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POR UM BRASIL ECOLÓGICO,
LIVRE DE TRANSGÊNICOS & AGROTÓXICOS
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Número 594 – 27 de julho de 2012
Monsanto acusa DuPont sobre soja transgênica
Car@s Amig@s,
Durante anos a gigante americana DuPont escondeu de seus acionistas que fracassava a tentativa de desenvolver sua própria soja transgênica resistente a herbicida, alega a Monsanto numa disputa judicial sobre infração de patentes.
Segundo o advogado da Monsanto George Lombardi, desde 2006 a DuPont já sabia que a soja GAT não apresentava o mesmo desempenho que a variedade Roundup Ready da Monsanto, mas segurou a informação até 2009. A Monsanto processa a DuPont por ter usado seu sistema Roundup Ready para fazer o produto funcionar, uma infração de patentes que estima em 1 bilhão de dólares.
A DuPont alega não haver violação de patentes uma vez que a Monsanto obteve de forma fraudulenta o direito exclusivo sobre o sistema RR. Leora Ben-Ami, advogada da DuPont defende que Monsanto omitiu do escritótio e patentes dos EUA (USTPO) intencionalmente informações sobre a sequência genética do sistema RR. “Isso invalida a patente e sua aplicação”, disse.
Para o juiz que cuida do caso, Leora afirmou que a Monsanto não quer que as pessoas saibam o que há dentro da semente, como ela foi feita. A advogada reconheceu que a soja GAT apresenta problemas de desempenho quando submetida a condições de stresse, como seca. A disputa judicial fez a empresa cancelar seus planos de colocar no mercado soja e milho resistentes a herbicidas inibidores de ALS (acetolactato sintase).
A DuPont também alega que a Monsanto usa o poder do monopólio para sufocar a inovação, dificultando a vida de seus concorrentes.
Com informações da Bloomberg, 10/07/2012 (Via Genet)
p.s. 1. Os herbicidas pertencentes aos grupos químicos imidazolinonas e sulfoniluréias agem inibindo a enzima acetolactato sintase (ALS), também conhecida como acetoidroxiácido sintase (AHAS).
p.s.2. Ora, a DuPont reclama da própria lógica do sistema de patentes, como se ela própria não adotasse postura semelhante e registrasse em domínio público suas “invenções”. Está nada mais do que provando do próprio veneno.
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Banimento dos banidos
O Brasil ainda permite o uso de agrotóxicos perigosos já proibidos em outros países. Participe do abaixo-assinado exigindo o banimento desses produtos no Brasil.
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Neste número:
1. Apicultores conseguem impedir soja transgênica no sudeste do México
2. bama reavalia agrotóxicos e sua relação com o desaparecimento de abelhas
3. À direita
4. Mutações em pragas ameaçam eficácia dos transgênicos
A alternativa agroecológica
Pioneira da agroecologia receberá prêmio mundial
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1. Apicultores conseguem impedir soja transgênica no sudeste do México
Com uma decisão judicial favorável, apicultores mexicanos conseguiram barrar o plantio de 253 mil hectares de soja transgênica nos distritos de Campeche, Quintana Roo, Yucatán, Tamaulipas, San Luis Potosí, Veracruz e Chiapas, região sudeste do País.
Em nota, 59 organizações de apicultores, agricultores, ambientalistas e ONGs defendem que a decisão estabelece precedente para que se continue exigindo a suspensão definitiva das autorização emitidas pela Secretaria de Agricultura (Sagarpa) à Monsanto. As organizações acrescentam que não desistirão de lutar por uma agricultura livre de transgênicos e esperam sentenças favoráveis nas ações referentes a Chiapas, Quintana Roo e Yucatán.
“Os produtores interessados na soja transgênica correm risco de investir nesse tipo de cultivo pois existe aqui uma forte oposição e luta legal e política para que o país seja decretado zona livre de transgênicos”, alertam as entidades.
O pantio da soja da Monsanto afetaria cerca de 25 mil famílias que vivem da apicultura, sendo que empresas europeas reduziram as compras de mel procedente de Yucatán e Quintana Roo até que se comprove que o produto está livre de transgênicos. Ademais, o preço baixou entre 300 e 400 dólares por tonelada.
