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POR UM BRASIL ECOLÓGICO,
LIVRE DE TRANSGÊNICOS & AGROTÓXICOS
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Trigo contaminado por transgênicos leva Japão a suspender importações dos EUA
Número 631 – 07 de junho de 2013
Car@s Amig@s,
O trigo transgênico não é autorizado para plantio comercial ou para o consumo em nenhum país do mundo. Em 2002 a Monsanto solicitou às autoridades regulatórias dos EUA e do Canadá a liberação do produto, mas foi tão grande a rejeição, tanto de consumidores como de produtores do cereal, que a empresa acabou por desistir do pedido em 2004. Teve muito peso, à época, a pressão exercida pelos grandes produtores de trigo, que temiam perder os mercados de exportação para a Europa e a Ásia.
O temor não era sem sentido. Nesta segunda-feira (03/06) o Japão informou que irá suspender as importações de trigo dos EUA enquanto a Monsanto investiga o caso de contaminação de trigo pela variedade geneticamente modificada em uma plantação no estado de Oregon.
O anúncio foi feito logo depois que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informou sobre a contaminação. O Japão não só proibiu novas importações de trigo dos EUA, como suspendeu a entrega de vários carregamentos adquiridos anteriormente. O Japão é o segundo maior comprador de trigo norte-americano, perdendo apenas para o México. O site da revista Globo Rural informou que, “segundo informações da Dow Jones, uma autoridade do governo japonês revelou que o trigo recém-chegado nos portos ficará sob custódia. O país não tem com verificar a transgenia do grão e pediu aos Estados Unidos para desenvolver um teste, acrescentou a autoridade.”
Ainda não se sabe como o trigo transgênico contaminou a plantação norte-americana.
A Monsanto publicou uma nota à imprensa em seu site, minimizando a gravidade da contaminação, baseando-se sobretudo no argumento do “histórico de uso seguro” da tecnologia Roundup Ready (RR), que confere às lavouras geneticamente modificadas a tolerância à aplicação do herbicida Roundup (a base de glifosato).
Essa tecnologia é autorizada em alguns países nas culturas de milho e soja e tem sido responsável pelo enorme aumento no uso de agrotóxicos nas lavouras. Nos primeiros anos, cresce exponencialmente a utilização do próprio Roundup. Naturalmente, o mato que deveria ser controlado com a aplicação do veneno começa a desenvolver resistência, e então os agricultores são levados a introduzir nos sistemas outros agrotóxicos ainda mais nocivos que o próprio Roundup (só no Brasil já foram identificadas pelo menos cinco espécies de plantas invasoras que desenvolveram resistência ao glifosato nas lavouras RR).
Os danos ambientais e econômicos desse processo no longo prazo são evidentes. Não bastassem eles, são cada vez mais numerosas as evidências científicas de que as próprias plantas transgênicas representam riscos para a saúde de quem as consome. O exemplo recente mais notório foi a pesquisa realizada na França que verificou o surgimento de tumores em ratos alimentados com o milho transgênico NK 603, tolerante ao Roundup.
Mas a grande questão que esse novo caso de Oregon levanta diz respeito à própria contaminação: ele prova, mais uma vez, que não é possível impedir a contaminação genética oriunda das lavouras transgênicas. Seja através da deriva do pólen, seja através de máquinas, equipamentos de transporte ou estruturas de armazenamento, lavouras convencionais ou mesmo orgânicas acabam, cedo ou tarde, sendo contaminadas por suas similares transgênicas, normalmente provocando grandes prejuízos àqueles que optaram por não plantar as sementes geneticamente modificadas.
Diversos casos na história comprovam a impossibilidade de coexistência pacífica entre os sistemas de produção transgênicos com os convencionais ou orgânicos, mesmo quando a variedade transgênica estava confinada em campos experimentais controlados. Um caso notório nesse sentido foi o do arroz Liberty Link, tolerante ao herbicida glufosinato de amônio, que não era autorizado comercialmente e em 2006 contaminou cerca de 30% da colheita dos EUA, gerando quebra de exportações, prejuízos milionários e indenizações também milionárias da empresa a agricultores prejudicados.
