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POR UM BRASIL LIVRE DE TRANSGÊNICOS
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Número 275 – 20 de outubro de 2005
Car@s Amig@s,
Diversas organizações da sociedade civil enviaram em junho deste ano um ofício ao Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS) solicitando a revogação integral do parecer 530/2005 da CTNBio que autorizava a importação, pela Associação Avícola de Pernambuco (Avipe), de milho transgênico para fabricação de ração para aves. Este parecer foi parcialmente revogado pelo Conselho Nacional de Biossegurança em razão de a CTNBio ter liberado a importação de uma variedade de milho transgênico que sequer havia sido solicitada pela Avipe e de ter previamente autorizado pedidos de importação de mesma natureza.
Entre outros pontos, as organizações argumentaram que uma notícia publicada no jornal Folha de São Paulo no dia 23 de maio de 2005 (traduzida do jornal inglês The Independent) relatou que estudos comprovaram que “Ratos alimentados com uma dieta rica em milho geneticamente modificado desenvolveram anormalidades em seus órgãos internos e alterações em seu sangue”. Este fato deveria dar ensejo a uma nova avaliação pela Comissão, já que a variedade do estudo é cultivada experimentalmente e para produção de sementes na Argentina e pode estar presente nas importações daquele país.
As organizações também argumentaram que não havia no Brasil falta de milho convencional – motivo usado na justificativa “técnica” da CTNBio – sendo desnecessária a importação de milho transgênico da Argentina. Ademais, à CTNBio não compete decidir sobre matéria comercial.
Em resposta às organizações, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança elaborou uma “Nota Técnica” com uma série de impropriedades e demonstrando uma postura profundamente antidemocrática no que se refere às decisões sobre Biossegurança.
A “Nota Técnica”, assinada pelo sr. Jairon do Nascimento (ex-coordenador geral da CTNBio) contém expressões como “… o argumento apresentado é desprovido de fundamentação técnica compatível com o nível científico dos membros da CTNBio”, “Ora, o método científico, ao que parece desconhecido pelos autores da carta, é considerado o meio mais seguro para se chegar a conclusões.”
Além disso, a “Nota Técnica” em uma argumentação absurda, atribui ao IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor -, a introdução ilegal de soja no país, nos seguintes termos:
“(…) No entanto, sua comercialização foi impedida por uma ação judicial que demorou mais de seis anos para ser resolvida e, cansados de esperar, os agricultores, vizinhos da Argentina, decidiram plantar essa soja em suas terras. Portanto, fica claro que a introdução ilegal de soja no país deve-se grandemente à ação impetrada pelo Instituto de Defesa do Consumidor (grifo nosso) – IDEC, que no mínimo atrasou a avaliação pós-comercial da variedade de soja epsps. Todavia, mesmo o uso ilegal desta tecnologia revelou não haver quaisquer efeitos deletérios ao meio ambiente e à saúde humana. Desta forma, o IDEC contribuiu indiretamente para o avanço da ilegalidade no país (grifo nosso) e de outro revés, para provar que a tese de risco por ele defendida estava errada. (…)”
A postura autoritária em relação à sociedade civil é claramente expressa na resposta: “… é lamentável que instituições de patriotismo duvidoso (grifo nosso) tentem ameaçar o desenvolvimento científico e tecnológico e as inovações do país.”
O mais surpreendente é que o Ministério da Ciência e Tecnologia, através do sr. Jairon do Nascimento, desqualifica o papel do CNBS, no qual o próprio MCT tem assento, afirmando que “o Conselho, formado por Ministros e não por cientistas, tomou sua decisão desconhecendo os aspectos técnicos da matéria”. As decisões sobre transgênicos devem ser de exclusividade de pesquisadores?
Esta não é a opinião do Ministério da Saúde, que, na resposta às organizações da sociedade civil deixou claro que “o CNBS tomou as providências cabíveis em relação à presente situação e de acordo com o recurso apresentado pelo Ministério da Saúde e Meio Ambiente”. O recurso apresentado ao CNBS por estes dois ministérios pediu a revogação integral do parecer da CTNBio.
Para uma comissão intitulada “técnica” e de “biossegurança”, a aprovação de matérias que desconsideram as preocupações e os argumentos levantados pelos órgãos da Saúde e do Meio Ambiente é, no mínimo, temerária. Manobrando ou mesmo ignorando o regimento interno da Comissão, esse tipo de situação se repete desde que a CTNBio aprovou, sem quorum suficiente, o pedido da Monsanto para “desregulamentar” o uso de sua soja resistente a herbicida.
