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POR UM BRASIL ECOLÓGICO,
LIVRE DE TRANSGÊNICOS E AGROTÓXICOS
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Número 561 – 28 de outubro de 2011
Botucatu sediou a II Feira de Troca de Sementes Crioulas e Tradicionais do Estado de São Paulo
Car@s Amig@s,
Agricultores e técnicos de diferentes regiões do estado de São Paulo se reuniram na Associação Biodinâmica, em Botucatu, no dia 16 de setembro para trocar sementes e conhecimentos sobre sua produção, melhoramento e conservação.
Na véspera da feira foi realizado um dia de formação, com visita ao campo de produção de sementes da Associação e uma oficina na qual foram abordados temas como teste de germinação, armazenamento, secagem e embalagem de sementes e aplicação preparados biodinâmicos.
Depois da pausa para o jantar, os participantes avaliaram os desafios da produção de sementes e discutiram propostas para a formação de uma rede estadual de sementes e para aumentar a interação com outras redes que atuam com o tema. Também discutiu-se uma agenda de eventos.
A feira contou com 13 expositores de sementes vindos de Botucatu, capital, Vale do Ribeira, Cunha, Itapeva e Ibiúna, entre outros. A feira contou ainda com a presença da equipe de Adolfo Borges, do site Resgate Cultura, que está preparando um documentário sobre produção de sementes.
Os participantes levaram para a feira 136 diferentes tipos de sementes (44 de grãos, 18 de ervas medicinais, 23 de adubos verdes, 42 de hortaliças e 9 de árvores).
O evento foi importante pois permitiu a troca de experiências entre os agricultores e reuniu uma boa diversidade de sementes. Além disso, foi um momento para se aprofundar a discussão sobre práticas de manejo biodinâmico.
A proposta é que as feiras passem a ser semestrais e reúnam cada vez mais participantes. Para isso serão precisos novos esforços em termos de divulgação e de elaboração de uma metodologia que facilite a participação de mais agricultores.
Feijão transgênico: moção da IFOAM à presidente Dilma Rousseff
A IFOAM (Federação Internacional de Agricultura Orgânica, representando mais de 100 países), reunida em sua Assembleia na Coreia do Sul, no dia 04 de outubro de 2011, vem por meio desta lamentar a decisão da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) a respeito da liberação comercial do feijão “GM EMBRAPA 5.1”. Entendemos que o processo não apenas ignora a necessidade de estudos de consumo de longo prazo, como também apresenta escassa análise de fluxo gênico e examina aspectos de impactos ambientais somente em poucas regiões. Sabendo que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Arroz e Feijão vem realizando há oito anos experimentos com cultivo orgânico de feijão sem que ocorra a infestação das doenças causadoras do vírus do mosaico dourado e sem comprometer a produtividade, entende-se que não há necessidade justificada de investir na pesquisa e na liberação comercial desse feijão transgênico. Consideramos, ainda, que a liberação deste OGM levará à gradativa eliminação das variedades crioulas e à perda de soberania dos agricultores e consumidores locais.
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Neste número:
1. Campanha Contra os Agrotóxicos realiza 3º encontro de formação no Rio
2. Milhares de cientistas e a ONU estão preocupados com o uso do milho transgênico
3. Pesquisadora afirma que biotecnologia surgiu para reforçar os agrotóxicos
4. Feijão transgênico provoca divergência entre CONSEA e CTNBio
5. Indústria ainda não cumpre obrigação de rotulagem de transgênicos
A alternativa agroecológica
Tecnologia da Embrapa Solos permite a produção de tomates sem resíduos de agrotóxicos
Evento
Caminhos e desafios da agroecologia; usos e consequências dos agrotóxicoS
SESC Rio de Janeiro, Teresópolis, dia 08/11
Informações21 2743 6939
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1. Campanha Contra os Agrotóxicos realiza 3º encontro de formação no Rio
O comitê RJ da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida aproveitou o dia mundial da alimentação (16/10) para realizar o seu terceiro encontro de formação. Desta vez, o assunto foram as doenças causadas pelos agrotóxicos. Na parte da manhã foram abordados aspectos laterais às doenças, como classificação toxicológica, medidas e sistemas de notificação. Após o almoço, discutiu-se as doenças em si, com a apresentação do estudo da pesquisadora Silvana Rubano (ENSP/Fiocruz) sobre o assunto.