Em outros casos, a contaminação por transgênicos acabou abrindo as portas para a sua legalização. Foi assim com a soja RR no Brasil, que no final dos anos 1990 foi tomando os campos do sul do país clandestinamente. Em 2005 o governo federal autorizou o cultivo comercial do grão com o argumento de que a sua utilização na agricultura já era um “fato consumado”, dispensando os estudos de impacto ambiental e de riscos à saúde. Daí em diante, a porteira para os transgênicos se abriu de vez.
Não é demais observar que em 2009 a Monsanto retomou suas pesquisas sobre trigo transgênico RR e, atualmente, empreende novos esforços buscando criar um clima mais favorável à liberação do produto. O foco agora para introdução e difusão do cereal é a Austrália. O Escritório do Órgão Regulador de Tecnologia Genética (OGTR, na sigla em inglês) já concedeu licença para a implantação de campos experimentais com trigo transgênico em cinco estados, com o objetivo de autorizar a comercialização no país em 2015.
Com informações de:
Japão mantém suspensão de trigo dos EUA após transgênico em Oregon – Globo Rural, 04/06/2013
Comunicado da Monsanto sobre trigo tolerante ao glifosato – Monsanto, 31/5/2013.
llegal GM Wheat Contamination Discovered in US: Contamination Status in Canada is Unknown – Canadian Biotechnology Action Netowork, 29/05/2013.
No Appetite for Australian GM wheat – Safe Food Foundation, abril/2013.
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Neste número:
1. Bahia: Justiça suspende autorização de uso de agrotóxico autorizado irregularmente pelo Ministério da Agricultura
2. Ministro brasileiro vai novamente à China pedir liberação de soja transgênica
3. Abrasco é convidada para avaliar acidente ambiental em Goiás
4. Senado italiano proíbe transgênicos por unanimidade
5. Nestlé evita transgênicos em fórmulas infantis na África do Sul
6. Anonymous derrubam site da Monsanto – #OpMonsanto
A alternativa agroecológica
Manifesto apresenta pautas e desafios da agroecologia em SC
Dica de fonte de informação:
“A transgenia está mudando para pior a realidade agrícola brasileira”, entrevista com Leonardo Melgarejo, membro da CTNBio, ao IHU On-Line – publicada em 03 de junho de 2013.
“A agricultura brasileira se vê diante da ampliação de custos produtivos e percebe uma alteração no tamanho mínimo viável para lavouras tecnificadas de milho, soja e algodão. Com isso, pequenos estabelecimentos se tornam inviáveis, o que resulta em aceleração da exclusão de pequenos produtores. Isso significa que, na prática, a transgenia tem acelerado uma espécie de reforma agrária às avessas no rural brasileiro. A expansão das lavouras transgênicas também acelera a simplificação das matrizes produtivas regionais.”
Círculo vicioso
“Ao reduzir o número de produtores e o leque de produtos ofertados, a expansão da monocultura e o avanço das lavouras transgênicas provocam um círculo vicioso, que amplia as dificuldades de permanência das famílias no campo. Perceba: exigindo economia de escala e sendo deletéria para a agricultura familiar, esta tecnologia leva à redução da população rural e acaba inviabilizando a prestação de serviços que são fundamentais para a vida no campo. As escolas, os postos de saúde, as linhas de coleta de leite se tornam inviáveis quando a população se faz rarefeita. Então, é possível afirmar que a expansão dos transgênicos se associa à tendência de fragilização do tecido social necessário para a permanência do homem no campo. Além de reforçar o esvaziamento do campo e refrear o avanço de políticas que apostam em processos de desenvolvimento rural, “com gente”, a transgenia ameaça a qualidade de vida dos que permanecem no campo, ampliando o volume de agrotóxicos utilizados. Tanto é que o Brasil se tornou o país que mais usa agrotóxicos no mundo. Para o agronegócio não é ruim: sugere um maior volume de negócios, permitindo mapear uma expansão do PIB e da contribuição do setor para a economia nacional.”