Com a aprovação da nova lei de biossegurança (11.105/05) a CTNBio será ampliada e recomposta. Isso por si só não garante que ela deixará de ser uma câmara de promoção da biotecnologia para passar a avaliar a segurança de produtos transgênicos com maior rigor e isenção. Uma possível reorientação desta comissão dependerá dos termos que ganhar o decreto de regulamentação da lei, que a Casa Civil negocia a portas fechadas (pelo menos para a sociedade civil) com os ministérios.
Pressionada pelos ruralistas e por demais setores pró-transgênicos, a Casa Civil mostrou estar disposta a abreviar o debate em torno do decreto e cancelar a reunião do CNBS que definiria pontos centrais do texto, como a definição do processo de escolha de cientistas para a comissão e o quorum necessário para liberação comercial de produtos transgênicos. Do que depender da Agricultura, da Casa Civil e do ministério de Ciência e Tecnologia, não deverá sair a prometida consulta pública. Para que a lei de biossegurança não seja piorada, será fundamental agora a atuação de ministérios alinhados ao princípio da precaução, como o do Meio Ambiente, o do Desenvolvimento Agrário e a Secretaria de Aqüicultura e Pesca.
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Neste número:
1. Fartura transgênica
2. Quebra de sigilo liga Marcos Valério à MP dos transgênicos
3. De Requião para Rodrigues
4. Europeus vão ao Paraná em busca de soja convencional
5. Projeto exige rotulagem de transgênicos para exportação
6. Deputados tentam liberar plantio de soja em Passo Fundo (RS)
7. Cresce mistura de soja transgênica no Paraná
8. Paraná e GM-Free Network assinam protocolo para exportação de soja convencional
Sistemas agroecológicos mostram que transgênicos não são solução para a agricultura
Chocolate orgânico
Dicas sobre fontes de informação
O Novo Império, texto de Nagib Nassar, 17/10/2005.
“Nós testemunhamos o nascimento de um novo império, onde a arma não é de fogo, mas simplesmente um poder financeiro das multinacionais”.
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=32307
Evento
Oficina de Formação: Direitos das comunidades sobre seus conhecimentos tradicionais associados à biodiversidade, dias 08 e 09 de novembro de 2005, no Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) – Belém/PA.
O Curso é gratuito.
Será realizada a seleção de 40 candidatos que devem encaminhar a ficha de inscrição até o dia 1º de novembro de 2005, para o Núcleo de Propriedade Intelectual do CESUPA, Avenida Nazaré, 630, bloco D, Belém – PA, CEP: 66.035.-170, telefone (91) 4009-21-36, e-mail: [email protected], sitio www.cesupa.br ou www.museu-goeldi.br.
Para maiores informações:
http://www.museu-goeldi.br/institucional/pcst/index.html
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1. Fartura transgênica
A Universidade Federal de Viçosa (MG) não pode se queixar de verba: deu hotel, alimentação e passagem aérea a Brasília para trinta pesquisadores pressionarem o governo a regulamentar a Lei de Biossegurança.
O Dia, 20/10/2005.
N.E.: Quem faz o convite e lidera o grupo é o professor da UFV Aluízio Borém, ex-CTNBio e integrante de duas entidades de propaganda dos transgênicos, CIB e Pró-Terra, ambas financiadas pela Monsanto. E o hotel é o Nacional, 5 estrelas, cuja diária mais barata, segundo seu site, é de R$264. O roteiro em Brasília inclui audiência na Casa Civil, a mesma que durante todo o processo de elaboração do decreto sequer respondeu aos pedidos de audiência feitos por entidades da Campanha.
2. Quebra de sigilo liga Marcos Valério à MP dos transgênicos
Transgênicos: “outra história interessante rastreada no que está disponível na quebra de sigilo telefônico ocorreu em maio de 2003. No mês em que o governo conseguiu aprovar no Congresso a polêmica MP que liberou a comercialização da safra de 2003 que continha transgênicos, Marcos Valério faz, de Belo Horizonte, uma ligação para a presidência da Câmara. O presidente era então João Paulo Cunha (PT-SP). No dia seguinte, Marcos Valério faz outra ligação para João Paulo, dessa vez de São Paulo. Novamente, no dia 14, agora falando de Brasília, Marcos Valério telefona seis vezes para o diretório do PT, em São Paulo. Nesse mesmo dia, ainda em Brasília, Marcos Valério telefona para o Banco Rural. Ainda nesse dia 14 a MP dos transgênicos foi aprovada.
