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POR UM BRASIL ECOLÓGICO,
LIVRE DE TRANSGÊNICOS E AGROTÓXICOS
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Autorregulação de transgênicos a caminho nos EUA?
Número 547 – 22 de julho de 2011
Car@s Amig@s,
Imaginem um órgão regulador que afirma não ter autoridade para tomar decisões na sua área de atuação. Foi isso que aconteceu algumas semanas atrás com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) diante de uma nova variedade de grama transgênica resistente ao herbicida glifosato.
A empresa Scotts Miracle-Gro, responsável pela grama, recebeu carta do chefe do USDA Tom Vilsack informando-a que a nova planta não está sujeita às regras que se aplicam às demais sementes transgênicas. Sendo assim, caberia à empresa se autorregulamentar.
Tido em vários cantos como modelo a ser seguido, o sistema americano de (des)regulação toma como parâmetro a forma como a planta foi desenvolvida, e não o produto final. As variações de plantas inseticidas ou resistentes a herbicidas hoje no mercado passaram pela “malha larga” do USDA porque carregam genes de pragas de plantas, sejam de vírus ou de bactéria. Com isso são enquadradas na legislação sobre pragas agrícolas, que visa controlar a entrada de novos patógenos no país. A grama transgênica Kentucky bluegrass (Poa pratensis) foi desenvolvida a partir do gene de resistência ao herbicida extraído de uma planta (Arabidopsis thaliana) e de promotores presentes no milho e no arroz.
Vilsack ainda reconheceu em sua carta que a contaminação é um problema e que o pólen da variedade modificada acabará atingindo as plantas comuns. E como a espécie é usada em pastagens, inclusive de pecuária orgânica, os produtores podem ser prejudicados e perder certificação, contratos e mercados.
A defasagem do modelo americano não poderia estar mais exposta. Resta saber se ficará tudo por isso mesmo ou se os procedimentos serão atualizados de acordo com as tendências tecnológicas apontadas pelas empresas, dado que outras seguem a mesma trilha percorrida pela Scotts Miracle-Gro. A permanecerem as coisas como estão, corremos o risco de em breve o “exemplo” da grama nos Estados Unidos ser adotado por aqui. Cairia como uma luva para os que acreditam que avaliações prévias de risco só servem para burocratizar as coisas e prejudicar a ciência.
Com informações de:
Growing Pains. Nature, Vol. 475: 265–266, Editorial, 21/11/2011
Transgenic grass skirts regulators. Nature News, Vol. 475: 274-275, by Heidi Hedford, 21/07/2011
Welcome to the age of GMO industry self-regulation, by Tom Philpott. Mother Jones, 14/07/2011
(Via genet-info.org)
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Neste número:
1. Ervas resistentes levam agricultores ao ‘desespero’ nos EUA
2. Fabricantes descumprem lei de rotulagem
3. Estudo indica anomalia em ratos que consumiram transgênicos
4. Novo herbicida é suspeito de matar milhares de árvores nos EUA
A alternativa agroecológica
Feira de produtos orgânicos reúne produtores da grande Teresina
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1. Ervas resistentes levam agricultores ao ‘desespero’ nos EUA
A resistência de ervas daninhas ao herbicida Roundup, da Monsanto, está levando agricultores do Estado norte-americano de Missouri a recorrer à antiga prática da capina em plantações de algodão. Em casos mais graves, os agricultores estão fazendo “coquetéis” de agrotóxicos ainda mais prejudiciais à saúde e ao meio-ambiente.
A informação é do jornal Saint Louis Today, em reportagem publicada no domingo (17). Na matéria “Ervas daninhas resistentes deixam agricultores desesperados”, o jornal informa que cada vez mais ervas daninhas estão se tornando resistentes ao Roundup, vendido genericamente como glifosato, forçando os agricultores a usar outros herbicidas em suas lavouras de algodão, milho e soja.
“Eles estão ficando sem opções? A resposta simples é: sim”, diz ao jornal o cientista da Universidade de Illinois, Aaron Hager. “É irônico que o glifosato tenha sido vendido como alternativa para esses pesticidas mais velhos, e agora os agricultores os estão usando novamente “, afirma o analista do grupo Environmental Working Group, Brett Lorenzen.