Leia a íntegra do relato de Alan Tygel em http://bit.ly/sZt09F
2. Milhares de cientistas e a ONU estão preocupados com o uso do milho transgênico
O milho crioulo, originário do México, já que ali se encontram 59 de suas variedades, não apenas é o cultivo mais importante no mundo e faz parte do patrimônio cultural e alimentar da humanidade, mas também servirá para fazer frente à mudança climática e à fome, garantiu Antonio Turrent, vice-presidente da União de Cientistas Comprometidos com a Sociedade (UCCS).
A reportagem é de Angélica Enciso e está publicada no jornal mexicano La Jornada, 25-10-2011. A tradução é do Cepat.
Turrent asseverou que grande parte da plantação feita no país é das variedades nativas, razão pela qual acabar com elas e semear milho transgênico significaria uma produção próxima a zero do grão crioulo nessas áreas.
Não haverá maneira de deter o fluxo genético dos milhos transgênicos, razão pela qual se estenderá a todo o país em um caminho sem retorno. Os grãos geneticamente modificados também não representam produtividade maior, além de colocarem em risco os milhos nativos, assinalou.
A íntegra da reporagem está na página do IHU/Unisinos: http://bit.ly/s18QcW
3. Pesquisadora afirma que biotecnologia surgiu para reforçar os agrotóxicos
Foi lançada a Campanha Permanente Contra o Uso de Agrotóxicos e Pela Vida no RS, que reúne diversas organizações e entidades. A cerimônia aconteceu na sede da Emater/RS-Ascar, na noite desta segunda-feira (24). Com o auditório lotado, mais de 100 pessoas assistiram ao filme O Veneno Está na Mesa, dirigido por Sílvio Tendler, acompanharam a palestra da bióloga e socióloga Magda Zanoni,e debateram projetos e ações desenvolvidas no Estado. A abertura do lançamento foi prestigiada pelo delegado da Superintendência Regional do MDA, Nilton Pinho De Bem, e pelo diretor de Crédito do Banrisul, Guilherme Cassel, entre outras representações de movimentos sociais e ambientais. Também participaram integrantes da Associação Nacional de Pequenos Agricultores de Cuba, que fazem intercâmbio no RS.
Durante sua palestra, rica em argumentos que comprovam todos os males causados pelos venenos agrícolas, Magda Zanoni afirmou que a biotecnologia veio para reforçar a venda de agrotóxicos. “E conseguiu”, argumentou. Ela acrescentou: “o glifosato, herbicida muito usado na soja transgênica, não é o maior dos males. Estão misturando ao glifosato adjuvantes que chegam a ser três vezes mais tóxicos”.
EcoAgência/NEJ/RS
Por Adriane Bertoglio Rodrigues – jornalista da Emater com a colaboração de Juarez Tosi
A íntegra da reportagem está na página da Ecoagência: http://bit.ly/sppWe2
4. Feijão transgênico provoca divergência entre Consea e CTNBio
O cultivo de alimentos transgênicos divide o governo e coloca em lados opostos o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), ligado à Presidência da República, e a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A liberação da venda do feijão GM Embrapa 5.1 expôs a divergência entre os dois órgãos.
Em carta enviada à presidenta Dilma Rousseff durante o processo de liberação do feijão geneticamente modificado (Exposição de Motivos nº 009-2011, de 7 de julho), o presidente do Consea, Renato Sérgio Jamil Maluf, afirma que o Brasil “não tem respeitado o princípio da precaução, base fundamental da Agenda 21, em suas decisões referentes a temas de biossegurança”. Segundo Maluf, o Consea avalia que é preciso adequar as políticas de biossegurança aos preceitos da Conferência Rio 92 e avalia como “escassa” a análise genética e os estudos de campo em Goiás, Minas Gerais e no Paraná.
