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POR UM BRASIL LIVRE DE TRANSGÊNICOS
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Número 270 – 16 de setembro de 2005
Car@s Amig@s,
Por que o lobby pró-transgênicos comemorou tanto a aprovação da Lei de Biossegurança? Sua “grande vitória”, levada a cabo por ruralistas e pela própria base do governo, foi, essencialmente, afastar os Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente do processo de avaliação de riscos dos transgênicos. Foi esta exigência legal que travou, na Justiça, a liberação comercial da soja RR, da Monsanto, aprovada pela CTNBio do governo FHC. Em duas instâncias a Justiça considerou necessária a apresentação pela Monsanto de estudos de impacto ambiental e de riscos para a saúde a serem avaliados pelo Ibama e pela Anvisa. Em vez de apresentar os estudos, a empresa preferiu gastar rios de dinheiro em lobby para modificar a lei e perder lucros por 7 anos de impedimento legal de vender suas sementes transgênicas.
As empresas querem uma CTNBio bem simpática a liberações facilitadas de transgênicos, tal como ela se comportou no governo FHC. Mas a Lei, por si só, não permite isto, e tudo dependerá da composição e do funcionamento da nova CTNBio. Estes fatos levaram o lobby a pressionar o governo por um decreto de regulamentação da nova lei que garantisse um processo “confiável”, para as empresas, é claro.
A formulação do decreto ficou a cargo de uma comissão de técnicos de 10 ministérios coordenados pela Casa Civil. O projeto base para a discussão foi encomendado a advogados das empresas e piorado por assessores da Agricultura e da Ciência e Tecnologia. O debate foi dirigido, inicialmente, pelo assessor da Casa Civil que conduziu o Brasil ao bloqueio das negociações do Protocolo Internacional de Biossegurança, este ano em Montreal. Outro advogado ligado à entidade de lobby, Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), fundado e financiado pelas empresas de biotecnologia, atuou na comissão em nome do Ministério da Justiça antes de ir para a Casa Civil. A decisão final sobre o decreto deve passar ainda por uma reunião de ministros e, finalmente, pelo presidente Lula.
A sociedade civil concernida pelo tema da biossegurança propôs artigos para o decreto visando garantir isenção e transparência da nova CTNBio. No centro da controvérsia está a indicação de cientistas para seleção pelo Ministro de Ciência e Tecnologia. A proposta da sociedade civil é que a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) coordene o processo, garantindo a diversidade de especialidades necessária para uma boa avaliação de biossegurança.
O lobby está confortável com a postura do Ministro da Ciência e Tecnologia, Dr. Sérgio Rezende, que indicou para tratar do tema no MCT o Dr. Luiz Antônio Barreto de Castro, primeiro presidente da CTNBio nos tempos de FHC e feroz militante da liberação sem restrições dos transgênicos. O Dr. Barreto de Castro é diretor científico da organização de lobby pró-transgênicos ANBIO, financiada pelas empresas Monsanto, Dupont e Bayer. Com esta nomeação o Ministro se coloca a serviço do lobby e compromete de forma lastimável seu partido, o PSB, já desmoralizado pelo comportamento do ex-ministro de Ciência e Tecnologia e seu atual presidente, deputado Eduardo Campos. Campos atuou para liberar a importação de milho transgênico e atender aos interesses paroquiais dos avicultores de Pernambuco, sua terra natal, desconsiderando as advertências dos riscos de contaminação e da disponibilidade de milho convencional no país.
A sociedade civil considera inaceitável que um notório militante pró-transgênicos seja o responsável pela seleção dos cientistas para a CTNBio. Mais ainda se prevalecer a proposta da Agricultura e do MCT de as liberações comerciais serem decididas pela maioria simples dos presentes na reunião. Supondo que os 12 cientistas sejam escolhidos sem restrições pelo sr. Barreto de Castro e endossados pelo ministro teremos o lobby dominando a comissão, pois lhes bastará apenas mais dois votos para aprovar o que quiserem. Como eles já têm os votos da Agricultura e do MCT assegurados poderemos ver liberações comerciais de transgênicos por 14 votos a 13. A nova CTNBio pode funcionar por até seis anos com a mesma composição de cientistas (salvo renúncias ou falecimentos) e este tempo será mais do que suficiente para criar uma situação de “liberou geral”, independentemente dos interesses dos consumidores, do meio ambiente e dos exportadores brasileiros.
