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POR UM BRASIL ECOLÓGICO,
LIVRE DE TRANSGÊNICOS & AGROTÓXICOS
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Estudo de Séralini sobre milho transgênico é republicado
Número 678 – 27 de junho de 2014
Car@s Amig@s,
A pressão da indústria da biotecnologia e dos órgãos reguladores foi forte e conseguiu vitória temporária ao tirar de circulação a pesquisa inédita que demonstrou efeitos crônicos em ratos causados pelo consumo do milho transgênico NK 603 com e sem o herbicida Roundup (glifosato), ambos da Monsanto.
A vitória foi temporária porque a Environmental Sciences Europe acaba de republicar a pesquisa e colocá-la de volta no debate científico, mantendo os resultados e conclusões originais e oferecendo acesso aos dados brutos do estudo, algo jamais feito pelas empresas do setor, que alegam segredo industrial mesmo sobre dados que dizem respeito a efeitos sobre a saúde e meio ambiente. Os pesquisadores franceses avaliaram a mesma linhagem de ratos usados pela Monsanto em seus estudos e identificaram graves danos ao fígado e rins, além de distúrbios hormonais e elevada ocorrência de tumores.
A publicação original dos resultados encontrados por Gilles-Eric Séralini e sua equipe saiu em setembro de 2012 pela Food and Chemical Toxicology, que depois da repercussão causada pelo estudo inédito recompôs seu conselho editorial para abrigar um ex-funcionário da Monsanto e logo depois anunciou a retirada do artigo.
A Food and Chemical Toxicology sai chamuscada do episódio, assim como as agências governamentais que desacreditaram a pesquisa. Entre elas está a CTNBio, ligada ao Ministério de Ciência e Tecnologia, que atacou o estudo e seus autores e descartou a reavaliação de sua decisão, que considerou seguro o NK603 e autorizou seu uso comercial no Brasil.
A AS-PTA saúda a volta do artigo ao debate público sobre a segurança desses produtos e sobre a influência das corporações sobre a ciência e os processos regulatórios. Baseando-se na lei de biossegurança demandaremos que a CTNBio reconsidere sua decisão à luz dos achados dos pesquisadores da Universidade francesa de Caen.
E como cantou Vandré: “É a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar”.
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Neste número:
1. Consea pede transparência e participação social em debate sobre transgênicos
2. Ações da Syngenta saltam com notícia de conversas sobre aquisição pela Monsanto
3. Cientistas pedem a suspensão dos transgênicos em todo o mundo
4. Anteprojeto sobre agrobiodiversidade ignora direitos de agricultores familiares e indígenas
A alternativa agroecológica
Biodiversity for food security and family farming – Vídeo produzido pela Agricultures Network
https://www.youtube.com/watch?v=MsGoKr7iFsI
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1. Consea pede transparência e participação social em debate sobre transgênicos
Em carta à presidente Dilma, Conselho expressa preocupação com a falta de autonomia dos pequenos agricultores e uso de agrotóxicos
O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) encaminhou à presidente Dilma Rousseff uma carta [veja íntegra da Exposição de Motivos 002-2014] em que destaca os problemas causados nas lavouras de todo o mundo por conta dos transgênicos ou Organismos Geneticamente Modificados (OGM) e dos agrotóxicos. A carta foi dividida em três eixos, que tratam do acesso às sementes; riscos à produção e consumo sustentáveis de alimentos e aos direitos dos agricultores; e processos decisórios e de regulamentação sobre biossegurança.
No documento, o Consea reconhece a importância de programas do governo federal como a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Pnapo) e o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo), e reafirma a necessidade da garantia do livre exercício do direito à alimentação e a obrigação do poder estatal de assegurar o princípio de precaução e a participação social nas políticas públicas. O Consea também defende a manutenção do caráter consultivo da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e a criação de mecanismos de transparência e participação social nas decisões sobre biossegurança.
(…)
Século Diário, 24/06/2014.
2. Ações da Syngenta saltam com notícia de conversas sobre aquisição pela Monsanto
(Reuters) – As ações da Syngenta disparavam nesta terça-feira após notícia de que a fabricante suíça de agroquímicos havia mantido conversas sobre uma aquisição no valor de 40 bilhões de dólares pela rival norte-americana Monsanto, para criar a maior companhia de agroquímicos do mundo.
A Monsanto, maior companhia de sementes do mundo, e a Syngenta tiveram conversas preliminares sobre uma combinação, em parte para permitir que a companhia norte-americana se beneficiasse de impostos suíços menores, segundo uma matéria da Bloomberg. As conversas foram abandonadas mais tarde, de acordo com a matéria.
Um porta-voz da Syngenta não quis comentar a matéria e a Monsanto não pôde ser encontrada de imediato para comentar.
As ações da Syngenta tinham alta de 6,3 por cento, às 11h09 (horário de Brasília).
Analistas estão esperando mais acordos no setor, conforme grandes companhias como a Monsanto, a Bayer e a Basf buscam se fortalecer e expandir suas operações para proteção de colheitas ou sementes.
Agrolink, 25/06/2014.
3. Cientistas pedem a suspensão dos transgênicos em todo o mundo
Carta aberta de cientistas de todo o mundo a todos os governos sobre os organismos geneticamente modificados (OGM).
– Os cientistas estão extremamente preocupados com os perigos que os transgênicos representam para a biodiversidade, a segurança alimentar, a saúde humana e animal, e, portanto, exigem uma moratória imediata sobre este tipo de cultivo em conformidade com o princípio da precaução.
– Eles se opõem aos cultivos transgênicos que intensificam o monopólio corporativo, exacerbam as desigualdades e impedem a mudança para uma agricultura sustentável que garanta a segurança alimentar e a saúde em todo o mundo.
– Eles fazem um apelo à proibição de qualquer tipo de patentes de formas de vida e processos vivos que ameaçam a segurança alimentar e violam os direitos humanos básicos e a dignidade.
– Eles querem apoio maior à pesquisa e ao desenvolvimento de uma agricultura não corporativa, sustentável, que possa beneficiar as famílias de agricultores em todo o mundo.
A carta aberta está publicada no sítio Ecocosas, 07-06-2014. No entanto, a carta foi publicada originalmente em 01-09-2000 e encontra-se no sítio inglês ISIS – Institute of Science in Society.
A tradução é de André Langer, via IHU-Unisinos, 12/06/2014
4. Anteprojeto sobre agrobiodiversidade ignora direitos de agricultores familiares e indígenas
Em artigo publicado na página do Instituto Socioambiental (10/06), a promotora de Justiça do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios Juliana Santili informa que o Ministério da Agricultura (Mapa) elaborou anteprojeto de lei para regular o acesso e o uso da agrobiodiversidade. Segundo Santili, a proposta desrespeita e restringe os direitos dos agricultores familiares, populações indígenas, tradicionais e locais, que são os principais responsáveis pela conservação e uso sustentável da biodiversidade agrícola brasileira. O anteprojeto foi elaborado sem qualquer participação das organizações e dos movimentos sociais representativos dessas comunidades.
Confira o texto na íntegra em http://www.socioambiental.org/pt-br/blog/blog-do-ppds/anteprojeto-sobre-agrobiodiversidade-ignora-direitos-de-agricultores-familiares-e-indigenas
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Campanha Brasil Ecológico, Livre de Transgênicos e Agrotóxicos
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