Metodologias participativas de pesquisa vêm sendo desenvolvidas a partir de interações entre instituições acadêmico-científicas e grupos e organizações de agricultores, interações essas em geral mediadas por ONGs ou órgãos oficiais de extensão rural. Nem sempre tem sido uma condição de fácil alcance assegurar o protagonismo dos agricultores nessas relações, de forma a permitir o efetivo diálogo de saberes e o equilíbrio das relações de poder entre agricultores e pesquisadores durante o processo investigativo.
Bloqueios de ordem institucional, metodológica, tecnológica e mesmo filosófica (a noção da superioridade do conhecimento científico) permanecem colocando obstáculos ao empoderamento dos agricultores(as). Pouco a pouco, com a evolução das experiências concretas, esses obstáculos vêm sendo superados e a própria noção de participação vai se qualificando.
Este número da Revista Agriculturas apresenta algumas experiências significativas nesse sentido. Entre outras questões de destaque, elas evidenciam que não existem receitas universais para a promoção do diálogo de saberes entre ciência e cultura. A pluralidade e a criatividade metodológicas devem ser estimuladas para que a pesquisa científica integre-se a processos de desenvolvimento local orientados pelos interesses e necessidades da sociedade e, em particular, dos agricultores e das agricultoras.