Na próxima quinta-feira, 19 de setembro, à partir das 9h, o Comitê de Solidariedade Ana Alice realizará em Queimadas uma mobilização para lembrar um ano do desaparecimento e assassinato de Ana Alice de Macedo Valentim, adolescente de 16 anos, moradora do sítio Bodopitá, daquele município. A jovem, que era agricultora e militante do Polo da Borborema, foi raptada quando chegava em casa depois da aula, sendo estuprada e violentamente assassinada pelo vaqueiro Leônio Barbosa de Arruda, de 21 anos. Seu corpo foi enterrado próximo a residência do próprio assassino, em uma fazenda na zona rural do município de Caturité. A adolescente permaneceu desaparecida por quase 50 dias, até que nas imediações de sua comunidade, uma nova mulher foi raptada e estuprada, sendo encontrada apenas no dia seguinte com marcas de esganadura, inúmeras escoriações e amputação parcial da orelha direita. Ainda muito traumatizada, ela foi capaz de reconhecer o criminoso (e vizinho) e o denunciou à polícia com a ajuda do Comitê de Solidariedade Ana Alice. Graças ao empenho do Comitê e à coragem desta vítima, o assassino foi preso e confessou o crime contra sua vizinha e contra Ana Alice. Confessou inclusive que, no crime contra Ana Alice, não agiu sozinho, teve a ajuda de um comparsa.
O assustador é que as duas não foram suas únicas vítimas. No início de 2012, ao sair de um baile de carnaval, ele violentou uma jovem de Boqueirão. De posse de uma arma, obrigou que ela entrasse em seu carro e a estuprou. Um mês depois, após prestar depoimento do primeiro caso na delegacia desse município, tentou fazer nova vítima também em Boqueirão, agora uma adolescente de 14 anos que teve sorte diferente, quando um amigo a libertou da tentativa de estupro.
A Mobilização – indignadas e se perguntando como este criminoso conseguiu agir e fazer tantas vítimas sem que a justiça intervisse, as mais de 30 entidades representadas pelo Comitê de Solidariedade Ana Alice, irão realizar uma caminhada silenciosa com concentração na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Queimadas até o Fórum do município onde estará acontecendo, à partir das 10h, uma audiência do caso Ana Alice. No local serão ouvidas três testemunhas, a ex-mulher de Leônio, a última vítima e o ex-patrão do acusado, dono da fazenda onde morava o causado e onde o corpo de Ana Alice foi encontrado. Na ocasião também será feito um novo interrogatório do criminoso.
As pessoas vão as ruas para lembrar a perda desta adolescente e exigir da justiça que hoje, um ano após o crime, os envolvidos sejam julgados e condenados de forma exemplar, garantindo que a violência de gênero não fique impune. Também irão as ruas para lembrar as bárbaras mortes das duas mulheres, Isabelle Monteiro e Michele Domingos, assassinadas após o estupro coletivo ocorrido em Queimadas em fevereiro de 2012 e a adolescente Elaine de Souza Nascimento, assassinada pelo próprio pai na mesma cidade em 2013.
As manifestantes irão distribuir panfletos, segurar faixas e cartazes, além de amarrar fitas pretas na cidade para simbolizar toda a indignação por estes e pelos 127 assassinatos de mulheres cometidos na Paraíba só em 2012 (dados do Centro 8 de março) e exigir das autoridades medidas para prevenir e combater novos casos. O encerramento da mobilização acontecerá no final da manhã em um palco montado em frente à igreja matriz de Queimadas, quando haverá a realização de um ato público com a participação das famílias das vítimas e encerrando com uma celebração conduzida pelo Frei Anastácio, religioso envolvido com as causas dos trabalhadores rurais e Deputado Estadual.
Programação:
8h – Preparação para a Caminhada pelo Fim da Violência Contra a Mulher
9h – Saída da caminhada do STR para o Fórum, acompanhar a audiência do caso (depoimentos das testemunhas e interrogatório do assassino)
10h30 – Celebração Um Ano Sem Ana Alice com participação das famílias das vítimas de casos de violência contra a mulher
Escute o convite gravado por Angineide, mãe de Ana Alice