O problema da resistência das ervas daninhas ao glifosato é antigo. Em 2006, um estudo da Universidade de Passo Fundo (UPF), na região norte do Rio Grande do Sul, mostrou que pelo menos quatro plantas daninhas se mostravam resistentes ao glifosato da Monsanto. A própria Monsanto confirmou parcialmente a informação no ano seguinte. Na época, noticiou-se que os agricultores da região estavam recorrendo a agrotóxicos proibidos pela legislação brasileira.
Fonte: Sul21 , 20/07/2011 (Via site do MST).
2. Fabricantes descumprem lei de rotulagem
Fiscalização do Departamento Nacional de Defesa do Consumidor (DPDC), em várias regiões do país, identificou o descumprimento das regras de rotulagem em pelo menos dez produtos que continham OGMs. Os testes revelaram substâncias transgênicas no milho e na soja usados como ingredientes. Os rótulos não continham o símbolo T dos transgênicos.
Em nota, a assessoria do DPDC informou que foram instaurados dez processos administrativos contra os fabricantes. Foi dado um prazo para a apresentação de defesa, mas nenhuma empresa foi multada porque os processos ainda estão em análise na área técnica do DPDC. Mas os consumidores ficam sabendo quais os produtos. São eles: biscoito recheado Tortinha de chocolate com cereja (Adria Alimentos do Brasil), farinha de milho Fubá Mimoso (Alimentos Zaeli), biscoito de morango Tortini (Bangley do Brasil Alimentos), bolinho Ana Maria Tradicional sabor chocolate (Bimbo do Brasil), mistura para bolo sabor coco Dona Benta (J. Macedo), biscoito recheado Trakinas (Kraft Foods), biscoito Bono de morango (Nestlé), barras de cereais Nutry (Nutrimetal), mistura para panquecas Salgatta (Oetker) e Baconzitos Elma Chips (pepsico do Brasil).
Rosana Grinberg, presidente do Fórum Nacional de Entidades Civis de Defesa do Consumidor, acompanha os processos. “O consumidor tem que ser informado sobre produtos e serviços colocados no mercado de forma clara e ostensiva. Quando o consumidor não é informado, o fornecedor é obrigado indenizar por todo e qualquer tipo de dano.” Ela acrescenta que o DPDC deve atuar administrativamente punindo com multas elevadas o descumprimento da legislação.
Extraído de “Consumidores ainda não sabem avaliar alimentos transgênicos”, DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR, 17/07/2011.
3. Estudo indica anomalia em ratos que consumiram transgênicos
Uma equipe de pesquisadores, liderada pelo francês Gilles-Eric Séralini, acabou de publicar um estudo sobre os transgênicos que mostra que ratos que consumiram alimentos geneticamente modificados apresentaram anomalias nos rins e fígado. Além dos problemas, o estudo indica que o lobby pró-transgênico teria tentado dissimular os resultados das análises. O Dr. Gilles-Eric Séralini realiza, há anos, pesquisas sobre transgênicos. Ele é o presidente do Conselho Científico do Griigen, o Comitê para Pesquisa e Informação Independente sobre Engenharia Genética, e professor de Biologia Molecular na Universidade de Caen, na França.
Fonte: rfi Português, 21/07/2011
N.E.: A pesquisa realizada pela equipe do doutor Gilles-Eric Seralini foi publicada no Environmental Sciences Europe (2011, 23, 10-20) e está disponível na íntegra na página: http://www.enveurope.com/content/23/1/10
4. Novo herbicida é suspeito de matar milhares de árvores nos EUA
Supostamente ‘eco-friendly’, teria matado milhares de álamos, salgueiros, pinheiros brancos, espruces-da-Noruega e outras coníferas
Um herbicida recentemente aprovado nos Estados Unidos, amplamente usado por paisagistas por ser supostamente eco-friendly, é o principal suspeito das mortes de milhares de árvores em todo o país, divulgou o New York Times nesta sexta-feira. O Imprelis, fabricado pela DuPont, é vendido desde outubro apenas para profissionais de jardinagem. No começo de maio, começaram a surgir relatos de mortes de álamos, salgueiros, pinheiros brancos, espruces-da-Noruega e outras coníferas em diversos jardins, campos de golfe e cemitérios dos EUA – exceto na Califórnia e em Nova York, onde o uso do herbicida não foi liberado pelas autoridades locais.
