###########################
POR UM BRASIL ECOLÓGICO,
LIVRE DE TRANSGÊNICOS E AGROTÓXICOS
###########################
Transgênicos puxam vendas de agrotóxicos
Número 595 – 03 de agosto de 2012
Car@s Amig@s,
Um expressivo aumento no uso de agrotóxicos no Brasil aconteceu no mesmo período em que o cultivo de transgênicos deu seu grande salto, informou o Valor Econômico em reportagem publicada no último dia 31. Desde 2005, ano em que foi aprovada a Lei de Biossegurança (11.105/05), a área plantada com sementes geneticamente modificadas no país mais do que triplicou, passando de 9,4 milhões para 32 milhões de hectares. Entre 2005 e 2011, o consumo médio de agrotóxicos saltou de pouco mais de 7 quilos por ha para 10,1; aumento de 43,2%. Segundo dados do Sindag, sindicato que representa fabricantes de agrotóxicos, citados na matéria, as vendas desses produtos aumentaram mais de 72% entre 2006 e 2012, de 480,1 mil para 826,7 mil toneladas. Esse maior uso de venenos não pode ser explicado pelo aumento da área cultivada, que no mesmo período cresceu menos de 19%, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) – considerando grãos, fibras, café e cana-de-açúcar.
Dos transgênicos liberados pela CTNBio, entre soja, milho e algodão, 85% são modificados para resistência a herbicidas, cujas vendas alcançaram 403,6 mil toneladas; um aumento de 44% em relação às 279,2 mil toneladas registradas em 2006. As vendas de fungicidas triplicaram e as de inseticidas cresceram quase 84%, ainda segundo a reportagem do Valor.
“As lavouras transgênicas de soja – cultura que demanda, sozinha, 48% de todos os agrotóxicos vendidos no país – são mais intensivas no uso de defensivos [agrotóxicos] do que as que não adotam a tecnologia. No Paraná, por exemplo, as lavouras com a tecnologia Roundup Ready (RR), da Monsanto, consumiram, em média, 3,6 quilos de agroquímicos por hectare, alta de 16,2% em relação aos 3,1 quilos consumidos em lavouras convencionais. A vantagem para o produtor está no manejo: nas lavouras RR, eles substituem vários herbicidas por um único produto, o glifosato, em dosagem maior.” Esse maior uso de glifosato tem acelerado o desenvolvimento de plantas resistentes, que leva o produtor a usar produtos mais tóxicos para controlá-las. No mesmo Paraná, a Secretaria de Agricultura registrou, entre 2005 e 2007, aumento de 85% no uso de Gramoxone (Paraquat) e de 52% para o Tordon (2,4-D). Lembre-se que a soja transgênica já era cultiva ilegalmente há mais tempo e fora autorizada em 2003 por medida provisória. “De todo modo, os benefícios da biotecnologia em relação ao uso de agrotóxicos nas plantações ainda são marginais”, conclui o repórter Gerson Freitas Jr. Ou seja, o benefício de fato vai para a empresa que vende o veneno.
Os dados são importantes, mas não trazem grandes novidades, pois sempre se soube que essas sementes foram criadas para puxar a venda de agrotóxicos e para justificar o patenteamento das sementes. As promessas feitas pela indústria desde a década retrasada, fortemente reproduzidas pela imprensa, durante muito tempo ofuscaram os resultados concretos da tecnologia. Como está cada vez mais difícil de maquiar esses resultados pífios, entra em cena novo lero-lero.
O representante da consultoria Céleres citado na matéria afirma que “não há contradição no aumento das vendas tanto de transgênicos quanto de agroquímicos”. Para ele, o fato é que antes se usava muito pouco agrotóxico. “Não fosse a biotecnologia, esse crescimento teria sido ainda maior”, garantiu. Já o entrevistado do Sindag falou que tínhamos “um problema de subdosagem”. O representante da Abrasem (Associação Brasileira de Sementes e Mudas) atribuiu parte do aumento à chegada da ferrugem da soja.