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1. Bahia: Justiça suspende autorização de uso de agrotóxico autorizado irregularmente pelo Ministério da Agricultura
Sesab e Inema recomendaram a não utilização do produto considerando os riscos à saúde da população e ao meio ambiente. Anvisa considerou o produto altamente neurotóxico
Quarenta e quatro toneladas de agrotóxicos com benzoato de emamectina foram apreendidas no final da tarde desta quarta-feira (28/05), no município de Luís Eduardo Magalhães, no oeste baiano. O mandado de busca e apreensão do produto foi expedido pela juíza da 1ª Vara da Fazenda Pública de Barreiras, que concedeu liminar solicitada pelo Ministério Público do Estado da Bahia em ação civil pública proposta em face do Estado e a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab).
A decisão judicial determinou ainda a não aplicação, em território baiano, de agrotóxicos que contenham o benzoato de emamectina, substância de alta toxidade e de uso proibido no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A Secretaria Estadual de Agricultura da Bahia (Seagri) solicitou a importação do produto para combater a lagarta helicoverpa armigera, que vem devastando lavouras de algodão e soja no estado. No entanto, segundo o MP, pareceres técnicos da Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) e do Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) recomendaram a não utilização do produto, considerando os riscos à saúde da população e ao meio ambiente.
Um parecer técnico emitido pela Anvisa considerou o produto altamente neurotóxico e, por isso, contrariou a sua utilização em todo o território nacional, devido aos grandes riscos para a saúde humana.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), porém, através de Portaria nº 42 declarou a situação como “emergência fitossanitária” e, mesmo com a manifestação contrária do Comitê Técnico de Assessoramento para Agrotóxicos e do Ibama, autorizou a importação do produto para controle da praga de lagartas.
Os promotores de Justiça Eduardo Bittencourt, Luciana Khoury, e André Bandeira alertam que existem alternativas técnicas para controle da praga das lagartas identificadas nas lavouras da região apontadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e que “não há sequer certeza científica da eficiência do benzoato de emamectina para controle da helicoverpa armigera em território brasileiro”, uma vez que não foi testada no país a eficiência agronômica do produto.
Correio 24 Horas, 29/05/2013 – via Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida.
2. Ministro brasileiro vai novamente à China pedir liberação de soja transgênica
Dilma ainda não teve uma audiência sequer com os indígenas desde que assumiu seu mandato. Enquanto isso, a alta cúpula do governo realiza sua segunda missão à China em menos de dois meses para viabilizar aqui os interesses da Monsanto. Como indica a matéria abaixo, a empresa não pode mais cobrar royalties sobre sua soja RR, apesar das tentativas pela via judicial. Criou então a soja RR2, com novas promessas tecnológicas, mas com o fito de ganhar novo prazo para cobrança da taxa.
Ministro visita o país asiático
Valor Econômico, 06/06/2013
O ministro da agricultura, Antônio Andrade, vai engrossar o lobby dos produtores rurais pela aprovação de uma nova variedade de soja transgênica da Monsanto pela China. Andrade embarca para o país asiático no fim de semana em uma viagem oficial de dois dias.
Andrade vai pedir que o governo chinês libere o consumo da soja “Roundup Ready 2 Intacta”, uma variedade resistente à aplicação do herbicida glifosato e ao ataque de lagartas, desenvolvida pela Monsanto para substituir a soja Roundup Ready – sobre qual está impedida de cobrar royalties – no país.
A aprovação da China, maior importador mundial de soja, é o último obstáculo para que a múlti comece a vender as novas sementes. A Monsanto esperava lançar o produto ainda a tempo do plantio do ano passado, mas teve de adiar os planos diante da demora chinesa. Agora, corre contra o tempo para não perder também o cultivo da safra 2013/14.
Em nota, o presidente da Aprosoja, Carlos Fávaro, afirmou que a intervenção do ministro da agricultura era um pleito da entidade. “É de extrema importância que novas tecnologias estejam acessíveis e com garantia de venda ao produtor”.
Em Pratos Limpos, 06/06/2013.
3. Abrasco é convidada para avaliar acidente ambiental em Goiás
A convite do Ministério Público Federal, a Abrasco fará uma visita técnica à cidade de Rio Verde, no sudoeste goiano, para levantar os problemas de saúde e riscos ambientais causados pela pulverização aérea do agrotóxico Engeo Pleno que atingiu uma escola no assentamento Pontal dos Buritis e causou a intoxicação de alunos e professores em 3 de maio deste ano. A comissão é composta pelos abrasquianos Wanderlei Pignati, professor-doutor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e por Karen Friedrich, doutora em Saúde Pública na área de toxicologia, ambos participantes do Grupo de Dialógos e Convergências da Abrasco e co-autores do Dossiê Abrasco sobre o uso de agrotóxicos.