Uma porta-voz da DuPont ouvida pelo jornal diz que a empresa está “investigando estes sintomas”, mas que é difícil identificar “quais variáveis contribuíram”. O produto continua a ser vendido, e a empresa afirma que houve “muitos lugares” nos quais ele foi usado sem danificar as árvores.
Numa carta de 17 de junho, um outro representante da empresa, Michael McDermott, afirmou que os usuários do Imprelis podem não ter misturado o herbicida corretamente, ou tê-lo combinado com outros produtos. A mesma carta, porém, pede aos clientes que não apliquem o Imprelis perto de espruces-da-Noruega ou pinheiros brancos, nem de suas raízes.
A empresa de jardinagem Underwood Nursery, com sede no Michigan, alega que, de 1.000 aplicações do produto, já recebeu 350 reclamações de árvores mortas. Afirma ainda ter gasto US$ 150 mil (R$ 236 mil) em franquias à companhia de seguros para substitui-las. Alguns paisagistas, diz o New York Times, descobriram que seus seguros não cobrem mortes de árvores. (…)
O Estado de São Paulo, 15/07/2011
N.E. Problema semelhante, ou ainda pior, está ocorrendo na Inglaterra. O esterco de animais que se alimentaram de feno que receberam aplicações de aminopyralid carrega doses do veneno suficientes para impedir ou condenar o crescimento de hortaliças quando viram adubo. O veneno é fabricado pela DOW Agrochemicals. Em 2008, após uma séria de reclamações de horticultores, o governos suspendeu a liberação do herbicida e criou um plano de contingência que incluía a proibição do uso do esterco e a assinatura de um termo de compromisso no qual o produtor afirmaria estar devidamente treinado para fazer uso do produto.
A denúncia foi feita no jornal britânico The Guardian por George Monbiot
A alternativa agroecológica
Feira de produtos orgânicos reúne produtores da grande Teresina
Produtores expuseram e comercializaram produtos hortifrutigranjeiros, bem como peças artesanais
Desde os 14 anos, a artesã Francisca Meire viu na profissão uma forma de melhorar as condições de vida de sua família. Contudo, os produtos feitos por ela só eram comercializados entre os vizinhos e pessoas mais próximas. Com a associação da artesã ao Programa Economia Solidária no Piauí, Francisca e outras 80 famílias vêm sendo beneficiadas com equipamentos e assistência técnica, possibilitando uma melhoria na condição de vida destes produtores.
Na manhã desta quarta-feira (20), a Secretaria da Assistência Social e Cidadania (Sasc) promoveu uma feira de produtos orgânicos da agricultura familiar. Na oportunidade, produtoras pertencentes aos assentamentos da Grande Teresina expuseram e comercializaram produtos hortifrutigranjeiros, bem como peças artesanais.
Para Francisco Guedes, secretário da Assistência Social e Cidadania, a realização das feiras, que ocorrerá todas as quartas-feiras no pátio da Sasc, é uma forma de incentivar a agricultura familiar, além de ser uma oportunidade de gerar emprego e renda. “Abrimos espaço para a comercialização dos produtos, contribuindo ainda com a qualidade deles, já que no decorrer do processo de produção não são utilizados agrotóxicos”, ressalta.
Dentre os produtos comercializados, o tomate vem ganhando destaque. Isto porque, além de ser produzido sem a necessidade de pulverizações, o produto ainda é repassado a um preço compatível. “Quando é produzido convencionalmente, o tomate é pulverizado pelo menos 16 vezes, diminuindo a qualidade nutricional do alimento”, argumenta Francisco Guedes.
Apesar de ter iniciado às 8h, em menos de duas horas, a agricultora Pedrina Maria já havia vendido quase todos os produtos trazidos pelas mulheres do Assentamento Nossa Vitória. Segundo ela, a melhor oportunidade para as vendas são as feiras. “Antes, quase tudo que produzíamos era distribuído entre os vizinhos. Tinha gente que saia com a sacola cheia. Mas após o convite da Sasc, nossa renda aumentou muito”, relata.
Fonte: 18graus.com, 20/07/2011.
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Campanha Brasil Ecológico, Livre de Transgênicos e Agrotóxicos
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