O Estado de São Paulo, 19/10/05.
3. De Requião para Rodrigues
Do governador do Paraná, o peemedebista Roberto Requião, a respeito da descoberta de um foco de febre aftosa no Mato Grosso do Sul: Se o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, se esforçasse tanto para combater a aftosa quanto o faz para vender transgênicos o Brasil não estaria agora nessa situação.
Folha de S. Paulo, 15/10/2005.
4. Europeus vão ao Paraná em busca de soja convencional
Comitiva chega em Curitiba no dia 17 (2ª feira) e vem conhecer a produção da soja convencional da agricultura familiar. Intercâmbio acontece no único Estado brasileiro declarado área livre de transgênicos
Nesta segunda-feira (17) uma comitiva composta por 34 pessoas, vinda da
Europa, chega ao Paraná para uma missão de três dias: conhecer a produção da soja convencional dos agricultores familiares do Estado e acertar detalhes sobre a compra da produção. São representantes de regiões européias já declaradas não consumidoras de soja transgênica. É um passo importante na consolidação de um contato que já vem sendo desenvolvido pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf-Sul/CUT).
De acordo com o coordenador-geral da Fetraf/Sul/CUT, Altemir Tortelli, que esteve na Bélgica no mês passado e acertou detalhes com a comitiva, “trata-se de um momento fundamental para a agricultura familiar, que comprova a viabilidade comercial da soja convencional, numa produção que se caracteriza pelo respeito ao meio ambiente e o trabalhador, o agricultor familiar”.
Para a Fetraf-Sul/CUT, desenvolver um projeto de comercialização de soja
não transgênica não significa apenas um negócio, mas a possibilidade concreta de resistência ao avanço tecnológico dos transgênicos e suas práticas de exclusão.
A Fetraf-Sul/CUT vem trabalhando numa proposta concreta de viabilização desta comercialização com a Europa. Já estão acertadas várias tratativas de envio de 60 mil toneladas de soja não transgênica no próximo ano, num navio especialmente encarregado de transportar a soja da agricultura familiar.
De acordo com o coordenador da Fetraf-Sul no Paraná, Marcos Rochinski, a visita da comitiva européia será importante para que a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar apresente o Estado, as regiões e municípios onde a produção da agricultura familiar e as condições de armazenamento estão de acordo com as condições.
A comitiva vai também ter contatos com Assembléia Legislativa, através da
Comissão de Agricultura, que é presidida pela Deputada Estadual Luciana Rafagnin (PT), com Governo do Estado, Federação das Indústrias e diversas entidades do Paraná.
Assessoria de imprensa da Fetraf-Sul/CUT.
5. Projeto exige rotulagem de transgênicos para exportação
As embalagens dos produtos importados ou para exportação que contenham organismos geneticamente modificados (OGMs) deverão conter informação relativa a essa condição, se aprovado o Projeto de Lei 5848/05, em análise na Câmara. Pela proposta, do deputado Edson Duarte (PV-BA), a informação deverá constar de maneira expressa, clara e visível ao consumidor, incluindo o uso de símbolos gráficos e texto em pelo menos dois idiomas, um deles o do país de origem do produto.
De acordo com o projeto, o rótulo do produto deverá exibir o percentual de OGM ou de seus derivados; a classificação e denominação dos genes inseridos; e o nome dos fornecedores das matérias-primas que contenham OGMs e o local de sua produção.
O objetivo do projeto, segundo Edson Duarte, é assegurar ao consumidor o direito à correta informação sobre os produtos. Ele lembra que a Lei de Biossegurança (11.105/05) determina a rotulagem dos produtos geneticamente modificados, mas não se refere especificamente à exportação e à importação.
O deputado ressalta que o projeto atende às diretrizes do Protocolo de Cartagena, a que o Brasil aderiu no ano 2000 e que conta com a ratificação de mais de 50 países [na verdade, mais de 100 países]. Se aprovada a proposta, os infratores estarão sujeitos a penalidades previstas no Código de Defesa do Consumidor (Lei 8078/90).
O projeto tramita em caráter conclusivo nas comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; de Defesa do Consumidor; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Agência Câmara, 15/10/05.