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Neste número:
1. Vaivém de liminares sobre o embarque de soja transgênica em Paranaguá
2. Paraná aprova rotulagem de transgênicos
3. Vantagem da soja transgênica está reduzida
4. Tecnologia comprometida
5. Greenpeace vai ao Supremo contra Lei de Biossegurança
6. Governo prevê 90% de soja transgênica no RS
7. Dow ganha direito de patente sobre a tecnologia Bt
8. Governo Argentino e exportadores denunciarão Monsanto
Sistemas agroecológicos mostram que transgênicos não são solução para a agricultura
Inseticida alternativo à base de açúcar e óleo de soja.
Dicas sobre fonte de informação
Privatização dos recursos genéticos, artigo de Nagib Nassar, professor titular de Genética da UnB.
“A privatização dos recursos genéticos pelas multinacionais foi o principal receio dos pioneiros do movimento de conservação da biodiversidade na década 1970”.
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=31315
Los árboles transgênicos y sus amenazas para la salud, por Anne Petermann, Co-diretora do Global Justice Ecology Project.
“Na agricultura, os cultivos chamados de Roundup Ready têm levado ao aumento no uso de herbicidas na ordem de 300 a 600%”.
http://www.ecoportal.net/content/view/full/51538
Produtos orgânicos protegem agricultores contra doenças provocadas por agrotóxicos, por André Deak.
“Estima-se que milhões de agricultores sejam intoxicados anualmente no mundo em conseqüência da exposição a agrotóxicos, a maioria em países de terceiro mundo”.
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=8474&edt
Evento
II Encontro Regional de Agroecologia da Amazônia (ERA), de27 a 30 de setembro, Cuiabá – MT.
Informações: www.formad.org.br/eramazonia
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1. Vaivém de liminares sobre o embarque de soja transgênica em Paranaguá
Liminar obriga Paranaguá (PR) a escoar transgênicos
A Federação da Agricultura do Paraná (Faep) obteve liminar na justiça que obriga o porto de Paranaguá a permitir o embarque de soja transgênica. A decisão, da 1ª Vara Cível de Paranaguá, concedida na última sexta-feira (09/09), derruba a proibição da Administração dos Portos de Antonina e Paranaguá (APPA), que vem resistindo aos apelos do setor para embarcar o grão modificado pelo terminal.
A APPA justifica a proibição dizendo que não tem condições de fazer a segregação. Informação contestada pela Faep, que acredita não ser necessária a construção de silos específicos para a soja modificada. A América Latina Logística (ALL), por exemplo, já informou que negocia com a Bunge a construção de um silo e uma rede de dutos exclusivos para o embarque de transgênicos. O projeto foi apresentado ao superintendente do porto, Eduardo Requião.
Requião disse que, caso o porto tenha que cumprir a liminar, haverá prejuízo aos agricultores que plantam a soja convencional. “Se esta medida for tomada, não haverá mais como reverter, porque uma vez depositado no silo público, o grão transgênico contamina todo o complexo de silagem, tornando o prejuízo irreversível para quem planta e para quem compra soja convencional, como os mercados europeu e asiático”, afirmou. A Procuradoria Geral do Estado (PGE) informou ontem que pretende recorrer da liminar no Tribunal de Justiça do Paraná. (…)
Gazeta Mercantil,13/09/05.
Justiça proíbe transgênicos em Paranaguá
Uma liminar na Justiça suspendeu o projeto da América Latina Logística (ALL) para a criação do primeiro terminal para embarques de soja transgênica em Paranaguá. O empreendimento, em parceria com a Bunge, incluía a construção de armazém com capacidade para 80 mil toneladas e abriria Paranaguá para exportações de soja geneticamente modificada. A ALL criou uma subsidiária, a Paranaguá Grains Terminal (PGT), para a criação do terminal em área que hoje é estacionamento e local de manobra de vagões. A Bunge, de acordo com a ALL, iria ficar responsável pela operação das cargas.
