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POR UM BRASIL LIVRE DE TRANSGÊNICOS
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Car@s Amig@s,
Está ficando a cada dia mais claro, que a posição do Brasil em relação a liberação comercial dos produtos transgênicos irá influenciar decisivamente o rumo das indústrias transnacionais de sementes e biotecnologias. Este número, levanta questões sobre o futuro do mercado de transgênicos, os aspectos legislativos (EIA/RIMA) e práticos do impacto dos transgênicos no meio ambiente e sobre a questão da rotulagem, que continua na ordem do dia.
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Neste número:
1. Brasil define futuro de transgênicos
2. Vampirismo genético
3. Rio Grande do Sul mobiliza governo sobre impactos dos OGMs
4. Estudo avalia milho Bt
5. EUA definem regras (complacentes) para transgênicos
6. Transgênicos continuam isentos de rótulos nos EUA
7. Eventos
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1. Brasil define futuro de transgênicos
Existe um consenso crescente de que a opção do Brasil por cultivar ou não plantas transgênicas irá influenciar os rumos da indústria de biotecnologia no mundo. Isso é o que diz a reportagem publicada no jornal “The New York Times”. Segundo a reportagem, caso o Brasil ( segundo maior produtor de soja do mundo ) opte pelo cultivo de transgênicos, consumidores terão dificuldade de encontrar alimentos que não contenham ingredientes geneticamente modificados. Apesar de o cultivo de transgênicos ser proibido no Brasil, técnicos do Governo Federal suspeitam que sementes de soja geneticamente modificadas sejam contrabandeadas da Argentina.
Folha de São Paulo, 17/05/00
2. Vampirismo genético
Que os alemães sempre se interessaram pelas coisas do Brasil por vezes mais que os brasileiros, inclusive, não é novidade para ninguém. É assim com a Floresta Amazônica, com a destruição generalizada de rios e florestas e com os processos de desertificação no norte e sul do Brasil. Mas notícia veiculada recentemente pelo canal de TV alemã ZDF, mais especificamente no programa de reportagem que tem o nome bem português de Frontal, é de deixar qualquer um estupefato. Talvez eles saibam mais sobre nós e nossas mazelas do que nós mesmos.
A reportagem do canal televisivo falou, e detalhou com um punhado de entrevistas – da pirataria genética que vitima as tribos indígenas do Amazonas, mais especificamente no estado de Rondônia. Pelo menos duas vezes, pessoas que se identificaram como médicos da Funai teriam feito coletas maçiças de sangue entre índios, sob o pretexto de encaminhar testes que averiguariam a saúde dos índios. Os testes jamais voltaram, e as ampolas com o sangue sumiram. Segundo especialistas, o sangue estaria sendo aproveitado para os mais variados estudos genéticos, inclusive a descoberta de novos medicamentos e pesquisas a respeito de clonagem.
A explicação para o uso do sangue índio – o canal alemão chegou a identificar ofertas muito detalhadas do sangue na Internet, feitas por laboratórios americanos – está no fato de que as tribos indígenas tiveram muito menos contatos intergenéticos, mantendo suas cadeias de genes muito mais simples e rudimentares. É a diferença entre montar um puzzle de 20 peças e outro de 50 mil peças, explicou um dos especialistas.
Os índios, claro, não foram consultados a respeito e o colonialismo continua, em suas refinadas formas contemporâneas. Duro foi ver um índio protestar, fulo de impotência, que os morcegos gigantes da floresta, que se alimentam do sangue dos animais até a morte destes, por vezes, pelo menos o fazem para sobreviver… Enquanto os vampiros humanos, que faturam sobre o sangue de índios inocentes e especulando com seu padrão genético, inclusive, o fazem tão-somente por dinheiro…
Mensagem de Marcelo Backes, Jornalista, doutorando em Letras na Alemanha
3. Rio Grande do Sul mobiliza governo sobre impactos dos OGMs
O secretário da Agricultura, José Hermeto Hoffmann, pediu ao ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenberg, agilidade na elaboração do termo de referência do Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) para produtos transgênicos (OGMs). Ainda no Palácio Piratini, o secretário manifestou preocupação por saber que o ministro cumprirá “ao pé da letra” a lei nacional de biossegurança, ‘que não prevê a criação do EIA/RIMA’. No início deste mês, o assessor jurídico da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Gustavo Trindade, e Luíza Chomenko, da Fepan, estariam na reunião da subcomissão técnica criada pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente para discutir o licenciamento ambiental para transgênicos. O RS é o único estado com representação na comissão.
Correio do Povo, 10/05/00
4. Estudo avalia milho Bt
Um estudo divulgado nos Estados Unidos indica uma possível vantagem no cultivo de milho transgênico. Segundo o Serviço de Pesquisa Agrícola do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), o milho Bt ajudaria a reduzir a incidência de micotoxinas, substâncias produzidas por fungos que se alojam nas espigas atacadas por pragas.
O milho Bt é desenvolvido pela biotecnologia e carrega em seu código genético o gene da proteína cristal de Bacillus Thuringiensis, uma bactéria encontrada no solo e que tem ação inseticida contra pragas que atacam as lavouras. O entomologista Patrick Dowd, do órgão americano, afirma que, naquele país, os níveis da micotoxina fumonisina (produzida por fungos Fusarium) estão entre 30 e 40 vezes mais baixos no milho Bt do que nas plantações convencionais.
