licença para cultivar a canola transgênica à União Européia por intermédio da Bélgica, o governo belga apenas encaminharia a solicitação para os outros países-membros para uma decisão conjunta se o pedido atendesse às exigências das leis ambientais européias. A Bayer já fez outras duas solicitações similares à UE, por intermédio da Alemanha.
Notas:
(1) Cientistas independentes observaram menor quantidade de borboletas e abelhas nas plantações transgênicas do que a encontrada em plantações convencionais, devido à diminuição de plantas nativas e ervas daninhas. Ervas daninhas também são importantes para a alimentação de pequenos mamíferos e pássaros, principalmente durante o inverno. Encontre a pesquisa no site www.defra.gov.uk/environment/gm/fse/index.htm
(2) Estudo experimental e matemático sobre a dispersão local e regional de gene de canola transgênica. “Ramsay, G., Thompson, C & Squire, G (2003). Quantifying landscape-scale gene flow in oilseed rape. Final Report of DEFRA Project RG0216”. Para ler a pesquisa na íntegra acesse o link www.defragovuk/environment/gm/research/pdf/epg_rg0216.pdf
Ambiente Brasil, 03/02/04.
5. Vítimas do Vietnã vão à Justiça contra Monsanto e Dow Chemical
Produtores do Agente Laranja são processados
Hanói — Três vietnamitas que afirmam ter sofrido os efeitos do deformador Agente Laranja usado pelos Estados Unidos na guerra, há quase 30 anos, moveram a primeira ação judicial contra os produtores da substância.
Segundo a Associação Vietnamita das Vítimas do Agente Laranja, duas mulheres e um homem entraram com o processo numa corte de Nova York na sexta-feira passada.
As empresas Dow Chemical Co e Monsanto Co, as duas maiores produtoras do agente químico — que ganhou este nome por causa de sua embalagem — estão entre as mais de 20 companhias listadas na ação.
Uma das pessoas a apresentar queixa é Phan Thi Phi Phi, que cobra uma indenização pelos ferimentos depois da exposição ao agente químico, pulverizado de um avião.
– Não quero fazer isso só por mim, porque já passou muito tempo. Mas no Vietnã, os mais pobres e os mais discriminados são os que foram vitimados pelo Agente Laranja. Então, tudo o que eu puder fazer por eles, vou fazer — disse ela.
Veteranos americanos da Guerra do Vietnã expostos ao herbicida reclamaram durante anos sobre uma diversidade de problemas de saúde e também moveram ações contra as empresas. Em 1984, a Dow e a Monsanto concordaram em pagar US$ 180 milhões aos veteranos americanos.
Sob um acordo com o Vietnã, os EUA se comprometeram em realizar pesquisas científicas conjuntas relativas ao agente químico mas negaram-se diretamente a discutir qualquer compensação.
A questão se mostrou um dos legados mais espinhosos da Guerra do Vietnã e voltou à tona durante a visita histórica do ministro da Defesa do Vietnã, Pham Van Tra, a Washington no ano passado.
Entre os componentes da substância química está a dioxina, um composto que permanece no solo por um longo tempo e pode causar câncer, defeitos de nascença e disfunções.
Entre 1962 e 1971, cerca de 20 milhões de galões de herbicidas foram lançados sobre o Vietnã. O governo vietnamita afirma que cerca de três milhões de pessoas sofrem com os efeitos dos agentes químicos.
Jornal do Brasil, 05/02/04.
6. Ação em favor da rotulagem na Feira Ecológica
O Decreto 4.680/03 de24/04/03, determinou que a partir de1º de fevereiro de 2004, todos os alimentos produzidos a partir de ingredientes geneticamente modificados deveriam trazer esta informação no rótulo, sempre que o percentual de transgênicos ou derivados na composição do produto ultrapassasse 1%.
No final do ano passado o Ministério da Justiça abriu uma consulta pública para definir o símbolo que deverá ser usado nos rótulos dos alimentos indicando a presença de transgênicos. O símbolo adotado é um triângulo eqüilátero com a letra T no meio — nos rótulos coloridos o fundo do triângulo deve ser amarelo.
No sentido de denunciar a violação do direito do consumidor brasileiro ser informado sobre a presença de transgênicos nos alimentos e para estimular a população em geral a exigir os selos nos alimentos,a Campanha Por Um Brasil Livre de Transgênicospromoveu neste domingo — último prazo para a adequação das indústrias de alimentos à exigência da Lei — manifestações em todo Brasil.
Em Torres, uma centena de consumidores e consumidoras da Feira Ecológica da Lagoa do Violão assinaram uma declaração reivindicando a manutenção do Projeto de Lei de Biossegurança e a rotulagem dos alimentos que contendo OGMs — organismos geneticamente modificados — de acordo com a determinação legal vigente no país. O Centro Ecológico é umadas muitasentidades que integra a Campanha Por Um Brasil Livre de Transgênicos, juntamente com o Greenpeace,a SOS Mata Atlântica e a AS-PTA – Assessoriae Serviçosa Projetos em Agricultura Alternativa.