A decisão, da Justiça Federal em Paranaguá, foi favorável a uma ação popular movida pelos diretores da Sociedade Cerealista Exportadora de Produtos Paranaenses (Soceppar S.A.), empresa que opera armazéns em Paranaguá. Na ação, eles alegam que a construção de um armazém no pátio de vagões fere o contrato de concessão e de arrendamento firmado pela ALL com a União, além de prejudicar a operação dos vagões, já que não há outro pátio de manobra próximo do porto. O fato da ALL passar a operar um armazém também poderia configurar concorrência desleal, já que a concessionária já detém o monopólio ferroviário, de acordo com César Pereira, advogado da Justen Pereira, Oliveira e Talamini, escritório responsável pela ação. Na liminar, a juíza substituta Giovanna Mayer decreta que o projeto seja suspenso até que todos requisitos legais sejam obedecidos e determina que a União tome as medidas cabíveis para evitar desvios dos contratos de concessão. A ALL diz que só vai se pronunciar quando for notificada oficialmente.
O projeto da PGT foi a primeira iniciativa do porto para liberar a passagem de transgênicos pelo porto. O governo do Paraná proíbe os embarques, posição criticada pela Federação da Agricultura do Paraná, que na semana passada conseguiu liminar inédita obrigando o porto a exportar transgênicos. O governo recorreu ontem da decisão no Tribunal de Justiça do Paraná.
Gazeta Mercantil, 15/09/05.
2. Paraná aprova rotulagem de transgênicos
Durante a sessão plenária desta segunda-feira (12/09), a Assembléia Legislativa do Paraná aprovou projeto de lei da deputada estadual Luciana Rafagnin (PT), que trata da rotulagem dos OGMs (Organismo Geneticamente Modificados) e dos alimentos que possuam ingrediente transgênico em sua composição. O projeto de lei tramitou em várias comissões internas da Assembléia Legislativa e recebeu parecer favorável na CCJ (Constituição e Justiça), CEMA (Ecologia e Meio Ambiente) e CAICTM (Agricultura, Indústria, Comércio, Turismo e Mercosul). Na Comissão de Agricultura, foi apresentado à matéria um substitutivo geral.
Após passar por mais duas votações na Casa, o projeto da rotulagem dos transgênicos no estado do Paraná será encaminhado para a sanção do governador Roberto Requião. A lei quer regulamentar o direito à informação, amparado no código de Defesa do Consumidor, sobre alimentos e ingredientes destinados ao consumo humano e animal que contenham ou sejam produzidos a partir de organismos geneticamente modificados. Com isso, os alimentos embalados, vendidos a granel ou in natura, deverão apresentar no seu rótulo um símbolo amarelo “T” (de acordo com a Portaria nº 2.658/2003 do Ministério da Justiça), especificando o nome do produto transgênico, do ingrediente transgênico ou se é produzido a partir de algum OGM. Tal identificação deverá ser registrada, inclusive, na nota fiscal do produto.
Rações animais obedecerão às mesmas exigências dos alimentos para consumo humano. Entre as punições previstas para os casos de desobediência à lei estão a advertência, a cobrança de multas, a apreensão do produto, a suspensão da atividade e, até mesmo, o cancelamento da autorização para funcionamento em âmbito estadual. As informações são da assessoria de imprensa da deputada Luciana Rafagnin.
3. Vantagem da soja transgênica está reduzida e pode ficar comprometida
Praticidade, eficiência e maior lucratividade foram as vantagens anunciadas pela Monsanto para atrair muitos sojicultores a consumirem sua soja transgênica Roundup Ready (RR), uma variedade resistente ao herbicida glifosato – que também é produzido pela empresa. Entretanto, pesquisadores do Rio Grande do Sul têm demonstrado que a compreensão incorreta desta nova tecnologia causa prejuízos aos agricultores e poderá ficar comprometida em poucos anos. “O glifosato dá a falsa sensação de que pode tudo, mas não pode não. A soja transgênica não dispensa o manejo de ervas daninhas resistentes e tolerantes e o acompanhamento profissional adequado”, alerta Dionísio Gazziero, da Embrapa Soja, que avaliou em seu doutorado o impacto do glifosato nos sistemas agrícolas.
O uso da soja transgênica foi motivado pelos problemas que surgiram com a soja convencional. Alguns agricultores enfrentaram a infestação de pragas em suas culturas por usarem inadequadamente herbicidas e não realizarem as práticas de manejo necessárias. Ervas como o leiteiro, picão-preto e amedoim-bravo tornaram-se resistentes aos herbicidas que inibiam a enzima ALS relacionada ao processo de crescimento das plantas – e passaram a exigir a utilização de herbicidas com mecanismos de ação diferentes para seu controle efetivo. O custo do controle das infestações de plantas daninhas tornou-se impraticável e os agricultores encontraram a salvação das lavouras na tecnologia da soja RR.