A avaliação sanitária-ambiental será feita em conjunto com as secretarias estaduais de saúde e de agricultura do estado e por professores da Universidade Federal de Goiás (UFG). Os profissionais discutirão os prontuários médicos das internações de mais de quarenta crianças diretamente expostas ao pesticida, além de coletar material de laboratório e definir formas de monitoramento de possíveis efeitos neurotóxicos e imunológicos de médio e longo prazo dos atingidos. Passados mais de um mês do incidente, diversas crianças retornaram aos postos de saúde locais com sintomas sub-agudos e sub-crônicos como mal estar, náuseas e indícios de intoxicação renal e hepática.
Segundo Karen Friedrich, o caso só reforça a necessidade de se proibir a pulverização aérea. “É um método que não é passível de controle. Basta uma pequena mudança das condições meteorológicas para espalhar qualquer agrotóxico para áreas fora do traçado original, atingindo assim nascentes, outras lavouras e, no caso de Rio Verde, as populações do entorno”.
A pesquisadora relembra ainda que o Engeo Pleno, pesticida produzido pela multinacional Syngenta não tem seu uso autorizado para esta forma de pulverização. “O produto é feito de dois ingredientes, o tiametoxam e a lambda-cialotrina. Apesar de os compostos serem isoladamente testados, a mistura final não passa pelos mesmos testes. Qual é o efeito desses produtos em conjunto? As empresas não fazem esses estudos, o que pode causar problemas de saúde muito maiores do que os pesquisados em cobaias”.
O convite à Abrasco foi feito pelo procurador federal em Goiás Wilson Rocha Assis. “Já estamos em junho e ainda não há definição dos procedimentos e cautelas que se devem tomar para assegurar o direito à saúde dos atingidos. Tenho esperança que a visita técnica dos pesquisadores e o contato direto com a comunidade e demais órgãos públicos locais possam contribuir para um diagnóstico mais seguro dos possíveis problemas que possam decorrer”, explica Assis. O inquérito civil já foi aberto e o laudo final dos pesquisadores irá compor os autos. “Caso seja constatado dano ao meio ambiente e/ou à saúde da comunidade, o MPF promoverá todas as medidas cabíveis, tanto da reparação do dano como a punição civil e penal dos responsáveis”, afirma o procurador.
A data da visita será definida nos próximos dias. “Esta é uma importante ação a ser desenvolvida pela Abrasco, pois é uma intervenção prática de nossa associação num acidente de proporções nacionais. Após a avaliação, teremos ainda mais instrumentos para propormos políticas de saúde, tanto humana quanto ambiental, para que o Brasil exerça de fato o desenvolvimento sustentável no campo, algo que infelizmente não tem sido feito pelo agronegócio de nosso país”, define o professor-doutor Wanderlei Pignati.
Abrasco, 06/06/2013.
4. Senado italiano proíbe transgênicos por unanimidade
Todos os partidos invocam a “cláusula de salvaguarda” contra a normativa europeia
O Senado italiano aprovou em 22/05, por unanimidade, uma ordem do dia que obriga os ministérios de Agricultura, Meio Ambiente e Saúde a adotar a “cláusula de salvaguarda” com relação aos cultivos transgênicos. A norma, prevista em 2001 pela União Europeia (UE), ainda que discutida, permite que um país membro possa proibir este tipo de cultivo, mesmo que a normativa comunitária o tenha autorizado.
A Itália cultiva, em nível experimental em área protegida, um só hectare de transgênicos, mas encontra dificuldades com os transgênicos que chegam através de importações. Outros países da UE, como a França, recorreram à mesma cláusula de salvaguarda, embora tenham tido que enfrentar recursos perante a corte de Estrasburgo.
