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POR UM BRASIL LIVRE DE TRANSGÊNICOS
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Número 285 – 18 de janeiro de 2006
Car@s Amig@s,
Entre o natal e o ano novo, no dia 27 de dezembro, o ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, instalou a nova CTNBio. Esta primeira reunião, feita em período estratégico, tinha tudo para botar o carro na frente dos bois e já nomear seu presidente e avançar com a pauta de prioridades.
No entanto, para evitar que a CTNBio já atropelasse de saída, a organização Terra de Direitos enviou uma notificação extra-judicial ao ministro Rezende e ao coordenador geral da CTNBio apontando as ilegalidades de se realizar a reunião naquelas circunstâncias. Entre elas constava o fato de nem todos os ministérios haverem indicado seus representantes e também de estarem faltando as indicações de representantes da sociedade civil. Até 27 de dezembro, apenas MDA e MMA haviam publicado portarias explicitando a forma como a sociedade civil organizada deveria indicar seus representantes e os prazos para isso. A reunião no dia 27 antecedia o prazo legal estabelecido para estas indicações. Os demais Ministérios, contrariando o princípio da publicidade dos atos da Administração Pública, não revelaram, até o momento, como serão realizadas as indicações que lhes competem.
“É temerária e claramente ilegal a realização de Reunião Ordinária da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança sem que tenham sido indicados todos os seus membros”, advertiu a notificação, que ainda destacou que o Decreto nº 5.591 de 23 de novembro de 2005 atribuiu à CTNBio o dever de “dar ampla publicidade à sua agenda, processos em trâmite, relatórios anuais, atas das reuniões e demais informações sobre suas atividades”. A CTNBio não divulgou formalmente a ocorrência de qualquer reunião em dezembro de 2005.
O MCT não acolheu o pedido feito pela Terra de Direitos de não realizar reunião da CTNBio até que todos seus membros tivessem sido nomeados, mas também não avançou com a indicação de presidente da Comissão, que ficou para a reunião a ser realizada nos dias 15 e 16 de fevereiro. Receia-se que seja feita uma manobra para reconduzir à presidência Luiz Antônio Barreto de Castro, que representa o MCT na atual Comissão e conduziu a liberação da soja transgênica em 1998. Barreto de Castro é pesquisador de transgênicos e tem patentes de técnicas de transferência de genes registradas em seu nome.
A lei de biossegurança prevê o impedimento de membros da CTNBio em casos de conflito de interesses. Em se insistindo nesse nome, as entidades da sociedade civil tomarão as medidas cabíveis, estreando esse recurso.
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Maria da Fé, município do Sul de Minas Gerais, aprovou no final de 2005 uma lei proibindo a produção e comercialização de transgênicos na cidade. A iniciativa foi da Associação de Produtores de Agricultura Natural de Maria da Fé – APAN-FÉ. Que iniciativas como essa se multipliquem neste ano que se inicia.
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Neste número:
1. Escolha de integrantes da CTNBio favorece transgênicos
2. CTNBio só deve avaliar liberação em março
3. Lei de Biossegurança pode sofrer alterações
4. Mapa confirma lavoura transgênica de milho no RS
5. Indústrias querem mudar rotulagem de transgênico
6. Milho transgênico encontrado no RS será devolvido
7. Alemanha aprova milho da Monsanto
8. União Européia autoriza três tipos de milho transgênico
9. Soja convencional tem sementes disponíveis
Sistemas agroecológicos mostram que transgênicos não são solução para a agricultura
Soja orgânica atrai novos interessados em Fátima do Sul-MS
Dicas sobre fontes de informação
Relatório do ISAAA sobre o estado global dos cultivos transgênicos em 2005.
http://www.cib.org.br/pdf/sumario_executivo_2005.pdf
Estudo sobre o cultivo de transgênicos do ISAAA, entidade financiada por Monsanto, Syngenta e Bayer, entre outras, ignora crescente rejeição aos transgênicos, o aumento das moratórias aos transgênicos em vários continentes e também a queda de produtividade das lavouras.
http://www.greenpeace.org.br/transgenicos/?conteudo_id=2479&sub_campanha=0&PHPSESSID=d9b3bf87ea32512379f5a11c2292eeab
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1. Escolha de integrantes da CTNBio favorecem transgênicos
Representantes da sociedade civil contestam falta de critérios para a seleção de novos integrantes da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Os movimentos que defendem regras mais rígidas para a adoção de transgêncios no país afirmam que foram favorecidos setores da comunidade científica ligados a empresas de biotecnologia. “Esta é uma preocupação de grande parte da sociedade civil que se contrapõem à liberação indiscriminada dos transgênicos no Brasil”, disse a assessora jurídica da organização Terra de Direitos, Maria Rita Reis, em entrevista à Agência Brasil.