Entre 1998 e 2009 a Monsanto realizou plantios experimentais. Em maio deste ano a Sagarpa liberou o plantio comercial da soja modificada, que inclui o uso de 13 mil toneladas de sementes.
Adaptado de La Jornada, 23/07/2012.
2. Ibama reavalia agrotóxicos e sua relação com o desaparecimento de abelhas
Mesmo na ausência de levantamentos oficiais, alguns registros sobre a redução do número de abelhas em várias partes do país, em decorrência de quatro tipos de agrotóxico, levaram o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a restringir o uso de importantes inseticidas na agropecuária brasileira, principalmente para as culturas de algodão, soja e trigo.
Além de reduzir as formas de aplicação desses produtos, que não podem ser mais disseminados via aérea, o órgão ambiental iniciou o processo de reavaliação das substâncias imidacloprido, tiametoxam, clotianidina e fipronil. Esses ingredientes ativos foram apontados em estudos e pesquisas realizadas nos últimos dois anos pelo Ibama como nocivos às abelhas.
Segundo o engenheiro Márcio Rodrigues de Freitas, coordenador-geral de Avaliação e Controle de Substâncias Químicas do Ibama, a decisão não foi baseada apenas na preocupação com a prática apícola, mas, principalmente, com os impactos sobre a produção agrícola e o meio ambiente.
Estudo da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), publicado em 2004, mostrou que as abelhas são responsáveis por pelo menos 73% da polinização das culturas e plantas. “Algumas culturas, como a do café, poderiam ter perdas de até 60% na ausência de agentes polinizadores”, explicou o engenheiro.
A primeira substância a passar pelo processo de reavaliação será o imidacloprido, que responde por cerca de 60% do total comercializado dos quatro ingredientes sob monitoramento. A medida afeta, neste primeiro momento, quase 60 empresas que usam a substância em suas fórmulas. Dados divulgados pelo Ibama revelam que, em 2010, praticamente 2 mil toneladas do ingrediente foram comercializadas no país.
A reavaliação é consequência das pesquisas que mostraram a relação entre o uso desses agrotóxicos e a mortandade das abelhas. De acordo com Freitas, nos casos de mortandade identificados, o agente causal era uma das substâncias que estão sendo reavaliadas. Além disso, em 80% das ocorrências, havia sido feita a aplicação aérea.
O engenheiro explicou que a reavaliação deve durar, pelo menos, 120 dias, e vai apontar o nível de nocividade e onde está o problema. “É o processo de reavaliação que vai dizer quais medidas precisaremos adotar para reduzir riscos. Podemos chegar à conclusão de que precisa banir o produto totalmente, para algumas culturas ou apenas as formas de aplicação ou a época em que é aplicado e até a dose usada”, acrescentou.
Mesmo com as restrições de uso, já em vigor, tais como a proibição da aplicação aérea e o uso das substâncias durante a florada, os produtos continuam no mercado. Juntos, os agrotóxicos sob a mira do Ibama respondem por cerca de 10% do mercado de inseticidas no país. Mas existem culturas e pragas que dependem exclusivamente dessas fórmulas, como o caso do trigo, que não tem substituto para a aplicação aérea.
Hoje (25), o órgão ambiental já sentiu as primeiras pressões por parte de fabricantes e produtores que alertaram os técnicos sobre os impactos econômicos que a medida pode causar, tanto do ponto de vista da produção quanto de contratos já firmados com empresas que fazem a aplicação aérea.
Freitas disse que as reações da indústria são naturais e, em tom tranquilizador, explicou que o trabalho de reavaliação é feito em conjunto com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e com o Ministério da Agricultura – órgãos que também são responsáveis pela autorização e registro de agrotóxicos no país. “Por isso vamos levar em consideração todas as variáveis que dizem respeito à saúde pública e ao impacto econômico sobre o agronegócio, sobre substitutos e ver se há resistência de pragas a esses substitutos e seus custos”, explicou o engenheiro.