Míriam Sperb, Assessoria de Comunicação, Centro Ecológico
7. Produtores fazem mobilização a favor da rotulagem
Um grupo de trabalhadores esteve reunido ontem (02), em frente a um supermarcado em Passo Fundo realizando uma mobilização de alerta sobre os produtos transgênicos para a população. Eles distribuíram panfletos e fizeram orientações sobre a necessidade de rotulagem destes produtos. De acordo com o coordenador do Centro de Tecnologias Alternativas Populares (CETAP), Gilmar Zolet Vieira, os produtos que contém ingredientes geneticamente modificados deveriam estar rotulados desde o início do ano, mas comprovou-se que até o momento estes produtos não têm o selo de alerta. O prazo para a rotulagem encerra no final de janeiro.
Entre os aspectos abordados pelo grupo estão a preocupação com as informações que devem ser prestadas ao consumidor para que ele possa optar pelo consumo ou não do transgênico, o que sem a rotulagem não é possível. “Queremos alertar a população para que exija a rotulagem destes alimentos e principalmente saibam quais as conseqüências à saúde das pessoas”.
O grupo adquiriu alguns produtos do mercado onde a composição de transgenia já está comprovada para que as pessoas saibam que já estão consumindo transgênicos mesmo sem o início da rotulagem.
Diário da Manhã, 03/02/04.
Sistemas agroecológicos mostram que transgênicos não são solução para a agricultura
Os muitos inimigos naturais das lagartas do algodão
Várias lagartas são conhecidas por terem potencial de se estabelecerem como pragas na cultura do algodoeiro. Entre elas estão a lagarta rosada (P. Gossypiella), a lagarta da maçã (H. virescens) e o curuquerê (A. argillacea). Para estes e para todos os organismos existentes em nosso planeta há um outro organismo, ou vários outros, responsáveis pela regulação de suas populações. Com essa premissa básica e com o conhecimento aprofundado sobre o comportamento dos insetos-praga, podemos pensar em estratégias para o seu controle biológico.
Existem várias pesquisas hoje em dia que buscam identificar e avaliar a eficiência do uso do controle biológico na agricultura. Para as pragas do algodoeiro, em especial, tais pesquisas já se encontram bastante avançadas, apresentando resultados que mostram que sua prática é perfeitamente viável.
Entre as formas de controle estudadas temos o vírus da poliedrose nuclear, para o controle da lagarta da maçã e do curuquerê, o uso de produtos biológicos à base da bactéria Bacillus thuringiensis var. kurstaki para o controle do curuquerê, a vespinha Trichogramma sp. para o controle do curuquerê e da lagarta da maçã, o uso de feromônios sexuais que confundem os machos da lagarta rosada reduzido sua população na geração seguinte, e ainda bactérias potencialmente letais para a lagarta do curuquerê, como a Pseudomonas aeruginosa, a P. acidovoranus e a Proteus rettgeri.
Há ainda muitos outros organismos que podem fazer parte do controle natural de pragas nos campos de cultivo de algodão. Alguns estudos realizados no Texas apontaram 18 diferentes espécies de organismos antagônicos, entre aranhas, formigas, neurópteras e outros artrópodos predadores.
Estes são apenas alguns dos organismos antagônicos — também chamados de inimigos naturais — que podem ser usados no controle biológico das lagartas que atacam o algodão.
Essas experiências demonstram que o uso de algodão transgênico Bt para o controle de lagartas — com todos os riscos em que a cultura implica — não é necessário. Intensificar a pesquisa no campo do Controle Biológico de Pragas
seria solução mais segura e econômica do que investir na engenharia genética.
FRISBIE, R. E. ed. Guidelines for integrated control of cotton pests. Roma: FAO, 1983. p. 38. (FAO Plant Production and Protection Paper, nº48)
A bacterial disease of the American cotton leaf worm, Alabama argillacea (Hubner) (Lep., Noctuidae), with note on its histopathological effects. por HABIB, M. E. in Zeitschirift fur angewandte Entomologie Hamburgo e Berlim: Verlag Paul Parey, vol. 85 (1978), p. 76-81, s.d.
HABIB, Mohamed O potencial biótico na lavoura algodoeira do Brasil. in 1º Simpósio Hoechst Fitossanidade do Algodoeiro. Rio de Janeiro, 26/08/1983. p.77 – 81
Patologia da poliedrose nuclear do curuquerê do algodão Alabama argillacea ( Hubner. 1818) (Lep., Noctuidae) por ANDRADE, C. F. S. e HABIB, M. E. M. in Rev. Agric., 58(4): 269-290.
GALLO, Domingos et al Manual de Entomologia Agrícola 2ºed São Paulo: Ed. Agronômica Ceres, 1988 649 p.
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Campanha Por um Brasil Livre de Transgênicos
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