“A Céleres projeta, porém, que os ganhos serão mais expressivos na próxima década, com a consolidação da tecnologia e a chegada de novas variedades no país, como a soja resistente a insetos.” Melhor esperar sentado.
::
Três mitos que você sempre ouviu sobre a agroecologia – mas ninguém teve coragem de negar
Confira a animação feita pela Oxfam em parceria com a Articulação Nacional de Agroecologia: http://www.youtube.com/watch?v=FpEL21Lr8kk
*****************************************************************
Neste número:
1. O problema das pragas secundárias
2. Demanda externa por soja convencional ainda é forte
3. Ibama alerta para produtos tóxicos para as abelhas
4. Cumadre Kátia
5. Basf e Shell são obrigadas a depositar R$ 1 bi por acidente ambiental
6. Fabricante do Agente Laranja patrocina Jogos Olímpicos
A alternativa agroecológica
Mais uma Feira da Agricultura Familiar é inaugurada na região metropolitana do Rio de Janeiro
Evento:
IV Feira de Sementes Crioulas e Biodiversidade – Rio Azul, Paraná
Comunidade: Invernada
Data: 02 de setembro de 2012
*********************************************************
1. O problema das pragas secundárias
O pulgão-do-milho (Rhopalosiphum maidis), um inseto que suga a seiva da planta e deixa as espigas mal formadas, nunca representou uma ameaça para os agricultores de Jataí (GO), um dos maiores polos de produção de milho safrinha do país. Mas, em abril, a praga deu mostras do seu perigo quando esteve prestes a infectar boa parte dos 150 mil hectares da safra 2011/12 na região. “Foi um susto daqueles”, relembra Luiz Batista, engenheiro agrônomo da Pioneer.
O estrago só foi evitado – não chegou a comprometer 10% do plantio cuja colheita foi encerrada neste mês – porque os agricultores receberam o alerta, da própria empresa e de associações de produtores, de que deveriam pulverizar suas plantações em plena fase de florescimento, com a aplicação de inseticida ao custo de R$ 40 por hectare. “Só ela daria um fim no estrago que estava por vir”, comenta o agrônomo.
O susto dos produtores de Jataí foi do tamanho da adoção do milho transgênico Bt, que nesta safra alcançou 85% das lavouras, e tende a chegar a sua totalidade no ano que vem. O grão é resistente à lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), principal praga que atacava as culturas convencionais e já chegou a causar prejuízos no passado de US$ 400 milhões por ano, segundo a Embrapa Milho e Sorgo (MG).
“A tecnologia permitiu que o produtor suspendesse a aplicação de inseticida para combater a lagarta – de três a quatro pulverizações quando o plantio era convencional”, explica Batista. Mas o pulgão, considerado uma praga secundária, tirou proveito da ausência do produto. “Por sorte, uma única aplicação foi o suficiente para manter a plantação ilesa”, informa o agrônomo. De acordo com ele, esta será a recomendação a partir de agora.
A apreensão dos produtores de Goiás é mais um dos casos que põem a reputação da transgenia em dúvida, com a indagação de como uma tecnologia de ponta, que consumiu anos de pesquisa e centenas de milhões de dólares, pode ser suscetível a pragas secundárias como o pulgão-do-milho. Na avaliação de Luiz Batista, os produtores sentiram segurança em demasia com as vantagens propaladas. “Eles deixaram de levar em conta que a agricultura não é uma ciência exata”, observa. (…)
Valor Econômico, 30/07/2012 (via Em Pratos Limpos).
2. Demanda externa por soja convencional ainda é forte
Há quem diga não para as vantagens propaladas pelas lavouras transgênicas. Mas mesmo entre sojicultores de Mato Grosso, Rondônia e Goiás, Estados que cultivam 72% da área plantada com sementes geneticamente modificadas, há muitos participantes do programa “Soja Livre”, criado pela Embrapa em 2010 para proteger variedades do grão convencional, em parceria com pesquisadores, fábricas de sementes e agroindústrias. Segundo produtores, a opção por sementes não transgênicas tem se mostrado um bom negócio, sobretudo na exportação.