Ao ser indagado sobre esta questão, o ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende disse que todos os indicados para fazer parte da nova comissão foram escolhidos por meio de um processo democrático e são preparados para prestar apoio técnico e assessoramento ao governo federal na formulação, atualização e implementação da Política Nacional de Biossegurança e de Organismos Geneticamente Modificados (OGM).
Sérgio Rezende reagiu hoje aos protestos de representantes de organizações da sociedade civil contra o processo de escolha dos novos membros da CTNBio. Muitas entidades civis, como é o caso da ONG Terra de Direitos, reclamam da falta de transparência nas indicações dos doze representantes da comunidade científica da CTNBio, escolhidos pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) em conjunto com instituições de pesquisa e sociedades científicas.
O ministro, depois de instalar a nova CTNBio, garantiu que a indicação pelo ministério dos 12 especialistas titulares da CTNBio (três da área de saúde humana, três da área animal, três da área vegetal e três da área de meio ambiente) foi democrática e transparente.
Os escolhidos, explicou Rezende, saíram de listas tríplices formuladas por representantes de instituições como a Sociedade Brasileira para o Pregresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC). No total, segundo o ministro, foram analisados cerca de 140 currículos na fase de pré-seleção. “Ouvimos diversos representantes da sociedade científica. O processo foi transparente e feito com total cuidado”, acrescentou. (…)
Agência Brasil, 29/12/2005.
2. CTNBio só deve avaliar liberação em março
O ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, afirmou hoje que a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) só deve fazer a primeira liberação ou não de transgênico em março.
O ministro instalou hoje a nova comissão, definida pela nova Lei de Biossegurança, regulamentada em novembro pelo governo federal. As reuniões serão mensais e a primeira será realizada em fevereiro, entre os dias 15 e 16, quando os membros devem aprovar o regimento interno da comissão. A primeira liberação na prática só pode acontecerá em março, disse o ministro.
A comissão não se reúne desde maio deste ano, quando foi aprovado no Congresso Nacional a Lei de Biossegurança. Na reunião de hoje, os integrantes da comissão devem elaborar uma lista tríplice que será encaminhada ao ministro para que ele escolha o novo presidente.
Da reunião de hoje, participaram 19 integrantes, sendo que a maioria ocupa o posto de titular da CTNBio. No total são 27 membros titulares e a mesma quantidade de suplentes.
Ao abrir a reunião, o ministro falou sobre as decisões da CTNBio, que costumam ser polêmicas. “Qualquer decisão que vocês tomarem irá desagradar alguém”, contou Rezende aos jornalistas. Há na CTNBio 86 pedidos de liberação para plantio e pesquisa com organismos geneticamente modificados e para experimentos com células-tronco,
membros e suas decisões serão tomadas com votos favoráveis da maioria (…).
Estado de São Paulo, 27/12/2005.
3. Lei de Biossegurança pode sofrer alterações
A Lei de Biossegurança pode sofrer mudanças em 2006. Tramita na Câmara dos Deputados o projeto de lei 5.964/05, da deputada Kátia Abreu (PFL-TO), que autoriza a utilização da chamada Tecnologia de Restrição de Uso Genético.
Hoje, existem duas tecnologias. Na V-GURT, a variedade transgênica da planta é estéril, o que inviabiliza a multiplicação da semente. A T-GURT impede o crescimento da planta, obrigando o uso de um composto químico. A legislação atual proíbe o uso, a venda, o registro, o patenteamento e o licenciamento de OGMs advindos de GURTs.