6. Deputados tentam liberar plantio de soja em Passo Fundo (RS)
O vice-presidente da Comissão da Agricultura da Câmara dos Deputados, deputado federal Francisco Turra (PP-RS), integra o grupo de deputados que se reunirá nesta semana com a chefe da Casa Civil do Palácio do Planalto, ministra Dilma Roussef. No encontro, vão solicitar ajustes no sentido de o governo federal permitir o plantio de soja transgênica em área de 10 quilômetros da Floresta Nacional de Passo Fundo (RS). “A liberação do plantio da soja transgênica já na safra 2005/2006 deve ser uma decisão adotada com urgência, e o Palácio do Planalto precisa ser sensível, pois a natureza não espera e os prejuízos não podem ser contabilizados pelos agricultores”, observou Turra nesta segunda-feira (17-10).
O problema é tão grave que os agricultores de Mato Castelhano se uniram e criaram a Profloma, associação que mobiliza os produtores da região do entorno da Floresta Nacional de Passo Fundo. Se não houver mudança no artigo 11 da Lei 10.814, de 15 de dezembro de 2003, que veta o plantio de sementes de soja geneticamente modificadas nas áreas de unidades de conservação e respectivas zonas de amortecimento, os agricultores absorverão prejuízos irreversíveis. As informações são da assessoria de imprensa do deputado federal Francisco Turra.
Agrolink, 17/10/2005.
7. Cresce mistura de soja transgênica no Paraná
A próxima safra de soja começa a ser plantada neste mês e deve ser formada por até 25% de grãos geneticamente modificados. No Paraná, grandes exportadores, como a Coamo, cooperativa de Campo Mourão, já anunciaram que colocarão à disposição dos produtores sementes transgênicas. Neste cenário, aumenta a probabilidade de uma maior mistura das variedades convencionais com as que usam a nova tecnologia, já que os exportadores vêem poucas vantagens em fazer uma segregação dos produtos.
“Vai ficar mais difícil para o mercado lidar com a proibição em Paranaguá porque haverá mais transgênicos para embarcar”, prevê o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes. “Não vale a pena correr o risco de ficar com a carga apreendida no Paraná”, diz. Ao mesmo tempo, as empresas do setor temem que falte espaço em outros portos para completar a exportação.
Para o presidente da Federação da Agricultura do Mato Grosso (Famato), Homero Alves Pereira, no caso do plantio em massa das sementes transgênicas os exportadores do estado seriam atendidos por outros portos. “São Francisco tem se mostrado muito eficiente e permite a segregação nos terminais, enquanto Santos tem a vantagem de ser atendido por uma ferrovia que chega até o Centro-Oeste”, explica. Outra opção que vem conquistando o agronegócio é o Porto de Manaus, que é servido por uma hidrovia cada vez mais usada para escoar a safra.
A proibição da soja transgênica em Paranaguá também levantou a oposição de terminais instalados no porto. Eles temem perder clientes para outros destinos. “O Paraná é formador de preço no mercado internacional e sempre foi o principal exportador de grãos do país”, diz o presidente da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), Wilem Mantelli. “Os terminais têm interesse em investir ali, desde que haja uma mudança de postura.”
O diretor da Sociedade Cerealista Exportadora de Produtos Paranaenses (Soceppar), Theodoro Peratello Júnior, afirma que a empresa notou já em 2004 a fuga de cargas do Paraná para Santa Catarina e que o mesmo trabalho de segregação feito no porto catarinense pode ser realizado no terminal da companhia em Paranaguá. “Sentimos essa mudança e tememos que ela se acentue”, declara. Segundo ele, a busca de cargas com origem no Mato Grosso ajuda a equilibrar o negócio, mas não é uma saída simples. “A concorrência com outros portos é muito grande”, observa.
Gazeta do Povo, 19/10/2005.
8. Paraná e GM-Free Network assinam protocolo para exportação de soja convencional
O governador Roberto Requião e a vice-governadora da Bretanha, Pascale Loget, representante do GM-Free Network, assinaram um protocolo de intenção que prevê a concretização de exportação de soja convencional para a Europa, por longo prazo. A comitiva, que representa 35 regiões da Europa, foi recebida nesta quarta-feira (19) no Palácio Iguaçu, onde foi formalizado o acordo.