“Não necessitamos de produtos transgênicos”, rebateu a Confederação Italiana de Agricultores (CIA), segundo a qual “a cláusula de salvaguarda contra os transgênicos é essencial para tutelar nossa agricultura diversificada e de qualidade”. A ministra da Agricultura, Nuncia de Girolamo, acrescentou que “a agricultura italiana necessita apoiar-se sobre seus aspectos de maior força e, portanto, o cultivo de transgênicos não contribui ao nosso sistema, que se baseia em primeiro lugar na qualidade, e não na quantidade”.
Mário Capanna, presidente da fundação Direitos Genéticos, que havia apresentado formalmente a petição, comentou que “o voto favorável de todos os partidos acolhe a vontade já manifestada por todas por todas as regiões italianas, pelos produtores e pelos consumidores do país”.
O texto aprovado compromete o governo “a potencializar a pesquisa científica pública e a reforçar a atividade de supervisão e controle para evitar a contaminação entre cultivos transgênicos e não transgênicos, e para controlar a eventual presença de sementes transgênicas não autorizadas”.
O tema dos transgênicos segue sendo fonte de acalorado debate na Europa, que adota normas muito mais rígidas que os EUA. Mesmo assim, as variedades transgênicas autorizadas no âmbito europeu são poucas e, à exceção da Espanha, que cultiva 100 mil hectares de transgênicos, alguns países como Alemanha e França tendem a reduzir ou proibir seu cultivo, como aconteceu com um tipo de milho na Alemanha, França, Hungria, Grécia, Luxemburgo, Áustria e Bulgária. A República Checa, segundo país europeu depois da Espanha no cultivo de transgênicos, cultiva menos de mil hectares.
El Periódico, 22/05/2013.
5. Nestlé evita transgênicos em fórmulas infantis na África do Sul
No mês passado a ONG sul-africana African Centre for Biosafety (ACB) divulgou os resultados de testes de 7 fórmulas infantis e cereais, realizados por um laboratório credenciado para a detecção de transgênicos. Os resultados revelaram que os cereais infantis da marca Purity contêm níveis extremamente altos de transgênicos, enquanto as fórmulas infantis e cereais da Nestlé indicam que a empresa está eliminando os transgênicos de seus ingredientes. As fórmulas infantis da marca Aspen também não apresentaram contaminação por transgênicos. Surpreendentemente, as comparações também mostram que os cereais infantis transgênicos da Purity custam 250% mais caros do que os não transgênicos das outras marcas, destruindo o mito de que alimentos livres de transgênicos são caros e representam um luxo impraticável.
No último ano, a ACB havia testado o cereal infantil da Nestlé “Cerelac Honey”, e os resultados mostraram que ele continha 77,65% de milho transgênico. A notícia teve grande repercussão pública na África do Sul. Os resultados dos testes realizados este ano indicam que parte da Nestlé empreendeu um esforço deliberado para evitar o uso de transgênicos em seus produtos infantis que contêm milho e soja – as fórmulas “Nan Pelargon” e “NAN AR Infant” estão livres de transgênicos. O mix de cereais da marca, que contém farinha de milho, apresentou níveis extremamente baixos de contaminação por milho e soja transgênicos (curiosamente, entretanto, a soja não está listada entre os ingredientes do produto).
Estes resultados indicam que a Nestlé não está usando ingredientes ou produtos derivados de transgênicos em cereais infantis e, considerando que 72% do milho produzido na África do Sul são transgênicos, a empresa deve estar verdadeiramente se empenhando para evitar seu uso – o que mostra que a empresa está cedendo às demandas dos consumidores do país.
Duplo padrão
Os resultados da África do Sul contrastam fortemente com a postura pró-transgênicos assumida pela Nestlé através da doação de US$ 1,2 bilhão para apoiar uma campanha contra a rotulagem de alimentos transgênicos na Califórnia, no ano passado. Além disso, em 3 de maio de 2013 a Nestlé foi citada como tendo recusado o pedido de grupos de consumidores americanos para que evitasse o uso de ingredientes transgênicos em fórmulas infantis nos EUA.
Zakkiya Ismail, coordenadora da Campanha de Rotulagem da ACB, declarou: “Convocamos a Nestlé a parar de usar duplos padrões e a desistir de usar ingredientes transgênicos em todos os seus produtos alimentícios, em todos os países, assim como a empresa faz nos países europeus”.