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) combaterá o projeto. O gerente de recursos genéticos do MMA, Rubens Nodari, explica que a proibição teve o objetivo de impedir a introdução de sementes estéreis no mercado e permitir que os agricultores reservem grãos para plantio da próxima safra. “É consenso no governo que essa tecnologia do ponto de vista econômico não beneficia o produtor. Aumentará o custo de produção e colocará em risco a soberania alimentar do país”, disse.
Nodari alerta que o uso de GURTs reforçaria a tendência de concentração do setor sementeiro, deixando os agricultores totalmente dependentes. Mas, para Kátia Abreu, como foi aprovado, o texto não inviabiliza apenas as sementes estéreis. “A utilização da tecnologia seria impedida como medida de biossegurança e como ação benéfica para o cultivo de culturas como a cana-de-açúcar”.
Na visão dos ambientalistas, o projeto dará controle do mercado às empresas de biotecnologia. “O objetivo único e exclusivo deste projeto são as commodities e o pagamento de royalties”, afirma o agronômo do Greenpeace, Ventura Barbeiro.
Além de alterar o artigo 6 e anular o 28, o projeto revoga os artigos 11 e 12 da lei 10.814/03, que normatizou plantio e venda de soja transgênica da safra 2004 e posteriores. O texto, na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, tem parecer favorável do deputado Oliveira Filho (PL-PR). O artigo 11 proíbe o cultivo de soja modificada em áreas de preservação.
Correio do Povo, 16/01/2006.
4. Mapa confirma lavoura transgênica de milho no RS
O Ministério da Agricultura (Mapa) confirmou nesta segunda-feira (02/01) a existência de lavouras de milho transgênico no Rio Grande do Sul. O laudo foi obtido através de resultado de exame laboratorial e integra o grupo de 15 amostras recolhidas pelo Ministério da Agricultura aleatoriamente no mês passado, na região de Santo Ângelo. O resultado positivo, apontado pelo laboratório de Santos (SP), foi revelado pelo superintendente do Mapa no RS, Francisco Signor.
Apesar de a lei 11.105/05 determinar o rastreamento e a queimada de lavouras de milho transgênico, além do enquadramento do produtor, o Mapa não tomará nenhuma atitude até que sejam repassados os recursos da União destinados ao RS em 2006. “Enquanto o Tesouro não liberar o dinheiro, nenhum carro sai da garagem”, afirma Signor, sem precisar qual a quantia necessária para assegurar os repasses e garantir o procedimento sanitário recomendado.
Enquanto isso, o Mapa adota apenas procedimentos de prevenção e esclarecimentos sobre os malefícios provocados pelo produto geneticamente modificado. Ainda nessa semana, o órgão reunirá produtores, comércio e indústria para conscientizá-los sobre os prejuízos que podem ser causados à economia como um todo com a proliferação do milho transgênico, que ainda é ilegal. “Se esse milho chega a se proliferar, será um desastre”, alerta Signor. Também, desde o dia 28 de dezembro, cooperativas, indústrias e transportadores que trabalham com milho estão sendo comunicados que o Mapa cobrará análise comprovando que o grão não é modificado. Contudo, a indústria garante que não tem conhecimento das exigências feitas à compra de milho.
Segundo o diretor executivo do Sips, Rogério Kerber, essa orientação deve partir do Mapa, pois não compete à indústria fazer análise dos produtos geneticamente modificados. “Ainda não temos conhecimento de nada. Quando nos chamarem, vamos avaliar o que pode ser feito e o encaminhamento que poderemos dar”, frisa.
Correio do Povo, 03/01/2006
5. Indústrias querem mudar rotulagem de transgênico
Um conjunto de 11 instituições que representam indústrias de alimentos, produtores de aves e entidades pró-transgênicos enviou nessa quarta-feira (04/01) à Casa Civil e ao Congresso Nacional pedido de revisão na legislação sobre rotulagem de alimentos que contêm organismos geneticamente modificados (OGMs). As entidades pedem a revogação do Decreto 4.680/03 e a criação de um novo decreto para regulamentar a Lei de Biossegurança (11.105/05).