Conforme o protocolo, haverá um intercâmbio entre o Paraná e o grupo GM Free, que prevê a troca de conhecimentos científicos e técnicos, de modo a permitir o fornecimento de soja convencional, de alta qualidade. O acordo visa, ainda, a pesquisa de métodos ou a exploração da viabilidade de organismos conjuntos capazes de contribuir para colocar em prática a certificação da soja convencional brasileira de acordo com os padrões de qualidade exigidos na Europa.
Segundo a vice-governadora da Bretanha, há um imenso potencial na Europa para compra de soja convencional, com garantia de rastreabilidade. Inicialmente, a comitiva está negociando a compra entre 20 mil a 30 mil toneladas, volume que poderá ser elevado à medida que os europeus ampliarem as negociações com produtores e cooperativas no Estado. Loget frisou que a intenção de compra da soja convencional é no mínimo por cinco anos.
A comitiva veio ao Paraná, Estado que resiste ao plantio e comercialização da soja transgênica, justamente para conhecer os sistemas de produção e garantia de escoamento da soja convencional. Durante à tarde desta quarta-feira, a comitiva estará no Porto de Paranaguá para verificar os procedimentos no escoamento da soja convencional.
Mercados
Para o governador Roberto Requião, a escolha do Paraná para a compra de soja convencional demonstra que o governo está certo no plantio de soja convencional, porque essa posição abre mercados específicos no mundo inteiro. “Hoje é a vice-governadora da Bretanha que está aqui e certamente o Estado vai receber lideranças de outras regiões com o mesmo objetivo”, afirmou. Segundo o governador, são muitos os grupos organizados que vêm ao Paraná em busca da soja não transgênica.
“Ao contrário do que os grandes produtores divulgam, o plantio de soja transgênica no Paraná é mínimo e não chega a 2% da produção”, disse o governador. Aos europeus, Requião comentou a resistência do Governo no Estado e a luta que vem mantendo com a multinacional produtora de semente de soja transgênica para manter o Estado livre de transgênicos. “Não fosse o apoio da TV estatal já teria perdido essa luta porque o apoio da mídia a favor dos transgênicos é grande”, comentou.
O governador reiterou que o Paraná está no caminho certo em resistir contra o avanço da soja transgênica, pelo princípio da precaução e da biodiversidade dos alimentos. “Se não houver essa resistência contra o monopólio, em pouco tempo as pessoas estarão se alimentando apenas de ‘tortas de soja'”, avaliou.
O GM-Free Regiões Network foi fundado em 2004 por iniciativa de 20 regiões da Toscana e Alta Áustria, que assinaram a Carta de Florença. O documento fixa princípios de ação para manter em seus respectivos territórios formas de agricultura fortemente orientadas para o desenvolvimento de certificado de qualidade e a manutenção dos espaços rurais e montanhas, que eles acreditam ser fundamental para a manutenção do emprego agrícola e agroindustrial.
Transparência
O grupo ganhou adesão e hoje constitui 35 regiões da Áustria, Espanha, França, Itália, Grã-Bretanha e Grécia. O objetivo do grupo é questionar a utilização de organismos geneticamente modificados na agricultura e restaurar um melhor controle do cidadão sobre as práticas agrícolas.
No acordo com o Governo do Paraná, está prevista a transparência no fornecimento de informações econômicas sobre os custos, condições sociais de produção e a remuneração dos produtores, itens que podem garantir o cultivo e o comércio de soja por longo tempo. Para isso, o grupo GM-Free reiterou a importância de se manter uma rede protetora dos solos, das águas e das florestas, assim como as malhas sociais e da agricultura rural, tanto no Brasil quanto na Europa.
Governo do Paraná, 19/10/2005.
Sistemas agroecológicos mostram que transgênicos não são solução para a agricultura
Chocolate orgânico
Um estudo apresentado em Amsterdã, na Holanda, durante um congresso da Sociedade Européia de Cardiologia concluiu que o chocolate é o mais novo aliado do coração. Substâncias presentes no cacau, os flavonóides, ajudam a combater a oxidação da circulação sanguínea, melhorando assim a saúde das artérias e do coração.
Os flavonóides são encontrados também em vários tipos de frutas, mas estudos recentes mostram que o cacau está entre suas fontes mais ricas. Assim, um chocolate de boa qualidade apresenta capacidade anti-oxidante três vezes maior que a do alho e dos morangos.