Conforme dados da Associação Brasileira de Produtores de Grãos Não Geneticamente Modificados (Abrange), os países europeus e asiáticos compram do Brasil, em média, 5 milhões de toneladas do grão (18% do total de vendas externas) e 6,5 milhões de toneladas de farelo de soja. O Brasil é o principal fornecedor mundial do produto, com destaque para Mato Grosso, responsável por manter 35% das lavouras convencionais em 24 milhões de hectares. Por essa razão, os sojicultores mato-grossenses reivindicam mais programas de preservação, a fim de viabilizar maior oferta de sementes tradicionais para a região e reduzir o custo de produção.
Conforme cálculos da Abrange com base nos dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agrícola (Imea), o custo [de produção] médio do grão convencional na última safra foi de R$ 366 por hectare, preço [custo] 14,68% inferior aos R$ 429 por hectare do geneticamente modificado. Os sojicultores também não têm gastos com royalties (R$ 0,44 por quilo de semente na compra ou 2% sobre a colheita) pagos à empresa que possui a patente da tecnologia. Nos Estados Unidos, o custo dos royalties é de R$ 1,30 por quilo de semente.
No entanto, não basta semear lavouras tradicionais para garantir a venda diferenciada. É preciso zelar por elas desde a hora do plantio até a colheita, limpar plantadeiras e colheitadeiras, estocar os grãos em galpão seguro e, acima de tudo, separar as duas lavouras (para quem planta convencional e transgênica) por uma barreira formada por vegetação ou talhões de 20 metros.
Pelos padrões internacionais, a contaminação de um lote deve estar abaixo de 0,1%. Se houver um grão (ou mais) de milho ou soja geneticamente modificado a cada mil convencionais, a carga deixa de ser considerada não transgênica, comprometendo a venda. Se tudo correr bem, o produtor de soja convencional receberá entre R$ 2 e R$ 5 a mais pelo preço da saca.
Valor Econômico, 30/07/2012 (via IHU-Unisinos).
3. Ibama alerta para produtos tóxicos para as abelhas
Para inseticidas à base de Imidacloprido, Tiametoxam, Clotianidina ou Fipronil fica proibida a pulverização aérea e seus rótulos devem passar a trazer a informação: “Este produto é tóxico para abelhas. A aplicação aérea NÃO É PERMITIDA. Não aplique este produto em época de floração, nem imediatamente antes do florescimento ou quando for observada visitação de abelhas na cultura.”
Estudos associam esses produtos ao crescente fenômeno do desaparecimento das abelhas.
Leia no blog Em Pratos Limpos a íntegra do Comunicado do IBAMA publicado no DOU dia 19/07/2012, que apresenta as marcas comerciais desses produtos e trata de seu processo de reavaliação.
Em Pratos Limpos, 30/07/2012.
4. Cumadre Kátia
Saiu sábado passado na coluna do Jorge Bastos Moreno n’O Globo:
“Kátia Abreu não sai mais do Palácio do Planalto. Recentemente, almoçou com Gleisi, depois com Helena Chagas. Na segunda-feira, visitou Dilma. Levou flores e chocolate.”
O título da nota era “Ministra”. É Kátia Abreu cada vez mais próxima do Bloco D da Esplanada…
Já uma matéria da Gazeta do Povo (31/07) informa que Dilma pretende fazer mudanças no seu ministério após as eleições municipais. Esse movimento abriria espaço para a ruralista Kátia Abreu, que, segundo o jornal gaúcho, “é considerada uma peça fundamental pelo Planalto para a aprovação do Código Florestal neste segundo semestre.”
Em Pratos Limpos, 30/07/2012.
5. Basf e Shell são obrigadas a depositar R$ 1 bi por acidente ambiental
SÃO PAULO – A juíza Maria Inês Correa Cerqueira Cesar Targa, titular da 2ª Vara do Trabalho de Paulínia, acolheu pedido de reconsideração apresentado pelo Ministério Público do Trabalho na semana passada e determinou que as empresas Shell/Raízen e Basf garantam ou depositem judicialmente o valor atualizado de mais de R$ 1 bilhão, referente ao pagamento de indenização por danos morais coletivos causados à sociedade brasileira.