Extraído de: African Centre for Biosafety, 05/05/2013.
N.E.: Em contato realizado em 07/06/2013 através do serviço telefônico “Fale Conosco”, a Nestlé informou não utilizar ingredientes transgênicos em seus produtos alimentícios para consumo humano no Brasil. As rações da marca para animais contêm soja e milho transgênicos.
6. Anonymous derrubam site da Monsanto – #OpMonsanto
O site da Monsanto foi tirado do ar como parte do protesto realizado por ativistas em todo o mundo contra as sementes transgênicas
O ataque foi realizado no marco das operações dos hackers #OpMonsanto e ocorreu dias depois de mais de 2 milhões de pessoas terem participado de manifestações pacíficas em 436 cidades em 52 países no último 25 de maio contra as sementes transgênicas da Monsanto.
A convocatória foi realizada pelo movimento Ocupa Monsanto, que tem como objetivo denunciar os excessos e prejuízos da gigante biotecnológica norte-americana contra a natureza, os agricultores e os consumidores.
Os organizadores do evento pedem que os alimentos sejam rotulados para que seja possível distinguir entre os transgênicos e os não transgênicos. E defendem que os apoiantes “votem com os dólares”, comprando apenas produtos orgânicos, boicotando os produtos das empresas de propriedade da Monsanto.
Anonymous Brasil, 30/05/2013.
A alternativa agroecológica
Manifesto apresenta pautas e desafios da agroecologia em SC
Um documento contendo 20 ações e políticas fundamentais à agroecologia foi aprovado, em 24/05, no encerramento do VI Seminário Estadual de Agroecologia, em Pinhalzinho – SC. A atividade reuniu mais de 2,5 mil pessoas em painéis, palestras, debates, oficinas e visitas a experiências agroecológicas.
“O Seminário sintetiza um acúmulo de muitos debates, pesquisas e dados que apontam para a necessidade de revisão do sistema produtivo de alimentos aqui e no Brasil”, afirma o vice-reitor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), professor Antônio Inácio Andriolli, que participou do evento na Mesa Redonda da tarde de quinta-feira (23/05), sobre a utilização de transgênicos no País. A UFFS é uma das universidades que integra o grupo de mais de 20 instituições, entidades, associações, cooperativas e grupos que promoveram o Seminário em Pinhalzinho.
Na avaliação de Adriano Scariot, integrante da Comissão de Organização do Seminário, o documento apresentado pelos participantes, intitulado “Manifesto Agroecológico de Pinhalzinho”, organiza as demandas da agroecologia de forma a envolver não só os Poderes Públicos, mas a própria sociedade, no debate por mudanças no sistema produtivo agrícola, em Santa Catarina e no Brasil. “A questão do uso da estrutura pública de pesquisa e extensão é um dos pontos que queremos debater. Precisamos, sim, que estas estruturas atuem no apoio ao sistema agroecológico”, observa Scariot.
Documento aponta prioridades
Entre os principais pontos aprovados no “Manifesto Agroecológico de Pinhalzinho” estão a garantia, em todos os espaços institucionais, de que a alimentação escolar seja contemplada no mínimo por 30% de produtos oriundos da agroecologia; a implementação de políticas públicas de incentivo à produção de sementes básicas orgânicas; a implantação, por parte do poder público, de linhas de crédito adequadas à agroecologia; e uma Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) que leve em conta não só a produção agrícola das famílias, mas sim o contexto cultural e social do campo.
Este último ponto, segundo os especialistas no setor, é fundamental para garantir a redução do êxodo rural e o apoio às famílias do campo, com qualidade de vida. Ele se une a outro ponto, o último do documento, que é a criação de um programa para pagamento de bolsa de estímulo aos jovens agricultores agroecológicos, para que permaneçam no campo.
Outra questão considerada fundamental é a garantia de subsídios públicos para a produção agroecológica, dirigida a agricultores em processo de transição de uma produção agroquímica para a agroecológica.
Leia na íntegra o Manifesto Agroecológico de Pinhalzinho.
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Campanha Brasil Ecológico, Livre de Transgênicos e Agrotóxicos
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