No Brasil, a relação entre o uso dessas substâncias nas lavouras e o desaparecimento de abelhas começou a ser identificada há pouco mais de quatro anos. O diagnóstico foi feito em outros continentes, mas, até hoje, nenhum país proibiu totalmente o uso dos produtos, mesmo com alguns mantendo restrições rígidas.
Na Europa, de forma geral, não é permitida a aplicação aérea desses produtos. Na Alemanha, esse tipo de aplicação só pode ser feito com autorização especial. Nos Estados Unidos a aplicação é permitida, mas com restrição na época de floração. Os norte-americanos também estão reavaliando os agrotóxicos compostos por uma das quatro substâncias.
Agência Brasil, 25/07/2012.
3. À direita
Ministério da Agricultura lança comitê estratégico com personalidades do agronegócio
Na primeira reunião, o ministro Mendes Ribeiro Filho disse que o colegiado vai auxiliar na elaboração de uma agenda estratégica para fortalecer o agronegócio nacional.
Fazem parte do comitê parlamentares, personalidades do agronegócio e do mundo empresarial, a exemplo do empresário Jorge Gerdau e da senadora Kátia Abreu (PSD-TO), presidenta da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), além de ex-ministros da Agricultura, como Antonio Delfim Netto (governo João Figueiredo), Alysson Paulinelli (governo Ernesto Geisel), Marcus Vinicius Pratini de Moraes (governo Fernando Henrique Cardoso) e Roberto Rodrigues (governo Luiz Inácio Lula da Silva).
O grupo se reunirá duas vezes por ano, nos meses de abril e novembro, para a definição de políticas agrícolas, indicadores e metas de desempenho e fixação de diretrizes. Além dessas ações, o comitê também é responsável por avaliar e acompanhar as ações de governo aplicadas ao desenvolvimento e sustentabilidade do agronegócio nacional. (…)
Agência Brasil, 24/07/2012.
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Repare: Kátia Abreu cada vez mais perto do governo (o vice Michel Temer já a convidou para se filiar ao PMDB);
Agora, imagine se o combalido MDA propusesse algo semelhante, reunindo os movimentos sociais para debater uma agenda estratégica para fortalecer a agricultura familiar? Não é difícil imaginar que o clima que levou ao golpe no Paraguai se espalharia por aqui.
Enquanto isso, Pelé faz as vezes de garoto propaganda da CNA.
E a reforma agrária continua parada…
4. Mutações em pragas ameaçam eficácia dos transgênicos
Um novo estudo mostra que as mutações genéticas que levam os insetos praga a desenvolver resistência às plantas transgênicas podem ser muito mais diversas em condições de campo do que nos testes de laboratório. Estes são frequentemente usados visando o desenvolvimento de estratégias que possam evitar a emergência da resistência nas pragas, mas as novas evidências indicam que tais testes podem ser insuficientes.
Haonan Zhang, pesquisador da Nanjing Agricultural University, China, e sua equipe, investigaram as mutações genéticas de Helicoverpa armigera em áreas de algodão transgênico no norte do país e descobriram que a lagarta apresenta mutações genéticas mais diversas do que antes imaginado, permitindo-a sobreviver, potencialmente, nas culturas transgênicas.
Assim como nas mutações recessivas já observadas em estudos de laboratório, os pesquisadores identificaram também mutações dominantes que podem blindar as lagartas da ação de toxinas como o Bacillus thuringiensis (Bt) – bactéria de solo que produz uma toxina letal a organismos com sistema digestivo alcalino [e que é usado nas plantas transgênicas] – e outros inseticidas. A dominância na mutação significa que uma única cópia do gene seria suficiente para conferir resistência nos descendentes da praga.
Isso também pode significar que o recomendado plantio de áreas de refúgio para a multiplicação dos insetos em plantas convencionais também pode ser menos eficaz do que se imaginava.
“A resistência dominante é mais difícil de se manejar e não pode ser prontamente reduzida pelo refúgio, que são úteis para quando a resistência é recessiva”, disse Bruce Tabashnik, co-autor do estudo e chefe de Entomologia da Universidade do Arizona.
