| A julgar pelo conteúdo da campanha é, obviamente, mais uma manobra para "empurrar garganta abaixo" alimentos transgênicos para a população e institucionalizar de vez a comercialização destes produtos
Mensagem de Marco Antônio Záchia Ayub, professor titular do Instituto de C&T de Alimentos da UFRGS:
Campanha "Coma nosso DNA recombinante e engorde nossos lucros", com apoio do governo que se elegeu com promessas de combater o lobby dos transgênicos!
Não poderia ser melhor: A semana de C&T, coordenada pelo MCT, recebe o apoio de uma ONG ligada à CIB, organização montada e mantida pelas indústrias de agrobiotecnologia, para "ensinar" ao consumidor brasileiro o que é DNA.
A julgar pelo conteúdo da campanha é, obviamente, mais uma manobra para "empurrar garganta abaixo" alimentos transgênicos para a população e institucionalizar de vez a comercialização destes produtos, sem a devida discussão – e decisão – que uma sociedade realmente democrática exigiria.
Que os interesses da indústria de biotecnologia sejam explicitamente estes não há dúvidas. O que choca é o governo, através de seus ministérios, encampar a campanha pró-transgênicos.
Em tempos de aguda degradação moral da sociedade brasileira, exemplificada pela corrupção oficial associada à empresarial, onde o povo é apenas uma massa de manobras, sem voz e sem direitos, uma campanha destas só confirma a filosofia reducionista que estamos vivendo.
O impacto ambiental que culturas de transgênicos provocam, seus possíveis efeitos deletérios para a saúde humana e animal e, mais importante do que tudo mais, os impactos sociais e econômicos advindos do monopólio sobre a comercialização de sementes e defensivos agrícolas e a política de utilização da terra, são estrategicamente deixados de fora destas campanhas.
São igualmente ignorados os fatos de que a produtividade de culturas transgênicas rendem menos quando comparadas ao cultivo de sementes convencionais; que o lobby das indústrias de alimentos, interessados em proteger seus interesses comerciais negam a informação – obrigatória por lei – de rotulagem indicando a presença de matérias-primas provenientes de culturas GM incorporadas aos alimentos processados, negando o direito de escolha para quem compra estes alimentos.
Infelizmente, assistimos a mais um ato de desrespeito e deseducação da população brasileira em prol dos interesses imediatos de uma política centrada apenas no lucro fácil, nos interesses políticos de grupos minoritários, de empresários e de seus comparsas, os governantes deste país. |