O presidente do conselho pediu a proibição da liberação do feijão transgênico e fez duras críticas à CTNBio, solicitando “especial atenção” de Dilma Rousseff às liberações comerciais do órgão. “Percebe-se que a referida comissão assumiu um caráter de entidade facilitadora das liberações de OGMs [organismos geneticamente modificados] no Brasil, em situação que rotineiramente contraria os votos e despreza argumentos apresentados pelos representantes da agricultura familiar, dos consumidores, dos ministérios da Saúde, do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Agrário”. (…)
Agência Brasil, 23/10/2011
5. Indústria ainda não cumpre obrigação de rotulagem de transgênicos
Defensores de direitos de consumidores e ambientalistas afirmam que a indústria de alimentos ainda não está cumprindo a lei que determina a especificação em rótulo informando os consumidores sobre a presença de ingredientes produzidos a partir de organismos geneticamente modificados (OGMs). O símbolo, que deveria constar em qualquer alimento com mais de 1% de origem transgênica, é um “T” de cor preta sobre um fundo amarelo em formato de triângulo (semelhante a uma placa de trânsito).
“Falta informação nesse sentido”, aponta a especialista da Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor de São Paulo, Andrea Benedetto Arantes. “O consumidor tem o direito de escolher”, ressalta o ex-coordenador da campanha contra os transgênicos do Greenpeace, Iran Magno.
“A informação é extremamente relevante neste caso por uma questão de saúde pública”, alerta Juliana Ferreira, advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). “Infelizmente, se a rotulagem não é feita adequadamente, não há meios de o consumidor saber, ficando tolhido em seu direito de escolha e de ser adequada e claramente informado”, aponta a advogada.
Em março deste ano, o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) do Ministério da Justiça e os órgãos estaduais de defesa do consumidor da Bahia, de Mato Grosso e São Paulo identificaram dez produtos (entre bolos recheados, biscoitos, barras de cereais e misturas para panquecas) com ingredientes transgênicos, mas sem a devida rotulagem. Processo administrativo está correndo no DPDC, onde há duas instâncias de tramitação (inclui recurso) e direito de contraditório e de defesa dos fabricantes.
A regra, definida pelo Decreto nº 4.680/2003, estabelece que “tanto nos produtos embalados como nos vendidos a granel ou in natura, o rótulo da embalagem ou do recipiente em que estão contidos deverá constar, em destaque, no painel principal e em conjunto (…) uma das seguintes expressões, dependendo do caso: ‘(nome do produto) transgênico’, ‘contém (nome do ingrediente ou ingredientes) transgênico(s)’ ou ‘produto produzido a partir de (nome do produto) transgênico’”.
O decreto ainda determina o detalhamento sobre a espécie de doadora do gene no local reservado para a identificação dos ingredientes. A norma vale para produtos de origem vegetal e para produtos de origem animal se alimentados com ração transgênica. O decreto prevê que notas e recibos também informem sobre a transgenia no caso da soja.” As expressões ‘pode conter soja transgênica’ e ‘pode conter ingrediente produzido a partir de soja transgênica’ deverão, conforme o caso, constar no rótulo, bem como da documentação fiscal, dos produtos (…), independentemente do percentual da presença de soja transgênica”.
Para Gabriel Bianconi Fernandes, da AS-PTA – Agricultura Familiar e Agroecologia, é preciso que toda a cadeia produtiva esteja segregada, ou seja, o cultivo dos alimentos, o transporte, o armazenamento e a indústria tratem separadamente alimentos de origem transgênica e alimentos convencionais.
“A não existência de uma estrutura adequada de segregação é um desestímulo para aquele produtor que está lutando para manter a lavoura da soja convencional, porque, se não misturar na lavoura, vai misturar no caminhão ou no silo. Isso ajuda a explicar o porquê da adoção tão grande da semente transgênica”, avalia Fernandes.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, diz que “o consumidor deve ser respeitado de todas as formas” e que “por parte do produtor, não há dificuldade nenhuma em identificar os transgênicos. Isso está dentro do trabalho do dia a dia”. Segundo ele, é possível reconhecer um grão de soja modificado em meio a 500 não modificados.
Edilson Paiva, presidente da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), pondera que o Brasil é “o único país que rotula transgênicos”. Para ele, “lei se obedece, mas em um futuro próximo vai ter que mudar. Se eu fosse rotular, eu rotularia o não transgênico é que vai virar exceção”, sugere.
Na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei nº 4.148/2008, do deputado Luis Carlos Heinze (PP/RS), propõe que “aos alimentos que não contenham organismos geneticamente modificados será facultada a rotulagem ‘livre de transgênicos’, desde que tenham similares transgênicos no mercado brasileiro e comprovada a total ausência no alimento de organismos geneticamente modificados, por meio de análise específica”. O PL aguarda desde maio para ir à votação.