Em 1999, Gazziero, que já conhecia as alterações que podem ocorrer na dinâmica de ervas daninhas com o uso de herbicidas, iniciou um estudo com o objetivo de antever os problemas que os agricultores poderiam enfrentar com a soja RR. Suas principais preocupações eram se o glifosato realmente liquidaria todas as ervas daninhas, o que aconteceria se surgissem ervas daninhas resistentes e se os conceitos de manejo integrado seriam desnecessários para a cultura geneticamente modificada. O pesquisador partiu do princípio de que uma mesma prática, realizada durante muito tempo, resulta sempre em respostas da natureza que precisam ser analisadas com cautela para evitar perdas para o agricultor e comprometer as novas tecnologias desenvolvidas.
“Minha conclusão foi óbvia: os conceitos de manejo que usávamos para a soja convencional continuam válidos [para a variedade transgênica]. O glifosato é um meio, não o fim de todos os problemas. As vantagens da tecnologia da soja transgênica só serão mantidas se o manejo for feito adequadamente”, diz Gazziero. Assim, o agricultor precisa ter um cuidado com as ervas daninhas resistentes e tolerantes ao glifosato, para que não se repitam os problemas que aconteceram em algumas propriedades com a soja convencional.
O surgimento de plantas resistentes ao glifosato acontece porque o herbicida não elimina todos os indivíduos de certas espécies, apenas os mais suscetíveis. Gradativamente os mais resistentes são selecionados e surgem as chamadas “super-ervas daninhas”, de difícil controle. Já existem casos conhecidos nacional e internacionalmente de resistência ao glifosato, como acontece com a buva, o capim-pé-de-galinha e o azevém. “A resistência é um problema potencial e precisamos nos preocupar com ele, mas também temos que estar atentos para as ervas daninhas tolerantes”, ressalta Gazziero, referindo-se às plantas que não morrem pela ação do herbicida da Monsanto. A trapoeraba, por exemplo, muito comum em todo o Brasil e que infesta mais de 80% das propriedades com plantio de soja, não é eliminada pelo glifosato.
Para evitar os problemas de pressão de ervas daninhas nos cultivares de soja RR e minimizar as perdas, o pesquisador da Embrapa recomenda que o agricultor faça o manejo adequado: a soja não deve ser plantada em meio às ervas daninhas; as operações de dessecação (fase anterior ao plantio, quando são aplicados herbicidas ou misturas visando eliminar plantas invasoras) precisam continuar sendo feitas; não se deve economizar nas aplicações (sic); e é preciso estar atento aos momentos de aplicação do herbicida.
http://www.comciencia.br, 06/09/05.
4. Tecnologia comprometida
“As vantagens advindas da praticidade e eficiência em controlar plantas daninhas e o baixo custo do controle na soja RR, gradativamente, estão sendo perdidas devida a equívocos de controle adotados, podendo reduzir o tempo de permanência dessa tecnologia no campo”, conclui Mário Antônio Bianquil, pesquisador da Fundação Centro de Pesquisa Fecotrigo (fundacep), a partir dos levantamentos realizados junto aos departamentos técnicos de 24 cooperativas agrícolas do nordeste do Rio Grande do Sul, na safra 2003/04.
Bianquil relata vários casos de usos inadequados da tecnologia que geraram perdas de, aproximadamente, seis sacas de soja por hectare. Ele explica que a economia gerada pela adoção da soja RR foi transferida para a aquisição de fungicidas, inseticidas e de produtos sem resultados comprovados na cultura como, por exemplo, os adubos folhares, resultando numa pequena alteração do custo final de produção e da rentabilidade da cultura RR em relação à convencional. Segundo o pesquisador, os prejuízos pela falta de adaptação dos cultivares RR argentinos foram encobertos pelas facilidades resultantes da adoção da tecnologia de soja transgênica; pela super-safra ocorrida em 2002/03; pelos elevados preços da oleaginosa na safra seguinte; e pela notoriedade obtida pelo sojicultor gaúcho em ser pioneiro no uso de soja RR.
http://www.comciencia.br, 06/09/05.