Patrícia Fukuma, do escritório Fukuma Advogados (que representa as entidades na ação), ressalta que, entre os principais pedidos estão o de acabar com a obrigatoriedade da rotulagem de carne proveniente de animais alimentados com ração que contenha transgênicos. “O frango que come ração transgênica não é alimento transgênico e nem contém OGM. O decreto não pode obrigar a sua rotulagem”.
As entidades também pedem mudanças nas informações que devem ser incluídas nos rótulos e substituição do símbolo (a famosa letra T impressa em um triângulo amarelo) por outro mais “amigável”. A idéia é excluir informações sobre o tipo de bactéria transgênica e só colocar a informação “contém soja transgênica”.
Alda Lerayer, secretária-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), afirma que a lei atual exige um excesso de informações que ajudam a confundir os consumidores. “O decreto precisa ser revisto para que a lei possa ser bem aplicada no Brasil”, diz ela.
O Decreto 4.680/03, que estabelece a rotulagem de alimentos que contenham transgênicos em níveis acima de 1%, está em vigor desde março de 2004 e já foi motivo de grandes controvérsias entre ambientalistas, indústrias de alimentos e governo. O resultado efetivo da lei, no entanto, é nulo: em quase dois anos de vigência, não há nenhum produto com o rótulo de “contém transgênico”.
Pelas análises de amostras feitas a pedido dos ministérios da Agricultura e da Justiça desde 2004, não foram encontrados nenhum produto contendo transgênicos em nível superior a 1%, o que significa que a lei de fato vem sendo cumprida. A questão é que o consumidor continua utilizando produtos geneticamente modificados sem saber.
Segundo o Ministério da Justiça, já foram feitas análises em 294 produtos diferentes, que vão de sopas a doces à base de soja e não foi encontrado percentual de transgenia acima de 1%. O mesmo ocorreu nas análises feitas pelo Ministério da Agricultura em bebidas à base de soja, segundo Marcus Vinicius Coelho, coordenador de biossegurança do ministério.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou, por meio de sua assessoria que não tem feito fiscalização de produtos que contêm transgênicos por considerar que a agência tem por função fiscalizar produtos que oferecem risco à saúde humana. Segundo o órgão, problemas ligados à rotulagem devem ser fiscalizados pelos Procons. A Anvisa informou ainda que, até hoje, nenhuma empresa apresentou pedido de registro de produtos que contenham transgênicos.
Valor Econômico, 05/01/2006.
6. Milho transgênico encontrado no RS será devolvido
Os novos exames feitos em amostras das 2,25 toneladas de milho adquiridas pela Penasul Alimentos e apreendidas em Uruguaiana (RS) confirmaram a transgenia no grão. Com o resultado positivo, as cargas serão devolvidas à empresa ABM, no Paraguai. Nessa segunda-feira (09/01), o grão já estava sendo carregado.
Segundo o diretor-geral da Penasul Alimentos, Roberto Moreira, o contrato estabelecia a compra de grãos convencionais, respeitando a legislação vigente no Brasil. A análise pericial, realizada pelo laboratório SGS do Brasil, em Santos (SP), foi determinada pela 2ª vara da Justiça Federal de Uruguaiana a pedido da empresa gaúcha. Os resultados saíram na semana passada.
Os primeiros testes feitos no laboratório Alac, em Garibaldi, apontaram 0,2% de modificação genética em dois dos três lotes de 750 t/cada, mas, segundo o superintendente do Mapa/RS, Francisco Signor, não determinavam se a contaminação teria sido causada por soja, o que foi descartado agora. As cargas estavam depositadas em oito silos do Porto Seco Ferroviário.
O cereal apreendido veio de trem com destino a aviários. Como o produto é fruto de importação, o ministério preencheu documentação informando que o estorno da mercadoria se baseia na legislação, que impede a comercialização de milho transgênico.
Signor reclamou da falta de pessoal no controle de importações e exportações no terminal ferroviário.
Conforme Signor, atualmente, apenas seis técnicos realizam o trabalho no local. “Isso está dificultando e atrasando a inspeção”. Somente neste mês, deveriam passar pelo terminal 50 mil toneladas de trigo, soja e milho, volume que sofrerá redução devido às limitações. Ainda nesta semana, o Mapa promete iniciar uma nova operação de fiscalização em busca de lavouras transgênicas de milho, mas os técnicos aguardam o repasse de recursos federais.