Segundo orientação da Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor de São Paulo, o consumidor deve ler os ingredientes do alimento industrial que está comprando e verificar a presença do símbolo dos transgênicos nos rótulos. Caso fique em dúvida, ou tenha alguma reclamação a fazer, deve acionar os órgãos de defesa do consumidor do estado (Procon), órgãos da agricultura (por exemplo, a secretaria) e os órgãos de vigilância sanitária.
Agência Brasil, 23/10/2011
A alternativa agroecológica
Tecnologia da Embrapa Solos permite a produção de tomates sem resíduos de agrotóxicos
A Embrapa Solos, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária no Rio, apresenta hoje (18), no município de São Sebastião do Alto, na região serrana do estado, o tomatec. Trata-se de uma tecnologia desenvolvida pela empresa para a produção de tomates sem resíduos de agrotóxicos.
No Sítio Rio Negro, onde será feita a apresentação, estão plantados 2 mil pés de tomates, cultivados pelos pequenos produtores locais. O evento reunirá técnicos da Embrapa Solos e agricultores das regiões serrana, norte e noroeste do estado.
Segundo o engenheiro agrônomo José Ronaldo Macedo, pesquisador da Embrapa Solos, o tomatec é um sistema de produção que permite utilizar qualquer cultivar ou variedade de tomate. Ele se caracteriza pelo ensacamento das pencas, que garante que o fruto não fique contaminado por pragas nem por resíduos de agrotóxicos.
Não se trata, contudo, de produção orgânica, uma vez que existe, quando necessária, embora em escala reduzida, a aplicação de produtos químicos contra pragas, como defensivos agrícolas ou fungicidas, esclareceu.
Macedo explicou ainda que a tecnologia permite reduzir o custo dos produtores em cerca de 10%, ampliando a produtividade em até 30%. Ele avaliou que a redução no custo é um grande ganho, porque haverá aumento de produtividade e porque a ideia no futuro é que o produtor tenha esse produto valorizado.
A tecnologia desenvolvida pela Embrapa Solos baseia-se em pontos que podem ser adotados por qualquer agricultor. Um deles é a introdução do sistema de plantio direto, que envolve rotação de culturas, para o solo não ficar contaminado por pragas e doenças que atingem o tomate.
A condução do tomate, ou tutoramento, é feita nessa tecnologia de forma vertical e não inclinada, como ocorre tradicionalmente, o que favorece a criação de um microambiente muito úmido próximo às plantas. Pelo tomatec, o tutoramento é feito com fitilhos que são usados uma vez e, depois, entram na rotação de culturas, como, por exemplo, a ervilha ou o feijão de corda.
Outro ponto reúne o uso da irrigação por gotejamento com a adubação. A essa técnica dá-se o nome de fertirrigação. Na produção tradicional de tomate, os produtores usam mangueira de duas polegadas. “É um sistema muito arcaico. Na fertirrigação, o produtor fica com o tempo de irrigar e adubar liberado para fazer outros tratamentos”.
Em seguida, vem o manejo integrado de pragas. Duas vezes por semana, o agricultor percorre a lavoura, analisando um número pequeno de plantas. Ele anota as doenças encontradas e, ao final do monitoramento, quantifica as pragas. “Se houver necessidade, aplica o inseticida ou fungicida”. O agrônomo da Embrapa Solos destacou que como as pencas deverão estar ensacadas nessa etapa do plantio, os sacos protegem contra a aplicação de defensivos.
“E os produtores têm a garantia de que vão colher 100% dos frutos, que não são atacados pelas brocas, praga que, nos tomates, causa prejuízo de mais de 50% do plantio se não houver o tratamento adequado”, explicou. Segundo Macedo, o agricultor ganha em termos de produtividade com o ensacamento, pelo fato de o inseto não conseguir atingir o fruto. Sem o ensacamento, a perda da lavoura atinge, em média, de 20% a 30%.
No fim de novembro, a Embrapa Solos realizará um dia de campo em Nova Friburgo para a apresentação do tomatec.
Por Alana Gandra, Agência Brasil, 18/10/2011
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Campanha Brasil Ecológico, Livre de Transgênicos e Agrotóxicos
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