5. Greenpeace vai ao Supremo contra Lei de Biossegurança
O Greenpeace ingressou hoje na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), apresentada pelo então Procurador-Geral da República, Cláudio Lemos Fonteles, ao Supremo Tribunal Federal, contra a Lei de Biossegurança.
A ADI questiona a competência da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) para deliberar sobre os impactos ambientais dos transgênicos e para decidir, em última e definitiva instância, sobre a necessidade de licença ambiental. Com a sanção da Lei de Biossegurança, a CTNBio ampliou seus poderes de decidir sobre a liberação de variedades transgênicas no país e, segundo o então procurador Fonteles, invadiu competências constitucionais de outros ministérios, principalmente o do Meio Ambiente e o da Saúde.
O Greenpeace espera que a ação proposta pela Procuradoria seja aceita pelo STF e que os artigos da Lei de Biossegurança que conferem poderes ilimitados à CTNBio sejam anulados, restabelecendo-se assim a confiança da sociedade nos instrumentos de controle do poder executivo sobre a comercialização e produção de OGMs.
Informações: Gabriela Michelotti, Assessoria de imprensa Greenpeace, (11) 9217 2955.
6. Governo prevê 90% de soja transgênica no RS
O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Gabriel Maciel, estimou há pouco que o plantio de soja geneticamente modificada no Rio Grande do Sul chegará a 90% da área cultivada na safra 2005/06. “Na safra anterior, esse porcentual ficou entre 82% e 85% da área”, afirmou. Estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicou plantio de 4,09 milhões de hectares com soja no Estado em 2004/05. Para a safra atual, a previsão de área cultivada deve ser divulgada em outubro.(…)
O Estado de São Paulo, 09/09/2005.
7. Dow ganha direito de patente sobre a tecnologia Bt
A Mycogen Plant Seeds Inc., fabricante de sementes afiliada da Dow AgroSciences, recebeu do governo americano os direitos de patente sobre uma proteína que protege determinadas plantas de insetos. A patente para a proteína, conhecida por Bt (Bacillus thuringiensis), dá à empresa direitos exclusivos e amplos sobre a tecnologia.
A Dow, a maior fabricante de produtos químicos dos EUA, solicitou os direitos da patente em 1988, mas teve que esperar por uma decisão do Escritório de Patentes dos EUA quando a rival Monsanto entrou com um processo de impedimento que correu de 1994 a 2003. Hoje o Escritório finalmente decidiu a favor da Dow Agrosciences. A Mycogen comercializa milho Bt sob o nome comercial Herculex e a Dow vende uma variedade de algodão Bt chamado WideStrike. A patente ficará em poder da companhia até 2021. Assim, outras empresas que queiram usar a tecnologia, terão que pagar por isso à Dow/Mycogen.
O Bacillus thuringiensis é produzido naturalmente por uma bactéria presente no solo e ao ser introduzido geneticamente nas plantas as torna resistente a determinados insetos.
A patente fortalece a posição da companhia no mercado americano e servirá de base para resolver disputas generalizadas envolvendo praticamente todos os fabricantes de sementes nos Estados Unidos, disse Garry Hamlin, porta-voz da Dow AgroSciences. Ele não quis comentar o potencial aumento nos acordos de licenciamento que a propriedade da patente poderá gerar.
Os produtos agrícolas geneticamente modificados são largamente cultivados nos Estados Unidos. De acordo com o Departamento de Agricultura (USDA), 35% do milho e 52% do algodão cultivado no país têm a tecnologia Bt. As informações são da Dow Jones.
O Estado de São Paulo, 13/09/2005.
8. Governo Argentino e exportadores denunciarão Monsanto
O governo nacional e os exportadores argentinos denunciarão em Bruxelas a ação extorsiva da multinacional Monsanto, que freia o embarque da soja argentina ao cobrar na Europa royalties sobre as sementes transgênicas utilizadas no país, informou o secretário de Agricultura, Pecuária, Pesca e Alimentos, Miguel Campos(…).