Correio do Povo, 10/01/2006.
N.E.: Cabe esclarecer o que a matéria está querendo dizer por “milho contaminado pela soja”. Soja não cruza com milho nem vice-versa. A mistura pode ocorrer nos testes de identificação, que procuram uma característica genética específica independente da espécie em que ela se encontra. Se procurada a resistência ao herbicida glifosato, por exemplo, uma amostra de milho não-transgênico que contenha alguns grãos de soja transgênica resistente ao glifosato acusará a presença de transgenia. É o que se chama de falso positivo.
7. Alemanha aprova milho da Monsanto
Agricultores alemães poderão cultivar, a partir desta safra, três variedades transgênicas de milho Yieldgard, resistente a insetos-praga, desenvolvido pela Monsanto.
Segundo o ministro da Agricultura e Consumo da Alemanha, Horst Seehofer, em entrevista à agência de notícias alemã Deutsche Welle, a promoção de alimentos geneticamente modificados é uma das políticas do novo governo alemão, formado por uma grande coalizão e liderado por Ângela Merkel.
De acordo com o texto, empresas de biotecnologia e produtores esperam que as alterações na lei alemã dêem aos transgênicos o mesmo status dos produtos convencionais. (…)
Agrolink, 10/01/2006.
8. União Européia autoriza três tipos de milho transgênico
A Comissão Européia, braço executivo da União Européia (UE), autorizou três tipos de milho geneticamente modificado da Monsanto para uso no mercado. Dois tipos de milho serão usados para alimentos e ingredientes alimentares e o terceiro tipo será usado na produção de ração animal.
A variedade geneticamente modificada, preparada para resistir a muitos tipos de pestes (sic), não pode ser cultivada na Europa, apenas importada. As safras transgênicas dividem a Europa. A Comissão Européia quer permiti-las com o objetivo de amenizar a tensão comercial com os EUA e manter a agricultura européia competitiva.
A decisão desta sexta-feira (13/01) aumenta para nove o número de variedades geneticamente modificadas licenciadas pela UE desde a moratória de seis anos do bloco sobre as safras transgênicas, encerrada em maio de 2004. França, Portugal e a República Tcheca se juntaram à Espanha e à Alemanha no cultivo de alguns tipos de milho transgênico comercialmente. Mas a área combinada com esses produtos ainda é de 100.000 hectares.
Do outro lado, os EUA cultivaram cerca de 49,8 milhões de hectares em 2005, de acordo com um relatório recente. As informações são da Dow Jones.
Agência Estado, 13/01/2006.
9. Soja convencional tem sementes disponíveis
No Paraná, estão disponíveis cerca de 4,2 milhões de sacas de sementes de soja convencional para esta safra. A oferta incentiva o cultivo tradicional do grão, praticado por produtores que optam por uma produção livre de transgenia.
O Departamento de Fiscalização (Defis), da Secretaria da Agricultura, informou que todas as sacas de sementes de soja convencional, oferecidas no Estado, foram testadas pela Divisão de Produção de Sementes e Mudas (DPSM), da Secretaria. Segundo o engenheiro agrônomo do Defis, Marcelo Silva, os testes confirmam a ausência de sementes transgênicas.
Para o técnico do Defis, a informação da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), de que metade da safra paranaense 2006/07 será composta por grãos geneticamente modificados, pode estar superestimada.
“Isso porque o agricultor paranaense é cauteloso e tem consciência da cobrança dos royalties pelo uso da semente geneticamente modificada. Além disso, o setor de produção de sementes convencionais no Estado é bastante sólido”, destacou.
De acordo com o Ministério da Agricultura, existem 414 mil sacas de sementes de cultivares de soja geneticamente modificada, tolerantes a glifosato, devidamente registradas no Registro Nacional de Cultivares (RNC), do Ministério.
“Com essa oferta, seria possível cultivar uma área equivalente a 345 mil hectares. O que corresponde a 8,6% dos quatro milhões de hectares cultivados com soja no Estado na safra atual”, lembrou Silva.