Tabashnik acrescentou que para além das mutações conhecidas, a equipe achou muitas outras mutações, a maioria no mesmo gene, mas uma em um gene completamente diferente.
Graham Head, chefe da gestão global de resistência de insetos da Monsanto disse ao SciDev.Net que a detecção precoce de resistência é um objetivo importante, mas afirmou que o estudo de Zhang não estabelece uma relação direta entre esses novos mecanismos genéticos e a real capacidade da larva de sobreviver nas plantações de algodão.
Adaptado de Scidev.net, 26/07/2012.
Link to the report abstract
A alternativa agroecológica
Pioneira da agroecologia receberá prêmio mundial
A modéstia permeia as declarações da engenheira agrônoma Ana Primavesi quando ela se refere ao One World Award – o principal prêmio da agricultura orgânica mundial, conferido pela International Federation of Organic Agriculture Movements (Ifoam). Neste ano, foi ela a escolhida para receber a homenagem, na Alemanha.
“Eles distribuem o prêmio entre os vários continentes. Agora, foi a vez da América do Sul”, comenta uma das precursoras do movimento orgânico no Brasil. “Estão me premiando por toda parte… Não sei para que isso”, acrescenta, quase encabulada.
E ouve, em seguida, que a homenagem que receberá no dia 14 de setembro, com a participação de mais de mil pessoas, entre elas a vencedora do prêmio Nobel Alternativo da Paz, a indiana Vandana Shiva, é mais do que merecida, pelo trabalho que vem fazendo, há 65 anos, pela agricultura ecológica, auxiliando lavradores a tornarem suas terras produtivas e limpas, em harmonia com o ambiente, eliminando o uso de agrotóxicos e adubos químicos.
“Pois é… Pelo jeito…”, sorri Ana Primavesi, que arremata: “Dizem que eu inventei a agricultura orgânica. Conscientemente, não. A gente sempre trabalhou dessa forma”.
Impactos positivos
Instituído em 2008, o One World Award é conferido a cada dois anos a ativistas da agricultura orgânica no mundo. São pessoas cujo trabalho impacte positivamente a vida dos produtores rurais.
Em 2008, quem ganhou o prêmio foi o veterinário e professor alemão Engelhard Boehncke, por suas práticas e estudos em relação à criação orgânica de animais. Há dois anos, foi a vez do indiano pioneiro em agricultura orgânica Bhaskar Salvar, que, logo no início da década de 1950, contrapôs-se à Revolução Verde – que inaugurou o uso de adubos sintéticos e agrotóxicos nas lavouras -, ensinando agroecologia aos produtores, com o uso de fertilizantes orgânicos, a manutenção da vida no solo e o fortalecimento das plantas por meio de um ambiente equilibrado.
Neste ano, Ana Primavesi será a agraciada. Aos 92 anos, austríaca naturalizada brasileira, formada pela Universidade Rural de Viena, é Ph.D. em Ciências Agronômicas e especializada em vida dos solos. Publicou vários artigos científicos e livros sobre o assunto, mas um deles, Manejo Ecológico do Solo (Editora Nobel, 552 páginas, reeditado mais de 20 vezes), é uma das bíblias da produção orgânica e leitura obrigatória nas faculdades de Agronomia do País.
A obra é citada no livro Plantas Doentes pelo Uso de Agrotóxicos, de Francis Chaboussou, no qual prova que pragas e doenças não atacam plantas cujos sistemas estejam equilibrados. E que são os adubos químicos e os agrotóxicos que atraem os parasitas, gerando um ciclo de dependência, com nefastas consequências para o planeta.
Preservação
Desde 1947, quando iniciou sua vida profissional, e por meio de aulas na Universidade Federal de Santa Maria (RS), Ana Primavesi vem batendo na tecla da preservação da vida no solo. Em aulas, palestras, conferências, debates, assistências técnicas diretas aos produtores rurais e a suas associações, a engenheira agrônoma repete frases que se tornaram mantras.