O anúncio do secretário seguiu a notícias provenientes da Espanha sobre a detenção, neste país, de um navio carregado com soja argentina por uma ação judicial movida pela Monsanto para certificar que a oleaginosa continha o gene RR [que confere resistência ao herbicida Roundup]. “É o terceiro navio da Argentina a ser testado em portos europeus (depois da Holanda e da Dinamarca em junho passado) e isso gera incerteza e provoca um sério dano ao comércio internacional do país”, disse Campos.
O caso demonstrará que “a Monsanto pretende cobrar na Europa uma patente não registrada na Argentina” e que entrou com recursos judiciais para receber royalties “sobre sementes, quando o que chega a Europa são grãos, farelo e óleo”, informou o secretário.
Campos destacou ainda que “quando a Monsanto chegou com sua soja transgênica, na Argentina já havia uma lei de sementes que protegia o direito do produtor a usar suas próprias sementes” e que a multinacional “licenciou seu invento entre as sementeiras argentinas e já cobrou os royalties sobre pelo menos 25% das sementes de soja” que são comercializadas no circuito legal no país.(…)
Sistemas agroecológicos mostram que transgênicos não são solução para a agricultura
Inseticida alternativo à base de açúcar e óleo de soja
Pesquisadores da Unesp desenvolvem solução a partir da mistura de açúcar e óleo de soja. O produto, de baixo custo e impacto reduzido ao meio ambiente, mostrou eficiência no combate a ácaros e insetos. Thiago Romero escreve para a “Agência Fapesp”:
Durante os primeiros testes em laboratório, o produto mostrou eficiência no combate a algumas pragas agrícolas. Além disso, a substância tem baixo custo de produção e pequeno impacto ambiental. O pesticida foi produzido a partir de reações químicas entre a sacarose da cana-de-açúcar, o óleo de soja e um catalisador. “O catalisador é um produto químico que simplesmente acelera a mistura dos dois elementos, gerando um terceiro produto conhecido como éster de sacarose”, explicou Reinaldo José Fazzio Feres, um dos coordenadores da pesquisa, à Agência Fapesp.
Após sua obtenção, o produto é dissolvido em água em diferentes proporções, dependendo da praga que se deseja atingir.
“O segredo está em testar diferentes concentrações do éster de sacarose antes de utilizá-lo. É preciso definir a dosagem para cada tipo de praga”, conta Feres.
Resultados promissores foram verificados em laboratório no combate aos ácaros Calacarus heveae, que afeta seringueiras, e Tetranychus ogmophallus, praga do amendoim e de plantas ornamentais.
Nos dois casos, o produto apresentou uma eficácia de até 93%. Nos testes com insetos, a substância eliminou entre 90% e 100% das populações da lagarta-do-cartucho-do-milho e da mosca-branca, que ataca mais de 700 espécies de plantas.
“Aparentemente, o produto é bastante eficiente, mas apenas sucessivos testes em campo poderão comprovar esses resultados, por conta da existência de uma grande quantidade de abrigos no ambiente natural, como galhos e folhas”, disse Feres. “Uma primeira aplicação em campo do produto já foi feita em um pomar comercial de citros com resultados bastante animadores.”
O pesquisador conta que, no campo, após a aplicação do praguicida numa proporção de 5 gramas de éster por litro de água, o índice de infestação do ácaro da leprose dos citros (Brevipalpus phoenicis) caiu de 7,5% para 2,5%.
“O mais interessante foi que, com uma concentração de 10 gramas de éster por litro, a infestação de 7,5% foi reduzida a zero”, comemora Feres.
Segundo ele, além de os números comprovarem a eficácia do novo praguicida, outra grande vantagem é seu baixo custo de produção.
Com cerca de R$ 5 é possível adquirir açúcar e óleo de soja em quantidade suficiente para produzir 1 quilo do produto.
“Ao ser diluído em água, esse volume pode render até 200 litros”, explica.
Além disso, por ser formulado basicamente por ésteres de sacarose, substâncias naturais derivadas do açúcar e utilizadas, por exemplo, na produção de alimentos sem gordura, o produto não oferece risco para a saúde humana e não afeta o desenvolvimento da planta.
Os trabalhos foram realizados por uma equipe coordenada por Feres e pelo professor Mauricio Boscolo, do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce), em São José do Rio Preto, e Odair Aparecido Fernandes, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV), em Jaboticabal.
Agência Fapesp, 16/09/05.
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=31473
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Campanha Por um Brasil Livre de Transgênicos
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