O MPT alegou em seu pedido, atendido pela Justiça, que a medida pretende garantir o pagamento da indenização em caso do Tribunal Superior do Trabalho manter as condenações das empresas, assegurando, assim, a reversão do valor à sociedade lesada por uma das maiores contaminações ambientais já ocorridas no Brasil.
As empresas ainda poderão, no prazo de 60 dias, impugnar os nomes das pessoas habilitadas nesta decisão “desde que provem, de forma indene de dúvida, que não trabalharam no local da contaminação”, conforme determinado pela magistrada.
Em 1977, a Shell instalou no bairro Recanto dos Pássaros, em Paulínia, uma fábrica de agrotóxicos usados para pulverização rural. A área abrigou a Shell até 1995. Naquele ano, parte da área foi vendida para a American Cyanamid CO., que obrigou a Shell a realizar, como condição do negócio de compra e venda, uma auditoria ambiental que, ao final, acusou a contaminação de água e solo locais. A partir de então, a Shell apresentou a situação à Curadoria do Meio Ambiente de Paulínia, da qual resultou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). No documento, a Shell reconheceu a contaminação do solo e das águas subterrâneas por produtos denominados aldrin, endrin e dieldrin.
Após os resultados das análises toxicológicas, a agência ambiental entendeu que a água das proximidades da indústria não poderia mais ser utilizada, o que levou a Shell a adquirir todas as plantações de legumes e verduras das chácaras do entorno e a fornecer água potável para as populações vizinhas. Mesmo nas áreas residenciais no entorno da empresa, foram verificadas concentrações de metais pesados e de pesticidas clorados no solo e em amostras de águas subterrâneas. Em 2000, a Basf adquiriu a Cyanamid e manteve a mesma atividade industrial, inclusive a produção de azodrin. Em dezembro de 2002, a empresa Basf S/A anunciou o encerramento de suas atividades na unidade de Paulínia, o que implicaria a dispensa das pessoas que trabalhavam no local. (…)
Valor Econômico, 02/07/2012.
6. Fabricante do Agente Laranja patrocina Jogos Olímpicos
Hanói, Vietnã, 30/7/2012 – O agente laranja, normalmente chamado de “último legado” da Guerra do Vietnã, está novamente em evidência porque um de seus fabricantes, a multinacional Dow Chemical, aparece entre os patrocinadores dos Jogos Olímpicos que acontecem em Londres. O Vietnã não boicota esta competição, mas apresentou um protesto formal perante o Comitê Olímpico Internacional (COI). O ministro de Esportes deste país, Hoang Tuan Anh, expressou sua “profunda preocupação” pelo multimilionário patrocínio da Dow Chemial.
Agente laranja é o nome em código utilizado para herbicidas e desfolhantes empregados pelas Forças Armadas dos Estados Unidos durante sua invasão do Vietnã (1964-1975). Após a normalização das relações entre Estados Unidos e Vietnã em 1995, Washington destinou fundos para operações de limpeza, mas estas se concentraram em lugares concretos como ex-bases aéreas, onde foi armazenado o agente laranja, e não nas populações humanas que sofreram os efeitos nefastos durante anos. (…)
“Creio que muitos vietnamitas estão descontentes com a decisão dos organizadores das Olimpíadas de 2012. E está totalmente justificado”, declarou à IPS o general da reserva Nguyen Van Rinh, chefe da Associação de Vítimas do Agente Laranja do Vietnã. Este desfolhante contém uma das dioxinas mais tóxicas que se conhece, e os cientistas estimam que umas poucas partes por milhares de milhões podem ser daninhas para a saúde de qualquer ser vivo. Calcula-se que entre 2,1 milhões e quatro milhões de pessoas foram afetadas pelo agente laranja.