Pesquisadores acreditam que a descoberta possa facilitar o acesso aos mercados europeu e asiático para o milho dos EUA. Aqueles países recusam grãos pela alta incidência de micotoxinas. Na Europa e no Japão, porém, há resistência ao consumo de alimentos transgênicos.
Zero Hora, 05/05/00
Comentário da redação:
Qual será o desenlace deste milho engenheirado para matar só insetos que mata fungos também? E além dos fungos, que mais será que ele mata? Será que a delta-endotoxina pura nestas plantas age em outros organismos além das lagartas?
As empresas gostam mais das surpresas da engenharia genética quando estas favorecem sua imagem.
Quando a Monsanto descobriu, por exemplo, que as vacas alimentadas com sua soja Roundup Ready produzem mais gordura no leite, as sementeiras norte-americanas revendedoras em 1997 começaram a fazer festa, usando este resultado como ponto a favor da venda de sementes transgênicas. Até que o Greenpeace se deu conta, e revelou que este efeito secundário, por mais benéfico que fosse em si, era absolutamente inesperado e inexplicável em uma soja engenheirada para metabolizar um herbicida, mas não para alterar o metabolismo dos mamíferos que a consumissem. Daí, a Monsanto se apressou em garantir que não era bem assim, que os resultados identificados por ela como “estatisticamente significativos” de sua experiência não eram tão certos assim.
5. EUA definem regras (complacentes) para transgênicos
O governo dos EUA anunciou novas medidas para supervisionar a indústria da biotecnologia alimentícia, entre elas, as colheitas cujos genes foram alterados. O plano exigiria que as novas companhias notificassem a Food and Drugs Administration – FDA (órgão do governo americano que regulamenta e autoriza a liberação de alimentos e medicamentos) pelo menos quatro meses antes de colocar no mercado novos ingredientes para a forragem que tenham sido objeto de engenharia genética.
Atualmente, as empresas de biotecnologia consultam voluntariamente (grifo nosso) a FDA antes de lançar tais produtos no mercado, mas o novo plano institucionaliza esta prática. Uma vez que a FDA examine um novo alimento ou tipo de forragem, as conclusões e os dados seriam divulgados em sua página na Internet.
Correio do Povo, 04/05/00
6. Transgênicos continuam isentos de rótulos
Os efeitos do avanço da biotecnologia e os transgênicos na indústria de alimentos continuam sendo discutidos no mundo inteiro. O assunto foi tema de uma das palestras da FMI 2000 Food Marketing Institute, feira internacional de supermercados realizada em Chicago. Enquanto a exigência de rotular os transgênicos não é aprovada pela FDA, a identificação dos alimentos irradiados é obrigatória.
Mas existe um paradoxo na atitude da FDA. Apesar de que ambas técnicas podem ser prejudiciais ao comprador, apenas uma é divulgada.
É muito nítida a preocupação dos expositores da indústria alimentícia com a origem dos produtos. A principal questão era a de esclarecer dúvidas sobre os alimentos geneticamente modificados e sobre produtos orgânicos. Enquanto os alimentos orgânicos são mais aceitos no varejo, os geneticamente ainda sofrem resistências ao consumo.
Contudo, as informações à população sobre biotecnologia nos Estados Unidos podem ser consideradas precárias. Segundo pesquisa do Food Marketing Institute, com 2 mil consumidores, este ano, 37% dos entrevistados nunca ouviram falar de transgênicos e apenas 9% disseram que tiveram informações sobre os assunto.
Apesar de o governo norte-americano ainda não exigir rótulos para os alimentos elaborados com transgênicos, algumas empresas estão alertando seus consumidores. É o caso do supermercado Genuardi’s Family Markets, com sede em Noristown, Pensilvânia, que se apresenta como o primeiro a tomar a decisão de respeitar direitos dos consumidores.
Gazeta Mercantil, 10/05/00
7. Eventos
A Fundação Heinrich Böll está organizando um evento de lançamento do seu escritório no Brasil. Na programação está reservado um dia inteiro (31/05) para o debate “Alimentos Transgênicos Aliança Internacional pela Moratória” . Para obter mais informações sobre o evento contatar a Fundação: (0XX)21-2658571
E-mail: [email protected]
O I Simpósio Brasileiro de Agropecuária Ecológica e Saúde Humana a realiza-se no Rio de Janeiro entre 26 e 30 de junho/2000 dedica espaço ao debate sobre “Alimentos Transgênicos”. Entre os palestrantes convidados estão: Laércio Meirelles(moderador / Centro Ecológico Ipê), David Hathaway (AS-PTA), Flávio Lewgoy (Dpto. Genética /UFRGS), Josefina Monteiro (Nutrição/UFV), Marcos Traad (Associação Brasileria de Zootecnicstas), Paulo Baltazar (PSB-RJ), Rubens Nodari (Dpto. Genética/UFSC) e Silvio Valle (FIOCRUZ)
Mais informações: http://www.uff.br/agrsaude
Debates sobre transgênicos em Minas Gerais
Nos dias 29 e 30 de maio, a Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais estará promovendo uma série de debates sobre os transgênicos, indo desde a questão da moratória passando pela rotulagem e chegando na saúde do consumidor e nos impactos sócio-econômicos. Entre os debatedores e palestrantes estarão Sílvio Valle – FIOCRUZ, Sebastião Pinheiro – UFRS, David Hathaway – Consultor em Agroecologia, políticos e outros profissionais da área.
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