A Faep estima que, na temporada atual, o índice da safra do Paraná com grãos geneticamente modificados estaria entre 17 e 18%. Segundo análise do Defis, caso essa informação fosse confirmada, implicaria diretamente no fato de que, pelo menos, 10% dos produtores de soja do Estado, que optaram pelo cultivo de soja transgênica, estariam utilizando grão ilegal, ou seja, semente pirata.
“Se 10% dos produtores do Paraná estivessem, realmente, usando grão pirata, isso significaria que o agricultor está abrindo mão do principal insumo da sua lavoura, ou seja, a semente certificada. Caso isso acontecesse, iria certamente comprometer os índices de produção e produtividade buscados no Estado”, disse Silva.
Royalties
O agricultor do Paraná, que fez opção pelo cultivo transgênico a partir de sementes ilegais, deverá estar preparado para entregar 2% de sua produção para a Monsanto no ato da comercialização do seu produto.
“Esta exigência da multinacional está fundamentada em contrato proposto, alguns meses atrás, ao setor produtivo paranaense. De acordo com o contrato, o setor sementeiro e o cerealista passam a prestar serviço à empresa”, afirmou Silva.
O agrônomo do Defis explicou que, no ato da comercialização, aquele agricultor que entregar o grão transgênico à cerealista terá o seu grão testado através de testes rápidos, oferecidos pela própria empresa. Caso seja confirmada a presença de transgênico, a Monsanto, com base na Lei de Propriedade Intelectual, tem o direito de exigir 2% da produção.
“A situação é tão complicada que aquele agricultor que optou pelo cultivo de sementes convencionais certificadas, e que teve a sua produção, de alguma maneira, contaminada com grãos transgênicos, também corre o risco de ter que entregar 2% de sua produção à multinacional, uma vez que ficar confirmada a presença de transgênico”, concluiu Silva.
O Estado do Paraná, 15/01/2006.
Sistemas agroecológicos mostram que transgênicos não são solução para a agricultura
Soja orgânica atrai novos interessados em Fátima do Sul-MS
O pequeno produtor José Aparecido dos Santos, que tem um sítio localizado na linha do Barreirão – no município de Fátima do Sul, vem cultivando soja orgânica – sem uso de agrotóxicos, desde 2001 e sua experiência começa a ser mostrada para outros agricultores agroecológicos.
No final de dezembro um grupo esteve na sua propriedade para conhecer detalhes deste trabalho.
Santos conta com o apoio dos técnicos do Idaterra e da Embrapa Agropecuária Oeste, de Dourados, que buscam alternativas ecológicas para a condução das lavouras de maneira sustentável. Além dele, também estão cultivando soja orgânica mais dois familiares em uma área de 19 hectares.
No cultivo da soja sem utilização de agroquímicos, a produtividade alcançada é a média da região, 3.000 quilos por hectare. A vantagem é o menor custo de produção em torno de 40% mais baixo em relação à soja tradicional. Com isso, a liquidez é maior em relação ao sistema tradicional.
A visita até a propriedade foi organizada pelo Idaterra de Fátima do Sul, onde desenvolve o projeto de formação de produtores agroecológicos no município que já conta com 12 produtores e mensalmente estão reunidos para discutir sobre esse sistema de produção rural. Fazem parte do grupo produtores de cereais e hortaliças.
Na produção orgânica da soja o controle de pragas é feito com produtos ecológicos. No combate a lagarta é utilizado o Dipel, um inseticida natural à base de uma bactéria, que foi desenvolvido por pesquisadores da Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados. O Dipel é semelhante ao Baculovírus anticarsia, porém, um pouco mais potente, mas a sua eficiência é maior nas lagartas mais novas.
Para controlar o percevejo (fede-fede) – outra praga importante da soja, os produtores de Fátima do Sul utilizam um preparado de Nim, uma planta da família do Cinamomo [Meliaceae], bastante eficiente neste trabalho, como também comprovam as pesquisas da Embrapa.
A fertilização da área de cultivo é feita com adubo orgânico, à base de fosfato natural e esterco curtido de bovino.
A vantagem da produção de soja orgânica é a maior cotação comercial, com agregação de valor por parte de indústrias de produtos naturais. Embora a colheita na região de Fátima do Sul seja pequena, a comercialização é garantida.
Correio do Estado, 09/01/06.
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