O governo vietnamita atribui a ele a presença de câncer e má formação em, aproximadamente, 500 mil crianças de segunda e terceira gerações. A Cruz Vermelha do Vietnã disse que cerca de três milhões de vietnamitas foram prejudicados pelo herbicida, entre os quais pelo menos 150 mil meninas e meninos que nasceram com más formações congênitas. Porém, os cientistas norte-americanos se manifestam precavidos a respeito das estimativas e pesquisas vietnamitas sobre o dano humano causado pelo agente laranja e questionam a qualidade de seus estudos.
Entretanto, as veteranas de guerra norte-americanas supostamente prejudicadas pelo composto químico foram indenizadas e receberam apoio para seus filhos. Os bebês nascidos com espinha bífida (fendida ao meio) ou outras más formações, devido a causas desconhecidas e cujos pais estiveram em zonas onde o agente laranja foi espalhado, também receberam compensações. O Instituto de Medicina da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos em seu informe intitulado Veteranos e Agente Laranja: Resumo e Destaques de Pesquisas, Atualização 1996 conclui que “os testes sobre a associação entre a exposição a herbicidas utilizados no Vietnã e a espinha bífida em filhos de veteranos são limitadas ou sugeridas”. (…)
Há algum tempo os ambientalistas também se preocupam com o fato de a multinacional Monsanto, fornecedora mundial de sementes, incursionar em silêncio no Vietnã. Temem um segundo “legado inesquecível” de um consórcio que participou da produção do agente laranja. Segundo numerosos estudos, a campanha com esse composto tóxico destruiu dez milhões de hectares de terras cultiváveis e aproximadamente 20 mil quilômetros quadrados de terras altas e florestas de mangues.
Rinh questionou o ministro da Agricultura de seu país, Cao Duc Phat, pelo trabalho da Monsanto neste território durante uma sessão da Assembleia Nacional. Depois, declarou que suas perguntas foram vagamente respondidas pelo ministro e, também, queixou-se de que nem as perguntas nem as respostas foram registradas nas atas. (…)
O fato de o governo norte-americano ter aceito, embora depois de várias reclamações, que os herbicidas causaram danos significativos ao seu pessoal, e ter pago indenizações irritou muita gente no Vietnã. Os cultivos modificados geneticamente “começaram a gerar grandes suspeitas em muitos vietnamitas porque o agente laranja foi produzido pelas mesmas companhias que afirmam que o herbicida é seguro”, pontuou Searcy. (grifo nosso) (…)
Envolverde/IPS, 30/07/2012 (via Agroecologia e Alternativas Ecológicas).
A alternativa agroecológica
Mais uma Feira da Agricultura Familiar é inaugurada na região metropolitana do Rio de Janeiro
Mais uma feira na Baixada Fluminense é inaugurada mostrando a força da agricultura familiar da região por meio da venda direta de produtos ao consumidor e aproximando o campo e a cidade.
No último dia 28 foi inaugurada a Feira da Agricultura Familiar de Magé, município da região Metropolitana do Rio de Janeiro. Os mais de 30 agricultores presentes trouxeram seus melhores produtos e a sua simpatia para o centro de Piabetá, Distrito de Magé, para mostrar que neste município a agricultura é tradição. Nas barracas os consumidores puderam comprar aipim, quiabo, jiló, muita banana e mamão, doces caseiros feitos na cozinha do grupo Colher de Pau, mudas de plantas ornamentais, medicinais, temperos variados, entre outros produtos. Tudo fresco e saudável.
A Feira da Agricultura Familiar de Magé é mais uma Feira de Produtos da Roça na região Metropolitana do Rio de Janeiro, seguindo os exemplos bem sucedidos das experiências das feiras de Queimados e Nova Iguaçu. Segundo Rui Cunha Rodrigues, presidente da Cooperativa de Agricultores Familiares de Magé (Coopagé), uma das entidades envolvidas na organização da feira, “a venda direta para o consumidor é uma conquista importante, pois além de garantir um preço mais justo para os produtos dos agricultores, é uma forma de divulgar o trabalho de valorização da agricultura nesta região”. Aloísio Sturm, Secretário de Agricultura de Magé, comunga com a ideia de Rodrigues: “a feira dará um resultado melhor ao agricultor, e ainda oferecerá aos consumidores produtos de qualidade, com frescor e o orgulho de saber que está comprando um produto do seu município e com o preço melhor”.