E quem as coloca em prática vê os resultados na produção, na preservação e na saúde de quem planta e de quem consome os alimentos agroecológicos: “O segredo da vida é o solo, porque do solo dependem as plantas, a água, o clima e nossa vida. Tudo está interligado. Não existe ser humano sadio se o solo não for sadio e as plantas, nutridas.”
Observação
Tanto que a primeira coisa que ensina aos agricultores que a procuram é olhar para a terra. “Se o solo tem uma boa estrutura, o agricultor tem grande chance de modificá-lo e convertê-lo para a agricultura orgânica”, diz. “Terra com boa estrutura forma grumos, que nada mais são que o entrelaçamento de microrganismos que conferem vida ao solo e saúde às plantas, além de permitirem a infiltração da água. Em solos compactados e sem vida, água vira enxurrada e provoca erosão.”
Ana Primavesi lembra que uma planta precisa de no mínimo 45 nutrientes para se desenvolver e produzir de forma saudável. “A agricultura convencional dá, no máximo, 15 desses nutrientes para as plantas. E nem sempre esses 15 nutrientes são integralmente ministrados às lavouras convencionais”, diz.
O resultado são plantas deficientes nutricionalmente e frágeis aos ataques de pragas e doenças, dependentes, portanto, do uso de agrotóxicos.
É justamente a maneira de devolver esses nutrientes ao solo que Ana Primavesi ensina aos agricultores. Ela lembra de agricultores na cidade de Diamantina, em Minas Gerais, que há cerca de 15 anos a procuraram porque já não conseguiam produzir com o pacote convencional.
“Eles estavam a desanimados, quase falindo, porque a cada ano a terra respondia menos às adubações”, conta. “Começamos a melhorar o solo e a qualidade dos nutrientes, passando a aplicar adubações orgânicas”, continua. “Demorou uns quatro a cinco anos, mas agora eles produzem com fartura. Há uns anos voltei lá e vi como estavam felizes com a produção orgânica”, conta Ana, ressaltando que a recompensa sempre vem. “O problema é que ela não é rápida, e muitos desistem.”
Agência Estado, 22/07/2012.
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Campanha Brasil Ecológico, Livre de Transgênicos e Agrotóxicos
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Segundo o advogado da Monsanto George Lombardi, desde 2006 a DuPont já sabia que a soja GAT não apresentava o mesmo desempenho que a variedade Roundup Ready da Monsanto, mas segurou a informação até 2009. A Monsanto processa a DuPont por ter usado seu sistema Roundup Ready para fazer o produto funcionar, uma infração de patentes que estima em 1 bilhão de dólares.
A DuPont alega não haver violação de patentes uma vez que a Monsanto obteve de forma fraudulenta o direito exclusivo sobre o sistema RR. Leora Ben-Ami, advogada da DuPont defende que Monsanto omitiu do escritótio e patentes dos EUA (USTPO) intencionalmente informações sobre a sequência genética do sistema RR. “Isso invalida a patente e sua aplicação”, disse.
Para o juiz que cuida do caso, Leora afirmou que a Monsanto não quer que as pessoas saibam o que há dentro da semente, como ela foi feita. A advogada reconheceu que a soja GAT apresenta problemas de desempenho quando submetida a condições de stresse, como seca. A disputa judicial fez a empresa cancelar seus planos de colocar no mercado soja e milho resistentes a herbicidas inibidores de ALS (acetolactato sintase).
A DuPont também alega que a Monsanto usa o poder do monopólio para sufocar a inovação, dificultando a vida de seus concorrentes.
Com informações da Bloomberg, 10/07/2012 (Via Genet)
p.s. 1. Os herbicidas pertencentes aos grupos químicos imidazolinonas e sulfoniluréias agem inibindo a enzima acetolactato sintase (ALS), também conhecida como acetoidroxiácido sintase (AHAS).
p.s.2. Ora, a DuPont reclama da própria lógica do sistema de patentes, como se ela própria não adotasse postura semelhante e registrasse em domínio público suas “invenções”. Está nada mais do que provando do próprio veneno.