O chocolate foi muito difundido pelo povo Maia que desenvolveu a cultura do cacau na província de Yucatan, no México. Os Maias e Astecas utilizaram as amêndoas do cacau (sementes) para fazer uma bebida e a chamaram de “Xocolatl”. Lendas astecas dizem que o cacau surgiu do paraíso, pois acreditavam que quem o bebesse adquiriria poder e magia [Daí seu nome científico, Theobroma cacao, do latim, “presente de Deus”].
Em 1519, o explorador espanhol Hernando Cortez conheceu o chocolate em visita à corte do imperador Montezuma, no México. Em 1838 o historiador William Hickling, descreve a historia da conquista do México e relata que na corte do imperador Montezuma, o chocolate servido era aromatizado com baunilha e outras especiarias. O fato de o imperador Montezuma consumir chocolate antes de entrar em seu harém levou à crença que o chocolate era um afrodisíaco. A partir daí, o chocolate começou a ser difundido no Velho Mundo.
Durante dois séculos após ser introduzido na Europa, o chocolate foi servido como bebida; a forma pastosa foi introduzida como desjejum na França do século XVIII. Os efeitos estimulantes do chocolate eram considerados úteis para os soldados que ficavam de vigia à noite. Montezuma II foi um imperador azteca, que governou o México de 1502 a 1520.
A abertura da primeira casa de chocolate ocorreu em Londres, em 1657, por um francês. Até então, o chocolate era considerado um produto nobre, destinado à elite. A Revolução Industrial trouxe a produção em série e tornou o chocolate um produto popular. Em 1765, John Hanan, introduziu o chocolate nos Estados Unidos, ao levar sementes do oeste da Índia. A primeira fábrica de chocolate foi instalada no estado de Massachusetts. A partir daí, o chocolate foi amplamente difundido pelo mundo inteiro.
Atualmente, cerca de _ do cacau fornecido para a industria de chocolate são cultivados na África Ocidental e a maior parte da fração restante no Brasil, mais precisamente no estado da Bahia. Entretanto, a produção de cacau no Brasil teve uma queda acentuada devido ao aparecimento da “vassoura de bruxa”, doença que ataca a planta, suas folhas e seus frutos.
O setor cacaueiro vive uma crise e um momento de completa reestruturação e os proprietários de fazendas de cacau necessitam de alternativas para, em meio à crise, continuar com esta cultura tão nobre.
Uma destas alternativas é, sem dúvida, a produção de cacau orgânico. Pela natureza da cultura e suas condições de produção dentro da mata, a produção de cacau já está integrada com uma das bases da agricultura orgânica, que, entre outros princípios, determina a preservação do ambiente natural. Além disso, a não utilização de agrotóxicos e adubos químicos, poderá garantir uma melhor qualidade nutricional para o fruto do cacau.
A constante reposição de matéria orgânica, característica da floresta, irá contribuir para a manutenção de um solo rico, equilibrado e capaz de atender as necessidades da planta.
A cultura do cacau é considerada artesanal, pois necessita de mão-de-obra em todas as etapas de plantio e colheita até a entrega da amêndoa para a industrialização. Nesse estágio, depois de separadas, as amêndoas entram na fase de fermentação, secagem e torrefação em baixa temperatura. Destas etapas dependerá o sabor do chocolate. Vários processos de manuseio se seguem, dependendo de como se queira o produto final.
A produção de cacau orgânico já é uma realidade na região sul da Bahia. Atualmente, técnicas de produção orgânica estão sendo desenvolvidas, em completa sinergia com o meio ambiente. Algumas alternativas como culturas consorciadas (cacau, palmito, café, ervas, temperos, mandioca, milho, feijão, frutas e até seringueiras) estão sendo testadas e certamente terão bons resultados.
A produção de chocolate, a partir do cacau orgânico, está sendo desenvolvida em todo o mundo. Já existem marcas famosas de chocolate orgânico nas prateleiras de mercados da Europa e dos Estados Unidos e sua disponibilidade é uma ótima noticia para os amantes do chocolate.
Em resumo, a cultura do cacau absorve mão-de-obra, gera empregos e garante condições de melhoria social. O chocolate é indicado como um alimento energético, afrodisíaco, anti-oxidante, tônico cardiovascular e estimulante do bom humor. Sua versão orgânica se apresenta como uma alternativa viável de produção e torna o chocolate um alimento mais saudável, por não utilizar produtos químicos.
http://www.planetaorganico.com.br/saudchoco.htm
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