Seu Deda, agricultor da Comunidade de Vala Preta, do distrito agrícola de Magé, já possui outras experiências de venda direta em diferentes feiras, dentro e fora do município, e aprova a iniciativa de fazer uma feira somente com produtos da agricultura familiar. Do seu sítio seu Deda trouxe banana, mamão, feijão de corda e chuchu e afirma que a venda direta é muito importante, pois tudo que ele tem no sítio ele pode trazer que tem saída para os consumidores. “A gente conquista a clientela aos poucos, com produtos de qualidade e boa conversa. O movimento de compra está muito bom, mas deve crescer a partir da propaganda boca-a-boca que a clientela vai fazendo, porque todo mundo que compra fica satisfeito”.
O sorriso de satisfação estava no rosto de todos os agricultores. Dona Romilda, da comunidade de Cachoeira Grande, ficou muito satisfeita com a feira e com as vendas deste primeiro dia e diz que além da venda direta garantir um preço melhor, por eliminar o atravessador, esta prática ajuda os agricultores a organizarem a produção. “A gente vai acertando aos poucos as quantidades de produtos que vamos trazer e o que plantar. Tem cliente que gosta mais de verdura e outros que querem frutas. A gente vai conhecendo os clientes e produzindo mais e trazendo coisas diferentes de acordo com os pedidos”.
Magé é o único município da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, que possui um distrito exclusivamente agrícola. Com uma área de cerca de 80 quilômetros quadrados e uma população aproximada de 900 agricultores esta região é grande produtora de alimentos para o próprio município e para a Região Metropolitana. Os principais produtos da agricultura familiar da região são banana, aipim, inhame, cará, hortaliças, pimenta, quiabo e jiló. Mas muitos agricultores apresentam uma grande diversidade de produtos, que neste sábado estavam colorindo as barracas da feira e deixando os consumidores animados.
A Feira da Agricultura Familiar de Magé foi uma conquista dos agricultores por meio da articulação das Associações Comunitárias e da Coopagé, com o apoio do escritório local da Emater, da Prefeitura Municipal de Magé e do Projeto Semeando Agroecologia da AS-PTA em parceria com a CISV.
Danielle Sanfins, assessora técnica da AS-PTA, ressalta a importância da participação dos agricultores na conquista deste espaço. “Para organização desse espaço houve muito debate sobre a importância econômica, social e cultural das feiras locais e acabou que a feira de Magé ficou com a cara da agricultura da região. Vemos a expressão e a diversidade da agricultura familiar local nos produtos que estão aqui sendo comercializados. Essa feira é uma grande conquista para o fortalecimento e para visibilidade da agricultura familiar não só do município, é a prova viva de que também se faz agricultura no grande Rio”.
A Feira da Agricultura Familiar de Magé acontece todos os sábados, das 7:00 às 15:00 na Rua São Fidelis, centro de Piabetá.
AS-PTA, 01/08/2012.
*********************************************************
Campanha Brasil Ecológico, Livre de Transgênicos e Agrotóxicos
Este Boletim é produzido pela AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia e é de livre reprodução e circulação, desde que citada a AS-PTA como fonte.
Para os números anteriores do Boletim, clique em: https://aspta.org.br
Participe! Indique este Boletim para um amigo e nos envie suas sugestões de notícias, eventos e fontes de informação.
Para receber semanalmente o Boletim, escreva para [email protected]
AS-PTA: Tel.: (21) 2253 8317 :: Fax (21) 2233 8363
Mais sobre a AS-PTA:
twitter: @aspta
facebook: As-pta Agroecologia
Flickr: http://www.flickr.com/photos/aspta/
*********************************************************